PM que matou Marielle disse que foi avisado que seria preso

Em coletiva, MP do Rio diz que motivação do atirador Ronnie Lessa partiu de repulsa às causas defendidas por Marielle, mas promotoras não descartam que o crime tenha sido encomendado

Jornal GGN – O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz não resistiram à prisão nesta terça-feira (12) durante a execução da Operação Lume realizada pela Delegacia de Homicídios (DH) da Capital e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao crime Organizado (Gaeco/MPRJ).

Os dois são apontados pelo Ministério Público do Rio como os assassinos diretos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Lessa atuou como atirador na ação, e Élcio Queiroz dirigiu o veículo usado no crime que completa um ano na quinta-feira (14).

Durante coletiva de imprensa, as promotoras que estão a frente das investigações disseram que Ronnie Lessa confessou o crime. E, segundo informações do G1, ele chegou a afirmar, informalmente, no momento da prisão que tinha sido avisado previamente que a operação aconteceria.

Ronnie foi detido por volta das 4h na casa onde morava, em um condomínio na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, mesmo local onde o presidente Jair Bolsonaro tem residência. Élcio também foi detido onde mora, na Rua Eulina Ribeiro, no Engenho de Dentro.

Os investigadores ainda não concluíram se tiveram e quem seriam os mandantes do crime. A informação divulgada nesta terça pelo MP é que Ronnie matou Marielle por causa de uma “repulsa” às causas defendidas pela vereadora às minorias, mulheres negras e LBGT.

A promotora de justiça e coordenadora do Gaeco, Simone Sibilio, pontuou no entanto que a motivação de repulsa não descarta que o crime tenha sido encomendado.

“Essa motivação ela é decorrente da atuação política dela, mas não inviabiliza um possível mando. Ela não inviabiliza que o crime tenha sido praticado por uma paga ou promessa de recompensa. Essas causas juridicamente e faticamente não se repelem”, explicou a promotora.

O suposto envolvimento de Ronnie Lessa com milícias também não está confirmado. “Não se tem ainda prova contundente de que ele participa de alguma organização de milícia. Mas ainda há a possível participação dele em atividade paramilitar, não em Rios das Pedras”, destacou na coletiva a promotora Leticia Emile Alqueres Petriz.

Um detalhe não aprofundado na coletiva, entretanto, é que o carro usado pelos matadores, um Cobalt prata, com placa clonada, partiu da comunidade de Rio das Pedras no dia em que o crime aconteceu.

A promotora disse também que o nome de Lessa não aparece apenas envolvido nos homicídios de Marielle e Anderson. Ele já era investigado sobre crimes de contravenção. “Podemos afirmar que existem homicídios ligados à contravenção em que ele figura como suspeito”, destacou a promotora.

Quanto ao fato de se estar às vésperas de se completar um ano da morte de Marielle e Anderson, as promotoras responderam que a operação não foi deflagrada para coincidir com a data.

“A investigação ficou madura. Se não tivesse madura, MP não ofereceria denúncia. Operação seria amanhã, foi antecipada em razão de rumores de que operação seria vazada”, disse Simone.

Como atirador foi identificado

A promotora de justiça e coordenadora da Coordenação de segurança e inteligência, Elisa Fraga, explicou à imprensa que a inteligência chegou até Ronnie Lessa a partir de três frentes de trabalho.

“Uma desenvolvida na divisão de inteligência, com agentes de campo. Uma outra que trabalhamos com a ação telemática, em conjunto com agentes do Gaeco: analisamos o conteúdo que recebemos dos provedores. A terceira é através da divisão de evidências digitais e tecnologia”.

Com a quebra do sigilo de dados, o Ministério Público conseguiu acessar o armazenamento das pesquisas que Ronnie Lessa fez pela internet do seu celular e descobriu que o PM monitorava a agenda de eventos de Marielle. Além disso, uma imagem, em especial, gerada por uma câmara de infravermelho foi fundamental para a identificação do biotipo do atirador. A partir dela, os investigadores traçaram um perfil físico que levou até Ronnie. Elisa conta ainda que a equipe usou uma técnica de luz e sombra para identificar que não havia nenhum passageiro no banco da frente do carro usado pelos criminosos.

