Xadrez do jogo político dos fake news, por Luis Nassif

A história do fake news que dobrou o Facebook para que instituísse a censura política em suas páginas. E as ligações desse episódio com as eleições brasileiras de 2018, capítulo importante e até agora não revelado das disputas políticas globais.

O fenômeno das agências de checagem é um capítulo a mais na disputa que se trava hoje, em torno da globalização versus projetos nacionais.

Peça 1 – a desorganização do mercado de opinião

Havia um modelo de mídia instalado, com os grupos tradicionais disciplinando o mercado de opinião, sistematizando uma opinião pública já incluída e invisibilizando vozes dissonantes.

A Internet e as redes sociais implodiram esse modelo, abrindo possibilidades infinitas de organização social e de vocalização de demandas, desde causas humanitárias a discursos de ódio.

A expansão das redes sociais, com seus impactos na desorganização do mercado de opinião, também cria instabilidades na democracia convencional. Surgem ativistas digitais, mudando completamente as formas de interação do público com a notícia.

Mas, principalmente, emergem as duas mídias mais poderosas da história, Facebook e Google, com  estratégias de negócio fundadas na democratização e universalização do acesso.

Esse é o preâmbulo para nossa história, que tem como personagem central o Atlantic Council, um dos mais influentes think tanks norte-americanos, nosso velho conhecido, por suas ligações com a Lava Jato.

Peça 2 – o Atlantic Council

Três fenômenos vieram alterar profundamente a geopolítica internacional:

  1. O fenômeno das redes sociais.
  2. O fracasso do modelo neoliberal como alternativa eleitoral a partir de 2008. A disputa sai do âmbito dos estados para o campo internacional, trabalho facilitado pela integração proporcionada pela telemática e pelas redes sociais e pela proliferação de bilionários ativistas.
  3. As legislações internacionais se sobrepondo às nacionais, inicialmente para propósitos humanistas (punição dos chamados crimes contra a humanidade), derivando depois para o combate à corrupção, que joga no caldeirão dos EUA todo crime em que circularam dólares.

Esse desenho abre espaço para think tanks, que se tornam o grande espaço de promoção de novas alianças, de articulação entre grandes capitais, funcionários públicos e sistemas de poder de outros países.

Clicando aqui, você vai a uma reportagem do The New York Times sobre o uso abusivo pelos think tanks de um falso conhecimento técnico para impor aos governos decisões de interesse de seus contratantes. E um trecho especial sobre as jogadas do Atlantic Council.

Assim que explodiu a Lava Jato, o Atlantic Council se tornou uma das vitrines de juízes e procuradores junto ao público corporativo norte-americano, exibindo-os como troféus. Nomeou o ex-Procurador Geral da República Rodrigo Janot como conselheiro, em um caso clássico de fake reputation,  e promoveu encontros com membros do Departamento de Justiça, no qual um deles, Kenneth Blanco, narrou a maneira como o DoJ (o Departamento de Justiça) articulou-se informalmente com o grupo de Curitiba para preparar a Lava Jato.

No post “Xadrez de como os EUA e a Lava Jato desmontaram o Brasil”, há mais detalhes dessa combinação.

A estratégia comercial do Atlantic Council se baseou nos estudos do guru Harlam Ulmann, relevantes para entender a tentativa recente de impor censura política nas redes sociais.

O ideólogo Harlam Ulmann

Resultado de imagem para Harlan Ullman

Harlam Ulmann é um cientista político que mudou o conceito de segurança nacional nos Estados Unidos com seu “Shock and Awe Doctrine”.

Confira seu pensamento:

  • A revolução da informação e das comunicações globais instantâneas estão frustrando a nova ordem mundial” 
  • Apenas um outro cataclismo como o 11/9 permitirá que o estado possa reafirmar o seu domínio e a eliminação de agentes não estatais e indivíduos capacitados, a fim de preservar a nova ordem mundial.
  • A definição de uma “nova ordem mundial” deve ser a de uma tecnocracia mundial gerida por uma fusão do grande governo e o grande negócio em que a individualidade seja substituída por uma singularidade trans-humanista.
  • Não são as superpotências militares, como a China, mas “atores não estatais”, como Edward Snowden, Bradley Manning e hackers anônimos, que representam a maior ameaça para o Westphalian System, porque eles estão incentivando as pessoas a se tornarem autocapacitadas e eviscerar o controle do Estado.

Com base nos estudos de Ulmann,  o principal produto que o Atlantic Council passou a vender foi a grande batalha da globalização através das redes sociais.

Mas como impedir o acesso à rede daqueles que o Atlantic Council denomina de “atores malignos”, disputando a narrativa com o sistema, confrontando a ideologia da globalização? Como domar as redes sociais, se a universalização do acesso está no cerne do seu modelo de negócio? 

A maneira como o Atlantic Council conseguiu dobrar o gigante Facebook é um caso que ainda será contado, um dia, como um clássico do uso dos fake news, o 11 de novembro das redes sociais, preconizado pelo guru Ullman.

Peça 3 – a fake news que dobrou o Facebook

No dia 24 de novembro de 2016, The Washington Post publicou uma reportagem de capa sobre a interferência russa na eleição de Donald Trump. Essa reportagem deflagrou a campanha mundial contra o fake news, apontado a partir de então, com evidente exagero, como a maior ameaça à democracia. E, provavelmente, foi o maior fake news das últimas décadas.

A reportagem se baseava em um site obscuro, o PropOrNot, cujos autores eram anônimos. O grupo divulgou um relatório de 32 páginas detalhando a metodologia, e delatando cerca de duzentos meios de comunicação suspeitos de publicar propaganda russa para torpedear a campanha de Hillary Clinton. E justificava o anonimato pelo receio de ser atacado pelos hackers russos.

Ao melhor estilo “Guerra dos Mundos”, o site apregoava:

Uma campanha de informação em grande escala está enganosamente injetando propaganda russa no discurso público americano on-line. Ele opera tanto à esquerda quanto à direita, gerando milhares de artigos de notícias, memes, tweets e vídeos falsos (…) É vital que esse esforço seja exposto pelo que é: uma tentativa coordenada de enganar os cidadãos dos EUA para que atuem no interesse da Rússia.

O espaço dado pelo Washington Post mereceu críticas generalizadas do jornalismo sério do país. Andrew Cockburn, editor da Harper’s, classificou a reportagem como um “lixo lastimável”. Colunistas do The Intercept , Fortune e Rolling Stone também despejaram, críticas sobre o jornal.

Adrian Chen, do respeitado The New Yorker, informou que havia sido contatado pela organização mas não embarcou na história.

 “Um olhar mais atento no relatório mostrou que estava uma bagunça. “Para ser honesto, parece uma tentativa muito amadora”, disse-me Eliot Higgins, um pesquisador respeitado que investigou notícias falsas da Rússia em seu site, Bellingcat, durante anos. “Eu acho que nunca deveria ter sido publicado em qualquer site de notícias de qualquer nota.”

O Washington Post foi obrigado a se retratar. Na cabeça de reportagem online publicou numa Nota do Editor dizendo não garantir a validade das conclusões do PorpOrNot. Nem tinha condições de avaliar se a campanha russa havia sido decisiva para eleger Trump.

Criou-se o mistério: quem estaria por trás das notícias superdimensionadas sobre a invasão russa?

Dois pesquisadores independentes buscaram a resposta através de caminhos distintos.

Um deles se valeu de análise linguística. Concluiu que o autor anônimo era Michael Weiss, editor sênior do The Daily Beast , colunista de Política Externa e colaborador frequente em segurança nacional da CNN . Ele também é editor-chefe do The Interpreter , membro sênior não-residente do Atlantic Council e co-presidente do Russia Studies Center da Henry Jackson Society.

Outro pesquisador se valeu de uma ferramenta de teste, que permite a varredura de vulnerabilidades em sites.  Mostrou que o painel de administração pertencia a www.interpretermag.com,  site financiado pelo Atlantic Council.

Mesmo com todos os ingredientes de uma notícia falsa, plantada, o fake news ganhou vida e levou a uma campanha mundial contra os poderes do Facebook.

A empresa já estava vulnerável. O fake news sobre a Rússia foi o empurrão final para deixa-la de joelhos. Mark Zuckerberger jogou a toalha e procurou o seu verdugo, o próprio Atlantic Council, contratando-o para um trabalho de assessoria.

Segundo a Fortune,

“O Facebook não forneceu muitos detalhes sobre como o Atlantic Council ajudaria a identificar possíveis desinformações, apenas para que a equipe forense cibernética do think tank trabalhasse com a equipe do Facebook para fornecer “insights e atualizações em tempo real sobre as ameaças emergentes”.

O Facebook queria uma trégua para poder respirar, tal o tiroteio que se viu envolvido. Permanece o gigante, mas a inexperiência política de Zuckerberger obrigou-o a um movimento de recuo, ante raposas experientes da política norte-americana.

E o Atlantic Council já tinha pronta, há tempos, sua receita.

Peça 4 – a receita para o controle da rede

No dia 26 de julho de 2017, o site do Atlantic Council publicou um artigo explicando como deveria ser o critério para Google e Facebook impedirem notícias falsas.

 “As leis de mídia existentes já estão sendo usadas por pessoas no poder para silenciar seus oponentes, e o termo “notícias falsas” foi rapidamente adotado por políticos com o objetivo de desacreditar a mídia. É muito fácil imaginar um governo usando o discurso falso da notícia falsa / discurso do ódio para censurar pontos de vista inconvenientes”.

E defendia que não poderia se dar a ambos o direito de censurar.

“Obrigações de remoção de conteúdos ilegais devem estar sujeitas a uma supervisão judicial adequada ou a de transparência e de comunicação”.

O caminho, segundo o Atlantic Council, seria estabelecer “parcerias com organizações de checagem de fatos, reprimindo propagandas de sites não confiáveis, modificando seus algoritmos”. Nas apenas isso, mas essas organizações “lançando seus próprios projetos de suporte de mídia”. Espalha-se, aí, o fenômeno das agências de checagem.

