Remunerado como juiz, Moro tira duas férias para articular Ministério

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Moro disse que deixar de ser juiz antes de ser nomeado ministro poderia lhe deixar vulnerável, já que não contaria com a segurança oferecida pelo cargo


Foto: Reuters

Da Agência Brasil

O juiz Sergio Moro entrou de férias ontem (5), para atuar na transição de governo. Em ofício encaminhado ao corregedor regional da Justiça Federal da 4ª Região, Ricardo Teixeira do Valle Pereira, Moro informa que pretende tirar todos os períodos de férias a que tem direito, antes de pedir exoneração, no início de janeiro, para assumir o Ministério da Justiça no próximo governo. 

Segundo a assessoria da Justiça Federal da 4ª Região, nas férias de Moro, a juíza federal substituta Gabriela Hardt assumirá a titularidade plena da 13ª Vara Federal de Curitiba. O magistrado terá férias até o dia 21 de novembro, referente a 17 dias remanescentes do período de 2012/2013. Depois, ele entrará com o novo pedido de férias para o período de 21 de novembro a 19 de dezembro. 

Para assumir como ministro da Justiça a partir de janeiro, Moro terá que pedir exoneração do cargo de juiz federal, já que a legislação da magistratura veda acumulação da função com qualquer outro tipo de cargo público, exceto a atividade de docência. 

Por causa da decisão de Moro de aceitar o cargo de ministro antes de pedir exoneração da magistradura, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABDJ) informou, no último sábado (3), que iria entrar com representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz. De acordo com a ABDJ, Moro, “ainda na condição de magistrado, atuou como se político fosse, aceitando o cargo de Ministro da Justiça antes mesmo da posse do Presidente eleito e, grave, tendo negociado o cargo durante o processo eleitoral, assumindo um dos lados da disputa, conforme narrado pelo General Hamilton Mourão [de que teria sido sondado para o cargo em uma conversa com Paulo Guedes]”.

Questionado na coletiva de imprensa sobre isso, Sergio Moro disse que não poderia abrir mão dos vencimentos de juiz porque não enriqueceu no serviço público. Ele também falou das ameaças e os riscos inerentes às atividades de juiz, e que deixar a função antes mesmo de ser nomeado ministro poderia lhe deixar vulnerável, já que não contaria com a segurança oferecida por causa da ocupação do cargo.   

“Preciso dos vencimentos para minha manutenção. Um efeito colateral desses grandes casos são as ameaças que os juízes sofrem. Daqui a um mês [se] acontece algo comigo e como fica a minha família? Devo correr esse risco de deixar a família no desamparo quando não estou assumindo cargo no Executivo? Existem situações de fantasmas da mente. Qual o problema de o juiz tirar férias e planejar o que vai fazer no futuro?”, rebateu. 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

13 Comentários

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  1. Ele não pediu remuneração

    Ele não pediu remuneração primeiro, por achar que não tem que dar satisfação pra ningém e por ter o poder que criar regras  pra si mesmo sem ser punido por ninguém. Mas acima de tudo, pra manter o poder de fazer o que bem quiser com o lula, inclusive já ter condenado-o sem provas e só pedir pra sua substituta comunicar a sentença no momento apropriado. Ah, tava me esquecendo, quanto ao caixa dois lorenzeti, ou seria lorenzoni? caixa dois não era crime hediondo na opinião deste minisinistro até pouco dias atr´s? Que falta faz uma imprensa de verdade? que pelegada sem futuro temos com microfones e câmera na mão neste inferno tropical!

  2. Ué, quantos meses de férias

    Ué, quantos meses de férias tem um juiz por ano? Outro dia mesmo Moron estava de férias quando esatva em Portugal e ligou pra Curitiba pra impedir a libertação do Lula.

    1. Pois é…

      E a mídia desonesta se finge de morta e sequer toca nesse assunto. Já para os midiotas que usam bem menos dos dez por cento, segundo a ciência, dos seus limitados cérebros, isso “não vem ao caso”. E são esses  togados que  tiram férias no final/início de cada ano e em meados de julho, que estão ajudando a  enterrar o Brasil como nação.

    2. Foi em julho deste ano,

      Foi em julho deste ano, quando aconteceu o infame caso do HC do Lula que ninguém obedeceu.

