O jornalista Luis Nassif entrevista o doutor em Relações Internacionais Arthur Banzatto, autor da tese “Hegemonia Estadunidense e o Combate à Corrupção no Brasil: O caso da Operação Lava Jato”, defendida na Universidade Federal de Santa Catarina, em 2023. No trabalho, Banzatto analisou como os EUA usam a FCPA (lei contra corrupção no exterior) para aplicar sanções financeiras exorbitantes a empresas de vários países, protegendo a indústria americana enquanto desestabiliza outros mercados. No Brasil, isso ganhou outra escala com ajuda da Operação Lava Jato. Com apoio da República de Curitiba, os estadunidenses fizeram Odebrecht e Petrobras pagar as maiores multas da história da FCPA. Até hoje, nenhum agente da Lava Jato foi punido por trair valores como a soberania nacional e cooperar irregularmente com os americanos. Graças ao trabalho da Corregedoria Nacional de Justiça, sabe-se que figuras como Sergio Moro e Deltan Dallagnol atuaram para reaver parte da multa aplicada à Petrobras, no intuito de injetar a verba bilionária na fracassada Fundação Lava Jato.
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Nassif,
O que a Lava Jato e os caças suecos, e o atual “processo” têm em comum?
Nada.
Tudo.
Assim como os EUA embargaram a venda de super tucanos à Venezuela, lá nos primeiros anos de Lula 1 (ou 2, não lembro bem).
É preciso entender que todas estas iniciativas, sejam comerciais, ou comerciais-jurídicas-diplomáticas-geopolíticas se enroscam na necessidade que países hegemônicos têm de manter apertados os laços que possibilitam essas relações assimétricas entre eles e os mais pobres.
Em resumo:
Se alguém tem, alguém não tem.
Não há possibilidade de um mundo onde todos ganhem, e haja uma harmonia na distribuição de prosperidade e conforto para todos (embora essa seja a proposta ideológica dos países ricos, e não é a toa).
Entender isso, inclusive do ponto de vista interno, é crucial para impedirmos que tais fatos se repitam, para reorientarmos nossa política de defesa, e sim, nossa diplomacia, que se orgulha de se movimentar como uma coisa sem qualquer objetivo, senão o de funcionar como contenção reparadora.
Já dentro do campo interno da política, da representação e das instituições, é preciso entender que os interesses dos ricos nunca serão convergentes com os interesses dos pobres, e os primeiros nunca cederão espaço aos últimos.