Mas quem seriam essas organizações aliadas?

Peça 5 – o clube dos bilionários

O destino manifesto sempre induziu bilionários norte-americanos a cruzadas de salvação moral contra os ímpios do hemisfério sul. Esse tipo continuou florescendo nos Estados Unidos, como demonstram os texanos irmãos Koch, prováveis financiadores de movimentos de ultradireita na América Latina.

Mas, ao mesmo tempo, surgiu outra geração de bilionários mais instruídos, muitos aparecendo com o boom da Internet, procurando exercer o soft power do setor, como o próprio Bill Gates e sua fundação para combater a miséria na África.

/var/folders/hy/dl8cpd596lx8m5wsqntm05c40000gp/T/com.microsoft.Word/Content.MSO/28607309.tmpÉ o caso de George Soros e seu Open Society.

Segundo artigo publicado em seu site no dia 1º de fevereiro de 2018:

“Na última década, à medida que a confiança nas instituições diminuiu em todo o mundo, a política em muitos países aparentemente se transformou em uma disputa que colocou “elites” egoístas contra todo mundo. E como a convicção de que as “elites” não representam os interesses do “povo” tornou-se cada vez mais comum, dois caminhos alternativos à frente também se tornaram ascendentes. Um caminho está enraizado no populismo e representado pela construção de paredes, tanto literais quanto figurativas. O outro é inclusivo e baseado em colaboração e confiança’.

Através do Instituto Update, o Open Society passa a mapear todas as iniciativas sociais que florescem nas redes sociais, visando criar uma sociedade global, com troca de experiências e defesa de valores humanitários – mas estritamente individuais. E, especialmente, como alternativa às “elites egoístas”, que são justamente as que comandam os Estados nacionais. E por “povo” não se entendam os movimentos sociais nacionais, mas a nova geração de influenciadores que nasce com a Internet.

Com Soros, se alinham vários bilionários bancando sites jornalísticos, alguns de boa qualidade e considerados de esquerda.

Porque um bilionário capitalista financiaria grupos de direitos humanos, muitos deles identificados com a esquerda? A resposta é algo óbvia, já foi bastante discutida no GGN, e foi bem explicada por Alan Ghani, Doutor em Finanças pela FEA-USP:

“Basicamente, porque muitos movimentos de esquerda não são necessariamente contra o capitalismo de George Soros, mas contra valores e princípios conservadores, base da civilização ocidental, que representam obviamente uma resistência aos anseios globalistas de Soros e outros grandes capitalistas – tema muito discutido em outros países e totalmente obscuro no Brasil”.

Essa é a distinção básica, que vai explicar o papel das agências de checagem no Brasil e seu foco no jornalismo independente crítico da Ponte para o Futuro e dos grandes negócios em andamento com as estatais.

Peça 6 – as eleições de 2018

Tem-se, então, o seguinte desenho:

  1. Na qualidade de consultor do Facebook, o Atlantic Council dispondo da capacidade de indicar os tais representantes da sociedade civil para exerceram o filtro na rede.
  2. Como aliados, bilionários dispostos a lançar seus próprios projetos de financiamento de mídia, conforme a recomendação descrita na Peça 4, e sendo os representantes da sociedade civil na filtragem de informações do Facebook.

Mas qual o objetivo imediato desse movimento? Apenas combater o discurso de ódio? Ou usá-lo como álibi para coibir a opinião dos tais “agentes malignos” antiglobalização?

Nos diversos estudos disponíveis no site do Atlantic Council se percebe uma grande prioridade: a enorme preocupação com as eleições de 2018, especialmente no Brasil, Colômbia e México e o papel das disputas nas redes sociais.

Um artigo deste ano, publicado no seu portal, exemplifica bem essas preocupações:

Os atores malignos

“Na América Latina, região que assistirá a três importantes eleições em 2018, o conceito de notícias falsas tornou-se uma preocupação significativa tanto para formuladores de políticas quanto para grupos da sociedade civil. 

Antes das eleições no Brasil, Colômbia e México, as falsas narrativas espalhadas nas notícias e nas mídias sociais são agora construídas para dois propósitos: 1) disseminar mentiras e 2) criar incerteza ou suspeita profunda.
 

(…) Como foi visto na preparação para as eleições europeias, essas narrativas são projetadas por atores malignos para influenciar o resultado de uma eleição, de modo a costurar discórdia e prejudicar a fé na democracia.  

(…) No Brasil, vídeos falsos, contas de mídias sociais, imagens, artigos e infográficos começaram a influenciar as principais mídias e conversas públicas. 
 

(…) As narrativas não são neutras, mas projetadas para influenciar a opinião dos leitores. Quando atores malignos empregam narrativas falsas destinadas a mudar a opinião pública e interferir nos processos eleitorais, a democracia sofre como resultado. 

(…) No Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece estar pronto para um retorno nas eleições de outubro (…)Uma vitória de Lula ou Bolsonaro pode ser disruptiva, potencialmente descarrilando a frágil recuperação econômica do Brasil.  

Peça 7 – as agências de checagem

Acertado o novo modelo de filtragem de informações pelo Facebook, imediatamente começaram a brotar agências de checagem de notícias que, mal saíam do berço, já eram convocadas para o trabalho de filtragem das informações da rede, indicadas pelo próprio Atlantic Council.

No Brasil, três iniciativas se destacaram:

  1. A Open Society, de Soros, que tem como articulador  Pedro Abramovay, advogado que chegou a trabalhar no Ministério da Justiça na gestão Márcio Thomaz Bastos. Provavelmente partiu dele a indicação para que a Publica topasse assumir a Agência Truco, que significou um custo adicional em sua estrutura. A Open Society é uma das financiadoras permanentes da Publica – que, aliás, pratica um jornalismo investigativo de primeira.
  2. A revista Piauí, de João Moreira Salles, outro belo veículo jornalístico, ele, dono de uma biografia até agora respeitável, abriu a Agência Lupa.
  3. O Projeto Credibilidade, montado na UNESP, que se se alinha com o The Trust Project, de uma universidade localizada no Vale do Silício, todos de olho na possibilidade de serem o Santo Ofício do Facebook.

Peça 8 – os indícios da censura política

Há uma série de indícios de que as agências de checagem brasileiras podem ter se submetido à estratégia do Atlantic Council, de calar as vozes antiglobalização.

Para tanto, retornemos à explicação contida na Peça 5: mesmo blogs de esquerda serão apoiados, desde que não façam a crítica aos princípios globalistas defendidos pelo clube dos bilionários, ou, por tabela, a denúncia dos grandes negócios que estão sendo perpetrados à sombra da tal Ponte para o Futuro.

Indício 1 – o mapeamento das iniciativas digitais.

A exemplo do Instituto Update, do Open Society, provavelmente por inspiração de Abramovay, a Publica procedeu a um levantamento das principais iniciativas de jornalismo e ativismo digital no Brasil. Os critérios de seleção eram:

  1. Organizações que produzem primordialmente conteúdo jornalístico;
  2. Organizações que nasceram na rede;
  3. Projetos coletivos, que não se resumem a blogs;
  4. Sites não ligados a grandes grupos de mídia, políticos, organizações ou empresas.

Foram selecionadas cem iniciativas, algumas conhecidas, outras praticamente de gueto. Entraram Midia Livre, Jornalistas livres, Marco Zero, Congresso em Foco, Nexo, Acurácia, ESTOPIM, Escotilha, Papo Reto, Jornal Comunitário da Vila Prudente, Farofa-fa, Rede de Informações Anarquista. Não entrou nenhum dos sites jornalísticas que fazem o contra discurso à mídia convencional e a crítica à globalização.

Indício 2 – o estudo da Publica para Veja

Com patrocínio da Ambev – controlada por Jorge Paulo Lehmann -, Veja montou um seminário sobre fake news. Saliente-se que Lehmann é um dos controladores do 3G, o grupo que está articulando a privatização da Eletrobras. As únicas resistências a essa jogada partem dos blogs jornalísticos independentes.

A base do seminário foi um trabalho produzido por Pablo Ortollado, um acadêmico esperto e ambicioso, junto com a Publica. Nele, mapeava três grupos de influenciadores digitais: à direita, um conjunto de blogs claramente fakes (sem identificação de responsáveis e especializados unicamente em notícias falsas); no centro virtuoso, os grupos de mídia; à esquerda, os blogs jornalísticos que fazem o contraponto ao jogo político da Ponte, incluindo o próprio GGN.

Qual a razão de terem apresentados blogs jornalísticos identificados com teses de esquerda aos blogs fakes de direita? A explicação da Publica é que os fakes de esquerda tinham pouca audiência. Ora, se o critério era de relevância, qual a razão para os blogs jornalísticos terem sido excluídos do tal Mapa montado pela Publica? E qual o motivo de não terem incluído blogs de direita? Explicação: audiência insuficiente, o que não é verdade.

Indício 3 – a censura da Agência Lupa

Montou estratégia similar. Primeiro, a denúncia de notícias fake produzidas pelo MBL e congêneres. Depois, o ataque aos blogs jornalísticos, tido como de esquerda, em cima de um episódio menor, sem característica de notícia fake – o caso do rosário que um emissário do Papa entregou a Lula. Foi uma iniciativa esdrúxula, que mereceu uma única defesa, um professor do Insper (universidade ligada a Lehman), de que o episódio significaria a maturidade das agências de checagem, por estarem sendo atacadas, agora, pela direita do MBL e pela esquerda. 

Indício 4 – a seletividade do Projeto Credibilidade

O projeto tem como participantes apenas grupos de mídia e sites e portais alinhados com o sistema. Para testar, solicitei a inscrição do Jornal GGN no grupo. A resposta dos organizadores: “Agradecemos o interesse do Jornal GGN de integrar o consórcio de mídia do Projeto Credibilidade. Em função de limitações operacionais, estamos impossibilitados de responder sua solicitação de forma imediata, pois estamos analisamos solicitações anteriores de outros veículos”. A resposta foi no dia 13 de março passado. Até hoje não recebi resposta.

