Barroso e o exercício da politicagem penal, por Maria Eduarda

Por Maria Eduarda Freire Alves, pelo Facebook

Desabafo:

O ministro Barroso, mais uma vez, fazendo politicagem da toga para os futuros “operados pelo Direito”, em suas viagens pelas universidades do Brasil…

O “Iluminista do Projac” fez um discurso marcadamente corporativista e ideológico, como lhe é de costume. 

Os argumentos não são novos…Em todo período de fascistização, recorre-se ao discurso MENTIROSO e FALACIOSO de que o direito penal irá acabar com a deliqûencia, como forma de justificar o Vale-Tudo punitivo, com a violação das garantias e direitos fundamentais daqueles que são eleitos “inimigos”. 

O discurso populista penal é caracterizado por uma simplificação da linguagem, que retira toda a complexidade dos fenômenos e toda a compreensibilidade da realidade, mas que parecem intuitivos para os intelectos empobrecidos do senso comum. 

Por isso, o discurso fascista de Barroso é débil e amplamente disperso, ele “cola” nas mentalidades carentes de subjetividade e dessa forma encontra espaço para manipular à vontade com o imaginário do público, produzindo consensos. E são esses consensos que gritam “bandido bom é bandido morto”, porque o vazio reflexivo não é silencioso, mas barulhento, repleto de imagens bélico binárias, clichês e frases prontas.

Ele diz:

“Um direito penal absolutamente ineficiente, incapaz de atingir qualquer pessoa que ganhe mais do que cinco salários mínimos, fez com que nós construíssemos um país de ricos delinquentes, um país em que as pessoas vivem de fraudes”.

“Direito penal ineficiente”: O Brasil é a quarta maior população carcerária do planeta, com um contingente de mais de 600 mil humanos enjaulados, se incluir aqueles em regime domiciliar iremos para o terceiro lugar.  (Em que planeta Barroso vive?). Barroso MENTE, vende a imagem de impunidade, e de que o poder penal é a solução para os problemas sociais e distorce inteiramente a realidade que escancara exatamente o contrário. O poder penal não serve para absolutamente nada, NÃO ressocializa, NÃO previne e NÃO reduz a criminalidade, ao contrário, só aumenta. A sociedade fica pior com a interferência do poder penal que nós temos. E mais, ele defende o direto penal como medida de vingança, ao bradar por mais punição, com o horror carcerário do nosso país.

“Incapaz de atingir qualquer pessoa que ganhe mais do que 5 salários mínimos, fez com que nós construíssemos um país de ricos deliquentes, uma país em que as pessoas vivem de fraudes”: (A começar, então, pela fraude que é este discurso). Oi??? Em vez de investir na defensoria pública e na advocacia pro bono, para levar aos despossuídos, um direito de defesa justo, em vez de ampliar o direito destes, Barroso solapa o direito de todos. É como se o Estado para igualar o (NÃO) acesso à saúde, proíbe o cidadão que tem dinheiro de contratar médicos, ou seja, agora todos tem seus direitos e garantias individuais violadas, para demonizar “ricos” (e, claro, prender os políticos que ele não gosta) e debitar no cidadão toda a ineficiência e inoperância do acesso à justiça. E não há duplo twist carpado hermenêutico capaz de convencer ao contrário.

É inadmissível alguém que tem tanto poder, se comportar de forma tão grotesca, leviana, e hipócrita. Como diz Nietzsche “O Poder imbeciliza”, não respeita alteridade e é necessariamente mentiroso (Heidegger).

À quem Barroso pretende enganar??? “Com frequência a lama se acha no trono – e, também com frequência, o trono se acha na lama” (Nietzsche).

Direito Penal Ineficiente tornou o Brasil um país de ricos delinquentes, diz Barroso

 

 

Luis Nassif

16 Comentários

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  1. Em que planeta Barroso vive?

    Diz Maria Eduarda.

    Eu acho que Barroso vive no pior dos mundos, um mundo de coxinha que não consegue sair da sua realidade tupiniquim.

    Enquanto na sua imaginação tenta viver na sua casa da Flórida, deve suportar ainda mais alguns anos de Brasil, sendo pressionado pela mídia golpista exatamente pela escorregada que sua mulher deu, ao criar um offshore e comprar aquela casa nos EUA. Viver de rabo preso deve ser foda….

