Procurador diz que Youssef mentiu na delação do caso Banestado

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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“Trabalhei na primeira delação e ele mentiu”, diz Vladimir Aras. Ex-ministro Gilson Dipp emitiu parecer no qual constata que a delação de Youssef na Lava Jato é “imprestável”

Jornal GGN – Em seminário promovido nesta quinta-feira (7) em São Paulo, o procurador da República Vladimir Aras disse que o doleiro Alberto Youssef mentiu na primeira delação premiada que assinou, há 12 anos, época do caso Banestado. Segundo a colunista Vera Magalhães, Aras declarou: “Trabalhei na primeira delação dele e percebe-se que, de fato, ele mentiu.”

Youssef é um dos principais delatores da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de desvio de recursos da Petrobras que envolve empreiteiras, políticos e ex-dirigentes da estatal. Parte da defesa dos réus sustenta que, em alguns casos, o Ministério Público Federal e a Procuradoria Geral da República não tiveram critérios objetivos e apresentaram denúncias apoiadas majoritariamente em delações.

No mesmo evento noticiado pelo Painel da Folha, o juiz Fausto de Sanctis, que comandou a Satiagraha, fez ressalvas ao uso de delações premiadas. “O que o delator fala tem de ser confirmado por outras provas.”

No mesmo dia, o Consultor Jurídico publicou que o jurista e ministro aposentado Gilson Dipp, a pedido da defesa de réus da Galvão Engenharia, emitiu um parecer no qual analisou que as novas acusações de Youssef são, portanto, “imprestáveis”, já que ele quebrou a confiança da Justiça.

Para Dipp, as autoridades da Lava Jato simplesmente desconsideraram, ao firmar o novo acordo de delação premiada com Youssef, que ele descumpriu o pacto anterior e, dessa maneira, não preenche o requisito de credibilidade para receber benefícios da Justiça. “Uma vez quebrada a confiança, não há mecanismo jurídico ou processual capaz de restabelecê-la”, menciona em trecho do parecer anexado ao final deste texto.

O parecer foi enviado, junto a um pedido de Habeas Corpus da Galvão, ao Supremo Tribunal Federal na tentativa de anular a delação premiada do doleiro e, por tabela, todas as provas produzidas a partir dos seus depoimentos.

A primeira delação

Em 2003, Youssef prometeu deixar atividades de lavagem de dinheiro e remessas ilegais ao exterior quando assinou a primeira delação, no chamado caso Banestado. Em 2014, o juiz federal Sergio Moro, da 13ª Vara de Curitiba, considerou quebrado o acordo, pois o MPF entendeu que o doleiro continuou no crime. Ainda assim, sete dias depois, o próprio Minsitério Público deu uma segunda chance, em troca de informações sobre o esquema na Petrobras.

Na visão de Dipp, a delação de Youssef na Lava Jato “mostra-se imprestável por ausência de requisito objetivo — a credibilidade do colaborador — e requisito formal — omissão de informações importantes no termo do acordo.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

16 Comentários

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  1. Jura que ele mentiu?!?

    de um bandido reincidente, que diz que usou o dinheiro roubado para gerar empregos (nosso Hobin Wood), esperar apenas a verdade me parece um pouco ingenuo, embora a mídia não concorde e divulgue suas palavras como provas irrefutáveis.

    1. Questão de lógica!

      Se o delator e sua delação são imprestáveis, então a mídia que divulga a delação também é imprestável!

  2. dELATOR PRESSUPÕE DE QUE ESTÁ

    dELATOR PRESSUPÕE DE QUE ESTÁ COMETENDO ILÍCITO PARA CHEGAR A SER DELATOR. Está “negociando” conforto de uma coisa que poderia ser pior. É DA “ÌNDOLE” DO DELATOR, ser mentiroso. O delator é um mentiroso que a polícia pegou, senão não seria.

  3. Imprestável mas eficiente à finalidade.

    E, desde quando, a antiga associação desse rapaz de Curitiba com o doleiro teve qualquer compromisso com o respeito ao devido processo legal, se a finalidade da nova parceria era outra? Nenhuma novidade. O menino fez o que foi incumbido de fazer e até ganhou premio honorifico por seu trabalho. O resto são problemas para a tecnocracia resolver. O menino fez o trabalho político partidário encomendado, e fez bem feito. Como o JB, tecnicamente o trabalho é uma fraude, mas prestou-se ao fim político que se buscava e, com a vantagem, feita aquela patranha na corte mais alta, não há onde recorrer para denunciar a farsa. Fizeram, pois, o crime perfeito. Mas deixaram rastros que só a história há de registrar e esclarecer.

  4. Youssef mentiu e portanto sua

    Youssef mentiu e portanto sua delação é imprestável.

    Mas contra o PT ela vale.

    Imprestável é a nossa Justiça, então.

     

     

  5. Arraste

    A sua delação levou, por arraste (e pressão do Juiz com cadeia preventiva) à delação de outros envolvidos. Assim, poderão descartar ao Yousseff por mentiroso, mas o Juiz se apropriou de outras delações, as quais irá considerar lícitas.