Peça 9 – a volta da censura

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Quando teve início o carnaval em torno dos fake news, o Ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), anunciou que, na condição de presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), montaria um grupo de trabalho com Polícia Federal, ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) para combater os fake news. Anunciou até a intenção de recorrer a buscas e apreensões, como maneira de prevenir ataques – um caso claro de ameaça de censura prévia.

 No evento da Veja – alimentado pelos estudos de Ortollado e da Publica -, na casa da revista que soltou uma capa fake na véspera das últimas eleições, Fux anunciou seu pacto com jornais para coibir as notícias falsas. Soltou a bazófia, de que o TSE anularia a eleição se fosse comprovada a influência decisiva de uma notícia falsa.

Peça 10 – as hipóteses em jogo

É evidente que está em andamento um processo de censura na próxima campanha eleitoral, ou, quem sabe, mais permanente, sob a capa de uma falsa legalidade – a exemplo do que ocorreu no impeachment.

A quem recorrer? No CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a inacreditável presidente Carmen Lúcia montou um grupo destinado exclusivamente a defender os grupos de mídia das ações judiciais. No TSE, Fux acena com ameaças e pactos com a imprensa tradicional, como revelou no Jornal Nacional de dias atrás.

Está em fase montagem a mais grave ameaça à liberdade de pensamento do país.

A primeira hipótese é que as agências participam deliberadamente do jogo da censura.

A segunda hipótese, levando em conta a biografia dos envolvidos, é o da imaturidade no exercício onipotente de poder vetar publicações no Facebook.

Há sempre a possibilidade de que Publica e Piauí tenham pecado pela inexperiência e que os ataques apenas expuseram idiossincrasias jornalísticas contra veículos que vinham criticando o seu trabalho.

De qualquer modo, é relevante que seus titulares se deem conta do enorme risco não apenas para a democracia, mas para sua própria reputação. E se posicionem claramente a respeito do seu papel nesse jogo. Afinal, o que está em jogo não é a questão esquerda x direita, ou globalização x antiglobalização, mas princípios fundamentais na construção da democracia e dos direitos humanos: a liberdade de expressão.

35 Comentários

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  1. Excelente levantamento,

    Excelente levantamento, Nassif.

    Ao que tudo indica o poder econômico tem medo de qualquer tipo de concorrência politica.

    A única liberdade de consciência e de expressão que eles respeitam é a do capital.

    Nos Brasil o controle do mercado de opinião já foi feito pelo Estado. 

    O combate as “fake news” sugere que os poderosos querem criar ou já criaram uma espécie DOPS privarizado.

    A repressão do DOPS empurrou a esquerda para a clandestinidade. Agora o DOPS privarizado quer empurrar os “blogues sujos” para a Dark Web, onde crime e desvio ideológico poderiam ser novamente identificados como sendo fenômenos semelhantes.

    Essa nova guerra que começa na internet vai acabar com prisões, torturas e execuções? Façam suas apostas.

     

  2. O imperialismo e suas
    O imperialismo e suas matizes, como a corporocracia que se expressa no poderio de uma Shell, passou a ser chamado de globalização: mas em 1500 ja era luta de poder entre nações, ou seja, imperialismo….o Brasil sempre ignorou esse dado importante e por isso tá indo pro buraco: estã virando pais escravo submetido a forte controle ideológico sob o comando do Facebook e seus penduricalhos como Globo, UOL, e cia e agencias de controle da pauta, isso q chamam de checagem.
    Um escárnio.
    Em tempo: dias atrás assisti a um debate entre tucanos no i FHC, em que jornalistas da velha midia se mostravam animados com essa pegadinha das fake news para que eles tivessem controle total sobre a pauta: assuntos a serem abordados e sob determinado viés politico, claro, aquele que seja traçado pela banca….vi que os mesmos debatedores se mostraram preocupados porque eles tucanos não estavam sabendo como pautar o WhathsApp….quer dizer, como o WhathsApp pertence ao Facebook, o controle total chegará…

  3. Não acho que seja exatamente por aí o jogo neoliberal

    O assunto deste post é realmente interessante e Nassif deve domina-lo bem, pois este tema tem relação direta com este blog que ele dirige. Mas, depois da sua leitura, não encontro que seja esta a estratégia atual de dominação global comandada pelo neoliberalismo financeiro, mas sim o caminho judicial, como tentarei explicar.

    A narrativa do post é algo confusa e muito próxima de alguma teoria de conspiração qualquer. Não acredito que o neoliberalismo precise de tanta sofisticação para manter a sua hegemonia e domínio no mundo, principalmente o terceiro mundo. Até agora tem sido muito fácil para eles, inclusive com ações toscas e arbitrárias da parte dos golpistas de plantão (inclusive com Supremo, com tudo), apostando ainda na atitude inocente e bovina do povo.

    “O fracasso do modelo neoliberal como alternativa eleitoral”. Acho que esta frase está mais do que certa e, assumindo como verdadeira, é natural que depois de sucessivos triunfos do PT tenham agora procurado outros caminhos.

    Não acho que seja pelo caminho da mídia que o jogo esteja sendo conduzido hoje, até porque os monopólios de comunicação fazem parte desde sempre dos países colônia.

    Em compensação, acho muito certa a afirmação de Nassif de que “as legislações internacionais estão se sobrepondo às nacionais”. Nos tempos atuais é a judicialização do Brasil o principal elemento de apoio ao neoliberalismo ou de colonização dos países menos desenvolvidos.

    O neoliberalismo não passa de uma colonização, agora com ênfase financeira, sem sujar as mãos, com a cumplicidade de elites locais. Para não irmos muito atrás, para a independência dos países americanos e as guerras fratricidas apoiadas pelo mundo global (na época, representado pela Inglaterra), vejamos, por exemplo, o método mais comum, que é aquele da alienação de elites.

    Na época do golpe militar, tanto no Brasil como em países vizinhos, os EUA levaram oficiais sul-americanos para a Escola das Américas (acho que no Panamá), para treinar contra o “comunismo”, criando uma elite militar vidrada em Rambo e em filmes de guerra, que encontraram o sonhado inimigo (deve ser ruim aposentar sem disparar sequer um tiro) dentro das fronteiras do seu próprio país. Sintomaticamente, os uniformes “prussianos” de muitos dos exércitos da América latina trocaram para a cor dos EUA. Hoje essa área está dominada pelos EUA, mas, assim como a opção eleitoral, a via militar também foi esgotada como instrumento de colonização.

    Disney complementa a alienação da criançada há décadas, hoje muitos destes são meritocráticos colocados na elite do funcionalismo público.

    Finalmente, assim como aconteceu com os militares, desta vez são os membros da PF, do MPF e do judiciário que fazem a sua peregrinação ao mundo global, criando esta camada que hoje dirige o golpe no Brasil, pela via judicial. O país já era preparado para isso, com exagero e confusão na legislação e na própria estrutura legislativa e judicial do Brasil, que abriu espaço e mercado para a formação, hoje, de mais de1 milhão de advogados e outros 3 a 4 milhões de bacharéis, cuja luta pelo pão de cada dia vai corroendo como câncer o tecido social do Brasil, arrastando para os tribunais até discussões domésticas ou de vizinhança.

    Grande parte das “fases” relatadas pelo Nassif é antiga, como o financiamento global de causas verdes (do nosso verde) e outras instituições, numa grande quantidade de parcerias do tipo “Marina e Itaú”.

    A novidade aqui discutida é justamente a judicialização extrema do Brasil e a reestruturação do tecido social, da economia e da própria justiça ao redor da figura dos advogados, que são três: um togado e os outros dois aparentemente em lados contrários, repartindo o butim de cada situação encontrada.

    Destruir a hegemonia da imprensa e disciplinar os meios de comunicação, de qualquer tipo, é tarefa que um Governo com apoio popular poderia fazer, mas, “desjudicializar” e recolocar o Brasil a uma convivência fraterna, no bom senso, combatendo a Lei de Gerson, reduzindo processos para ações rápidas de pequenas causas, fazendo a vinculação de súmulas e etc. será uma tarefa complicadíssima. A judicialização do Brasil poderia ser comparada como a confusão criada por Deus na construção da torre de Babel e é ela o maior entrave para melhorar o tecido social do Brasil, a sua convivência e, principalmente, para desgarrar o nosso sistema judicial dos colonizadores.

    Pobre o país com tanto engenheiro desempregado, professor mal pago e advogados enchendo de ganhar dinheiro com a nossa própria desarmonia.

  4. Nassif chegou ao auge. Só um
    Nassif chegou ao auge. Só um profissional profundamente antenado com o que está acontecendo no mundo pode produzir um texto bem informado como este. Pena que ainda existam ingênuos que falem de “teorias de conspiração” quando o assunto é colocado em pauta. Deus nos salve a todos.

  5. PETER SCHECHTER, vice

    PETER SCHECHTER, vice presidente do Atlantic Council para a America Latina, foi socio de varias firmas de lobby em Washington, a mais conhecida foi a Chopak Associates, que teve como cliente Fernando Henrique Cardoso, tambem foi cliente o presidente de Honduras que tomou o poder após a queda de presidente deposto pelo congresso de Honduras,  Manuel Zelaya, Schechter fez o looby em Washington para o novo governo de Honduras presidido por Roberto Micheletti, recebendo 292 mil dolares para o serviço, com isso dando cobertura politica para o governo que tomou o poder em Honduras.

    Schter fala portugues e cuida do Brasil no Atlantic Council.

    Um dos links mais famosos do Atlantic Council é o BLACKSTONE GROUP, maior firma global de private equity, negocios financeiros especiais como grandes privatizações, o BLACKSTONE por exemplo compra uma grande empresa não para ficar

    com ela e sim para “dar uma tacada” e vender logo depois, faz “jogadas” tipo comprar “galinhas mortas” na “bacia das almas” e

    logo depois desovar no mercado do grande publico ganhando muito nesse processo, os ativos do BLACKSTONE são de 500 bilhões de dolares, nesse tipo de negocio é o maior do mundo.

    O  Vice Chairman do Atlantic Council JOHN STUDZINSKI é sócio do BLACKSTONE GROUP.

