
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou três acusados pelas mortes do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Os denunciados são Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado; Oseney da Costa de Oliveira, o Dos Santos, irmão de Pelado; e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha.
Se condenados, os três responderão por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Bruno e Dom foram assassinados em junho, quando viajavam pelo Vale do Javari, no Amazonas.
O MPF, para a denúncia, se pautou nas confissões de Amarildo e Jefferson, enquanto Oseney teve a participação apontada em depoimentos de testemunhas. A denúncia ainda apresenta prints de conversas e cita os resultados dos laudos periciais, com a análise dos corpos e objetos encontrados pelos investigadores.
Segundo o relatório do MPF, o que motivou o crime foi uma foto que Bruno pediu para Dom registrar o barco dos acusados. O MPF classificou o crime como motivo fútil e isso pode agravar a pena.
Outro agravante é que Bruno foi alvejado com um tiro nas costas, o que tira toda a possiblidade de defesa.
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O trabalho de apuração e elaboração da denúncia foi conduzido pela procuradora natural do caso, Nathália di Santo, lotada em Tabatinga, com a participação de quatro procuradores da República do Grupo de Apoio ao Tribunal do Júri: Samir Nachef Júnior, Edimilson da Costa Barreiro Júnior, Bruno Silva Domingos e Ricardo Pael Ardenghi.
Entenda o caso
Phillips, 57, e Pereira, 41, desapareceram em 5 de junho, no fim de um curto trajeto pelo rio Itaquaí. Dom fazia uma viagem para concretização de reportagem para um livro sobre desenvolvimento sustentável na Amazônia, e Pereira o acompanhava. O barco não chegou a Atalaia do Norte.
Foi a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) quem fez o comunicado de desaparecimento de Dom e Bruno às autoridades e à imprensa. Lideranças indígenas atuaram nas buscas.
Os peritos da Polícia Federal, em exame médico-legal, indicaram que a morte de Dom Phillips foi causada por traumatismo toracoabdominal por disparo de arma de fogo com munição usa para caça. Foram identificados múltiplos projéteis de arma de fogo, ocasionando lesões na região abdominal e torácica. Ele foi atingido com um tiro.
Já Bruno Pereira, segundo os peritos, teve morte causada por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparo de arma de fogo com munição de caça, com dois tiros no tórax/abdômen e um tiro na face/crânio.
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O estilo de governo inconsequente desse irracional despreparado tem relação com esse crime hediondo