  6. Se ele faltou com a primeira

    Se ele faltou com a primeira delação premiada o que acontece é que ele não teria direito a uma segunda delação premiada e não que a delação atual seja imprestável.

    Dá-se que toda delação, por se tratar de um “Deus me acuda”, um recurso extremo para tirar o dele da reta, deve ser analisada no conjunto das provas.

    O crime não deixa de ser crime só porque quem denuncia é um criminoso.

  7. Esse é o modo de fazer

    Esse é o modo de fazer justiça do sr. Moro. Aceita a delação de um 2 x  bandido e ladrão . Qual seria a finalidade? um bandido pode falar o que desejo ouvir e atingir  os objetivos de quem me escolheu para o processo, apesar de eu morar no Paraná. Foi escolhido a dedo, por  quem será ? Será que ninguém sabe? Os coxinhas desconhecem esses pormenores. Pobres massa de manobra !

  8. Esclarecendo: mentiu porque

    Esclarecendo: o doleiro Youssef mentiu na delação do caso Banestado porque ele apontou nomes de políticos ligados ao PSDB e PFL (DEM). Como todos nós estamos cansados de saber, no PSDB e DEM só existem santos, logo, jamais poderia ser verdadeira a delação. A fórmula da diferença entre verdade e mentira é válida ainda hoje: Aécio Neves, citado pelo doleiro nas delações-Petrolão, também não foi incluído na lista de investigados pelo Janot. Aécio, como sabemos, é do PSDB, logo, impossível ser verdade o que o doleiro disse sobre ele. Mas, na mesma delação, ele citou políticos do PT e PMDB. Aí sim é verdade o que ele falou, dado que, afinal, é PT, né?! Ou seja, não precisa falar mais nada, tudo é verdade… Estes promotores não conseguem mais nem formular desculpas inteligentes e palatáveis para passar à platéia de crédulos que os seguem. Sabem que o nível de discernimento destes está no subsolo, aí fazem o que bem entendem. Mas o único fato exposto é: o MP está cada vez mais atolado na politicagem bandida das terras de Pindorama. Agora, vamos tod@s fazer este exercício em casa: citou o PSDB, é mentira. Citou o PT, é verdade. E não nos esqueçamos de ensinar também aos nossos filhos, filhas, alun@s esta valiosa lição. Doravante, assim como a teoria da “domínio do fato”, sta fórmula deverá ser ensinada em todas as escolas de direito Brasil e mundo à fora.

  9. Que beleza!

    Sensacional… O delator que mentiu há 10 anos atrás, ao mesmo Juiz, é o delator digno de confiança e credibilidade de hoje. 

  10. Mas, como não há

    Mas, como não há corregedoria… fica o imprestável pelo imprestável… e vamos que vamos: afinal, o tal youssef no caso banestado delatou bagrinhos e “doloristas” concorrentes, ninguém mais foi apanhado, nem mesmo pela receita federal, não? Ele é assim assim com o Álvaro botox, mas, nenhuma vírgula surgiu contra o Dias. Mais, sendo amicíssimo do botox, e como o “esquema” Petrobrás rolava há muitos anos, ele não contou nadica de nada pro ínclido de Pinhais? Nem o botox desconfiou do seu amiguinho youssef? Pois é, depois criticam o Lula e a Dilma. Haja paciência com esses de sempre. Encerrando: qual juiz, em sã consciência – a não ser por viés ideológico de garantir o réu contra o leviatan do estado – se “obriga” numa vara criminal pela vida toda?

  11. Delações valiosas de um mentiroso

    Ao contrário do que analisa Dipp, as delações do doleiro mentiroso (epa, mas pode mentir para a Justiça e ficar por isso mesmo?) são muito valiosas porque elas já proporcionaram uma enxurrada de manchetes contra a gangue do PT,  já levaram Vaccari para a cadeia e até o Lula não saiu ileso. Se no final do processo, tudo for anulado por conta das “lambanças” dos procuradores e do juiz do caso, não importa porque os objetivos políticos foram alcançados. 

  12. Pelo o que eu ENTENDI DAS

    Pelo o que eu ENTENDI DAS PALAVRAS do ex- ministro GILSON DIPP ou JUIZ SERGIO MORO não CONHECE as LEIS ou não GOSTA de CUMPRI-LAS.

  13. Delação premiada = Teoria do Domínio do Fato

    O juiz recebeu um prêmio da Globo e transmitido pela própria. Notícias e mais notícias de manhã, tarde, noite, madrugada, manhã, tarde… enfim, ininterruptamente sobre a Operação Lava a Jato com um viés a detonar o PT. Colunista ou colonista, que não são comentáristas nem analistas de política, mas são torcedores oposicionistas a orientarem o que a população ou os parlamentares oposicionista devem fazer contra o PT. Quando houver alguma sentença sobre a Lava a Jato, será algo como “não tenho provas materiais, mas a coerência e a lógica nas delações premiadas mostraram que existe fato delituoso. Desta forma a lei(Teoria do Domínio do Fato) me permiter condená-lo. Acho que alguma Ministra do STF disse algo assim.

    1. delação premiada

      Disse. A ministra Rosa Weber disse isso através de um parecer. O curioso é que nesse período o Juiz Sergio Moro era assessor da Ministra.  

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