Um novo indício de que os Bolsonaro têm informação privilegiada no caso Queiroz

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A quinta-feira (17), tumultuada pela notícia de que o Supremo Tribunal Federal suspendeu a investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro contra Fabrício Queiroz, termina com um novo indício de que o clã Bolsonaro tem informações privilegiadas a respeito do caso envolvendo o Coaf.
 
Este segundo indício soa mais grave que o primeiro, pois sugere que Jair Bolsonaro fez uso das informações no cargo de presidente da República, com o Coaf já sob o guarda-chuva de Sergio Moro.
 
Nesta quinta, a defesa de Flávio ganhou do Supremo uma liminar para paralisar a investigação contra Queiroz no Rio. Mas o pedido integral vai além da suspensão. O que os advogados do senador pretendem é anular as provas obtidas junto ao Coaf. Isto porque, segundo eles, houve quebra de sigilo fiscal e bancário de Flávio – que passou a se considerar “objeto de investigação” – sem autorização judicial.
 
De acordo com nota divulgada na noite de hoje, a defesa “descobriu” que Flávio vinha sendo investigado pelo MP do Rio quando teve acesso aos autos da investigação contra Queiroz.
 
Pelo que se tem notícia, o acesso só foi solicitado no dia 10 de janeiro, dia em que Flávio comunicou oficialmente, e nas redes sociais, que não iria comparecer ao depoimento marcado com os promotores, sob o pretexto de que não era, até então, investigado, e de que não tinha conhecimento de todos os fatos em apuração.
 
Só que, uma semana antes disso, no dia 3 de janeiro, já no cargo de presidente, Jair Bolsonaro disse em rede nacional, durante entrevista ao SBT, que Queiroz teve sigilos bancário e fiscal quebrados irregularmente a pedido do MPE-RJ. 
 
Como Bolsonaro teve conhecimento disso, se a investigação tramitava (e ainda tramita) sob segredo de Justiça?
 
O argumento da suposta arbitrariedade, agora abraçado pela defesa de Flávio no STF, está em posse dos Bolsonaro ao menos desde o início do mandato presidencial.
 
Antes da entrevista do dia 3, nenhuma informação fora publicada a respeito de qualquer reclamação, por parte da defesa de Queiroz, quanto a eventuais arbitrariedades. Bolsonaro foi o responsável por trazer a novidade à tona.
 
No dia seguinte à entrevista, parte da imprensa, aliás, se dedicou a desmontar a fala de Bolsonaro, explicando que o Coaf não precisa de aval de um juiz para fazer análises em contas bancárias delatadas por instituições financeiras – que seria o caso de Queiroz.
 
O PRIMEIRO INDÍCIO DE VAZAMENTO
 
Quando o caso Coaf pipocou na mídia, veio acompanhado do primeiro indício de que os Bolsonaro foram avisados da investigação ainda durante a corrida presidencial.
 
Queiroz foi exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro. No mesmo dia, a filha, Nathália Queiroz, foi demitida do gabinete de Jair, em Brasília. Coincidência?
 
Dois dias depois da exoneração, a operação Furna da Onça, do Ministério Público Federal, pediu autorização para uma operação na Assembleia do Rio, que culminou na prisão de uma dezena de parlamentares e assessores. A equipe e o então deputado do PSL foram poupados. 
 
Deputados do PT, à época, chegaram a cobrar providências da Polícia Federal e disseram que era evidente que houve vazamento de informações da Furna da Onça para a família presidencial.
 
Chamou atenção, ainda, o fato de que o MPF estava em posse das informações sobre Queiroz e o repasse de R$ 24 mil à Michelle Bolsonaro, mas não fez nada a respeito. O MPE do Rio só entrou em cena depois que a imprensa passou a perguntar se Flávio e o ex-motorista estavam sob investigação.
 
Surpresos, ministros do Supremo disseram em off, ao G1, que a estratégia de Flávio era suicida, porque agora Michelle e até Jair Bolsonaro podem ser investigados pelo elo com Queiroz.
 
