ICIJ endossa boicote de Fernando Rodrigues aos dados do HSBC

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

O jornalista Amaury Ribeiro Jr, então membro do ICIJ, pediu o acesso aos documentos e foi negado: “não estamos planejando abrir os dados para outras organizações de mídia do Brasil por agora”, disse vice-presidente do ICIJ
 
 
Jornal GGN – O monopólio de Fernando Rodrigues sobre os dados das contas secretas do HSBC, no Brasil, foi confirmado por Amaury Ribeiro Jr. O jornalista, que também integrava o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), ao lado de Angelina Nunes, Marcelo Soares, Claudio Tognolli, não fazia parte de um grupo menor, selecionado para as investigações do banco suíço.
 
Como membro do ICIJ desde 1997, solicitou, então, o acesso a essas informações, o que foi negado. “Não estamos planejando abrir os dados para outras organizações de mídia do Brasil por agora”, afirmou a vice-diretora do ICIJ, Marina Walker, que ainda o refutou: “não sei no que você baseou sua afirmação de que Fernando está escondendo o nome de políticos neoliberais. Você viu os dados para fazer tal acusação tão séria contra seu colega e co-integrante do ICIJ?”.
 
Como apenas Fernando Rodrigues tem acesso aos documentos, o Jornal GGN, com o auxilio de seus leitores e colaboradores, iniciou um mutirão para investigar essas informações, por meio de uma base de dados disponibilizadas no site http://offshoreleaks.icij.org/. As colaborações podem ser acompanhadas e enviadas no Mutirão do HSBC.
 
A carta foi enviada pelo próprio jornalista Amaury Ribeiro Jr. ao VioMundo, que a publicou traduzida. Confira:
 
Querida Ms Walker:
 
O seu nome me foi indicado pelo amigo Rosenthal Calmon. Meu nome é Amaury Ribeiro Jr, sou jornalista, escritor e membro do ICIJ desde a fundação da organização em 1997, na Universidade de Harvard. Estava lá na companhia de Calmon e outros amigos. Tenho me dedicado durante os 30 anos de traballho à publicação de livros, que ajudaram a elucidar vários casos de lavagem de dinheiro. Entre os meus livros públicados estão A Privataria Tucana (mais de duzentos mil cópias vendidas no Brasil) e O Lado Sujo do Futebol (compartilhado com amigos da TV Record e traduzido para o espanhol).

Desde que o ICIJ decidiu publicar as contas de políticos na Suiça, o meu telefona não pára de tocar. Ao me pedirem ajuda, os jornalistas de toda parte do Brasil dizem que o site UOL (escolhido pelo ICIJ para divulgar o caso), ao contrário do que vem ocorrendo em outros países, só tem divulgado o nome de políticos de esquerda, livrando os chamados políticos neoliberais apoiados pela grande mídia. Me comprometi, como membro do ICIJ, a tentar obter a lista.

Caso consiga com o ICIJ, me comprometi a divulgar somente as chamadas contas sujas e não declaradas ao Fisco, na íntegra, aos demais colegas da imprensa. O Brasil vive uma crise política sem precedentes, que poderá acabar para sempre com todo o esquema de corrupção que perdura há mais 50 anos. Mas, para que isso ocorra, a imprensa não deve colaborar com a manipulação de dados. Mando-lhe também, para a sede do ICIJ, os exemplares dos meus livros.

Grato,

Amaury Ribeiro Jr

*****

Amaury,

Bom ouvir de você. Tenho trabalhado para o ICIJ por quase 10 anos e penso que esta é a primeira vez que você entra em contato conosco em busca de uma reportagem.

Como você sabe, estamos trabalhando com o Fernando Rodrigues, que ainda está fazendo as reportagens. Ele vai publicar outras delas brevemente. Não sei no que você baseou sua afirmação de que Fernando está escondendo o nome de políticos neoliberais. Você viu os dados para fazer tal acusação tão séria contra seu colega e co-integrante do ICIJ?

Não estamos planejando abrir os dados para outras organizações de mídia do Brasil por agora. Se isso mudar, você será informado.

Obrigado,

Marina

*****

Marina,

Quem sabe talvez você, uma jornalista argentina, se interesse em conhecer o mínimo do que está acontecendo em seu país vizinho.

Não estou acusando o Fernando Rodrigues, colega há mais de 30 anos, e sim a empresa em que ele trabalha (UOL). Assim como todos os grandes grandes veículos de comunicação do Brasil, o UOL segue a cartilha neoliberal dos patrões.

A denúncia de que o UOL está escondendo as contas de políticos me foi feita por centenas de jornalistas. Eles viram meu nome na lista do ICIJ e passaram a me cobrar. Por isso eu te escrevi após conversar com o Rosenthal, que me indicou para o ICIJ.

A informação também me foi confirmada por fontes da Polícia Federal, que garantem que no HSBC está grande parte do dinheiro que foi desviado na época das privatizações. Te encaminhei a carta apenas para dar satisfação aos meus colegas do país.

Queria deixar bem claro que não estou escondendo nada de ninguém. Mas há uma maneira fácil de resolvermos o problema. Tire o meu nome da lista dos membros do ICIJ. A partir de hoje não faço mais parte da organização de jornalistas. Fico devendo a prova das contas dos ladrões neoliberais que vocês estão ajudando a esconder.

Nas contas offshores desses paraísos fiscais está amopitado o dinheiro que eles desviaram durante o processo de privatizações. Nós, jornalistas progressistas brasileiros, acostumados a tantos golpes da mídia patronal, não podiamos esperar nada de uma organização mantida pelo megassonegador George Soros.

Amaury Ribeiro Jr.

*****

​Amaury,

Obrigado por compartilhar suas impressões. Não concordo com elas, mas respeito. Tal como você pediu, retiraremos sua biografia do site do ICIJ e aceitamos sua renúncia como membro.

Muito obrigado,

Marina Walker Guevara

ICIJ Deputy Director

[email protected]

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

60 Comentários

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  1. Sonegar impostos é crime.
    Sonegar impostos é crime. Acobertar sonegadores também pode ser considerado ato criminoso. Portanto, o caso exige a atuação do MPF.

    1. Engracadinho mesmo, Fabio, eh

      Engracadinho mesmo, Fabio, eh que em toda e qualquer investigacao nos EUA SOMENTE o paradeiro do dinheiro interessa.

      Tai o MP que nao vai mover la muitas palhas pra chegar a essa lista de prova que o Brasil eh exatamente o oposto.  E eh porque eh dinheiro tucano mesmo e o Brasil inteiro sabe disso.

      1. Sonegar os nomes dos
        Sonegar os nomes dos criminosos não é justificável só porque você disse que o dinheiro é tucano. Os nomes permitirão aos cidadãos julgar política e eleitoralmente os criminosos. Os nomes permitirão que os cidadãos exijam providencias especificas do MP. Sonegar os nomes dos criminosos é uma maneira de proteger os crimes que eles cometeram. Não há nada de engraçado nisto.

    2. Sim, é verdade. Fernando

      Sim, é verdade. Fernando Rodrigues não atentou para o fato de que está sendo cúmplice dos criminosos listados no Suiçalão.  Conforme o ditame do art. 29 do Código Penal, que trata do concurso de pessoas:

      ” – Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

      1º – Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.

      2º – Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.”

      Segundo o “jornalista”:

       “Quais nomes e contas bancárias serão divulgados? Em primeiro lugar, os que tiverem interesse público, e, portanto, jornalístico. Em segundo lugar, todos sobre os quais se puder provar que existe uma infração relacionada ao dinheiro depositado no HSBC na Suíça.”

      De que modo FR irá aferir o interesse público, “e, portanto jornalístico,” dos nomes que apenas ele conhece? Cabe ao Poder Judiciário determinar a culpabilidade de pessoas sobre as quais há a chamada “notitia criminis”. Não há a menor dúvida de que o jornalista, ao omitir da sociedade os nomes dos criminosos, também concorre para o crime previsto no artigo 13, parágrafo 2o. e incisos do Código Penal:

      Relação de Causalidade

      – A omissão é penalmente relevante quando o emitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:

      a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;

      b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;

      c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

      O crime de evasão de divisas é um crime continuado, tendo em vista que  o “modus operandi” se repete e tem por fim a lesão ao Estado de modo continuado. Ao receber da entidade jornalística ICIJ a lista com os nomes dos fraudadores, FR assumiu a obrigação de divulgá-la, sobretudo por ser jornalista .Não há lei neste caso, há sim o dever de profissão.

      Ao não divulgá-la, nega-se a exercer o poder que dispõe de agir para evitar que os autores dos crimes continuem a praticá-los. Além disso, assumiu a responsabilidade de impedir os resultados dos crimes, criando o risco das ocorrências dos resultados. Acobertados pelo jornalista, nada impede que os criminosos continuem a praticar os crimes sob o luxuoso manto do ocultamento. 

      Em outro disparate, Fernando Rodrigues assim se expressou:

      “Fernando Rodrigues explicou que a política editorial do seu blog e do Uol é de que a lista completa “nunca será publicada”, pois “seria uma invasão de privacidade indevida no caso de pessoas que podem ter aberto contas no exterior de boa fé, respeitando a lei e pagando impostos”. (“in” https://jornalggn.com.br/noticia/fernando-rodrigues-o-alibi-para-sentar-em-cima-da-informacao)

      Ora, que argumento sem sentido! Quem abriu contas de boa fé, pagando os impostos, pode de imediato comprovar sua posição apresentando os recibos dos pagamentos. A Receita Federal pode muito bem ser instada a apresentar os documentos comprobatórios da inocência daqueles que estranhamente preocupam o jornalista. Ademais, basta que o mesmo entre em contato com aqueles que julga inocentes e peça-lhes para providenciarem os documentos de imediato. Afinal, quem pode mais pode menos, pois o jornalista não está a arvorar o direito de ser seletivo em relação à lista, como se fosse o dono exclusivo dela?

       

  2. “não estamos planejando abrir

    “não estamos planejando abrir os dados para outras organizações de mídia do Brasil por agora””:

    So pra media de extrema direita, nao eh mesmo?

  3. Poxa vida e o sobrenome da

    Poxa vida e o sobrenome da fugura é Guevara! kkkk é para acabar com o piqui de Goiás inteiro…Deve ter alguém no além responsável por essas piadas da vida!

  4. Já disse isso.
    Quem financia

    Já disse isso.

    Quem financia a ICIJ é essa turminha aqui:  Adessium Foundation, Open Society Foundations, The Sigrid Rausing Trust, The Ford Foundation, The David and Lucile Packard Foundation, Pew Charitable Trusts and Waterloo Foundation.

    Portanto não esperem nada muito espetacular sendo veículado por esse pessoal. Aliás não é só no Brasil que estão reclamando desses vazamentos muito seletivos.

    A esperança é que alguém com acesso aos arquivos possa vazá-los das mãos desses jornalistas. Convenhamos,  é tarefa mais difíciil do que vazá-los de banqueiros.

    A que ponto chegamos.

    1. Exatamente!!  Já teve

      Exatamente!!  Já teve jornalista se demitindo justamente por causa disso.  Aqui como lá fora, enfrentar grandes grupos não é tarefa das mais fáceis.  

      Precisamos ficar atentos às mídias globais pois já tem gente postando links que ajudam…  Quem sabe o ex-funcionário da HSBC não libera mais informações…

       

  5. O confiável Amaury

    O tal do amaury era tão confiável (nesse caso especificamente, pois não posso falar de outras situações, já que não o conheço) que nunca procurou a tal da Marina (segundo ela mesma afirmou), se apresentou como super confiável, se comprometendo a resguardar alguns dados e etc, quando obteve a recusa, a primeira coisa que fez foi dar uma de apelão, detonar a organização e pedir pra sair.  Acho que fez bem a vice-diretora e concordo com o colega que disse preferir o amaury jr original.

  6. Nossa depois dessa é de dar

    Nossa depois dessa é de dar pena.”Dos indignados limpos e moralista”,que se julgam bem informados pela imprensa nativa.”Que amam a bandeira brasileira”.Assaltaram e sonegaram e esconderam dos imbecis informações ohhh para moralizar esse Pais. 7bilhões de dolares e em reais 20 bilhões! como é mesmo o slogam dos derrotados ,bandidos e hipocritas:com esse dinheiro dava para construir hospitais,escolas,segurança….vão pra PQP…que hoje eu não encontre um nojento desses.

  7. Aspirações…

    E pensar que um dia o jornalismo já almejou isenção… Que m…a!

    Ou ainda: “comprem dimim porque sou isento o suficiente para corroborar teus preconc… errr. tuas crenças!”

  8. Tá na cara que se trata de

    Tá na cara que se trata de mais uma organização que não se deve levar a sério. Escolher um órgão da mídia golpista para manter o monopólio da lista de sonegadores é o mesmo que colocar a raposa para tomar conta do galinheiro. Os tucanos de alta plumagem serão poupados, como sempre. Os sonegadores que tiveram qualquer ligação com o PT e com a Petrobras, ainda que seja uma ligação indireta, serão expostos ao escracho midiático. Até quando o povo brasileiro vai aceitar essa ditadura midiática que controla as ondas das rádios, e tvs, além de jornais e revistas?

  9. Sera que não vai aparecer nem

    Sera que não vai aparecer nem artistazinho oportunista.Para fazer um poemazinho safado igual a de uma certa interprete,inclusive muito boa cantora.Sobre “Passaram a mão no meu Brasil…..

  10. Guevarismo?

    A biografia do Amaury fica preservada.

    Além de aceitar a renúncia dele, ela deveria renunciar ao sobrenome que porta, para preservar a biografia da família Guevara.

  11. Para mim, esse conluio do

    Para mim, esse conluio do ICIJ com Fernando Rodrigues devia ser denunciado internacionalmente. Chega a ser pior do que o caso do jornalista inglês que se demitiu pois, no caso, o ICIJ poderia alegar que não estava envolvido diretamente. Mas agora não, eles tomaram o lado da UOL em detrimento do lado público. Ficou escancarado para todo mundo ver que existe interesse na divulgação seletiva dessa lista de pessoas no mundo todo. Recomendo a todos, Nassif incluído aí, que divulguem essa troca de email em sites internacionais, de preferência com notícias relacionadas ao escândalo. Uma denúncia em nível internacional pode vir a trazer consequências maiores seja para o UOL/Fernando Rodrigues ou mesmo para o próprio ICIJ se este não voltar atrás na sua decisão de privilegiar determinados grupos de midia nos países.

  12. Jornalismo morto

    Podridão jornalística ultrapassa fronteiras do Brasil . Li lá na página do ICIJ gente da Turquia , Portugal e Canadá reclamando da mesma coisa . É a praga Neo Liberal comprando tudo. Imaginem só se esses caras vão liberar estes nomes . A pancada na credibilidade dessa gente e as consequencias disso no valor de empresas vinculadas .

  13. CENSURA
    Como o sr. Motta

    CENSURA

    Como o sr. Motta Araújo disse: associação bacada pela Open Society, do George Soros. Não dava pra epserar diferente!

  14.  
    Eis a prova cabal de que

     

    Eis a prova cabal de que esta dominado, esta tudo dominado, nada que atinja o poder hegemônico será permitido, imprensa livre e independente é uma miragem para engabelar quem ainda se permite ser feito de tolo.

    1. E quem não é tolo faz o

      E quem não é tolo faz o quê!?! Assina a VEJA, compra um caminhão ou uma bicicleta !?!?

       

      “O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÂO & GOLPES – O que passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS”

  15. pelo menos fica bem claro…

    um só jornalista brasileiro irá formar a opinião pública

    reparem que daqui dá seguimento a uma escala global, passsando da esfera pública, civil, para a política

  16. Tem dente de coelho…

    Visto o posicionamento do tal ICIJ, tem gente nele, ou por trás dele, de olho gordíssimo num possível espólio da Petrobrás, se os neolibs daqui, irmãos siameses dos neolibs que sustentam essa agremiação, voltarem ao poder. E enquanto seu lobo não vem, ou não vier a vir, em tirar uma casquinha do pré-sal.

    P.S. A Secom não vai se manifestar a respeito da atuação do Rodrigues? O sindicato dos jornalistas? A ABI? E quem mais do ramo?

  17. SOROS financia o ICIJ e a

    SOROS financia o ICIJ e a LISTA do HSBC é um perigo para os seus sonhos de adquirir a PETROBRAS a preço de banana, depos do PETROLÃO, portanto esperemos a divulgação dessa lista para daqui uns 50 anos, capice?!?

     

    “O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÂO & GOLPES – O que passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS”

  18. Se na Inglaterra está assim, imaginem aqui

    Donos de diário britânico receberam empréstimo de R$ 1,1 bi antes de mudar cobertura sobre escândalo do HSBC

    publicado em 19 de fevereiro de 2015 às 17:56

     

    Fonte: http://www.viomundo.com.br/denuncias/diario-britanico-recebeu-emprestimo-equivalente-r-11-bi-antes-de-mudar-cobertura-sobre-escandalo-hsbc.html

    HSBC

    Empréstimo de 250 milhões de libras aos donos do Telegraph levanta novas questões sobre cobertura

    Irmãos Barclay garantiram empréstimo para uma companhia que perdia dinheiro antes de repórteres do Telegraph serem desencorajados na produção de artigos críticos ao HSBC

    por Simon Bowers, no diário britânico Guardian

    Thursday 19 February 2015 18.51 GMT

    Os donos do Daily Telegraph asseguraram um empréstimo equivalente a R$ 1,1 bi — do HSBC para uma empresa do grupo que enfrentava dificuldades — pouco antes de repórteres do jornal terem sido alegadamente “desencorajados” a publicar artigos críticos ao banco, o Guardian descobriu.

    O timing do empréstimo para a Yodel, uma empresa de entrega de pacotes de propriedade dos irmãos Barclay, levanta novas questões sobre a influência de considerações comerciais na cobertura editorial doTelegraph sobre o HSBC.

    O empréstimo foi completado no dia 14 de dezembro de 2012, demonstram documentos da empresa. O ex-chefe de comentário político do jornal, Peter Oborne, alegou esta semana que houve uma grande mudança editorial no tratamento dado ao banco a partir do início de 2013.

    Os documentos demonstram que Sir David e Sir Frederick Barclay tiveram de dar uma garantia financeira pessoal como segurança adicional aos credores.

    As decisões editoriais do jornal sobre o HSBC foram questionadas esta semana por Oborne, que acusou o jornal de “fraudar seus leitores” em uma carta de renúncia.

    Ele alega especificamente que a cobertura do Telegraph sobre o banco mudou abruptamente dois anos atrás. “A partir do início de 2013 as reportagens críticas ao HSBC foram desencorajadas”, afirmou.

    A Yodel foi refinanciada na metade de dezembro de 2012 com o maior banco da Europa, o HSBC. Como garantia, o banco assumiu parte da renda de quase todo o negócio — significando que poderia assumir controle da companhia se ela não cumprisse os compromissos assumidos.

    O novo empréstimo do HSBC foi usado para pagar empréstimos anteriores com o Lloyds. Os negócios da Yodel tiveram perda de £112m no ano terminado em 30 de junho de 2013. Informações da Yodel mostram uma dívida de £242m no empréstimo do HSBC no final de junho de 2013 e não há informações oficiais de que a dívida tenha sido quitada.

    Procurada pelo Guardian, a família Barclay não quis comentar o empréstimo, mas uma fonte próxima a ela descartou a tese de que a cobertura do Telegraph poderia ter sido influenciada pelo empréstimo do HSBC. A fonte também indicou que as empresas da família emprestam de muitos outros bancos.

    Os Barclay acreditam que muitas inverdades foram escritas sobre eles em dias recentes, mas não explicaram exatamente quais.

    Oborne se afastou do Telegraph esta semana de forma pública, em protesto contra a cobertura do escândalo do HSBC. O veterano jornalista pediu uma investigação independente da linha editorial do jornal por falta de reportagens sobre o caso do HSBC.

    O Guardian, a BBC, o Le Monde e outras 50 empresas de mídia revelaram como o braço suiço do banco HSBC ajudou clientes ricos a sonegar impostos e esconder milhões de dólares em bens, driblando autoridades locais.

    As revelações sobre as atividades bancárias de alguns dos clientes mais ricos do HSBC dominaram as manchetes da mídia britânica em semanas recentes, mas apareceram apenas brevemente no Telegraph, Oborne argumenta.

    Os diretores da Yodel, que incluem os filhos de Sir David Barclay, Aiden e Howard, admitem que o negócio da entrega de pacotes passa “por mudanças rápidas”. Embora isso represente oportunidade de crescimento, há muitas empresas no ramo, levando a um “alto grau de competição”.

    Dados oficiais demonstram que a empresa conseguiu ser qualificada como “ativa” para efeitos de contabilidade graças à disposição de sua empresa parente, baseada em Jersey — outra companhia do império dos Barclay chamada LW Corporation — de dar apoio financeiro. Companhias baseadas em Jersey não são obrigadas por lei a publicar balanço.

    No início desta semana Oborne alegou que o HSBC suspendeu suas campanhas publicitárias noTelegraph depois que o jornal publicou uma investigação em novembro de 2012 baseada em vazamentos de contas pessoais do HSBC em Jersey.

    Ele também alega que repórteres receberam ordens para destruir e-mails, relatórios e documentos relacionados à investigação. “Foi o momento chave”, Oborne escreveu.

    Ele atribuiu a mudança a uma tentativa de reconquistar a conta de publicidade. Disse que tinha sido informado por uma fonte extremamente bem informada, de dentro do jornal, de que a publicidade do HSBC era de grande valor. “Reconquistar os anúncios do HSBC se tornou uma prioridade”, Oborne afirmou.

    Em uma nota respondendo às acusações de Oborne, um porta-voz do Telegraph disse que não poderia comentar sobre relações comerciais do jornal, mas continuou: “Temos o objetivo de dar a nossos parceiros comerciais um amplo leque de soluções de publicidade, mas a distinção entre publicidade e nossa premiada operação editorial sempre foi fundamental para nosso negócio. Refutamos totalmente qualquer alegação em contrário. É uma pena que Peter Oborne, que por quase cinco anos contribuiu com o Telegraph, tenha decidido lançar ataque tão surpreendente e sem fundamento, cheio de imprecisões e insinuações, contra seu próprio jornal”.

    Leia também:

    HSBC: Amaury Ribeiro Jr. deixa o Comitê Internacional de Jornalistas Investigativos

     

     

     

  19. Que dor saber que  se tem a

    Que dor saber que  se tem a chance de mostrar ao Brasil(e mundo)

    quem são os verdadeiros bandidos. A população por vezes não se

    interessa pelo jogo do poder ou da politica..mas quando entra “grana”

    na jogada a coisa pega! E os manifestantes?

     

    1. Subserviência

      “Um país inteiro” e, sobretudo, o governo atual, que, além de se submeter, tem pela ditadura da mídia uma complacência que às vezes beira a subserviência…

  20. Quando eu falo que existe uma

    Quando eu falo que existe uma megaconspiração mundial contra os governos progressistas da América Latina, capitaneada principalmente pelos órgãos de imprensa nacional e internacional, e por alguns integrantes de órgãos aplicadores da lei nacionais e internacionais, falam que estou paranóico.

    1. Tá na cara (TNC)

      É “colonista” e “colaboradora” dos jornais “The Miami Herald” e El País da Espanha, dentre vários outros meios reaças da direita internacional. Explica-se por ai….

      Se for da Opus Dei, ai é batata…

  21. O problema também é que

    O problema também é que aparecendo as aves de alta plumagem na lista, ou algum banqueiro a eles ligados, ou algum barão da mídia, alguma autoridade do judiciário ou do MP, ou até mesmo um mero colunistas, eles serão blindados de tal forma pela mídia, que vai ser difícil alguma autoridade levar a efeito alguma investigação, o último que tentou isso perdeu o cargo de delegado da PF e ainda foi condenado criminalmente pelo STF (Protogenes).

  22. E onde estão os hackers para
    E onde estão os hackers para pegar a lista completa? Sera que nenhum grupo lá fora se interessou em conseguir os dados Swissleaks completo?

  23. Somente uma operação tipo

    Somente uma operação tipo “anonymous e/ou Wikileaks” seria capaz de expor estes documentos, no mais, é esforço para angariar mais “sponsored by…….”.

    Não se iludam a busca disponibilizada ( faz parte do projeto off-shore)está totalmente filtrada, a SwissLeaks está “trancada”.Nomes e offshores fazem parte do projeto OffShore.

    abcs

     

  24. Somente uma operação tipo

    Somente uma operação tipo “anonymous e/ou Wikileaks” seria capaz de expor estes documentos, no mais, é esforço para angariar mais “sponsored by…….”.

    Não se iludam a busca disponibilizada ( faz parte do projeto off-shore)está totalmente filtrada, a SwissLeaks está “trancada”.Nomes e offshores fazem parte do projeto OffShore.

    abcs

     

  25. sutilmente, os brasileiros

    sutilmente, os brasileiros que encaminharam pedidos de saída dessa

    entidade deixaram claro de que lado ela está…

    financiada pelo  soros etc e tal, só poderia representar

    o grande capitalismo financeiro.

     

  26. A verdade é que muitas

    A verdade é que muitas empresas de comunicação tanto no Brasil como no exterior podem constar da lista do HSBC. Não é mesmo senhor Fernando Rodrigues??

  27. Esse desespero para revelar

    Esse desespero para revelar os nomes deixa mais do que claro que no meio tem algum nome que de alguma forma pode ser  dita ser petista.  E , só mesmo jornalilsita imbecil pode  já não  ter tal lista, apenas como eleitor não gar nada para ter….

  28. Esse desespero para revelar

    Esse desespero para revelar os nomes deixa mais do que claro que no meio tem algum nome que de alguma forma pode ser  dita ser petista.  E , só mesmo jornalilsita imbecil pode  já não  ter tal lista, apenas como eleitor não gar nada para ter….

  29. Gunter e seus amigos….
    Open

    Gunter e seus amigos….

    Open Society é do George Soros, da turma da Neca do Itaú, do Pérsio Arida, da Marina Silva e do Gunter!

    Gunter, e a violação do nosso direito à informação?

  30. O ICIJ existe para

    O ICIJ existe para neutralizar as possiveis consequencias da publicitação de dados importantes por qualquer pessoa. Foi criado para antecipar vazamentos de documentos que a cada dia se tornarão mais comuns . . . . . ICIJ é uma vacina . . . . 

  31. “”””Como você sabe, estamos

    “”””Como você sabe, estamos trabalhando com o Fernando Rodrigues, que ainda está fazendo as reportagens. Ele vai publicar outras delas brevemente””””.

    Impressionante como ela sabe tin tin por tin tin o que o tal Rodrigues vai fazer . . . ele é um drone . . . .

  32. 1- O @UOL divulgou a lista

    1- O divulgou a lista dos vitoriosos no Carnaval paulista e carioca, mas não o nome dos políticos paulistas e cariocas no Swissleaks.

     

    2- A ética jornalística do é carnavalesca ou algum ditador tucano pagou com grana do Swissleaks pelo samba silencioso do “nãodarlista”?

  33. A base de dados

    A base de dados disponibilizada no Mutirão contém as mesmas informações fornecidas ao Fernando Rodrigues?

    Algo me diz que o que está no portal do ICIJ não são informações sensíveis ou possuem pouca relevância. Estou certo?

  34. A CASA CAIU

    Não adianta tentarem tapar o sol com peneira, pois a treva não resiste à luz. A velha fórmula investigativa que recomenda seguir o dinheiro é o caminho para coibir a hegemonia do crime organizado, do qual a corrupção constitui o principal sustentáculo, desde sempre. É hora então de redobrar esforços no sentido de cobrar das instituições representativas a exigência e garantia da máxima transparência e isonomia, dentro dos claros limites determinados pelo Estado Democrático de Direito. A torpe pantomima farsesca que pretende cingir as responsabilidades pelos atos ilícitos apenas ao PT já caiu no ridículo. E restará devidamente condenada pela História, à luz dos fatos que já começam a vir à tona. As manobras diversionistas resultarão inúteis.

  35. Duas hipóteses: Ou esse

    Duas hipóteses: Ou esse estudo foi feito por interesses americanos, e aí o processo de vazmentos seletivos é o que virá, ou a Sra. Guevara deseja ainda, por questões éticas, preservar a parceria com Fernando Rodrigues. Se for assim o caldo entornará, outra possibilidade é que a informação seja privativa de Fernando ;rodrigues, se ele trabalhou como testa de ferro da Folha pode até ser um dos financiadores da investigação.

    Sugiro aos senhores jornalistas do blog e outros que enviem carta mais formal e respeitosa do que a do Amaury ao Conselho Diretor do ICIJ em nome de 1000 jornalisas, por exemplo.

    Sugiro jogarmos com o ICIJ  da confiança, usando a carta respeitosa assinada por muitos, afinal se o que motivou a investigação tiverem sido os interesses dos americanos para pegar os sonegadores deles e de lambuja fazer a política guerreira do império, o jogo está definido e nada há a ser feito.

    Então senhores jornalistas, mãos à obra com a carta respeitosa ao Conselho diretor.

  36. Saudades do Julian

    Saudades do Julian Assange!

    Se essa lista tivesse sido vazada para o Wikileaks não teríamos esse problema.

    Isso é a verdadeira democracia…

    Isso se o Sr. Fernando Rodrigues quiser se beneficiar pode até chantagear os sonegadores em troca de favores e até mesmo dinheiro.

    Tudo pode acontecer e não duvido mais de nada!

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