Eduardo Cunha, o atacadista de emendas parlamentares

Enviado por Antonio Ateu

O aliado de Aécio Neves e do PSDB na aventura do Golpe

DO VIOMUNDO

PGR retrata Eduardo Cunha: homem do impeachment foi atacadista de emendas parlamentares, mas quem ficou milionária na Suíça foi a “dona-de-casa” Cláudia

por Luiz Carlos Azenha


 

As 190 páginas que a Procuradoria Geral da República escreveu para justificar o pedido de afastamento de Eduardo Cunha tanto do mandato de deputado federal quanto da presidência da Câmara dos Deputados são reveladoras.

Deveriam ser leitura obrigatória.

Há muita coisa requentada, já vazada aqui e ali. Porém, a apresentação do “conjunto da obra” impressiona.

O “homem do impeachment” — cujas manobras foram praticamente endossadas pelo ministro Luiz Edson Fachin, do STF — nas palavras de Rodrigo Janot transformou o Congresso em balcão de negócios.

Não é propriamente uma novidade, mas nunca isso tinha sido demonstrado de forma tão clara, a partir de mensagens de texto trocadas entre Cunha e seus “contratantes”.

O STF foi colocado numa situação vexatória: tem de decidir ao mesmo tempo sobre o rito do impeachment autorizado por Eduardo Cunha e sobre o afastamento do homem que instalou o processo!

Mas, sendo o processo de impeachment eminentemente político, as duas coisas não se confundem?

Para o STF, aparentemente, não.

A comissão instalada por Eduardo Cunha com maioria da oposição provavelmente será mantida, enquanto ele corre o risco de perder o mandato!

Mas, o que fazia o agora aliado do PSDB na aventura do golpe contra Dilma Rousseff?

Segundo o PGR, ele vendeu emendas parlamentares numa dimensão nunca vista antes neste país, como deputado e presidente da Câmara.

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Segundo Janot, as emendas eram escritas por empresários e abraçadas por Cunha ou aliados dele em troca de propina.

Manuel Ribeiro Filho, diretor da OAS, trocou mensagens de texto com o atual presidente da Câmara em 2012, narrando um acerto envolvendo R$ 1,5 milhão, mais R$ 400 mil, pela apresentação de emendas que beneficiavam a empreiteira.

Uma das medidas provisórias, a 584, dizia respeito a obras para as Olimpíadas de 2016.

Aparentemente a pedido do prefeito Eduardo Paes, Cunha atuou para que emendas de interesse da OAS fossem apresentadas.

Segundo a PGR, depois das tratativas de Cunha coube ao então deputado federal Francisco Dornelles (PP-RJ), hoje vice-governador do Rio, apresentar nada menos que 15 emendas à MP, uma delas dando desoneração tributária às obras de mobilidade feitas para as Olimpíadas.

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As mentiras de Eduardo Cunha ficam ainda mais transparentes depois da leitura do documento da PGR.

Embora Janot reproduza muitas denúncias publicadas na imprensa para reforçar seus argumentos, há documentos de clareza límpida.

Eduardo Cunha e seu amigo, o doleiro Lúcio Funaro — que a mídia às vezes elegantemente chama de “corretor” — negam relações comerciais, mas Funaro comprou dois dos automóveis da frota de luxo do presidente da Câmara!

Presentes avaliados em R$ 180 mil reais. Na verdade, segundo acusação da PGR, foi em pagamento por serviços prestados por Cunha a Funaro em… emendas parlamentares.

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Outro detalhe curioso diz respeito às famosas contas de Eduardo Cunha na Suiça, aquelas das quais ele se diz apenas “usufrutuário”.

Depois de descrevê-las pormenorizadamente,com seus valores altíssimos — não declarados à Justiça Eleitoral, nem ao Fisco –, Janot faz questão de introduzir um documento que sustenta a pergunta seguinte.

Como é que a mulher de Cunha, Cláudia, poderia ter aqueles valores depositados no Exterior, se ela se declarou dona-de-casa —housewife — ao preencher formulário bancário na Suiça?

Eduardo Cunha nega todas as acusações e diz que é vítima de retaliação da PGR para desviar o foco do processo de impeachment. A pergunta que não será feita pela mídia é se Cunha comprou votos de deputados para se eleger presidente da Câmara. Isso, não vem ao caso…

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Redação

7 Comentários

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  1. Esqueçam cunha. Ele já está

    Esqueçam cunha. Ele já está em suas últimas cenas, já fez seu papel. Quem assumiu foi o STF. Tem que ficar de olho no STF. Se as violações da constituição forem aceitas, já era. O estado de exceção estará definitivamente instalado sem precisar de nenhum tanque na rua.

  2. Incoerência!!!

    Ou este juiz Fachin é maluco, ou cedeu a chantagem para acatar o que o Eduardo CORRUPTO Cunha decidiu sobre o golpe a ser dado na  presidente da República. Será mais uma mancha neste nosso Judiciário (o mais caro e corporativista do mundo), já tão desacreditado. 

  3.  
    Foi julgado o rito!
    O STF

     

    Foi julgado o rito!

    O STF não poderia julgar o mérito, pois, o pedido realizado pela oposição não foi para julgar o mérito!

    O instituto do impeachment está defasado, pois, cada um pode solicitá-lo indiferente do mérito!

    Isso possibilita erros nos processo tal qual como este atual!

    Veja o caos que gera no país, isto é: na economia, pois, afetam os negócios e os empregos!

    Eu penso que fora julgado o rito do processo, no STF!

  4. essa matéria comprova que a

    essa matéria comprova que a crise é, essencialmente,

    do congresso, com esaas pautas-bomba e as atadistas emendas do cunha…..

    é o exterminador do presente e, se deixarem, do futuro.

    1. A reportagem

      Talvez à princípio não, mas com certeza está sendo usada agora para tentar sair pela tangente. O que não entendo é a inoperância do STF nessa situação de flagrante delito já comprovado, dá pra desconfiar. O judiciário sai de férias enquanto a casa pega fogo, com a máfia do crime organizado mandando e desmandando, debochando e rindo. Agora envolvendo o Vice Presidente da República que querem colocar no lugar da Dilma . Já pensou!!

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