A população da Síria começa a lidar com a tristeza em meio à euforia causada pela queda do regime de Bashar al-Assad, que fugiu para a Rússia em meio a uma ofensiva rebelde inesperada que encerrou a mais de 50 anos de governo de sua família.
Reportagem do jornal britânico The Guardian destaca que, em meio ao funeral de um dos sobreviventes mais vocais da tortura no sistema prisional do regime de al-Assad, o país começa a lidar com o fato de que muitos dos cerca de 130 mil desaparecidos podem estar perdidos para sempre.
A euforia de encontrar desaparecidos vivos depois que os rebeldes arrombaram celas de prisão em meio ao seu avanço desapareceu; famílias vasculharam prisões e necrotérios, documentos e registros saqueados do regime e nada foi encontrado.
Enquanto isso, famílias com entes queridos desaparecidos seguem em busca de respostas que podem levar anos para serem obtidas. E uma das pistas pode estar nos cemitérios militares onde milhares foram enterrados em valas coletivas.
Luto pela morte de um ativista
Mesmo assim, o luto pela morte de Mazen al-Hamadah em meio ao seu funeral era algo considerado impensável há menos de uma semana. Hamadah testemunhou sobre sua tortura e detenção na revolta de 2011 a políticos e públicos mundo afora.
Em 2020, o ativista deixou sua família e a diáspora na Holanda para voltar à Síria, em decisão que a família acredita ter sido resultado de coação do governo ao informarem Hamadah que seus entes queridos seriam mortos se ele não parasse de expor o regime e voltasse à Síria.
Detido no aeroporto de Damasco, seu destino ficou desconhecido até seu corpo (com sinais de tortura) ter sido encontrado em um necrotério em Sednaya. Os médicos que examinaram seu corpo disseram que ele foi morto recentemente, antes que seus captores fugissem, da mesma maneira que aconteceu com outros detidos.
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