    1. O BLACKSTONE GROUP investiu

      O BLACKSTONE GROUP investiu já grande volume de dinheiro no Brasil, sempre comprando barato para vender caro, hoje

      tem 40% do Banco PATRIA, comprou 4 grandes edificos comerciais em São Paulo e Rio.

  6. Excelente!

    Excelente matéria! Excelente pesquisa! Só um detalhe: Mark Zuckerberger e os donos do Google são atores importantes e conscientes desse jogo e jogam no mesmo time e clube dos bilionários em busca de um mesmo propósito: Uma Nova Ordem Mundial fascista, cujos instrumentos não são mais a mera força bruta, mas a sutil porém massiva manipulação de corações e mentes, através da mídia corporativa e organismos transnacionais na edição e execuções de leis de alcance cada vez mais globalizado, controle eletrônico do comércio, completa digitalização da moeda, etc. É o sonho e alvo maçônico! Só falta o surgimento do grande líder mundial, o anticristo, e seu auxiliar, o falso profeta, a estrela do panteão dos nove sábios da cripta, para fechar com chave de ouro a utopia da construção de uma nova torre de Babel. Serão derrotados pelo verdadeiro Cristo na Sua manifestação gloriosa!

  7. PAPA PREOCUPADO COM A

    PAPA PREOCUPADO COM A DIVULGAÇÃO DE  FALSAS NOTÍCIAS

    Recentemente, nos dias 22 de maio e no dia 18 de junho o Sumo Pontície – na homílias de missa celebrada em Santa Marta (Vaticano) – manisfestou suas preocupações com as falsas notícias, acusações, manipulação e comunicação de inverdades exortando os cristão às responsabilidades daí decorrente: 

    1 – Papa: evitar a intriga para caminhar na verdadeira unidade

    22/05/2018

    – “Criam-se condições obscuras” para condenar a pessoa. Um método com o qual perseguiram Jesus, Paulo, Estevão e todos os mártires e muito usado ainda hoje.

    – prosseguiu o Papa: “a vida civil, a vida política, quando se quer fazer um golpe de Estado”: “a mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação essas pessoas ficam manchadas”. Depois chega a justiça, “as condena e, no final, se faz um golpe de Estado”.

    – Uma perseguição que se vê também quando as pessoas no circo gritavam para ver a luta entre os mártires ou os gladiadores

    – “A intriga” foi usada contra Jesus para desacreditá-lo e, uma vez desacreditado, eliminá-lo

    – O cristão deve seguir, não as falsas unidades, que não têm substância, e servem somente para dar um passo a mais e condenar as pessoas, e levar avante interesses que não são os nossos: interesses do ‘príncipe deste mundo’, que é a destruição.

    Fonte:

    https://www.vaticannews.va/pt/papa-francisco/missa-santa-marta/2018-05/papa-francisco-missa-santa-marta-unidade.html

    ***

    2 – As ditaduras começam manipulando a comunicação

    18/06/2018

    – O primeiro passo de cada ditadura é a manipulação sem escrúpulos da comunicação livre, através da sedução dos escândalos e das calúnias, para enfraquecer a vida democrática e condenar pessoas e instituições. Um sistema – afirmou o Papa na missa celebrada na segunda-feira, 18 de junho, em Santa Marta – que foi aplicado também pelas ditaduras do século passado, como confirma o horror da perseguição contra os judeus. Mas que encontramos também hoje em muitos países, assim como no dia a dia.

    Fonte:

    http://www.osservatoreromano.va/pt/news/ditaduras-comecam-manipulando-comunicacao

     

     

     

     

     

  8. Haddad
    Haddad, o queridinho da Piaui, não seria um bom nome para fazer um acordo com essa turma Nassif ? Claro que no confronto não teríamos a mínima chance….

  9. Toda forma de totalitarismo sera tentada

    Esse assunto é importantissimo e preocupante. Semanas atras em um debate num programa da Arte sobre o controle na internet, alguns jornalistas diziam que era importante se fazer um controle efetivo no combate ao fake news etc, ao que um pesquisador do CNRS dizia que era presico cuidado com o que pode advir desse pretenso combate às noticias falsas, sobretudo sob controle de governos pouco democraticos ou de agências também pouco transparentes.

    Acho que o ideal seria que todos os veiculos se representem nas agências de combate ao fake news. Como o Nassif mostra em seu texto isso é pouco provavel que ocorra, então que os Blogs criem em conjunto sua propria agência de combate as falsas noticias e os vieses dessas noticias. 

    O que convenhamos o GGN vem fazendo ha muitos anos no que concerne o noticiario da “imprensa oficial” do Pais e eles nunca ou quase nunca retificam seus erros e suas fakes news. 

  10. Quem controla a narrativa?

    Excelente análise. É o tal “mercado” disputando a primazia da “verdade”, desde que ele, o “mercado”, vença sempre. E ainda que vencer em nome da “verdade” signifique mentir, roubar e matar.

    Nunca se soube desse tal “mercado” fazendo algum sacrifício pelo bem-comum da sociedade brasileira. Eles sempre nos pilham, a gente sempre perde. Por que, então, aceitar o cabresto informacional?

    Não faz sentido. Principalmente, porque há outras forças em jogo. Rússia superou os EUA em poderio militar e China, em poderio econômico. Ambas inclusive, recentemente, enxotaram as indústrias bélica e petroleira estadunidense da Venezuela com um brilhante movimento no tabuleiro. A fakenews gringa sobre a “ditadura bolivariana” tinha e tem objetivo claro: roubar petróleo. Por hora não deu certo.

    Posto isso, seria insano subestimar a força dos inimigos da humanidade, como os liberais Ulmann, Koch, Schechter, Abramovay e Lemman. Mas podemos como consumidores decretar o fim da linha para as Agências Lupa, Aos Fatos e Up Date por contaminação ideológica. Nesse negócio, reputação é tudo e nenhuma – nenhuma – pisada na bola deve ser perdoada.

    Estou simplesmente de saco cheio desses hipócritas terem transformado a sociedade brasileira num território de dedos-duro, delatores e caguetas.

    Tenho acompanhado o trabalho dos tradutores da Vila Vudu (https://goo.gl/YYnM6Q) e da comunidade de tradutores Tlaxcala (https://goo.gl/mUUdyf), com visões de analistas políticos da Rússia, Irã e de outros países da Ásia. Há inúmeros canais de TV alternativos foram do eixo EUA-Globo, alguns com transmissão em espanhol, como a RTV russa e a CCTV chinesa. Entre nós, há o trabalho admirável do Dario Alok (https://goo.gl/23r6bb), que às vezes publica aqui no GGN.

    Há caminhos.

    Todos os golpes da CIA são o mesmo golpe – “Por que não nos agradecem?”
    http://blogdoalok.blogspot.com/2018/06/todos-os-golpes-da-cia-sao-o-mesmo.html
     

  11. Cooperativa de talentos

    Prezado Nassif, eu tenho enorme prazer em ler os seus textos..

    .. cara, eles são muito consistentes e vc escreve de uma forma tão simples e tão poderosa..

    Obrigado por isso.

    Eu trabalho há muitos anos na internet, nas mais variadas funções..

    .. e, aos poucos, fui aprendendo a “sentir” a rede..

    .. sensação construída por números, views, likes, como qualquer marketeiro digital..

    .. mas, também, com o tempo eu desenvolvi alguns skills e comecei a interpretar a internet com alguma subjetividade..

    .. por exemplo, eu tenho alguma facilidade para identificar um troll com base no que ele escreve..

    .. por conta do trabalho, fui um dos que perceberam, logo no começo, que certa rede social trapaceia nos seus números..

    Tem muitos “causos”, mas não é o objetivo do comentário, quero chamar a atenção para o fato de que a internet se tornou uma matrix.

    É tudo fake.

    Não é um fenômeno recente..

    Vou citar como exemplo o mercado imobiliário, que é um setor que eu conheço de perto:

    .. em 2010 chegamos a ter casos de metro quadrado mais caro do planeta, era evidente que isso não tinha fundamento econômico, como é que pode o m2 na Faria Lima ser mais caro do que em Manhattan?

    Mas a Matrix, combinando tv, rádio e internet, criou esse novo normal e o gado foi todo feliz para a fila do banco pegar empréstimo para comprar apto de 80 M2 por R$ 1 milhão (com juros que o farão pagar 3, 4, 5 vezes esse valor).

    A manipulação na internet era muito evidente, com notícias “pro” sendo replicadas em vários sites “irmãos”, empoderados pelos indexadores, ao contrário das vozes dissonantes, cujo tráfego ou cai ou muda de perfil (passa a receber zilhões de robos)..

    Quer exemplo mais louco do que o “impeachment” da presidenta Dilma, o povo saindo às ruas, fazendo dancinha de “fora Dilma, fora PT”?

    Aquilo foi uma criação de marketing..

    .. brilhante, diga-se de passagem..

    Ou seja, a Matrix atende vários interesses em vários momentos, e já faz algum tempo que vivemos nela.

    .. o problema que estamos vivenciando agora é decorrente da voracidade do processo..

    Se fizer uma retrospectiva, vai perceber que a cada dia é criado um novo normal..

    .. e para sustentar isso, chegará o ponto de não ser permitido o ponto de vista contrário, porque a situação é tão precária a ponto de qualquer dissonância ser capaz de desmontá-la.

    Embora eu não tenha concordado com esse movimento, tenho que reconhecer que a prisão do ex-presidente Lula é como um alicerce de realidade neste munto fake.

    É o punhal de prata no coração do vampiro.

    Por isso é importante que ele mantenha sua candidatura, e por isso considerei desastre absoluto essa movimentação em torno do Ciro Gomes, ele próprio um fake.

     

    Bem, prezado, eu acho que a ditadura vai recrudescer e a saída é buscar apoio nos movimentos populares.

    Na minha imaginosa opinião, vejo a formação de cooperativas para as mais diversas categorias, algumas tão grandes e tão poderosas, capazes de se contrapor ao sistema.

