Mello chama de “acordão” consulta de Toffoli à defesa de Dilma sobre relatoria de Gilmar

“Isso nunca aconteceu no Judiciário”, afirmou o ministro do STF. Para ele, Toffoli tem que “desautorizar” o que a imprensa veiculou sobre a consulta na ação de impugnação de mandato

https://www.youtube.com/watch?v=bqSlwvAXF3E width:700 height:394

Jornal GGN – O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello criticou, em entrevista ao programa Roda Viva, gravado na última sexta-feira, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Dias Toffoli, que teria adotado um expediente nunca usado pelo Poder Judiciário antes para deliberar sobre a relatoria de uma ação de impugnação de mandato eletivo (AIME) apresentada pelo PSDB contra a reeleição de Dilma Rousseff (PT).

“Um presidente de Tribunal não consulta parte para saber se deve ou não designar certo ministro relator do caso daquela parte”, disse Mello. “Isso nunca aconteceu no Judiciário. A distribuição ocorre via computador, quando se trata de processos em geral, ou quando se trata de caso específico, como este, em que já houve divergência quanto à relatoria, pelo implemento de ato do presidente. Ele não tem que consultar as partes. Aquele que se sentir prejudicado, que entre com impedimento ou suspeição”, acrescentou.

Na semana passada, Toffoli emitiu um despacho às defesas de PT e PSDB solicitando manifestação a respeito da questão de ordem apresentada pela ministra Maria Thereza de Assis Moura.

A ministra era relatora inicial da AIME e votou pela sua descontinuidade, uma vez que o PSDB não apresentou, dentro do prazo, provas de abuso de poder econômico, corrupção e fraude eleitoral na campanha de Dilma. Voto vencido, pois a maioria do TSE votou pela investigação contra o PT, Maria Thereza abriu mão da relatoria e indicou Gilmar Mendes (o primeiro a votar a favor da AIME) para ser o relator da ação até o julgamento.

Segundo o ministro Marco Aurélio Mello, “se for verdade” que Toffoli questionou as partes sobre a relatoria da AIME, isso “revela bem o estágio ao qual chegamos”. Para ele, a consulta do presidente do TSE à defesa de Dilma não faz sentido, e poderia ser equiparada a um “acordão”. Mello usou a expressão em outro momento da entrevista ao Roda Viva, para se referir às notícias de que Eduardo Cunha e o governo têm feito negociações para afastar o impeachment e minimizar os efeitos das denúncias da Lava Jato contra o presidente da Câmara.

No mesmo dia em que acolheu para análise em gabinete a sugestão da ministra Maria Thereza, Toffoli também recebeu uma questão de ordem da ministra Luciana Lóssio, indicando voto favorável à ideia do ministro Luiz Fux de unificar sob uma única relatoria as quatro ações do PSDB no TSE que visam a cassação de Dilma. Dessa maneira, seria possível evitar julgamentos contraditórios. Como Fux também foi quem acolheu primeiro uma das petições dos tucanos, ele foi apontado por Lóssio como o ministro que deveria herdar a relatoria.

Na ocasião, Toffoli disse que caberia a ele próprio, como presidente do TSE, decidir sobre a questão de ordem envolvendo a relatoria. Dias depois, encaminhou a consulta ao PT e PSDB.

Na visão de Mello, a iniciativa de Toffoli é inimaginável. Ele afirmou que ficou com vontade de ligar para Gilmar Mendes, para saber se houve mesmo essa “extravagância” por parte do presidente do TSE. Segundo ele, se houve, tem que ser “apurado”, mas o ideal é que Toffoli apenas “desautorize” o que foi veiculado pela imprensa acerca da consulta à defesa de Dilma. “Esse fato é totalmente fora do procedimento normal”, comentou.

Para Mello, contudo, ainda não é o caso de o Supremo interferir nos trabalhos do TSE, pois a corte eleitoral tem autonomia e o STF não funciona como um fiscalizador. “O Supremo só atua junto ao TSE se for provocado”, explicou.

PT e PSDB têm até quarta-feira (21) para responder à solicitação de Toffoli. Em nota, o TSE informou, no início da semana, que a intenção de Toffoli com o despacho às defesa de PT e PSDB, não era a de receber opiniões sobre a relatoria de Gilmar Mendes, até porque os advogados de ambas as partes não têm competência para avaliar o assunto.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • Ele afirmou que ficou com

    Ele afirmou que ficou com vontade de ligar para Gilmar Mendes, para saber se houve mesmo essa "extravagância" por parte do presidente do TSE. 

    ​Porque o Decano não ligou diretamente para Toffoli? Tirou suas dúvidas com o Presidente da casa? E se fosse necessário dava até um toque: 'aí meu, essa sua idéia aí vai dar coió'!! Ficou com medinho do que o baba-ovos do PSDB poderia soltar na Folha do dia seguinte?

    Como diz sempre um comentarista aqui do Blog: A justiça brasileira é o poder mais corrupto de todos!!

    • Pra mim ele, não tão

      Pra mim ele, não tão sutilmente, mostrou que não respeita Toffoli e considera que Gilmar Mendes puxa suas cordas.

  • Armadilha da opinião publicada

    O Roda dos Mortos e mais um Ministro que não consegue segurar a língua.

    Esses, todos eles, ministros não percebem o jogo?

    Não viram que na mesma semana a imprensa colocou na lida o Lewandowski, o Barroso, o Marco Aurélio, Carmen Lúcia, o Fachin, e publicaram matérias em que os nomes de Zavascki e Rosa Weber são referenciados inúmeras vezes?

    com qual  propósito?

