Flávio Bolsonaro tenta pela terceira vez bloquear investigação na Justiça

Defesa do filho do presidente quer barrar quebra de sigilos bancários e fiscais que atingem ele próprio além de dezenas de ex-assessores, incluindo Queiroz

Jornal GGN – A defesa do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) apresentou pela terceira vez um pedido de habeas corpus, dessa vez ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro contra a decisão do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal.

O objetivo é barrar a decisão do magistrado que aceitou o pedido do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro de quebra de sigilos bancários e fiscais de 86 pessoas e nove empresas, com o objetivo de ampliar as investigações sobre supostas práticas de crimes no gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Segundo informações da Folha de S.Paulo, a peça da defesa, mantida sob sigilo, usa os mesmos argumentos apresentados pelo advogado de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio e pivô das investigações.

​“O juízo decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal de quase uma centena de pessoas por ser ‘importante para a instrução do procedimento investigatório criminal’, sem nada mais a dizer, sem avaliar se as pessoas alcançadas tinham ou têm qualquer mínima relação com a investigação, o que denota ser a decisão ora guerreada não só carente de fundamentação idônea, mas sim, ao revés, carente de qualquer embasamento legal”, escreveu o advogado Paulo Klein, que defende Queiroz, no pedido de habeas corpus para seu cliente.

A terceira solicitação para suspender as investigações da parte da defesa de Flávio Bolsonaro aconteceu na semana passada. Esse e outro pedido de habeas corpus dos advogados do senador serão analisados pelo desembargador Antônio Amado que, no mês passado, negou o pedido de liminar de Flávio para barrar a investigação do Ministério Público do Rio. Esse último caso aguarda análise da 3ª Câmara Criminal.

A primeira vez que Flávio tentou interromper a investigação foi em janeiro, por uma ação no Supremo Tribunal Federal, onde a defesa do deputado alegou que o Ministério Público do Rio havia realizada uma quebra ilegal de sigilo bancário. O ministro Luiz Fux interrompeu a apuração por 15 dias, mas em seguida o colega da Corte, Marco Aurélio Mello, arquivou o processo e permitiu que as investigações prosseguirem na Justiça do Rio.

Organização criminosa

No pedido para a quebra dos sigilos, o MPF do Rio chamou o esquema envolvendo Flávio e o ex-assessor Queiroz de “organização criminosa”.

“Pelos elementos de provas colhidos já é possível vislumbrar indícios da existência de uma organização criminosa com alto grau de permanência e estabilidade, formada desde o ano de 2007 por dezenas de integrantes do gabinete do ex-deputado Flávio Bolsonaro com clara divisão de tarefas entre núcleos hierarquicamente compartimentados”, destacam os promotores no documento entregue na 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.

As investigações abrangem o período que vai de 2007 até 2018, espaço de tempo em que Fabrício Queiroz trabalhou como assessor de Flávio.

O MPF do Rio iniciou as investigações a partir de suspeitas levantadas em relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). O órgão que examina atividades suspeitas de lavagem de dinheiro e ocultação de bens identificou movimentações atípicas na conta do ex-assessor e policial aposentado Fabrício Queiroz, quando trabalhava como chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj.

Entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão em suas contas. Mais adiante, o órgão apontou que entre 2014 e 2017, ele movimentou R$ 7 milhões. O PM teria ainda indicado a contratação das duas parentes do miliciano Adriano da Nóbrega.

Promotoria comete falhas

O passo dado pela Justiça carioca de quebrar os sigilos bancário e fiscal acontece após quase 500 dias do início da investigação, surgida a partir de um relatório Coaf.

Ainda, segundo apuração da Folha, a quebra autorizada pela Justiça na investigação do MPF carioca acabou atingindo três pessoas que nunca foram nomeadas pelo senador e também atribui equivocadamente ao gabinete do filho de Bolsonaro uma servidora da Assembleia que acumulou outro emprego e apresenta falhas ao relatar suspeitas contra Queiroz.

O jornal também apurou que há erros na indicação do volume de saques feitos por Queiroz em dois dos três períodos apontados e ainda que os promotores consideraram apenas o salário da Assembleia e ignoraram a remuneração que o ex-assessor recebe da Polícia Militar.