    No caso do jornalismo, minha visão cyber socialista vê uma cooperativa de profissionais, organizada geograficamente, formal, aberta, democrática, auto sustentável e auto gerenciável, que INVERTA esse jogo: quem tem que validar notícia é jornalista, não o capitalista.

    Essa cooperativa, formada por milhares de jornalistas em todo o país pode oferecer serviço de “check news”, edição, tradução, pode fornecer equipe para trabalhos específicos, e vender matérias no atacado através de um portal, fornecer cursos, que tal?

    O mais legal da ideia é a capilaridade.. tem potencial para buscar notícia lá no Brasil profundo..

    .. coisa que o PIG não consegue fazer..

    .. então teríamos 2 segmentos distintos: quem produz (e valida) a notícia e quem divulga..

    Uma empresa de notícias não precisará de uma equipe de jornalista: contrata a cooperativa (isso já existe informalmente, ok?).

    Eu mandei essa ideia para o sindicato dos jornalistas (vários estados) e não recebi de volta nem a confirmação de email, rs..

    Mas é isso..

    .. abraços.

    1. Parto humanizado

      Sobre o seu comentário, com o qual tenho algumas concordâncias e discordâncias, aponto apenas um aspecto de cada:

      (discordância) quem produz não pode validar, é um princípio básico de controle transparente;

      (concordância) sobre a prisão de Lula ser uma âncora de realidade em meio ao mundo falsificado pela mídia (um dos veículos privilegiados da matrix), concordo e é de atos de resistência desse tipo que o novo mundo está surgindo, sendo criticado como ingenuidade de quem não sabe fazer o jogo do mundo, mas exatamente nesta recusa pacífica em se engajar no jogo nos termos que o mundo-matrix impõe – esperava que ele alimentasse a narrativa do culpado foragido e se deu mal – é que se escapa dele e se constrói sua alternativa. Bom exemplo dessa resistência é que a revolução silenciosa da agroecologia está solapando por dentro uma das maiores indústrias do mundo, responsável por tanta fome, doença e injustiça no campo e na cidade.  Um dos brotos desse trabalho brilhante feito pelo MST e outros grupos de luta pela reforma agrária aliada à agroecologia é a mobilização suprapartidária contra a PEC do veneno, uma demonstração de que as pessoas querem alimentos mais naturais e saudáveis e esperam ansiosamente por alternativas, economicamente acessíveis, ao seu atual padrão de alimentação precária industrializada. 

       

      “Os pacíficos herdarão o Reino de Deus”.

      Mas a coragem de não confundir paz com passividade  nem luta com agressão é só para os que conseguem não se encantar com a matrix. 

       

      O mundo novo continua nascendo, e se Herodes não conseguiu impedir seu surgimento antes, seus descendentes morais não conseguirão dessa vez. 

       

      Sampa/SP, 19/06/018 – 14:07 (alterado às 14:09, 14:15 e 14:26). 

      1. Xadrez do jogo político dos fake news

        -> “Os pacíficos herdarão o Reino de Deus”.

        desde o Gênesis, as traduções e interpretações da Bíblia são fonte infinita de fake news. nada a ver esta sua citação aí…

        segundo o Sermão da Montanha, os “pacíficos” (ou “pacificadores”) serão chamados filhos de Deus e os “mansos” possuirão a terra.

        além disto, não são nem “pacíficos” e muito menos “mansos”.

        os “mansos” e “pacíficos” (praús, anaw) são os que através da auto-disciplina, desenvolveram o auto-conhecimento. portanto, adquiriram o auto-controle.

        já os “pacificadores” são os que fazem o necessário resgate para então se proceder a construção de novas relações, estabelecer novos laços, sem o que nenhuma “paz” é possível, senão a dos cemitérios.

        .

        1. Fake news “está sendo” o novo gerundismo

          Você é exegeta?

          Minha citação não é literal, foi feita de cor e por isso não citei fontes nem autores. 

          Da Bíblia que geralmente consulto, a “Ave Maria”, que informa o seguinte na sua 81ª edição: “Tradução dos originais grego, hebraico e aramaico mediante a versão dos Monges Beneditinos e Maredsous (Bélgica)”, reproduzirei trechos que podem te interessar (ironia). 

          Nesta versão do Sermão da Montanha, que relaciona os Bem Aventurados, e teria sido proferido por Jesus, o trecho literal a que me referi de cor é este:

          “Bem aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus” (Evangelho segundo Mateus, 5, 9)

          Supondo que filhos herdam Reinos de seus pais, minha citação de cor não está fora do espírito da mensagem, hahaha. 

          Quanto às suas interpretações, são suas, e não tomo como informação confiável porque mesmo entre estudiosos qualificados da Bíblia, o que mais tem é controvérsia. 

          Mas talvez uma palavra atribuída a Jesus lhe responda melhor: “Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus [22]. Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja [23]. Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade [24]” (Evangelho segundo São João, 4,22-24). 

          Boa sorte com sua interpretação da Bíblia mas dispenso sua checagem dos meus comentários, até porque ultimamente se viu que gente metida a checar a opinião alheia, arrotando um conhecimento que não tem, para dissimular reais divergências políticas, geralmente conhece menos o assunto do que ostenta.  E já sabemos que não nos bicamos, então, faça como eu que ignoro você e suas opiniões – no que fui obrigada a fazer uma exceção, espero que pela última vez. Respeitosamente, mas sem falsas cordialidades – agora até coloquialismo em citação da Bíblia é fake news, tá russo! 

           

          Sampa/SP, 19/06/018 – 17:50

          1. Xadrez do jogo político dos fake news

            -> até porque ultimamente se viu que gente metida a checar a opinião alheia, arrotando um conhecimento que não tem, para dissimular reais divergências políticas, geralmente conhece menos o assunto do que ostenta. 

            -> E já sabemos que não nos bicamos, então, faça como eu que ignoro você e suas opiniões – no que fui obrigada a fazer uma exceção, espero que pela última vez.

            -> Boa sorte com sua interpretação da Bíblia mas dispenso sua checagem dos meus comentários

            sua aversão ao diálogo, além de desnecessária, é injustificada. não lhe dei qualquer motivo para tal.

            contudo não deixa de ser compreensível: é mais conveniente ficar dentro da bolha do pensamento único. infelizmente, a realidade sempre dá um jeito de furar todas as bolhas.

            usar a citação do Sermão da Montanha sobre “mansos” e “pacíficos” para tentar justificar a rendição voluntária de Lula é um argumento fake. começou na missa em frente ao Sindicato de S. Bernardo através do próprio padre, para conter o clamor da multidão gritando: “Não se entrega!”.

            quanto a lhe ignorar, talvez até possa atender sua sugestão. mas devo deixar registrado que o mesmo jamais acontecerá por parte do Big Data. ele não apenas não ignora nenhum de nós, como arquiva tudo o que escrevemos, jamais se esquece de sequer uma vírgula e está pronto a apto para checar e rechecar continuamente todos os dados que armazenou a nosso respeito.

            assim: boa sorte com o Big Data.

             

             

          2. Evitar a bolha (e a fadiga)

            “sua aversão ao diálogo, além de desnecessária, é injustificada. não lhe dei qualquer motivo para tal.” 

            Nunca tivemos diálogo; as únicas vezes em que debatemos nossas diferentes opiniões, você foi bastante agressivo, intolerante e me recordo de não mais termos interagido neste site, ou em qualquer outro. É sempre possível e desejável que as diferenças de opinião não prejudiquem a possibilidade de diálogo, aliás este deveria ser uma das formas de convivência daquelas, idealmente – não fomos educados para isso, infelizmente, e a internet também não favorece seu exercício autodidata – mas para isso é necessário que outras afinidades ou objetivos mínimos compartilhados existam e o justifiquem, o que não parece o caso. Suponho que ambos tenhamos concordado implicitamente em seguirmos com nossas opiniões sem entrar em inúteis confrontos – tive a impressão que foi isso o que houve anteriormente. 

             

            “contudo não deixa de ser compreensível: é mais conveniente ficar dentro da bolha do pensamento único. infelizmente, a realidade sempre dá um jeito de furar todas as bolhas.”

            O que eu sempre fiz em todos os sites em que apresentei minhas opiniões pessoais foi exatamente evitar bolhas e o pensamento/comportamento de manada. Prezo pela minha independência e respeito a alheia, por isso evito me engajar em debates que visem exclusivamente persuadir outros a adotar quaisquer opiniões de maneira acrítica ou impositiva, e quando o faço geralmente é para criticar esse tipo de coerção. Sobre o “pensamento único”, você não pode criticar em mim aquilo que exerce e de maneira pouco afeita ao diálogo e debate com outros que a isso se dispõem. Concordo que a realidade se encarrega de furar as bolhas, e conto com ela para isso, o que não significa, porque não se confunde com, capitular diante dela quando parece contrariar aquilo em que acreditamos, afinal, a realidade é algo para ser transformado naquilo que tem de construção humana, e não uma condição a ser aceita passivamente. 

             

            “usar a citação do Sermão da Montanha sobre “mansos” e “pacíficos” para tentar justificar a rendição voluntária de Lula é um argumento fake. começou na missa em frente ao Sindicato de S. Bernardo através do próprio padre, para conter o clamor da multidão gritando: “Não se entrega!”.”

             

            Se você considera um argumento fake, faltou você justificar por que, e o mero fato de discordar não é suficiente, aliás, é a demonstração do motivo porque eu não dialogo nem debato com você: sua intransigência e oposição, por vezes contraditória, a Lula faz com que você não aceite nada que fure a sua bolha antilulista, e eu não tenho tempo a perder com tautologias, só as minhas mesmo por exigências da vida neste estágio – sou obrigada a conviver comigo mesma, e disso não costumo fugir, rs.