      Agora ele vai antecipar dois meses de férias, que não serão pagos nunca, pois ele pedirá exoneração para assumir como ministro.

      Como é bom estar acima das leis, inclusive as trabalhistas.

      Alguém ainda lembra que a mídia fez um escândalo por causa de um jantar da Dilma em uma escala que o avião presidencial precisou fazer em uma viágem à Europa?

  3. Até pouco tempo atrás eu

    Até pouco tempo atrás eu ouvia desse tipo de gente,  que o  LULA era “apegado ao poder”.

    Continuo ouvindo desse tipo de gente que  “o  PT é  que é corrupto”.

    Os  do facinismo que por ora está  tomado  conta do Brasil graças aos patos midiotas, nunca  me surpreendeu com suas mentiras, porque como sempre falei e continuo falando, esse tipo de gente julga os outros pela régua dos seus rabos imundos.

    Receber o tal “auxílio moradia” sendo dono do imóvel onde mora é corrupção.

    Receber muito além do teto fixado na Constituição é corrupção.

    E pra eles, que se dane o Brasil, sua população, as carências na educação, na infra estrutura e na segurança.

    Seus polpudos salários estão  garantidos  até o dia que sentarem  nas cadeiras da vilipendiada  presidência da república, e das presidências do Congresso e Senado, homens realmente comprometidos em por fim a farra desses golpistas entreguistas e em prol da população

    Esse senhor é um desses medíocres endeusados por imbecis cuja visão não ultrapassa a dos seus própios umbigos.

     

  4. Anotemos o nome desse

    Anotemos o nome desse corregedor-de-araque a compactuar com o crime do desmoronado-em-férias-politicando o tempo todo, o que é vedado por lei. Anotemos que seus superiores – epa – são tão corruptos como o desMoronado a tirar férias enquanto saracoteia-politicagem-por-todos-os-poros o que é vedado pela Loman. Anotemos, pois, que o cnjotafofilóide é tão bandido quanto este desMoronado que desde sempre zomba das leis vigentes. Ou seja, anotemos a quantidade de bandidos, bandoleiros, criminosos de colarinho esbranquiçados que pululam esse dito injudiciário, sempre e semre, a corromper a população em geral. Quadrilha é muito pouco…

  5. Loro tem sempre um jeitinho.

    Loro tem sempre um jeitinho. Combate os malfeitos…..dos  outros

    Sempre se dá bem.

    Malandro demais….se atrapalha !

     

  6. Ñ tem jeito
    Se o tal do dalanhol até hoje não foi cobrado ou veio explicar como um justhisseiro que ganha quase quarenta mil consegue comprar dois minha casa minha vida destinados a quem tem renda até seis mil….como esperar que o cherifi se apoquente a dar alguma justificativa…

  7. Excludente de inconstitucionalidade

    O estado de necessidade da família do $érgio Moro exclui a inconstitucionalidade da acumulação de cargos. Isso porque ele ganha muitos penduricalhos, tendo uma remuneração mensal muito acima do teto constitucional. Imagina se ele ganhasse abaixo do teto constitucional.

    Jaboticabas e excludente de de inconstitucionalidades só existem no Brasil, pois nossa fama mundial não deriva dos nossos juristas, mas das nossas “dançarinas”.

    Sem o $érgio Moro no Mini$tério da Ju$tiça, a corrupção renasce de suas próprias cinzas. O Aécio Neves e o Michel Temer, entre outros Ratones, não são corruptos.

    Ora, por o $érgio Moro para combater a corrupção é como por uma raposa para administrar o galinheiro.

  8. Os riscos inerentes à atividade de juiz findam com a exoneração

    Será que o Moro e o CNJ são dois Gaúchos no Hotel?

     

    “Gaúchos no Hotel

    Dois gaúchos num hotel dormindo no mesmo quarto. De madrugada, um deles arriscou:

    — Preciso dar uma transadinha, senão não durmo.

    — É mesmo… eu também!

    Então eles fizeram um acordo:

    — Eu te faço uma pergunta. Se tu errares, te como. Se acertares, me comes.

    — Pode mandar, Tchê…

    — O que é peludo, tem quatro patas, anda no telhado e faz miau?

    — Jacaré!

    — Acertou, acertou, acertou!”

     

    Será que o CNJ vai cair nessa chave magra do $érgio Moro?

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