“Nessa imagem obtida, havia um braço direito do atirador. Fizemos a análise e com a comparação de outras imagens do Ronnie Lessa, observamos uma compatibilidade do réu com o atirador”, disse Elisa.

Leia também: As conexões entre os Bolsonaro e milicianos presos pelo assassinato de Marielle Franco

Redação

17 Comentários

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  1. Sensação de alívio em saber que as investigações estão avançando e suspeitos estão sugindo. Só não acho prudente que as técnicas de investigação sejam expostas publicamente.

    1. Zé: ouvi dizer que da casa do bandido até a de uns políticos famosos, que são vizinhos paredemeia, é só um grito de “salve” qie todos ouvem. Agora, de qual delas, isto é coisa pro ministro da (in)Justiça averiguar…

  2. Já eu considero muito promissor o fato de divulgarem as técnicas de investigação…
    por agora os mandantes precisam saber apenas que em redemoinhos mentais não há onde se esconder

    quando provocados, do estágio seguinte pode sair a prova que falta

    ou um código

  3. Nassif: esses caras, que dizem terem sido previamente avisados da prisão, já devem ter planos bem bolados pelos fardados (parece que de muitas cores e patentes). Não vou estranhar se na delação premiada disserem que foi o SapoBarbudo quem mandou liquidar a vereadora. O ministro da Justiça já deve ter bolado que se depender dele o MelianteOperarioNordestino só sai da cadeia para o cemitério. Os VerdeSauvas tão vibando…

  4. É muito interessante isso: O acusado de matar Marielle é envolvido em crimes de mando, ou pistolagem.
    Mas no caso da Marielle ele matou poque “repudiava as causas que ela defendia”.
    Só bolsominiom acredita.
    QUEM FOI O MANDANTE????

  5. Tem muita coisa esquisita nesta história: o advogado do acusado ajudou a coordenar a campanha do governador eleito, o mesmo que na campanha comemorou a morte de Marielle ao mostrar a placa quebrada.

    https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2019/03/5626083-advogado-de-ex-pm-preso-no-caso-marielle-disse-que-ajudou-campanha-de-witzel.html#foto=1

    Serão só coincidências? a casa do acusado situar na mesma rua a 170 metros de distância da casa do presidente? Do acusado em casa vizinha a dele e a do presidente ter um arsenal de 117 fuzis M17. Do acusado ter sido sogro do filho do presidente quando em seus 17 anos? De Marielle se fosse candidata ao senado pelo psol iria concorrer contra o filho do presidente? Do presidente e do acusado, com salários não de milionários, morarem em casas milionárias em condomínio de luxo carioca? Do presidente ter sido avisado sobre as investigações do coaf contra o filho e dos acusados serem avisados um dia antes sobre suas buscas? Do ex ministro Jungman ter dito ano passado que haviam políticos influentes querendo atrapalhar as investigações? Dos acusados ao longo deste período terem sido vítimas de atentados de possível queima de arquivo?
    Acho que eu estou é louco, até por achar que foi um desajustado mental quem quis matar com uma faca pequena de 17cm, o presidente da paz suprema e não uma milícia terrorista de esquerda não atuante desde os anos de 1970.

  6. Detestar a esquerda e suas pautas é de uma obviedade monstruosa. Mas, por favor, suspeitar que o motivo do crime repousa nisso é de uma ingenuidade gigantesca – ou uma intragável mistura de leviandade e má fé, bem ao gosto dos mandantes.
    No caso, percebe-se um conjunto vasto de coincidências que podem ser qualquer coisa, menos coincidências.

  7. Nassif: penso que é maldade, mais um “passarinho” me soprou o seguinte gorgeio — pouco antes de chegarem os de farda cinzenta o pessoal da farda verde, que presta “servicinhos”de infiltração ao Planalto, cantou a música pro meliante, nos seguintes tons — “Os Hômes tão chegando; mas fica cabeça de peixe porque o reboliço é pra contentar a grande mídia e os kibecoxinhas”. E arrematou, num mavioso trino — “Fica na tua; aqueles panacas de 91 milhões que disseram nas urnas não prá nós vão comer chumbo grosso. Vamos botar uns fuzilecos foi prá despistar. O grosso tá no Tanque, com aquele nosso pessoal”. E depois do “Muito obrigado, meu… (nem vou repetir a patente)” veio o arremate — “Vizinho é pra essas coisas”.