            Sobre Lula ter acatado a decisão judicial, ao que você chama de rendição, eu já havia manifestado minha opinião de que achava que ele deveria buscar asilo político para evitar o gozo golpista, mas sempre opinei o que me parece óbvio: a decisão caberia a ele e apenas a ele, pois quem seria pessoal e politicamente mais atingido pela situação seria ele, principalmente pela responsabilidade política e moral que ele tem e sempre honrou com aqueles que lhe devotam amor e confiança. E para isso, em respeito ao seu papel político, ele consultou, como sempre, outras pessoas, mas nada poderia constrangê-lo a fazer o que sua consciência não achasse correto. E como ser humano e indíviduo autônomo, sua decisão deveria ser respeitada. Você poderia se perguntar por que a militância que se ofereceu para ser imolada pela PF em caso de resistência, entendeu e acabou por respeitar a decisão corajosa e como sempre, visionária, que Lula tomou em favor de todos, e que agora se mostra a jogada de mestre contra as armações tacanhas do consórcio golpista no sistema de justiça: ele simplesmente furou todas as bolhas, de opositores e defensores, e mostrou que não é a prisão – um desejo sádico dos disseminadores de ódio, à direita e à esquerda também – que seria capaz de destruir o sonho de emancipação de um povo, que ele encarna como poucos na História  do país mas que já foi sonhado e lutado por tantos outros antes e o será depois de todos nós; foi a esse sentido de paz como forma de luta ativa por meios não violentos nem apenas reativos que me referi, e me desculpe, não lhe cabe o papel de etiquetar minha opinião apenas por que discorda dela, sem sequer ter apresentado argumentos – você até pode fazer isso, mas sem legitimidade para um dialógo.  Você considera rendição, eu e o mundo consideramos a prova de coerência de alguém que dedicou sua vida a se transformar – ele aprendeu com a vida e a luta política que às vezes o recuo é a melhor forma de avançar e desviar do inimigo – para conseguir ser mais útil ao povo mais pobre e marginalizado do Brasil, da América Latina, da África, e onde mais fosse necessário. Ele, melhor do que eu e muitos que pregam em nome de Jesus e de qualquer outro líder, religioso ou político, entendeu a mensagem e as idéias que guiam a Humanidade para fora dos abismos e armadilhas do mundo, Jesus e sua mãe Maria, Gandhi, Mandela, Buda e o atual Dalai Lama, as mães da Praça de Maio da Argentina e todas as que lutam por seus filhos mortos pela ignorância, a resistência pacífica e que não se rende a devolver na mesma moeda de palestin@s contra o arbítrio israelense, e onde você encontrar vitórias permanentes contra a barbárie haverá esse sentido de defender a Paz ainda que em seu próprio sacrifício momentâneo, com a certeza de que os frutos virão, e serão para a maioria. Não defendo atos sacrificiais voluntários – haverá um tempo em que não mais serão necessários –  mas reconheço sua grandeza quando a realidade impõe escolhas que só verdadeiros líderes são capazes de tomar, e arcar com suas consequências. Porque reconheço que eu não teria. 

            “quanto a lhe ignorar, talvez até possa atender sua sugestão. mas devo deixar registrado que o mesmo jamais acontecerá por parte do Big Data. ele não apenas não ignora nenhum de nós, como arquiva tudo o que escrevemos, jamais se esquece de sequer uma vírgula e está pronto a apto para checar e rechecar continuamente todos os dados que armazenou a nosso respeito.”

            A sugestão de que me ignorasse é porque costumo fazer isso com pessoas, fatos e situações que não podem me trazer nada além de aborrecimentos, e imagino que seja o seu caso ao ler, caso o faça, meus comentários tão piegas, repetitivos e “fakes”. Sobre o Big Data, não tenho medo dele mais do que tenho das pessoas que o criaram, e que não precisam dele para destruir outras pessoas e seus ideiais, bastam coisas mais prosaicas de gente Big Lie como processos administrativos ou judiciais ou um sistema econômico que destrói a idéia de educação pública para vender conhecimento ou diploma  na iniciativa privada, destrói a possibilidade de trabalho e de vida digna porque  a máquina capitalista vive da idéia mortífera de que menos partilha é mais lucro, e só esse importa. 

            Por fim, fique à vontade para criticar ou etiquetar meus comentários. A escolha se o aborrecimento vale a pena é sua. E fique certo que se eu e/ou você desistir/mos dessa interação, não poderá ser considerado rendição – essa mania de as pessoas fazerem de debates na internet disputas morais rasteiras é parte do que me mantém na minha bolha/trincheira, confortável na minha chatura militante. 

             

            Sampa/SP, 20/06/2018 – 13:41 (alterado às 13:44). 

          3. Xadrez do jogo político dos fake news

            -> Nunca tivemos diálogo; as únicas vezes em que debatemos nossas diferentes opiniões, você foi bastante agressivo, intolerante

            o que vc descreve não corresponde aos dados: não fui “bastante agressivo, intolerante”.

            ao contrário! em 08/07/2016, postei como resposta final:

            sem ouriços  calma. sem stress. não que é eu tenha sido petista, o PT é que deixou de ser petista, faz bastante tempo. se hoje somos espinho, é sempre bom não esquecer que espinho não machuca a flor. a troca de idéias sempre vale a pena. estou super acostumado a ser contestado.[…] “

            na verdade, então foi vc que escreveu de modo “bastante agressivo, intolerante”. exemplos:

            “sugiro acompanhar o noticiário e abandonar sua muleta intimidatória contra esquerdopetistas ou progressistas: lutar contra evidências com compulsiva enumeração de fatos desarticulados e teses discutíveis como se fossem consensos pacificados parece relutância de ignorantes. Respeite, se possível, problemas de saúde – ataques fáceis e duvidosos – pois você poderá a vir sofrer deles (quem sabe, voluntariamente, pra não lembrar de certos comentários seus).”

            “Ter sido petista não lhe dá atestado de superioridade moral pra criticar sem ser contestado.

            Autocrítica também não parece uma qualidade que você pratique habitualmente, portanto, use do remédio que prescreve pra garantir sua eficácia.”

            “Grata pelo tempo perdido”

            por isto, não posso deixar de repetir o que então afirmei, e certamente tanto lhe irritou. continua válido:

            “o seu problema, o problema do lulismo e o problema da quase totalidade da Esquerda é que vcs detestam auto-crítica. por isto chegamos ao desastre atual. mas com um pouco de boa vontade vc supera isto fácil.”

            esta troca anterior de comentários pode ser acessada no artigo: Xadrez do esperto e do sabido na cooperação internacional, de 06/07/2016.

            vídeo: Fora Temer – Varginha (MG) – 10/06/2016

            [video: https://www.youtube.com/watch?v=ukdhbZIaeTE%5D

            .

      2. Correção: não é PEC, é PL do Pacote do Veneno
        Cometi um erro crasso no comentário acima: não é a PEC do veneno mas o PL (projeto de lei) 6299/2002 que se refere ao
        ataque da bancada ruralista em favor da facilitação do comércio e produção de agrotóxicos, conhecido como Pacote do Veneno. Não poderia ser votação de PEC porque a intervenção federal falida no RJ impede esse tipo de procedimento de alteração da Constituição.
        Desculpem pela informação errada. É isso que dá quem “produz” não ter terceiros para revisar…

        “ONU se diz “preocupada” com Pacote do Veneno
        18 DE JUNHO DE 2018
        A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou hoje um documento elaborado em conjunto por cinco relatorias especiais, em que demonstra uma série de preocupações acerca do projeto de lei 6299/2002, conhecido como Pacote do Veneno.

        “As modificações ao atual marco legal sobre agrotóxicos enfraquecem significativamente os critérios para aprovação do uso de agrotóxicos, colocando ameaças a uma série de direitos humanos”, afirma o documento.

        O documento, endereçado à embaixadora da ONU no Brasil, Maria Nazareth Farani Azevêdo, deve ser encaminhado ao Ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e ao Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

        Umas das principais preocupações citadas pelo documento é em relação à retirada de poderes dos órgão de saúde e meio ambiente no processo de registro: “Existem preocupações de que a esmagadora capacidade financeira do lobby da agricultura no Brasil poderia facilmente controlar as decisões adotadas neste novo arranjo institucional”.

        A ONU critica ainda a possibilidade de fabricação de agrotóxicos no Brasil para exportação sem registro no país: “Este fato gera considerável preocupação, já que os agrotóxicos podem ser exportados para países sem um sistema adequado de redução de riscos para agrotóxicos.”

        São mencionados ainda a isenção de impostos para agrotóxicos como estímulo ao seu uso, além da falta de prioridade dada a projetos de redução de agrotóxicos, como o PL6670, que começou a tramitar apenas há duas semanas, após mais de um ano parado. O documento finaliza com conclusão:

        “Nós manifestamos a preocupação de que as múltiplas alterações propostas ao marco legal e institucional existente referente aos agrotóxicos possam enfraquecer significativamente os mecanismos de proteção que são vitais para garantir os direitos humanos de agricultores, comunidades que vivem em torno de locais de aplicação de agrotóxicos, e da população que consume os alimentos produzidos com base nestes produtos químicos”, afirma o documento.

        Um anexo traz ainda 7 convenções internacionais assinadas pelo Brasil que podem ser descumpridas caso o PL6299/02 seja aprovado. O relatório é assinados pelas seguintes relatorias especiais da ONU: direito a um ambiente seguro, limpo, saudável e sustentável; direito à alimentação; substâncias perigosas; direito à saúde física e mental; e direito à água segura e saneamento.

        Acesse o documento no site da ONU (em inglês) ”

        http://contraosagrotoxicos.org/onu-se-diz-preocupada-com-pacote-do-veneno/

        Sampa/SP, 19/06/2018 – 23:05 (alterado às 23:17).

  12. Os estados nacionais são um produto histórico, e não metafísico

    … e também o seu tempo de declínio virá. A ausência de uma governança mundial nada mais resulta do que em barbárie: basta ver as atitudes trumpistas em relação ao meio ambiente e em todos os demais quesitos. Basta ver a invasão criminosa dos EUA no Iraque, que engendrou o Estado Islâmico. A ausência de governança global é a lei de todos contra todos. Curioso é que a esquerda já foi internacionalista, mas hoje está alinhada com a extrema direita na tentativa de arruinar todas as iniciativas de multilateralismo. Deveríamos urgentemente buscar formar os alicerces de uma federação mundial. As críticas sobre como isso deve ser feito são bem-vindas, mas a oposição pura e simples a mecanismos de arbitragem global tem muito a cara de picaretagem ao estilo máfia por parte de elites locais. Basta citar os nomes de Putin, Trump e Erdogan para entender o que eu quero dizer. São esses os “líderes” anti-internacionalização…… e já se vê daí quais os nobres interesses dos envolvidos em suas posturas….

