Uma nova guerra como nenhuma outra, por Fábio de Oliveira Ribeiro

O bonapartismo militar computadorizado gringo provocará a queda dos EUA? Bem... isso é o que nós veremos em breve

Cidade de Kandahar, a segunda maior do Afeganistão, tomada pelo Talibã. | Foto: AFP

Os guerrilheiros talibãs avançam sobre Cabul. Cenas de terror na Embaixada dos EUA no Afeganistão

Já vi algo parecido: a vergonhosa corrida dos soldados dos EUA para sair do Vietnam. Mas ninguém pode dizer que o capital foi derrotado. As guerras do Vietnam e do Afeganistão garantiram o aumento das despesas militares e os lucros dos donos do complexo militar industrial gringo.

Colabore com o jornalismo independente do GGN. Clique aqui e saiba mais

No passado a guerra era uma continuação da política por outros meios. Desde a década de 1960, ela foi transformada numa continuação da economia por outros meios. O resultado político da guerra é irrelevante, pois o conflito é apenas uma forma de continuar lucrando com a morte.

O sofrimento imposto ao país invadido (e às famílias dos soldados dos EUA que morrem e são mutilados na guerra) não entra no cálculo político, orçamentário e econômico. Ele é apenas um subproduto dos negócios lucrativos que provocam novas guerras ou até mesmo a guerra permanente.

Mas algo diferente está ocorrendo, pois no exato momento em que fogem do Afeganistão os EUA enviam tropas para o Iêmen. Essa nova invasão militar gringa ocorre sem qualquer oposição da imprensa e da população norte-americana.

A derrota ou a vitória já não causam qualquer reflexão ou impacto político nos EUA. O conteúdo humano parece ter sido completamente removido do cenário militar. Talvez esse seja o primeiro indício claro de que o Pentágono já é comandado por uma Inteligência Artificial. 

As máquinas não derrotaram a humanidade (hipótese do filme Terminator). Foram os próprios humanos que transformaram a guerra num jogo de guerra informatizado auto-suficiente capaz de deslocar tropas. 

Napoleão começou a chegar ao fim quando resolveu deslocar seu imenso exército multinacional para a Rússia sem levar em conta as consequências de uma derrota. O bonapartismo militar computadorizado gringo provocará a queda dos EUA? Bem… isso é o que nós veremos em breve. 

Fábio de Oliveira Ribeiro, 22/11/1964, advogado desde 1990. Inimigo do fascismo e do fundamentalismo religioso. Defensor das causas perdidas. Estudioso incansável de tudo aquilo que nos transforma em seres realmente humanos.

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Fábio de Oliveira Ribeiro

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Guerra dá lucro.
    O Complexo Industrial-Militar – expressão criada, se não me engano, pelo presidente Eisenhower, em seu discurso de saída da Casa Branca, para indicar o perigo de sua influência sobre a administração americana – é um negócio, e, como tal, precisa vender o que produz.
    E, como se sabe, tudo é uma questão se ser capaz de vender, seja lá o que for.
    Ora, o Complexo Industrial-Militar produz e vende armas. Armas servem para guerras. Por outro lado, o CIM não pode vender – ao menos legalmente, fora o contrabando – armas de alta tecnologia para países estrangeiros, sob o risco de vê-las, um dia, usadas contra si. Não deixam de lucrar, vendendo sucata obsoleta para países-clientes caninamente sabujos, como o nosso – vide o recente desfile estilo ópera-bufa em Brasília, com seus fumacês bélicos – mas o filé mignon de sua produção, com tecnologia de última geração, só pode ser vendido para um cliente exclusivo, o Pentágono.
    Portanto, para seguir produzindo e vendendo, o CIM precisa que seu cliente, o Pentágono, use e reponha essas armas, munição, veículos militares, etc, etc, etc.
    Na carona, toda uma cadeia de produção – de fardas e coturnos a material de uso e consumo em geral, combustíveis, empresas de engenharia e infraestrutura para reconstruir o que foi destruído, e por aí vai. Possibilidades infinitas.
    É um negócio a la Rotschild, emprestando dinheiro para países em guerra, ao mesmo tempo, e lucrando nas duas pontas. É o trotskismo à americana, uma teoria da guerra permanente.
    O Iêmen é o próximo da fila.
    E um dia ainda chegam aqui. Porque há um detalhe; é sempre necessário, nessas guerras-negócio, atentar para a riqueza específica da área em conflito, o que pode ser pilhado ou apropriado. De petróleo às particularidades estratégicas do lugar, sua capacidade de produção agrícola e industrial, etc.
    O que tem de interessante, nesse sentido, no Afeganistão? Papoulas?

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador