Unidos venceremos, com certeza!

Por Alice Branco

Tenho pensado na Grécia, nos ensinamentos que este doloroso processo traz para a humanidade. É um povo que sofre? Sim, assim como muitos outros.

E o que é que faz os povos sofrerem? O sistema capitalista, não tenho dúvidas.

Mas, quem cria esse sistema, quem o sustenta? Pois, são pessoas, humanos, que prezam o domínio sobre outros humanos, pelo poder do dinheiro. Esse é o seu deus, o dinheiro, o lucro acima de tudo.

Há uma guerra financeira, que espreme os povos, para salvar bancos, capitalismo puro, devastador. Há governos mais guerreiros, outros nem tanto, muitos são entreguistas, financiados pelos tais bancos, outros, idealistas, mas que dependem dos tais bancos. E a humanidade, para onde vai? Para o buraco, pelos vistos, já que não se encontra saída, dentro do capitalismo, para as crises cíclicas que o próprio sistema capitalista cria, para gerar mais conflitos, que custam mais armas, e mais guerras, que necessitam mais armas, e mais desespero, que leva o homem a ser o lobo do homem.

Diacho, que invenção humana essa, que leva o homem a ser lobo do homem, não?

Mas, na memória desta mesma humanidade estão momentos de grande unidade em que foram vencidas grandes ameaças como o nazismo, o fascismo. Outros momentos em que, com essa forte união de povo foram feitas revoluções e se chegou ao socialismo. Sim, já sei, o socialismo ainda estava sobre a estrutura capitalista, ou mesmo, feudal, dos povos que o implantaram. E hoje restam poucos países. Porém, a experiência é válida, a utopia se tornou realidade.

Mas hoje eu digo, não importa uma batalha perdida, como na Grécia agora, o que importa é vencer a guerra.

Hoje encontrei este artigo (leia abaixo) e gostei da análise. Dá o que pensar. Recomendo a sua leitura e gostaria de ver os comentários:

Do Manifesto74

Este texto não é sobre a Grécia

Por Miguel Tiago

Nem sobre Portugal, ou Alemanha. Também não é sobre austeridade, nem sobre resultados de referendos.

Na verdade, ao falar-se de União Europeia, excluem-se os povos que alimentam esse projecto imperialista, entre os quais o Grego, o Português, o Alemão. Porque falar de União Europeia não é falar de Europa, que é um continente, um vasto conjunto de países, que cá continuarão muito após o colapso do projecto de espoliação que é a União Económica e Monetária e a União Política.

Este texto não é sobre austeridade porque “austeridade” é a capa sob a qual se esconde o capitalismo. O capitalismo não é austero porque austeridade pressupõe rigor e contenção no uso de recursos. O capitalismo é o inverso disso: é a destruição dos recursos naturais e a exploração do trabalho, com desperdício incalculável. O capitalismo, que agora dá pelo pomposo nome de “austeridade”, faz produzir o dobro do que todos os habitantes globo inteiro necessitariam para viver, mas deita fora metade do que produz e mesmo assim um hemisfério do planeta morre de fome. O capitalismo esbanja os recursos para os concentrar nas mãos dos seus privilegiados. Enquanto metade da população da terra sofre de mal-nutrição ou carências no plano da saúde, higiene e acesso à água, uma outra metade consome o suficiente para suportar um planeta inteiro e ainda deita fora diariamente uma parte igual.

Dessa metade de privilegiados, em que nos incluímos apesar de não termos tido opção, apenas um punhado de indivíduos abocanha a riqueza gerada, vivendo na opulência obscena dos milionários a quem nenhuma fortuna satisfaz. Para que esses milhões se concentrem nas mãos de menos de 1% da população terrestre é preciso destruir os recursos comuns e apropriar-se do trabalho dos outros mais de 99%. Mesmo neste contexto, o capitalismo desperdiça milhões e milhões de trabalhadores, votando-os ao desemprego para garantir baixos custos de trabalho e a total precarização das relações laborais.

O capitalismo é desperdício. Austeridade é o eufemismo, tal como Estado Novo o era para o fascismo.

Ora, desde o princípio que a Benelux, a União do Carvão e do Aço, depois a CEE, agora UEM e a UE, são estruturas de mercados capitalistas, são tratados e acordos entre classes dominantes de diversos países que, por mero acaso, ocupam o solo europeu. Aqueles que agora dizem que a “Europa falhou”, que “a Alemanha destruiu a Europa”, como muito se lê por parte dos que, dizendo-se de esquerda, sempre defenderam a estrutura mais de direita que existe no continente: a União Europeia, estão na verdade, a cumprir o seu papel de sempre.

Em primeiro lugar, a “Europa” não é a “União Europeia”, porquanto um corresponde a uma soma de povos e a um espaço geográfico e outro a um conjunto de tratados entre capitalistas que usurparam estados e decidiram mercados.

Em segundo lugar, aqueles que agora vêm chorar pela “europa” (que é na verdade a “União Europeia”), estão apenas a absolver-se a si próprios de terem durante décadas dado a cobertura política “de esquerda” de que o capitalismo sempre precisou para seduzir os povos da Europa com uma União de liberdade, fraternidade e amizade quando na verdade ia impondo uma União de exploração e acumulação.

A derrota do Governo grego nas negociações com a União e o Eurogrupo não é uma derrota da união europeia (a que agora essa “esquerda” chama “Europa”), antes uma vitória dessa estrutura anti-democrática. A derrota do Governo grego é o triunfo dessa União Europeia, não é o triunfo da Alemanha, não é o triunfo da França, nem de qualquer outro país: é o do capitalismo.

Vir agora chorar pela “Europa” cumpre apenas o ritual da defesa da estrutura de direita que, passo a passo, vai fazendo marchar o capitalismo sobre os povos.

Dizer que a “Europa” perdeu, ou que a “Alemanha destruiu o sonho europeu” iliba o Governo grego ante as cedências que aceitou em prol dessa “Europa”;

Limpa o passado dos partidos “de esquerda” que sempre foram “europeístas” (ou seja, pró-capitalistas) porque ao invés de reconhecer que este é o projecto que sempre defenderam, afirmam estar derrotado esse “projecto” humanista e internacionalista que – como se vê – nunca existiu. Ou seja, não foram o BE, a SYRIZA, o PS, o PASOK e os seus semelhantes que andaram a mentir aos povos sobre a União Europeia, mas foi a União Europeia que, como se de repente, se converteu num feudo do grande capital;

Oculta igualmente o verdadeiro papel da União, colocando o problema no comportamento de um país ou de um ou outro líder, fazendo crer que o problema não é estrutural, mas conjuntural. Como se a União Europeia não fosse precisamente isto e como se não fosse precisamente para isto que foi criada: assegurar o aprofundamento da exploração do trabalho pelo capital, independentemente da geografia que lhe sirva de quartel-general.

Por todo o mundo – e aqui em Portugal não se vê excepção – os comentadores e fazedores de opinião, os dirigentes da “esquerda moderna”, da “esquerda livre”, da “esquerda de confiança”, da “esquerda democrática”, da “esquerda moderada”, se desdobram em desculpas esfarrapadas sobre uma tal “Europa” destroçada para não assumirem as responsabilidades de terem desde o início defendido afinal uma “união europeia de regressão, opressora, sem transparência, anti-democrática e absoluta e ferozmente neo-liberal”. Em nada moderna, livre, de confiança, democrática ou moderada.

Nem mesmo perante o colapso da mentira, a burguesia reconhece o falhanço do capitalismo, seja burguesia de “esquerda”, seja de “direita”.

Redação

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