    O Joaquim Barbosa, depois de pego com seu AP em Miami preferiu renunciar e viver da sua aposentadoria integral.

  2. Cinco salários mínimos

    Eu acho que ele ganha um pouquinho mais do que isso, não é?

    Então…ele faz parte desse país de “ricos” delinquentes, e com um agravante: juiz delinquente na maneira de pensar e agir.

    Esse é o pior DELINQUENTE que possa existir.

  3. Só uma dúvida

    Se “o poder penal não serve para absolutamente nada, NÃO ressocializa, NÃO previne e NÃO reduz a criminalidade…”

    O que a sociedade deve fazer com aqueles que delinquem? Os latrocidas, os psicopatas, os…Paulo Maluf…o que fazer com Paulo Maluf? Mineirinho da Odebrecht…Serra 23 milhões…como deveria ser conduzido esse tipo de coisa?

    1. Na teoria, sua dúvida é válida

      Na prática, quase a metade dos presos no Brasil são “traficantes”, na verdade “aviões” ou “mulas”, condenados por portar quantidade ínfima de drogas proibidas.

      1. Isso não responde meu

        Isso não responde meu questionamento. ” O poder penal não serve para absolutamente nada, NÃO ressocializa, NÃO previne e NÃO reduz a criminalidade”.  Essa é a questão. Como resolver a “demanda reprimida” da delinquência? É óbvio que há que se combater as causas, promover educação, saúde, distribuição de renda, promover cidadania…mas e o Latrocida que está aí solto, e com sangue nos olhos? E o Maluf? Fica todo mundo solto, pois “o poder penal não serve para absolutamente nada?”. 
        Isso é o que eu gostaria de saber.

  4. Depois do suposto grampo no

    Depois do suposto grampo no gabinete do ministro (minúsclo mesmo), ele mudou completamente. O que será que grampearam????

     

  5. O povão faz essa afirmação desde 1500

    No Brasil só os 03 p vão presos. 

       E não tem nada a ver com as leis. Interessante que as pessoas dizem: “a lei no Brasil é….”. 

       O problema são os que aplicam essas leis. O Dr. Barroso tem que responder porque Aécim, Serra, Alckmim ainda não foram presos. 

  6. Outro dia, Barroso escreveu

    Outro dia, Barroso escreveu sobre Universidade Pública (defendeu fosse financeiramente privada), agora fala sobre crime. São assuntos que ele realmente (e demonstra) não entende. 

    Fora melho falasse, discoresse, desse palastras e entrevistas sobre UOF, sistemas de emagrecimento, futebol… Seria melhor para o país…

    Recomendo-lhe, ainda, estudar criminologia, estudar historia (historicizando seus fenômenos, entendendo todos os seus aspectos,  econômico, social, político, cultural, como foi gerado, como se reproduziu…), estudar sociologia, estudar política, lendo com isso bons autores como, por exemplo, Celso Furtado, Darcy Ribeiro e outros.

     

  7. Ponderando…

    Nassif, neste texto você se empenhou muito em dar paulada na cobra, mas se esqueceu de mostrar o pau como, coisa que você faz muito bem quando quer (sem interpretações maldosas, por favor!)

    Quanto a afirmação de Barroso sobre “Um direito penal absolutamente ineficiente, incapaz de atingir qualquer pessoa que ganhe mais do que cinco salários mínimos, fez com que nós construíssemos um país de ricos delinquentes, um país em que as pessoas vivem de fraudes” eu acho corretíssima. Faltou ao ministro apenas complementar dizendo os motivos que leva ao direito penal falhar em casos como:

    – Porque Eduardo Cunha, que há mais de 25 anos já chafurdava no esquema de PC Farias, só foi retirado de cena após o impeachment;

    – Cabral não ter sido investigado antes de ser governador, quando foi denunciado por Marcelo Alencar;

    – Porque alguns crimes prescrevem (lembrando do Aécio), enquanto outros são repentinamente lembrados após anos na gaveta (Renan, logo após bater de frente com o judiciário na questão do teto);

    – Sobre o contingente de pessoas pobres presas que já cumpriram pena;

    – Sobre como o corporativismo funciona no judiciário e o que acontece com juízes criminosos, omissos e prevaricadores.

    Se o ministro Barroso for a fundo e expor as entranhas do judiciário, aí sim terá a minha admiração, o que eu duvido.

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