Temer vai escolher ministro que seja a favor da anistia ao caixa 2 no Supremo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Jornal GGN – O presidente Michel Temer deverá escolher um novo ministro para o Supremo Tribunal Federal levando em consideração a anistia ao caixa 2, informa a jornalista Helena Chagas, nesta segunda (23). Em Os Divergentes, Helena diz que não está em questão indicar um nome que seja capaz de frear a Lava Jato porque a operação, dada a pressão da opinião pública, está garantida. A única coisa que Temer poderia discutir com seus aliados é um indicado que fizesse maioria na Corte a favor de aliviar a punição de políticos pegos por doações eleitorais não oficiais.

Por Helena Chagas

Nomeação no STF acirra pressão por solução caixa 2

Em Os Divergentes

O que está em jogo nas escolhas – ao que se sabe até agora, separaras – do novo relator da operação Lava Jato e do ministro do STF que vai substituir Teori Zavascki é bem mais do que a continuidade da operação, com a homologação da delação da Odebrecht e tudo o mais que se seguirá. Já não há dúvidas no establishment que a LJ continua, ainda que seus acusados tenham ganhado um bem precioso: tempo.

O que importa de fato nas escolhas que estão para ser feitas por Michel Temer e Cármen Lúcia, e que está por trás das pressões que as cercam, não está na superfície dos debates em torno dos nomes que vêm sendo lançados. O mais importante para o establishment político, neste momento, é ter mais um voto a seu favor no STF, ou seja, um jurista que apoie a solução de separar claramente os crimes de propina e de caixa 2, livrando a cara de boa parte dos acusados na delação da Odebrecht e em outras.

A trégua temporal representada pela tragédia dará espaço à discussão sobre esse tema, que já vem rolando nos bastidores. A dúvida dos políticos quanto à conveniência de dar a essa solução caixa 2 o formato de lei aprovada pelo Congresso ou de decisão do STF, o que seria para eles muito mais fácil, poderá ser resolvida nas articulações para nomeação do novo ministro.

Ao mesmo tempo, a designação do novo relator, decisão que está nas mãos da presidente do STF, tem enorme importância. Não porque alguém imagine que ele possa deixar de homologar a delação da Odebrecht ou de dar curso às investigações. Há um detalhe crucial que pode representar a sobrevivência de curto prazo para muita gente. Teori já havia dito a interlocutores que atenderia o pedido do MP de suspender o sigilo da delação, provocando um previsível tsunami no governo e no Congresso. Já o novo relator não terá feito qualquer promessa ou compromisso nesse sentido – e poderá, quem sabe, ser convencido a manter o sigilo por mais um bom tempo. A República respira.

4 Comentários

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  1. Dirceu na jugular. Por que não soltá-lo, Moro?

    Dirceu analisa as degolas

    Moro está certo: Dirceu não pode ficar solto…  Publicado 23/01/2017 no Coversa Afiada Alca.jpg

    Alguns dos 26 mortos da rebelião de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. 24 decapitados e 2 carbonizados. (Reprodução: Blog do VT)

    O Conversa Afiada reproduz do Nocaute, de Fernando Morais:

    José Dirceu fala da tragédia do sistema carcerário brasileiro

    Em carta dirigida ao jornalista Fernando Morais, editor do Nocaute, José Dirceu fala da hipocrisia da TV Globo e das causas do inferno em que se converteu o sistema carcerário brasileiro (esta mensagem foi escrita antes do desastre que tirou a vida do ministro Teori Zavascki).

    Prezados,
    Quem diria que em apenas 9 dias 2017 nos apresentaria o cenário – retrato do país e do governo – que estamos vivendo.

    Começando pela farsa veiculada pela Globo no Fantástico sobre a doação, lógico, “legal”, de uma propina da Odebrecht para a campanha tucana de 2010 do Serra. Tudo “legal” ou legalizado, como a remessa ilegal de 23 milhões para a Suíça, já devidamente expatriada legalmente. A própria Odebrecht deixa claro que não foi propina. A que ponto chegamos.

    A explosão ou implosão de e no sistema penitenciário e a verdadeira face do governo com a declaração do Secretário Nacional da Juventude, Bruno Júlio!

    O governo reage propondo construir novos presídios e aumentar penas!!! Mas foi isso que fez nos últimos 30 anos o Congresso Nacional, pressionado, obrigado pela mídia, MPF, bancada da bala e programas de TV sensacionalistas!! O próprio não-indulto de Temer no Natal é a prova mais cabal desse erro.

    Basta olhar o equipamento, uniforme, veículos, de última geração, especialmente as armas e meios de comunicação e locomoção da PF, PRF, COES, ROTAS, ROCAS, RONE etc. etc. para ver o erro, comparando com o sistema penitenciário e as péssimas, degradantes condições físicas e humanas dos presídios.

    Onde tudo está errado: regime prisional e corretivo, só degradação e silêncio, crime organizado e corrupção, começando no Judiciário acabando na Execução Penal, onde a lei raramente é cumprida, 36% dos presos, ou 41% , são provisórios!

    Quando o mundo, todo o mundo, até os USA, caminha para substituir a pena de prisão para alternativas e pecuniárias, aumentar a progressão por trabalho, estudo e bom comportamento, separação e segregação dos condenados por antecedentes e crimes. Aqui queremos aumentar penas, punir os presos e não recuperá-los para o convívio social.

    Presídios sem trabalho e escolas e sem progressão penal, aumentos de penas e prisão como punição já sabemos como acaba: massacres, fugas, venda e tráfico de drogas, crime organizado dirigindo as cadeias, destruição permanente do já sucateado sistema penitenciário.

    Quantas cadeias e penitenciárias sobrariam numa fiscalização mínima de condições legais, de segurança e humana? Pouquíssimas.

    Onde estão as colônias agrícolas e industriais, os Centros de Progressão Penal, os de Detenção Provisória?

    É hora de mudar radicalmente, erradicar as cadeias, reconstruí-las sob novas bases e cumprir a lei de progressão, acabar com as prisões provisórias e as preventivas ilegais e abusivas.

    Pôr fim ao caráter de justiçamento e perseguição e punição física e mental que está se transformando nosso sistema penal.

    * Falta de tudo nas penitenciarias, de agentes a recursos para custeio e reformas.

     

  2. A análise é até boa, mas

    A análise é até boa, mas chamar esse cidadão Temer de presidente fere a democracia. Deve chamá-lo de alguém que está sentado na cadeira de um presidente. Ele nunca será presidente, só se possui aquilo que se conquista. Estamos vivendo dias de uma tempestade caótica. As forças armada perdendo o seu nobre papel de defender a pátria e os brasileiros para fazer um serviço que cabe a outro órgão. Esse Temer vai passar e a história será contada em detalhes os males produzidos por todos os golpistas…

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