A pobreza na Argentina subiu para 55,5% da população e o índice de indigência atingiu 17,5% apenas no primeiro semestre do ano, em meio ao governo do ultraliberal Javier Milei, segundo dados do Observatório da Dívida Social Argentina da Universidade Católica Argentina (ODSA-UCA).
O indicador avançou 13,8 pontos percentuais em relação ao apurado no final do mandato de Alberto Fernández: na ocasião, o índice de pobreza chegou a 41,7% da população, dos quais 11,9% eram considerados indigentes – a renda não era suficiente para comprar o mínimo necessário para subsistência.
Apenas no primeiro trimestre, 54,9% dos argentinos estavam abaixo da linha da pobreza e 20,3% em situação de indigência, enquanto os dados do segundo trimestre perderam força e atingiram 49,4% e 15,9%, respectivamente.
Embora os dados reflitam as consequências das políticas de ajuste adotadas pela equipe econômica de Milei, afetando em especial os mais vulneráveis, o diretor da ODSA, Augustín Salvia, destacou que a situação é menos crítica do que a vista na crise de 2001/2002, já que o desemprego não chegou a repetir os 20% vistos no período, pelo menos por enquanto.
Em entrevista ao site Pagina12, Salvia destacou que os baixos salários no mercado de trabalho formal e o corte de vagas informais explicam os elevados níveis de pobreza e indigência na Argentina.
A pesquisa da UCA destaca que 24,9 milhões de residentes em áreas urbanas da Argentina estariam em situação de pobreza por não conseguirem comprar os itens e serviços que integram a cesta básica (CBT) do país que, de acordo com o site Rede Argentina, atingiu R$ 873.168 (cerca de US$ 624 na taxa de câmbio livre) no mês de junho para um casal com dois filhos de seis e oito anos, com um aumento de 76,1% no primeiro semestre, de acordo com o Indec.
Milei se autoproclama “político mais popular do mundo”
Enquanto a população argentina passa por um momento de grande dificuldade, Milei esteve presente na abertura do III Encontro Regional do Foro Madrid, um encontro entre representantes da extrema-direita organizado pelo líder do partido espanhol VOX, Santiago Abascal.
Em um discurso repleto de expressões de ódio, insultos aos opositores, desqualificação de cientistas e jornalistas, acusações negociações e dados distorcidos, Milei afirmou que irá defender no Congresso o projeto “liberal e austero” do Orçamento 2025 de forma a manter o “déficit zero”, além de zombar do “Estado Atual e da justiça atual” como eixos de crescimento.
“Não estou apenas colocando a Argentina no topo do mundo por ser um dos dois políticos mais conhecidos do mundo, junto com Donald Trump, mas também estou criando o melhor governo da história argentina”, disse Milei, destacando que o impacto internacional do que seu governo está fazendo na Argentina “incomoda profundamente os imundos e fracassados ratos domésticos liliputianos”.
Nem mesmo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva saiu incólume: ao sair em defesa do bilionário sul-africano Elon Musk no caso de suspensão da rede social X no Brasil, Milei destacou que o presidente brasileiro é um “tirano”.
“Olhemos para o Brasil, onde a justiça viciada no poder petista (em referência ao PT) está proibindo o X, que é uma arena pública onde os cidadãos brasileiros e do mundo podem expressar sua voz e dissidências (…) Quem senão um tirano que está equivocado em tudo pode endossar tal ato de opressão”, disse o presidente da Argentina, segundo o Pagina12.
A medida tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra a rede social de Musk foi, segundo Milei, defendida por “jornalistas vomitadores e repugnantes” que “têm o rabo sujo”. “O céu irá esmagá-los diante de nós, não vamos ter medo deles”.
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“A Argentina se prepara para a prosperidade”. – Elon Musk