    Perceberam que o Gilmar Dantas não apareceu na semana que passou - e não foi citado ou fez declarações até o momento?

      • Pelo que eu saiba ele está

        Pelo que eu saiba ele está com seu sócio nas atividades educacionais, Carlos Blanco de Morais.

        Inclusive tem o seu currículo(do portugues) até 2006:

        7. OUTRAS ACTIVIDADES PROFISSIONAIS ANTERIORMENTE DESENVOLVIDAS - -Consultor-Principal do Centro Jurídico da Presidência do Conselho de Ministros ( 1993-2006);

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        - Coordenador da “Comissão Técnica responsável pela Elaboração do Programa Estratégico para a Qualidade, Simplificação e Eficiência dos Actos Normativos do Governo” ( 2003/2006); - Administrador não executivo da Portugal Telecom e vogal da Comissão de Governo Societário do mesmo Conselho ( 2003/2006). - Membro do Conselho Superior da Magistratura, eleito pelo Parlamento no período 2000/2002. - Participação como membro integrante da delegação portuguesa que negociou com o Reino de Espanha o “Tratado entre a República portuguesa e o Reino de Espanha para a Cooperação Transfronteiriça” (2001/2002) de cujo anteprojecto originário foi relator. -Consultor Jurídico externo do Conselho de Administração da COSEC (Companhia de Seguros de Crédito S.A.) (1992-1993). -Consultor jurídico externo dos Gabinetes do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Educação e do Secretário de Estado do Ensino Superior (1991-1992). -Secretário-Geral de uma das Federações integrativas da Confederação do Comércio Português (1987-1990) e Chefe do Gabinete do Contencioso Jurídico da Confederação do Comércio Português ( 1985/1987).

         

         

    • Mas mas mas mas mas mas

      Mas mas mas mas mas mas mas...

      Vai ver ele ta ocupado com a Zelotes, nao eh mesmo?  Muito, muito ocupado.

  • De inicio  jogar a

    De inicio  jogar a  relatoria  nas  maos  de  Gilmar  Mendes,  é   entregar  a  raposa  o galinheiro,.O  Gilmar    fez  inumeros  pronunciamentos  inclusive quando  estava  votando  tanto no  TSE  COMO NO SUPREMO,  e  deixou bem claro que  é  um  ministro  POLITICO, a  favor  do seu  partido   o PSDB,entao  ele  nao   pode  nem  deve  ser escolhido  ja que  é   suspeito  de  favorecer  ao   PSDB,  Indiscutivelmente  ele nao pode  assumir  qualquer  relatoria   devido as  suas  posiçoes  declaradas  abertamente   com  votos que  chegaram  a  4  horas   e  deixou o supremo  esfarrapado  de  tanta  asneira que  ouviu  contra  o partido dos  trabalhadores contra  a  Presidente. ENTAO COMO É QUE  UM MINISTRO DO SUPREMO DECLARADAMENTE  POLITICO  DO  PSDB   PODE FICAR  A FRENTE  DA  RELATORIA   E QUAL  A  SUA  ISENÇAO.? CLARO QUE  É NENHUMA   E NESSE  CASO  ELE  É SUSPEITO  SE  NAO SE  DECLARAR  A CORTE  TEM  QUE  DECLARA-LO SUSPEITO  

  • realmente o  Toffoli jogou

    realmente o  Toffoli jogou para a midia,  para  Gilmar   e  para a direita   ele  sabia  o que tinha  que  fazer   mais  usou esse artificio para  se  sair  e  nao ficar mal  visto pelo  govertno ou pelo   PT. Agora  ele terá  a desculpa  de dizer   procurei  ver as partes  se  era bom  esse  ou aquele . mais  houve  reaçao e eu tenho que  escolher  " ESSE"   Assim ele  limpa  sua  barra  pois  deve  favores  a Gilmar  mendes que  livrou  seu irmao  de  ser preso. 

  • Tofolli e Gilmar - vergonhosos

    Esse rapaz - Dias Tofoli - não tem maturidade para ocupar a mais alta Corte de Justiça da nação.

    Da mesma forma que o outro - Gilmar Mendes - não tem a integridade necessária para pertencer à mais alta Corte de Justiça do Brasil.

  • Essa Roda Morta chegou ao

    Essa Roda Morta chegou ao limite da partidarização jornalística - PIG puro. Houve um tempo que para uma entrevista como essa, em que no centro se encontra um dos represetnantes do STF, justo num momento de crise política e econômica, envolvendo, e muito, o judiciário, também, a gente via jornalistas capazes de fazer contrapontos. Infelizmente, tendo já como princípio de que o comandante da Roda é um anti-petista inveterado, quase esquisofrênico, bem como o fato de que estão na bancada dos entrevistadores jornalista, todos em comum acordo com as ideias do condutor, nada se pode esperar dos resultados. 

    Tivesse ali um jornalista sério, sem compromisso com seus patrões, observador crítico da realidade brasileira do momento, talvez de discussão se partisse para os tapas.

    Newmann, por exemplo, o que diz achar nojento, sendo que só acha nojento o que está inserido no Governo, dá mostras, pra variar, de ser ele, sim, a coisa mais nojenta de todas as coisas.

    Eu até que tendo assistir a esse programa, mas declino da vontade logo no início. É preciso um tubo gástrico muito sadio para não sofrer uma gastroenterite - cagando e vomitando ao mesmo tempo.

    O conjunto desses camaradas é tão claro em suas intenções que podemos até pensar que antes de se iniciar o programa eles, nos bastidores, combinam como serão as perguntas de cada um, e um dizendo o que fará quando ele perguntar tal coisa. 

     

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