  13. Ela se chama Chelsea

    Nassif, é necessário atualizar uma informação.

    O BRADLEY AGORA É A CHELSEA.

    O então oficial do Exército dos EUA, Bradley Manning, depois de preso como responsável pelo maior vazamento de documentos oficiais da história USamericana, lutou pelo reconhecimento de sua transsexualidade, tentou o suicídio na prisão, de onde saiu após perdão presidencial por Barack Obama. Adotou o nome de Chelsea e vai concorrer a uma vaga ao Senado dos EUA pelo partido Democrata, como representante do Estado de Maryland. 

     

    Chelsea Manning

     

     

    Sampa/SP, 19/06/2018 – 14:52 (alterado às 14:57). 

  14. Xadrez do jogo político dos fake news

    -> A definição de uma “nova ordem mundial” deve ser a de uma tecnocracia mundial gerida por uma fusão do grande governo e o grande negócio em que a individualidade seja substituída por uma singularidade trans-humanista.

    o capitalismo contemporâneo faz enrubescer a mais lunática teoria da conspiração, e torna as fake news tão verdadeiras quanto a tábua dos Dez Mandamentos:

    – o que o BlackRock Group tem a ver com o Ita-ú?

    nada! ou… tudo! já que ambos são negras pedras rolando no cassino dos moinhos satânicos do capitalismo global financeirizado.

    as maiores corporações mundiais estão sob controle de apenas 4 outras mega corporações:

    – BlackRock;

    – State Street;

    – Vanguard;

    – Fidelity.

    link: The Large Families that rule the world

    alguns diriam tratar-se dos Illuminati ou Reptilianos. Bilderberg ou Nova Ordem Mundial. pouco importa. para nosotros, o Capital engoliu a própria cauda. enquanto devora a si mesmo, Ouroborus deixa um rastro de extinção em sua inexorável queda aos infernos.

    .

  15. Controle dos meios de difusão

    Mais uma grande reportagem do Nassif. 

    Do alto da ignorância que me caracteriza, no entanto, sigo fazendo minha campanhazinha de pobre para que o progressismo global se mobilize, de modo a criar seus próprios meios autônomos de difusão de informação. 

    Me refiro a sítios hospedeiros de imagens e sons tipo iultube, redes sociais como o feicibuqui e buscadores como o gugou, principalmente, pois é aí que mora a caixa preta dos algoritmos sempre ao alcance dos interesses da banca, quando ela se sente contrariada ou desafiada em suas narrativas.

    Vejam o caso da Rússia, nação cuja inteligência não dorme em serviço. Lá existe o VKontat e o país já estaria avançando na criação de sua própria Internet paralela, a qual não se submeteria aos desígnios do pentágono e uaustriti. Pois, em última instância, é o tio sam quem segue dando as cartas se e quando a porca torcer o rabo.

    Então, é preciso a união do progressismo institucionalizado global (partidos, sindicatos, associações, coletivos…) para a promoção, financiamento e manutenção de redes sociais, buscadores, etc., com alcance e confiabilidade mundial.

    Ou isso ou os meios de difusão de informação continuarão nas mãos do grande capital. 

    E por aí em diante… 

  16. Cordeiros cordiais

    Este artigo é como aquele jogador de Copa que começa dando aos fãs a esperança de que finalmente voltou fazer seu melhor jogo, mas do meio para o final se percebe que nada consegue mudar seu estilo conciliador retranqueiro. 

    Nassif consegue dispor de muita informação para dar um inacreditável salvo conduto ao Fakebook e às suas agências checadoras, dizendo sem meias palavras que o Fakebook, tadinho, é vítima do think thank! Ou é ingenuidade ou medo de ser banido da plataforma na próxima perseguição das agências de chocagem do novo ovo da serpente pós-2013 e 2016: 

    o Fakebook não está nessa de inocente, sinto lhe informar, o escândalo da Cambridge Analytica revelou que a vulnerabilidade que foi utilizada por essa empresa, criada pela campanha de Trump para manipular dados de acesso não autorizado a mais de 75 milhões de perfis do Facebook, em nada relacionada com os russos, já era conhecida e fora explorada pela campanha de Obama com conhecimento de Zuckerberg, que teria dito aos democratas à época que sabia do uso dos dados do Facebook por eles mas que não faria nada porque “estariam do mesmo lado”. A própria responsável pela campanha de Obama nas mídias digitais fez essa crítica quando o escândalo da CA surgiu. 

    A Agência Lupa fez lobby público não apenas para ser escolhida pelo Facebook mas também para o uso do serviço de checagem por sua plataforma, em 2016, e antes da reportagem da Fortune que você citou no artigo sobre a aproximação da empresa com o Atlantic Council, de 2018:

     

    http://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2016/12/15/em-parceria-com-checadores-facebook-alertara-usuarios-sobre-noticias-falsas/

     

    Alguns trechos do press release da Lupa, de 15/12/2016

     

    “O Facebook anunciou nesta quinta-feira (15) que, em parceria com a International Fact Checking Network – rede de checadores da qual a Agência Lupa faz parte -, iniciou um projeto que visa a identificar notícias falsas postadas na rede social.

    O projeto experimental será realizado primeiro nos Estados Unidos (…)

    A IFCN, que funciona dentro do Poynter Institute, nos Estados Unidos, publicou em seu site um detalhamento da parceria com o Facebook. No texto, ressaltou que poderão participar como checadores profissionais as plataformas que aderiram publicamente aos códigos de ética que foram criados em junho e anunciados publicamente em setembro deste ano. A Agência Lupa se orgulha de ser uma das 43 delas.

    A IFCN ressalta ainda que nem a rede de checadores nem seus membros serão financiados pelo Facebook para exercer tal função. Trata-se apenas de um esforço coletivo para combater notícias falsas. Há algumas semanas, vinte iniciativas de fact-checking enviaram uma carta aberta a Mark Zuckerber, CEO do Facebook, pedindo que ele buscasse uma solução para notícias inverídicas. Releia “Atenção, Facebook! Nós queremos ajudar”.” 

     

    Gente, a Lupa, empresa patrocinada pelo bilionário brasileiro João Moreira Salles, quer ajudar o Facebook, empresa de outro bilionário. Antes a caridade de gente rica era para asilos e fundações em troca de rendimentos indiretos em forma de reputação de bom cidadão, agora é parte direta dos negócios de ambos. E tem quem acredite, né, Nassif, que há apenas boas intenções e bondade gratuita!  A Lupa e o Facebook inventaram o tal do almoço grátis, que quem paga e sofre a indigestão é o cidadão…  

     

    Numa busca bem tosca no provedor famoso, apareceu uma reportagem de 09/2017 de um site europeu – não consegui descobrir que apito este toca – sobre pesquisa da universidade de Yale que relatou o efeito observado desse iniciativa de etiquetar notícias, cujo resultado foi de que era inócuo para seu propósito, por vezes com resultado inverso de estimular o interesse por notícias com potencial de fraude. 

    https://www.politico.eu/article/tagging-fake-news-on-facebook-doesnt-work-study-says/

    O Facebook é uma empresa privada bilionária! Acha mesmo que ela é vítima inocente de outros empresários? 

    Sua proximidade com o Atlantic Council, se confirmada ser algo recente, é certamente relacionada à pressão legislativa do Senado USamericano para que houvesse legislação específica sobre o objeto de seu NEGÓCIO! Tá na cara, é troca de favores, o Facebook faz seu lobby com o esse think tank para ter proteção contra “intromissão” política de representantes eleitos, faz sua propaganda para recuperar a confiança dos incautos, e permite que os interesses políticos que já usam a plataforma para seus propósitos o façam de maneira “limpinha”, com cara de defesa do interesse público. E às vésperas da eleição, quais as primeiras ações de impacto da agência e do Facebook? Atingiram os dois pólos políticos (esquerda/PT E extrema-direita/pólo político de Bolsonaro) que são propagandeados como os extremos que ameaçam os interesses neoliberais que deram o golpe no Brasil, o PSDB sendo o principal beneficiário. E talvez de maneira premeditada pela agência, essa reação contrária tanto da esquerda quanto de parte mais fraca da direita é utilizada por ela e pelo Facebook para alegar imparcialidade e que seriam neutros porque desagradam pólos políticos adversários entre si! É como a Globélica dizendo que ser rejeitada pela esquerda e pela direita conservadora é sinal de que é confiável e de que não é politicamente tendenciosa! 

     

     

    O vídeo 4 fala de doação de Zuckerberg para uma iniciativa educacional: é apenas uma coincidência que Lehman e muitos bilionários tenham tanto interesse em educação? É a formação de um exército de mão-de-obra para o mundo digital. A tal Lupa lançou até uma iniciativa de educação de checadores… 

    Se jornalistas experientes como Nassif são tão benevolentes com esses personagens, como esperar que a mídia “independente” possa fazer frente a essa nova etapa da invasão dos think tanks de bilionários americanos, com ajuda de brasileiros, nesta colônia selvagem? Aliás, seria interessante alguém mapear quais as principais iniciativas dos bilionários brasileiros na área da educação, da comunicação e da política. Se alguém já fez, por favor divulgue. 

    Como sempre, a excelente fonte de jornalismo profissional, o Democracy Now!, tem muitos vídeos que discutem quem é o Facebook e não permitem ser ingênuo sobre suas ações. 