Mas até o momento, as defesas de Queiroz e Flávio não se mostraram de movimentos impulsivos. 
 
A conferir.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. Logo logo ele começará a sentir o seu entorno.

    Bolsonaro e todas as suas fraquezas já eram sobejamente conhecidas por quem o apoiou.  E foi por elas que eles o apoiaram, pois na briga intestina, por quem vai controlá-lo,  precisam de armas e torniquetes para fazer a pressão. A justiça sabe muito bem como e onde apertar o torniquete. Afinal fizeram com Cunha, descartado quando não era mais útil.

    Até quando ele vai resistir e quem será o ganhador do prêmio, saberemos em breve. No momento vejo com desconfiança a carga da mídia, que trabalhou tanto para elegê-lo. 

  2. Era uma vez um país
    Era uma vez um país republicano mas veio o golpe e o baixo clero tomou de conta de tudo, da justiça inclusive. Triste Brasil

  3. Os milicos tão chegando…

    Nassif: tentei dar espaço para que o governo “democraticamente eleito” se acomodasse com seu novo brinquedo de “governar” o Brasil. Quem sabe viessem coisas diferentes e melhores que as promessas de campanha. Não foi possível. Nem a um mes chagou e mete os pés pelas mãos. A trupe é rasteira demais, seja os do Legislativo, do Executivo e até do Judiciário.

    Isso, na verdade, só vem mostrar que o mandatário selecionado é uma ficção criada nos arraiais de Realengo, pelos VerdeSaúvas, às pressas, que nem tiveram tempo prum acabamento político e social melhor. Dá mostras de ainda rústico, talhado a golpes de enxó, em madeira mofada e com caruncho. Possivelmente, o melhor que dispunham no estoque de PauBrasil, à época. E como, além de balas e fuzis, dispõem de uma vasta rede de espionagem, infiltrando agentes de todas as patentes pelo seio do povão, inclusive capitães, bolaram esta com o pessoal do Vale da Ribeira.

    Do mais, não se pode esquecer quão ardilosos são os milicos. Não se pode descartar que estes desacertos fazem parte de um plano maior, onde o BolsonaroGate não passe de mais um ato para os de patente nos ombros assumirem “constitucionalmente” o poder. A tentativa da “facada” não deu tanto. Porém, o fato foi superado, inclusive com a inconclusões-inconclusivas dos eternos Gogoboys, chefiados por dona “Charge”, que enrolarão a investigação até a prescrição judicial.

    Assim, não se descarte de renúncia ou derrubada do Messias e uma “anistiazinha”, pela junta militar que vier ocupar a vaga. Vão copiar a receito dos donos do quintal. Lembra de Nixon?

    Essa do ministro “Moradia” foi só o começo. A maioria no Çupremu promete mais do teatrinho.

    Agora, essa de informações privilegiadas, pra quê você pensa foram buscar EliotNessTupiniquem prá ministro? É da casa o Hôme. E os sabujos do Príncipe de Paris estão à postos. Sabem como fazer o buchicho, legalmente…

  4. No Brasil pós-democrático, o

    No Brasil pós-democrático, o “faro privilegiado” de um laranja para comprar e vender carros velhos já pode ser transformado em foro privilegiado no

    A decisão de Fux confirmou uma das teses de Marx.

    “El arma de la crítica no puede soportar evidentemente lá crítica de las armas.” Filosofia del Derecho, Guillermo Federico Hégel – Introduccion para la critica de la “Filosofia del Derecho” de Hegel, Karl Marx – editorial Claridad, Buenos Aires, 1955, p. 15)

  5. O PT É QUE ERA QUADRILHA.

    Vejam, usar sistema de inteligência institucional para obter informações e se safar de crime é coisa de quadrilha. O método é o mesmo de grampear advogados de defesa. Tem DNA do Savonarola.

  6. Escalada sistemática
    … da desconstrução?

    “Este segundo indício soa mais grave que o primeiro, pois sugere que Jair Bolsonaro fez uso das informações no cargo de presidente da República, com o Coaf já sob o guarda-chuva de Sergio Moro.”

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