Tudo ou nada: Joesley arriscará arrolando Janot como testemunha?

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Ao convocar o ex-PGR, poderá revelar maiores camadas dessa investigação e expor outros níveis de irregularidades e o modus operandi da Lava Jato
 
 
Jornal GGN – Já sem muitas chances de conseguir manter os benefícios do acordo de colaboração fechado com o Ministério Público Federal (MPF), e diante das tratativas dos investigadores de criminalizar, de maneira isolada, o ex-procurador Marcelo Miller, Joesley Batista tentará arriscar em sua defesa e analisa arrolar o ex-PGR, Rodrigo Janot.
 
O objetivo de Joesley, ex-presidente da JBS, é manter todos os benefícios que havia obtido ao fechar um dos maiores acordos de colaboração junto à PGR, quando incriminou caciques do PSDB e do MDB, entre eles o senador Aécio Neves – hoje no limbo do partido – e o atual presidente Michel Temer.
 
Mas a tarefa tornou-se complicada desde que vieram à tona as irregularidades para acertar o acordo, envolvendo um ex-procurador que atuou na defesa do grupo J&F quando ainda não havia se desligado oficialmente da Procuradoria, e até mesmo o possível envolvimento de Rodrigo Janot para o acerto à época que mirou, principalmente, em ilícitos de Temer.
 
Enquanto a Polícia Federal e o MPF tentam improvisar uma imunidade às provas obtidas com tal acordo, incluindo o monitoramento da própria PF que captou imagens de um dos pagamentos feitos por executivos da J&F ao primo de Aécio, além de conversas gravadas pelos investigadores de Joesley com Temer, o jogo de cintura tem os riscos consequentes de uma possível perda de provas.
 
É nessa linha perigosa e da qual os investigadores tentam se blindar que a defesa do delator, Joesley, pode arriscar ainda mais, em um tudo ou nada. É que ele está selecionando a lista de testemunhas da investigação do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura o nível de irregularidades do acordo. Um dos possíveis convocados é o ex-PGR, Rodrigo Janot, que esteve atuando diretamente no fechamento do acordo.
 
Na última semana, o ministro relator Edson Fachin pediu 5 dias para a defesa de Joesley e para a PGR indicarem as provas que querem levantar sobre a possível rescisão dos acordos dos irmãos Batista e dos executivos Ricardo Saud e Francisco de Assis. O advogado André Callegari, que atua para Batista, quer na lista Janot e toda a antiga equipe da Procuradoria que atuou no acordo.
 
De acordo com o blog de Andreia Sadi, os advogados estão discutindo nesta terça-feira (03) com Joesley se mantêm ou não a lista. Antes mesmo de abandonar o posto, Janot se posicionou a favor da rescisão do acordo culpando os delatores de suposta omissão e má-fé.
 
Joesley quer provar que não houve ilícitos. Mas ao convocar o ex-PGR, poderá revelar maiores camadas dessa investigação e expor outros níveis de irregularidades e o modus operandi da Lava Jato, então sob o comando de Janot no MPF, que significaram grandes polêmicas, muitas delas abafadas até agora.
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Caro Joesley, sua situação é

    Caro Joesley, sua situação é grave.

    Sugiro que busque um jornalista sério e escreva um livro sobre a JBS em particular mas sobre como as coisas funcionam de fato no nosso país, no geral, como são as relações entre o capital privado e o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, inclusive sobre fiscais e até sobre relações pessoais e íntimas. Anexe provas e indícios, não poupe ninguém. Em seguida remeta cópias aos funcionários públicos, eleitos, concursados ou indicados, no mais alto escalão. Por exemplo, uma cópia para cada ministro do STF, uma para a chefia da corregedoria, uma para a ministra Dodge, uma para Temer e assim por diante. Você vai ver como a turma desenrola esse negócio rapidinho.

    Com certeza aquela turma tem mais a perder do que você.

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