     

    Vídeo 1

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=9vL75JKe5M8%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=9vL75JKe5M8

     

    Vídeo 2 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=Olsv7_4Fago%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=Olsv7_4Fago

     

    Vídeo 3 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=S5yCL2U6Fzo%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=S5yCL2U6Fzo

     

    Vídeo 4 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=uIy6aO7mTgA%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=uIy6aO7mTgA

     

     

    Sampa/SP, 19/06/2018 – 16:14 (alterado às 16:30, 16:32, 16:39, 16:47 e 16:55) 

     

  17. bom post

    Muito bom post. 

    E nós,  que achavamos que com a internet  “eles” não nos alcançariam, seriamos finalmente livres sem amarras, livres para expor nosso pensamento, etc, etc, etc…

    Ledo engano.!!!

    De novo a censura, o controle, o sufocamento!

    Por vezes,  tenho vontade de ME desconectar de tudo. Nem celular, nem internet, nem redes, nem blogs, nem sites,

    NADA!

    Seria um HERMITÃO, mas quem sabe, FELIZ…

  18. Primeiro, parabéns por mais

    Primeiro, parabéns por mais esse “xadrez” esclarecedor, imprescindível e urgente, caro Nassif. Montar “tabuleiros” com tantas variáveis é só pra que é fera, mesmo.

    Agora quanto às notícias falsas ou numa hipótese mais bondosa, tendenciosas… se fosse apenas a Pública e a Piauí tava ótimo. Estamos em tempos de concentração de poderes econômico e político, ares liberalizantes e, por paradoxal que pareça, conservadores, e isso parmeia até as relações pessoais, porque não atingiria o “ganha-pão” geral?

    Outro dia a Pública reportou o declínio da atividade-fim dos convênios médicos que ocorre concomitantemente ao aumento de seus lucros e preços. Como se a onda de precarização da cidadania ocorresse apenas no ramo da Saúde… Estamos vendo empobrecimento geral e em todos os sentidos. Isso faz com que os convênios aumentem seus preços mesmo e mesmo assim não consigam ganhar o que o neoliberalismo lhes prometeu, prometeu a todos nós: riqueza e privilégios sem fim.

    Creio que para que outra onda se sobrepusesse a essa – uma nova, que tornasse “moda” a responsabilidade profissional e a solidariedade acima dos ganhos financeiros – seria necessário que todos nós encontrássemos alternativas não apenas de sobrevivência mas de bem viver de uma forma geral. E não dá para contar com diminuição dos ataques sob o qual estamos sendo destruídos nas nossas humanidades, vai ser bem difícil os operadores do capitalismo neoliberal deixarem a gente em paz para isso. Teríamos que fazer algo apesar desses ataques…

    De qualquer forma, como postei lá, n’A Pública, acho que não dá prá gente fugir da responsabilidade pessoal sobre surfarmos nessas ondas desumanizadoras.

  19. 2 oservações

    1- Curioso usarem fake news para combater fake news.

    2- Espero estar errado, mas acho que o Brasil vai para o buraco mesmo. O mundo criou uma nova forma de colonização, muito sofisticada e caímos na armadilha como patos (até adotamos um como símbolo! hahaha!). Vamos voltar ao nosso papel de fornecedores de matérias primas para a metrópole.

  20. Muito bem,Nassif já está
    Muito bem,Nassif já está preparando o seu dossiê público digital para eventuais necessidades e para mim ficou claro a “mudança de comportamento”do Facebook após a grande mobilização via redes sociais no Brasil na manifestação de Abril em Brasília ao qual houve mais de cem mil pessoas,após isso houve coincidentemente mudanças nos algoritmos, para mim ficou claro o movimento de limitação/manipulação do Facebook e agora estão terceirizando as manipulações/limitações e lógico vai dar errado no Brasil por causa de pessoas como Nassif !!

  21. 2 oservações

    1- Curioso usarem fake news para combater fake news.

    2- Espero estar errado, mas acho que o Brasil vai para o buraco mesmo. O mundo criou uma nova forma de colonização, muito sofisticada e caímos na armadilha como patos (até adotamos um como símbolo! hahaha!). Vamos voltar ao nosso papel de fornecedores de matérias primas para a metrópole.

  22. Parabéns, caro Nassif!E

    Parabéns, caro Nassif!

    E comentando esse “Xadrez”, o jogo político é o mesmo que permeia nossa sociedade: uma onda neoliberalizante imposta pelos donos das firmas de comunicação social intensa como a que Margareth Thatcher impôs ao Reino Unido.

    A mim parece natural que publicações como a piauí – e sua agência “Lupa” – surfe nessas ondas por causa da cultura, da educação de seu dono, Moreira Salles. E também não estranho que a Pública a sua seção “Truco” a acompanhe, basta ver quem a mantém. Por mais que diga que fundações financiam sem interferir, o tempos são de guerra e todos sabem – ou pelo menos sentem, intuem – que abordagens “contra a corrente” no mínimo causarão desconforto aos financiadores. Fica uma imposição implícita, tácita.

    Ainda dava para pensar se alguém mostrasse, “Olha, naquele lugar o neoliberalismo foi imposto pelas elites, o povo de lá prosperou, não ficou um em posição precária e servil e aquele lugar ficou democrático, independente e soberano.” Mas pode verificar: onde o neoliberalismo foi imposto há crime e pobreza. Mostra-se PIBs mais ou menos mas o que se vê entre o povo é corrupção, terror e, desculpe a repetição, pobreza mesmo. O que faz todo sentido: o povo quer o mesmo que vê a elite obter. Como pelas vias institucionais os poderes econômico e político, os privilégios estão concentrados, o povo busca por vias paralelas. Em culturas especialmente criativas – com a nossa, brasileira – isso acaba ficando como Rio, cheio de milícias, de poderes à margem das instituições, de “vire-se quem puder”, de “é preciso primeiro fazer rir para poder rir”.

    Às vezes penso que há um trato que reza que uma pessoa é madura se é capaz de suportar atrocidades, de aplacar sua consciência, de manter postura contida e fleumática sem, no entanto, atinar com responsabilidade. Se a pessoa é inconsequente mas aprendeu a pose, os trejeitos de “madura”, pronto: os que compram tal trato a incensam.

    Mas tanto inconsequência, irresponsabilidade quanto crueldade são atributos de criança. Sabe aquela história da menina de 3 anos que jogou o irmão de 1 ano pela janela da apartamento? Pois é, ela não esfaqueou o menino, não quis ver o sangue nem ouvir os gritos. Da mesma forma agem esse mal-criados neoliberais: continuam em suas mansões “limpinhas”, numa espécie de bolha ascéptica, “pro meu lado tá bom”.

    Efeitos da propaganda capitalista, que mantém as pessoas imaturas. É que imaturos, arrogantes, irresponsáveis e inconsequentes compram mais, compram por impulso, num eterno oba-oba.

  23. Quem dá valor ao fakenews é o jornalismo que se acha

     

    Luis Nassif,

    Este post “Xadrez do jogo político dos fake news, por Luis Nassif” de segunda-feira, 18/06/2018 às 23:56, pareceu-me mais factual do que os Xadrezes sobre a política brasileira. E bem mais informativo. É claro que eu sei um tanto sobre a política brasileira de modo a poder questionar as suas afirmações e quase nada sei sobre o tema deste post.

    A noticia verdadeira pode transformar o mundo, mas é preciso ser uma notícia incontestavelmente verdadeira e incontestavelmente capaz de muda a opinião de muita gente. Essas notícias são quase inexistentes. Só uma gravação de um político comportando como um gangster ou coisa do gênero tem capacidade de mudar a opinião das pessoas.

    O jornalismo se acha muito importante para aceitar isso. Ele quer fazer crer que o jornalismo tem um poder supremo, tudo porque ele (o jornalista ou o meio de comunicação qualquer) foi inteligente o suficiente para saber a opinião da maioria e acompanhar essa maioria.

    Os blogueiros também imaginam que eles mudam a opinião dos que acompanham porque observam que no blog dele quase todos têm opinião semelhante. Não se dão conta de que essa é a sina malévola dos blogs: torna-se um centro reprodutor de uma ideia única.

    É claro que há acontecimentos muitos expressivos que tem o condão de influenciar as pessoas. A paralização que a greve dos caminhoneiros causou deve ter sem dúvida reduzido os investimentos já neste segundo trimestre. Creio que agora as pessoas vão pensar em estudar os efeitos no PIB da paralização e os quantificar. Algo que já deveria ter sido feito em relação às manifestações de junho de 2013 e seus efeitos na queda dos investimentos a partir do terceiro trimestre de 2013.

    Quando à notícia da interferência da Rússia nos Estados Unidos eu transcrevo a seguir um parágrafo do meu comentário junto ao post “O problema russo na Suécia, por Paulina Neuding” de quarta-feira, 14/06/2018 às 10:38, e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/o-problema-russo-na-suecia-por-paulina-neuding

    Do meu comentário que eu enviei quinta-feira, 14/06/2018, às 18:39, para junto do comentário de Marcos Antônio enviado quinta-feira, 14/06/2018 às 11:52, eu transcrevo o seguinte parágrafo:

    “E o problema dessa acusação sobre a interferência russa feita por pessoas que se dizem democrata é que a acusação faz desacreditar-se na democracia. Se a Rússia, com um PIB de 1 trilhão de dólares e menos de 150 milhões de habitantes, pode interferir em qualquer democracia do mundo, a começar pela americana com uma população de mais de 300 milhões e com um PIB de quase 20 trilhões de dólares, o que um país como os Estados Unidos podem fazer nas democracias nos demais países do mundo.”

    Não é que eu questione se a Rússia apoiou um candidato ou outro na eleição americana ou que hackers russos tenham feito campanha para um ou outro candidato. O que eu questiono é qualquer efeito no eleitorado da tentativa de interferência russa no resultado da eleição americana.

    Não creio que Trump tenha carisma, mas avalio que ele sabe expressar bem a opinião de grande parte dos americanos principalmente daquele povo que compõe o que se denomina eleitorado branco, anglo-saxão protestante (WASP). Foi isso que o elegeu. Se um hacker russo soubesse como ganhar uma eleição ele se fantasiaria de um candidato e faria o discurso capaz de o eleger.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 21/06/2018

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