Zelensky e o complexo de Dom Quixote

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

Enquanto presidente da Ucrânia acredita em vitória, apoio ocidental se esvai e autoridades se mostram cada vez mais céticas

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia. Foto: Presidência da Ucrânia via Fotospublicas.com

A insistência do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em convencer os países ocidentais a enviarem mais recursos para o confronto contra a Rússia, mostra um cenário onde as crenças do político começam a ser vencidas pelo cansaço.

“Ninguém acredita na nossa vitória como eu. Ninguém”, disse Zelensky em entrevista concedida à revista TIME após viagem para os Estados Unidos, onde teve reuniões na Casa Branca, no Pentágono e no Arquivo Nacional, em Washington.

Segundo ele, incutir a crença de que a vitória é possível “requer todo o seu poder, sua energia (…) É preciso muito de tudo.”

Contudo, após quase 20 meses de guerra, cerca de um quinto do território ucraniano está ocupado pelo exército do governo de Vladimir Putin, e as viagens que Zelensky tem feito ao exterior mostram que tanto o interesse como o apoio internacional diminuíram.

Citando uma pesquisa elaborada pela Reuters, a publicação afirma que o percentual de norte-americanos que querem que o Congresso envie mais armas para Kiev caiu de 65% em junho para 41%.

E a eclosão da guerra em Israel também tem sido um desafio, por conta do desvio do foco de atenção do confronto na Europa para o Oriente Médio.

“Teimosia”

Ao voltar para a Ucrânia, membros do círculo próximo a Zelensky retrataram um presidente “irritado”, um sinal de que seu propalado senso de humor e otimismo não sobreviveram ao segundo ano de guerra.

Além disso, o presidente ucraniano tem sido pressionado a investigar os sinais de corrupção dentro de seu governo diante de um cenário em que a guerra não parece acabar tão cedo.

Para uma autoridade próxima a Zelensky, ele se sente traído pelo Ocidente, deixando-o sem meios para vencer a guerra, apenas com meios para garantir sua sobrevivência.

A crença de Zelensky em uma vitória contra os russos tem preocupado até mesmo alguns de seus conselheiros, ao ponto de ter prejudicado a apresentação de novas estratégias e mensagens.

Um ponto que é tido como tabu é a possibilidade de negociação de paz com os russos – uma alternativa que inclusive já tem sido trabalhada pelos norte-americanos, conforme reportagem publicada na NBC News.

Porém, Zelensky descarta tal possibilidade principalmente se ela resultar na perda de território, algo que os ucranianos ouvidos em pesquisas de opinião descartam. Para o presidente, isso significativa “deixar esta ferida aberta para as gerações futuras”.

Enquanto a Ucrânia aumenta a produção de drones e mísseis usados para atacar centros de comando e depósitos de munição russa, o exército de Putin segue bombardeando áreas civis e a infraestrutura que será necessária para a população passar o próximo inverno.

2 Comentários

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  1. Então tá!
    Como o ‘Genocídio de Gaza por Isisrael’ não origina-se do ‘Atentado de 7 de outubro de 2023 pelo Hamas’, a ‘Guerra por Procuração Americana Até o Último Ucraniano’, na Ucrânia, não começa em 22 de fevereiro de 2022.
    Afinal, registram os fatos que os gratuitos e victoriosos bolinhos servidos por Nuland na ‘Maidan de Fevereiro de 2014’, acabaram sendo pra lá de custosos e derrotados, a partir do ‘Outono de 2023’, quando a festejada e aguardada ‘Contra Ofensiva Ucraniana Até a Criméia’, sem sair do lugar, vai de vez pro brejo, atolada antes mesmo do general inverno chegar, com atestado firmado, selado e tudo mais nos conformes de ‘fatos’ & direitos’, por um lúcido e realista Zaluzhny, na “The Economist”, semana passada.

    Leia mais em: https://veja.abril.com.br/mundo/granada-dada-como-presente-mata-assessor-do-chefe-do-exercito-ucraniano, mesmo diante do colérico ‘Napoleão de Circo’, presidente de plantão, esperneando, diante da ‘Pax Pressão’ dos patrocinadores não mais a bancarem os bolinhos, as balinhas, as bazuquinhas e otras cositas más caras, sem retorno à vista.

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