    Mas você sabe que o poveco aumenta, mas não inventa…

  8. Das duas, uma: ou ele foi pré-avisado sem tempo suficiente para escafeder-se ou ele não foi pré-avisado, e afirma que foi avisado apenas para dar a entender que não deve e, portanto, não teme.
    Se ele não deve, porque aquelas armas guardadas na casa de um conhecido?

  9. Já fizeram um gancho para não chegar aos Mandantes do crime: O Atirador tinha repulsa às minorias.

    Esse Mercenário não tem repulsa às Minorias, ele tem amor ao dinheiro. Tenho certeza que se o Jon “Maddog” Hall, diretor executivo da Linux International, que revelou que é gay, o contratasse para matar um ariano, o Mercenário Ronnie Lessa o mataria.

    Como afirmou a Mônica Benício, viúva de Marielle, mais importante do que prender ratos mercenários é responder quem mandou matar.

  10. O Bolsonaro não conhecia a Marielle mas conhecia os dois bandidos que a assassinaram, sendo que um dos seus rebentos tinha, ou ainda têm, um relacionamento amoroso com a rebenta do Atirador. Ele só veio a saber quem era a Marielle após o assassinato desta, nada obstante ela atuasse na Alerj, onde seu filho Flávio Bolsonaro também atuava, e fosse odiada pelas milícias, que são apoiadas pelos Bolsobostas.

    Sei não, hein!?!

    Mas como diria a Ministra Carmem Lúcia, do $TF, Musa do Bordel Bahamas, o crime não vencerá a Justiça. Acho que haverá empate ao final do jogo.

  11. O Guvernador Witzel, que disse, ontem, que a prisão dos acusados de assassinar a Marielle era uma resposta à sociedade e que falou que os Acusados poderiam fazer delação premiada, engatou hoje a marcha ré, ao afastar o Delegado Giniton Lages da investigação dos prováveis mandantes, por SUPOSTO CANSAÇO:

    “Não foi o Giniton que ficou trabalhando em cima das informações que foram colhidas. Ele foi aquele que direcionou. Neste momento, colocar outra pessoa que está até mentalmente mais tranquilo pra continuar é natural”.

    Ora, se o Giniton não colheu as informações nem trabalhou em cima de tais informações, como ele poderia estar cansado?

    Questionado sobre quem assumiria o lugar de Giniton na investigação dos prováveis mandantes, Wilson Witzel disse que não interfere em indicação de autoridades policiais na Secretaria de Polícia Civil.

    Ele só interfere no afastamento, mas não na investigação.

    O $érgio Moro afirmou que a PF não vai admitir ‘tentativas de obstrução’ em investigação sobre Marielle. Vamos ver se ele vai peitar o Witzel ou se foi só bravata o que o Rato de Curitiba disse ontem.

  12. Nassif: penso que é maldade, mais um “passarinho” me soprou o seguinte gorgeio — pouco antes de chegarem os de FardaCáqui o pessoal da FardaVerde, que presta “servicinhos” de infiltração ao pessoal do fuzuê de Brasília, cantou a música pro meliante, nos seguintes tons — “Os Hômes tão chegando; mas fica cabeça de peixe porque o reboliço é pra contentar a grande mídia e os kibecoxinhas”. E arrematou, num mavioso trino — “Fica na tua; aqueles panacas de 91 milhões que disseram nas urnas não prá nós vão comer chumbo grosso. Vamos botar uns fuzilecos prá despistar. O grosso tá no Tanque, com aquele nosso pessoal”. E depois do “Muito obrigado, meu… (nem vou repetir a patente)” veio o arremate — “Vizinho é pra essas coisas”.

    Mas você sabe que o poveco aumenta, mas não inventa…

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