Provas contra Yunes, Padilha e Moreira são anexadas no inquérito contra Temer

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Marcos Corrêa/PR
 
Jornal GGN – O amigo e ex-assessor de Michel Temer, José Yunes, recebeu R$ 1 milhão da Odebrecht em duas parcelas de R$ 500 mil. É o que diz o laudo produzido pela Polícia Federal de Curitiba, indicando, ainda, que os repasses a Yunes a aos ministros e da cúpula de Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco, foram todos registrados no sistema de propina da empreiteira.
 
Padilha e Moreira Franco são investigados ao lado do presidente Michel Temer por corrupção e lavagem de dinheiro em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), na mesma apuração que remete à reunião que Temer participou com seus aliados no Palácio do Jaburu, negociando R$ 10 milhões em doações ilícitas da Odebrecht. O laudo produzido pelos investigadores foi concluída em abril deste ano e foi anexado aos autos da investigação, mas foi mantido em segredo de Justiça.
 
Jornais como a Folha de S.Paulo e o Estadão obtiveram o arquivo, e revelam mais indícios contra a cúpula do MDB e contra Michel Temer, corroborando a suspeita de repasses de propinas denunciados por executivos da Odebrecht a campanhas do partido, em troca de favorecimento à empreiteira em contratos com órgãos públicos sob influência do partido, como a Secretaria de Aviação Civil, comandada por Padilha e Moreira entre 2013 e 2015.
 
Entre os documentos trazidos pelos peritos estão planilhas, e-mails, correspondências e documentos que supostamente pertencem aos sistemas Drousys e My Web Day, que supostamente foram usados pelo departamento de operações estruturadas, chamado de departamento da propina da Odebrecht.
 
Neles, há menções aos codinomes “Primo”, “Tabule”, “Angorá” e “Kibe”. Moreira e Padilha teriam sido chamados pelo codinome de “Angorá”, e o apelido aparece ao lado de um repasse de R$ 1,5 milhão da Odebrecht Transport, na data de 15 de agosto de 2014.
 
Outra menção é denominada “Aeroportos/Angora/R$3.000.000/Praça: São Paulo”, em um e-mail de Paulo Quaresmo, diretor da Odebrecht Transport, a um funcionário do departamento de operações estruturadas, Ubiraci Santos, mostrando a relação de Moreira Franco com suposto recebimento de propinas em contratos relacionados a aeroportos.
 
Em delação premiada, o executivo Benedicto Júnior afirmou que as despesas relacionadas a Moreira eram relacionadas à Odebrecht Transport porque tinha “o Aeroporto do Galeão como ativo” e porque o hoje ministro de Temer era “um pessoa muito próxima do núcleo duro do governo federal, sendo um dos mais fortes representantes do PMDB ligado a Michel Temer”. E que os repasses “seria uma contrapartida por todo o empenho do ministro Moreira Franco nos temas relacionados a concessão do Aeroporto do Galeão”.
 
Em outro documento que o codinome Angorá aparece foi relacionado pelos investigadores ao advogado José Yunes, ex-assessor e amigo próximo do mandatário. Trata-se de uma planilha anexa a um e-mail do dia 1 de setembro de 2014, que informa o envio de R$ 1 milhão a Angorá, com a informação: “Entregar na rua Capitão Francisco, 90 – Jd Europa.Procurar Sr José Yunes ou Sra Cida”.
 
O PM Abel Queiroz, da transportadora de valores que fez a entrega, narrou que realizou duas entregas, pelo menos, do endereço mencionado do correio eletrônico, que é aonde fica o escritório de advocacia de Yunes. 
 
Já Eliseu Padilha, hoje chefe da Casa Civil, teria recebido repasses pelos codinomes de Angora e Primo. No dia 17 de março, um e-mail registra a entrega de R$ 1 milhão ao endereço relacionado a “Aeroportos” e o apelido, para o endereço aonde está o escritório de advocacia de Padilha em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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