Doleiro diz que Cunha era “destinatário final” de propina

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Alberto Youssef declarou à Justiça Federal que Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, foi o “destinatário final” da propina paga pelo aluguel de navios-sonda para a Petrobras, em 2006. A declaração traz novas provas à denúncia contra Cunha no processo da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
 
Além dele, Youssef mais uma vez citou Fernando Soares, o Baiano, apontado como operador do esquema entre as empresas contratadas pela Petrobras e o PMDB. Segundo o doleiro, Baiano também era “destinatário final” da propina.
 
Youssef afirmou que o então lobista Júlio Camargo, empresário responsável pelas negociatas com empresas contratadas, mencionou “exatamente” o nome de Cunha em diversas conversas sobre o pagamento de propinas, em 2011, e que teria deixado “transparecer que o Fernando Soares representava o Eduardo Cunha nesse assunto [das contratações de sondas].” 
 
Camargo também prestou depoimento à Justiça, negando que tenha mencionado o nome do presidente da Câmara para Youssef, ou atribuído qualquer participação ao deputado neste episódio. Cunha também permanece negando as denúncias do Ministério Público Federal. 
 
Leia mais: As manobras de Cunha para abafar provas de denúncia da Lava Jato
 

Um dos documentos de prova são os requerimentos no sistema de informática da Câmara. De acordo com o pedido de investigação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviado ao STF, Cunha teria arquitetado a elaboração de dois requerimentos na Câmara, questionando informações dos contratos da Petrobras com a Mistui – empresa que pagaria propina para Cunha e para o PMDB – como forma de coerção, pela suspensão dos pagamentos. 
 
As informações constavam na delação premiada de Alberto Youssef. Esses requerimentos foram apresentados na Câmara em 2011, sob o nome da então suplente do deputado Solange Pereira de Almeida, hoje prefeita de Rio Bonito (RJ). Entretanto, os registros eletrônicos mostram Cunha como autor dos requerimentos, o que comprovaria as delações de Youssef.
 
Nessa nova declaração à Justiça, Youssef volta a confirmar que os pedidos eram um meio para Cunha forçar Julio Camargo a pagar a propina, e que ele teria feito os pedidos “através de outros deputados”.
 
Leia também: O suposto esquema de Cunha para não ser visto no caixa 2 de sua campanha
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. .

    Nada a favor de Cunha, mas sem provas não há criminoso, muito pelo contrário, quem acusa, sem nenhum documento ou testemunho, é exatamente um criminoso reincidente acobertado por um tribunal suspeito de manipular e de parcialidade.

  2. Será? Tomara que não!

    Sinceramente, essa estória do tal requerimento (para “ameaçar” a Mitsui) feito em seu gabinete e validado com a senha de uma suplente de deputada, é algo que ainda está devendo muitas explicações. Tem jeito de mutreta.  E, se isso for provado, “cana nele”, como dizia o grande Demóstenes Torres.

    Em todo caso, com mais sinceridade ainda, torço para que Eduardo Cunha prove sua inocência. E sabem porquê? Ele, simplesmente, está sendo o melhor Presidente da Câmara dos ultimos tempos. Muito melhor que capachos do naipe de Henrique Eduardo Alves ou Arlindo Chinaglia. Gosto da sua insubmissão à mediocridade dilmática e da restauração da independência do Legislativo.

     

  3. Cunha

    Mas Toni, o que a notícia apresenta acima é que o Eduardo Cunha fez um requerimento exatamente sobre essa empresa Mitsui, da qual a delação fala que ele era o interessado. O que a notícia está falando é de que há sim, provas.

  4. Igual

    Penso da mesma forma que o Toni, será que não há mais necessidade de provas cabais ? Cunha e Renan são isso aí que já demonstram e demonstraram, mas qualquer declaração de doleiros, achacadores, que fizeram um acordo com alguma autoridade, para preservarem parte seus ganhos, e livrá-los de pénas maiores, possuem o status de verdade suprema ???!! Está esquisito este quadro de valores. Não existe mais uma averiguação ? contraditório ? provas ? contestação ? tudo agora é resolvido pela santa delação sem provas ? Pode até ser culpado, mas eu e o resto da torcida brasileira quermeos mais “sustança”, masi segurança, sei lá. Ou será que estmaos mal informados ?

  5. Também não tenho uma

    Também não tenho uma palavrinha a favor do Cunha, mas se o aparato tucano acha que vai demolir todos aqueles que interferem no plano de volta ao poder do Tea Party tucanóide, que a guerra se amplie, pois esses inimgos se merecem.

  6. As verdades de cada um…..

    Alberto Youssef é um bandido. Não merece credibilidade. Suas acusações são apenas suposições: um tal de me disseram, ouvi falar, acho que, etc e tal. Tem mais: já mentiu em delações anteriores, vide caso Banestado. É isso e mais aquilo e a mãe dele também. 

    OBS: As afirmações acima não são válidas quando suas acusações atingem a oposição e, em especial, o sacripanta que usurpou a Presidência da Câmara Federal. Nesse caso, dispensa-se o rigor e o exagero das provas.

    1. Verdades…

      Só que para o sacripanta acima, está se levantando a prova da estorção (documento feito pelo mesmo e dado entrada por uma colega deputada no MPU, denunciando o contrato da Mitsui com a Petrobrás), em que o mesmo elaborou, e na votação votou contra…

    2. Verdades…

      Só que para o sacripanta acima, está se levantando a prova da estorção (documento feito pelo mesmo e dado entrada por uma colega deputada no MPU, denunciando o contrato da Mitsui com a Petrobrás), em que o mesmo elaborou, e na votação votou contra…

    3. Provas contra Cunha – Yussef só mostrou o caminho.

      Ninguém precisa ser condenado sem provas e sem defesa. No caso de Cunha, Yussef apontou o caminho e as provas, irrefutáveis, foram encontradas. Quer dizer, apareceram, pois estavam disponíveis para toda a população brasileira. Cunha é que não havia atentado para isso. Quem sempre apronta, uma hora se descuida. Na outra ponta, o chantageado Júlio Camargo vai negar  o achaque enquanto puder, apenas para não produzir provas que incriminem a si próprio.

  7. O peso das palavras.

    Então ficamos assim: a palavra de Youssef vale. Desde que contra petistas. Caso contrário ela, a palavra, não vale o que o gato enterra. Se Cunha fosse do PT já teria sido chutado da presidência da Câmara. Nem os trolls nossos de cada dia aqui do blog duvidam disso (se disserem que duvidam, mentem).  

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