Redação

4 Comentários

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  1. Ajuda a ele, Moro, assim como você conseguiu ajudar a encobrir as acusações contra os senadores Aécio Neves (foram tantas …) e Álvaro Dias (grana da Prefeitura de Maringá para campanha, uso de avião do doleiro Yousseff, venda da CPI da Petrobras, cachorro Bichon Frisé) … Que pena que você não consegue dar ordens ao MPF e à Justiça Federal do Rio de Janeiro, como você fazia com aquela gente do TRF de 4!! Depois fica brabinho porque o Bolsonaro revela que fez negociata com você, né seu conje?!

  2. Cadê o Queiroz?

    Quem não deve não treme.

    Diálogo entre Aécio Neves e Joesley Batista:

    “Joesley – Deixa eu te falar dois assuntos aqui, rapidinho. É… a tua irmã (Andrea Neves) teve lá.

    Aécio – Obrigado por ter recebido ela lá.

    Joesley – Tá… ela me falou de fazer dois milhões (R$ 2 milhões), para tratar de advogado… Primeira coisa, não dá para ser isso mais. Tem que ser….

    Aécio – É?

    Joesley – Tem que ser. Eu acho pelo que a gente tá vendo tudo, para mim e para você… vai ser, a primeira coisa.

    Aécio – Porque os dois que eu tava pensando era trabalhar (no processo).

    Joesley – Eu sei, aí é que tá.

    Aécio – Assim ó, toma, não tem, pronto. Primeira coisa. Eu consigo (…) que é pouco, mas é das minhas, é das minhas lojinhas, que eu tenho, que caiu a venda para caralho (risos).

    Joesley – É, rapaz, isso aqui era 700, 800.

    Aécio – Como é que a gente combina?

    Joesley – Tem que ver, você vai lá em casa ou…

    Aécio – O Fred.

    Joesley – Se for o Fred eu ponho um menino meu para ir. Se for você, sou eu (risos). Só para…

    Aécio – Pode ser desse jeito (risos).

    Joesley – Entendeu. Tem que ser entre dois, não dá para ser…

    Aécio – Tem que ser um que a gente mata ele antes dele fazer delação (risos).

    Joesley – (Risos) Eu e você. Pronto… ou Fred e um cara desses… Pronto.

    Aécio – Vamos combinar o Fred com um cara desse. Porque ele sai lá e vai no cara. Isso vai me dar uma ajuda do caralho. Não tenho dinheiro para pagar nada (…). Sabe, porque eu tenho que segurar esse advogado. (…) Por que não tem mais, não tem ninguém que ajuda.

    Joesley – E do jeito que tá…

    Aécio – Antes de ter mandado a Andréa lá eu passei 10 noites sem dormir direito. Falei não vou não porque o cara já me ajudou para caralho. Mas não tem jeito, eu vou entrar numa merda dessa sem advogado?

    Joesley – Você tá certo.

    Aécio – Faz como?

    Joesley – Pronto. O menino entre em contato com o Fred.

    Aécio – O menino liga pro Fred. O Fred já sai de lá e já deixa na casa do cara e acabou.

    Joesley – Pronto. Quinhentos (R$ 500 mil) por semana pá pá pá. Eu acho que eu consigo. A partir da semana que vem.

    Aécio – Primeiro liga pro Fred.

    Joesley – Pronto, eles se acertam”

    Aécio não tinha dinheiro nem prá pagar advogado, agora lhe bloquearam 162 milhões.

    Não me culpem, não votei nesse Cheirão!

  3. Não sei, mas tudo indica que sob Guedes o COAF deverá ficar bem “discreto” com relação aos bozanos.
    Moro queria ver o circo pegar fogo só pra desbancar o palhaço, enquanto o Guedes, amigo do rei, é um leal despreparado que não tem outro interesse de poder no governo a não ser o financeiro pessoal – melhor o COAF com ele – o capital esvoaçante agradece.
    Guedes, poderá não fechar os olhinhos para os malfeitos da família imperial mas tirará seus óculos de lentes grossas, passando pela sujeira sem ver.

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