Artefato explosivo, envenenamento e uso de químicos: os detalhes do plano para executar Moraes, Lula e Alckmin 

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

Militares envolvidos no plano concordaram com a possibilidade de morrerem no andar da operação

Foto: José Cruz/Agência Brasil

O GGN obteve acesso ao relatório da Polícia Federal (PF), que embasou a decisão expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para prender militares do grupo conhecido como “Kid Pretos” nesta terça-feira (19), suspeitos de atuarem em um plano que tinha o objetivo de executar o ministro da Corte Alexandre de Moraes, além do presidente Lula (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSDB). 

Em 221 páginas, a PF detalha as ações do plano denominado “Punhal Verde Amarelo”, orquestrado por militares próximos ao governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL), como parte dos preparativos para tentativa de golpe de Estado contra os resultados das urnas em 2022. 

Monitoramento ilegal

De acordo com o relatório, Moraes passou a ser monitorado pelos Kids Pretos, apelido dado aos agentes de segurança que se formam no curso de Operações Especiais do Exército Brasileiro, ainda em novembro de 2022, após a eleição e antes da posse do presidente eleito: Lula.

Entre os dias 21 e 23 de novembro de 2022, já estariam colocando em prática os atos de monitoramento do ministro Alexandre de Moraes na cidade de Brasília/DF, para cumprimento de uma eventual ordem de prisão a ser desencadeado pelo então presidente da República Jair Bolsonaro”, diz trecho do documento.

A PF afirma que esse monitoramento teve início após uma reunião na casa do ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto, que também foi candidato a vice de Jair Bolsonaro (PL) naquele pleito. Nesse encontro estavam o ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid, o major Rafael de Oliveira e o tenente-coronel Ferreira Lima.

As atividades anteriores ao evento do dia 15 de dezembro de 2022 indicam que esse monitoramento teve início, temporalmente, logo após a reunião realizada na residência de Walter Braga Netto, no dia 12 de novembro de 2022”, aponta o texto. 

Execuções

De acordo com as provas obtidas pela PF em computadores e celulares apreendidos durante e após a Operação Tempus Veritatis, além de mensagens recuperadas no celular Cid, o grupo pretendia envenenar Moraes.

Foram consideradas diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público. Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de ‘captura’ seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado a morte no contexto militar) seria alto“, destaca a PF.

O plano também previa um envenenamento para “neutralizar” (assassinar) o então presidente eleito Lula, que era citado pelos investigados pelo codinome Jeca“. “O documento descreve, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico“, diz a PF.

Já o codinome JOCA, por sua vez, é uma referência ao citado vice-presidente Geraldo Alckmin. Isso porque o texto aponta que na inviabilidade do “01 eleito”, ou seja, Lula, “sua neutralização extinguiria a chapa vencedora”. Como, além do presidente, a chapa vencedora é composta, obviamente, pelo vice-presidente, é somente na hipótese de eliminação de Geraldo Alckmin que a chapa vencedora estaria extinta”, acrescenta o relatório.

“Danos colaterais aceitáveis”

Além disso, no tal plano, os próprios envolvidos ainda concordaram com a possibilidade de eles morrerem no andamento da tal operação.

Tal fato é reforçado pelo tópico denominado “Danos colaterais possíveis e aceitáveis”, em que o documento descreve como passível “100%” e aceitável também o percentual de “100%”. Ou seja, claramente para os investigados a morte não só do ministro, mas também de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprimento da missão de “neutralizar” o denominado “centro de gravidade”, que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado”.

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6 Comentários

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  1. Olha, se isso é sério, é para rir…quem é que se reúne com mais de 2 pessoas para tomar decisões dessa monta, e ainda as registra, deixando rastros que, como todo mundo da comunidade de segurança e INTEL, tanto policial, quanto militar, que aparelhos celulares podem ter seus dados extraídos?

    E a tal da minuta do golpe?

    Ou seja, não tem a menor chance de que esses caras possam ser levados a sério…com esse nível de organização e “100% plausível”, “100% aceitável” só dá para rir mesmo…

    Quem é que se comunica com essa linguagem, e com esse tipo de “chute”?

    Sinceramente, desde a “super mega revelação do caso Marielle” (ou seja, nenhuma, só embromação sem provas), a PF tem se especializado em produzir o mesmo tipo de procedimento que fez para farsa jato, só que agora, mudou o cliente, e todo mundo bate palmas…

    Sinceramente, qualquer pessoa de lucidez mediana sabe que golpe no Brasil só com chancela dos EUA.

    E como eu tenho certeza que ninguém vai provar isso, a não ser quando os arquivos dos EUA forem liberados daqui a 40 anos (como no caso de 64), vamos ficar com essa versão mesmo, dos “kids pretos” (que coisa infantil esse nome, dá medo em ninguém essa porcaria)…

    Solta o Peçanha do Porta dos Fundos que ele faz um estrago bem maior, e mais barato.

  2. O que falta para jogar o genocida na cadeia?
    Ante os fatos expostos, estes que se dizem “patriotas” demonstram que nao passam de um bando de facínoras.
    E que exército gera este monte de parasitas golpistas?
    Se arvoram de valentes afirmando “efeitos colaterais aceitáveis” tipo “sem medo da morte”. Mas na frente da federal se rendem como frangos demonstrando a covardia de quem usa veneno como arma.
    Joguem este genocida covarde e seu bando na cadeia ou este país não terá paz.

  3. Militares de patente elevada planejaram assassinar o presidente, o vice e um ministro do STF. Isso foi feito sem que os colegas deles tomassem conhecimento da trama? Porque quem sabia do crime não enjaulou os conspiradores? O silêncio dos traidores seria pago com cargos, promoções ou em dinheiro?

  4. Pelo visto já rifaram mesmo o Braga – o melhor está por vir – Neto, de modo que o general não terá nenhum problema em contar como foi de verdade o caso Marielle, que está longe de ser encerrado.

  5. Segundo os Bolsonaro planejar meticulosamente assassinatos políticos não é crime. Devemos supor que para aquela quadrilha o crime foi interromper a execução do plano?

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