Vaza Jato: Em novo capítulo, Lava Jato sonega informações a Rosa Weber para atingir Lula

Os investigadores comemoraram a decisão no Telegram. “Rosa Weber mandou lils pastar”, disse Márcio Anselmo, o delegado.

Jornal GGN – Em mais uma publicação da Vaza Jato, matéria da Folha e Intercept trazem a maquinação dos procuradores da Operação Lava Jato escondendo informações da ministra do STF Rosa Weber, para conseguir seu apoio nas investigações sobre o ex-presidente Lula. Os diálogos se deram no início de 2016.

Os diálogos mostram que os procuradores sabiam que Lula mencionara Rosa Weber em telefonemas grampeados pela Polícia Federal e se valeram de aliados para influenciá-la, mas sem expor claramente o que ocorria, deixando-a no escuro, quando a procuraram.

Pelos diálogos, a indicação que os integrantes da Lava Jato assim o fizeram por temer vazamentos de informações que atrapalhariam as investigações, à época sigilosas.

Mesmo Rodrigo Janot não recebeu todas as informações, e era o então procurador-geral da República, do caminhar das investigações em Curitiba sobre o cerco a Lula.

A ministra entrou no circuito por ser sua função analisar uma ação da defesa de Lula para suspender as investigações, por haver um conflito de interesse entre Curitiba e São Paulo, cujos promotores também investigavam o ex-presidente na época.

Quando o caso chegou à ministra, já estava em andamento a interceptação dos telefones de Lula e ordens dadas de busca e condução à força para depor. Tudo autorizado pelo então juiz Sergio Moro. Faltava somente definição de data para ocorrer a operação. E o caso chegou ao STF.

As mensagens demonstraram que os procuradores temiam que Rosa Weber acatasse os argumentos da defesa. Além disso, os grampos ajudaram a Força Tarefa a se antecipar às ações da defesa de Lula. Mais ainda, os diálogos demonstram, mais uma vez, a proximidade entre os investigadores e Sergio Moro.

Outro ponto que fez com que a Lava Jato temesse Rosa Weber foi a intercepção de conversa de Lula com seu advogado, Roberto Teixeira, que sugeria que Jaques Wagner, então ministro da Casa Civil, conversasse com Rosa Weber sobre o caso de Lula.

O grupo foi avisado pelo agente Rodrigo Prado, que monitorava a escuta. O agente compartilhou resumos dos diálogos entre Teixeira e Lula em grupo do Telegram. Deltan enviou os resumos a Sergio Moro e apontou os riscos. Moro foi juiz instrutor no gabinete de Rosa Weber durante o período do mensalão.

O assunto foi muito debatido no grupo e os procuradores queriam uma conversa com Rosa, mas sem abrir o jogo. Não queriam que os diálogos vazassem. E achavam que Moro poderia neutralizar o risco com Rosa Weber.

Mas a possibilidade ficou na discussão, não tendo registro de que Moro tenha feito isso. E pode não ter discutido, mas sabia. Quando Moro levantou o sigilo da investigação, foi repreendido por Teori Zavascki, então ministro relator da Lava Jato, por não ter compartilhado a informação.

Os procuradores então discutiram no Telegram sobre o documento a ser enviado a Rosa Weber para demonstrar que São Paulo e Curitiba não eram fruto de uma mesma investigação. E tudo isso sem entrar em detalhes. Apesar do triplex de Guarujá ser comum aos dois, as abrangências, segundo a Lava Jato, eram bem diferentes.

Os procuradores tinham dúvidas quanto ao apoio de Rodrigo Janot nas ações planejadas contra Lula sem que abrissem as informações. Alguns achavam arriscado. Carlos Fernando dos Santos Lima aconselhou que não se abrisse nada, já Paludo devolveu com ‘Se finja de morto’. E Carlos Fernando apontou vazamentos dentro do gabinete.

Em Curitiba os vazamentos também eram uma preocupação. Um blog da ala progressista havia publicado sobre ação autorizada por Moro, como quebra de sigilo bancário e fiscal de Lula e de várias empresas e pessoas ligadas a ele.

No frigir dos ovos, decidiram manter sigilo das informações, somente liberando o necessário para que o STF não interrompesse a investigação.

Deltan foi a Brasília tratar do assunto com Eduardo Pelella, chefe de gabinete de Janot. Foi ele quem levou as informações da força-tarefa ao Supremo e deixou-as no gabinete de Rosa Weber. No Telegram, avisou Deltan que a conversa foi boa, com o chefe de gabinete da ministra. Rosa, por seu turno, determinar que a defesa de Lula fosse comunicada das informações da força-tarefa e que se manifestasse, e que esperaria a resposta para dar sua decisão.

Os procuradores comemoraram o despacho, pois assim ganhavam tempo para continuar com as ações planejadas contra Lula. E acertaram para 4 de março a condução coercitiva de Lula feita pela Polícia Federal, além das buscas.

A condução coercitiva causou comoção em São Paulo. O ex-presidente foi encaminhado ao Aeroporto de Congonhas, onde prestou depoimento. A defesa de Lula voltou ao Supremo para cobrar definição de Rosa quanto ao pedido apresentado.

Os grampos continuaram. O próximo diálogo é entre Lula e a presidente Dilma Rousseff. Lula disse a Dilma que ‘nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada’. O ex-presidente pediu a Jaques Wagner que procurasse Rosa Weber para uma conversa, pensando ser a ministra uma mulher corajosa.

Mas não. Rosa Weber respondeu ao pleito no mesmo dia, afirmando não ver indício de ilegalidade na condução das investigações que justiçasse interferência no trabalho do MP. E disse não ao pedido dos advogados.

Os investigadores comemoraram a decisão no Telegram. “Rosa Weber mandou lils pastar”, disse Márcio Anselmo, o delegado.

Moro entra em ação e encerra a interceptação e levanta o sigilo das investigações duas semanas depois, tornando públicas conversas de Lula com a presidente. Teori Zavascki, então suspendeu as investigações, criticou Moro e o repreendeu por não ter informado as citações a Rosa Weber e outras autoridades.

As explicações de Moro foram dadas e tudo caminhou como queria a força-tarefa: São Paulo transferiu a investigação para Curitiba e, em fevereiro de 2017, Rosa Weber arquivou a ação dos advogados de Lula.

Leia a íntegra na Folha aqui.
Redação

4 Comentários

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  1. Independentemente do que esta corja paranaense fez,fica cada vez mais evidente que esta senhora não tem a menor condição de ser ministra de um tribunal superior tantas foram as vezes em que votou de forma esdrúxula e fez questão de deixar isto claro.

  2. Nassif: parece que o Çupremu é representante (senão o próprio) CrimeJudicialOrganizado. Nesta semana será definida a questão da prisão após segunda instância, mesmo sem trânsito em julgado. O voto dos “bagrinhos” não trouxe novidade. Kojac, por exemplo, só mudará quando a cana pegar (se é que vai) sei “criador”, o MordomoDeFilmeDeTerror. Dos restantes, os votos “flutuantes” é a do BonecoDeVentríluco e da MatriarcaDosAddams. O primeiro vai depender das ordens dos VerdeSauvas, de quem se borra de medo (algum enrosco pendente?). Da outra a coisa é mais interssante. Se o caso não envolvesso o SapoBardudo ela até votaria a favor. Mas seu ódio ideológico (e visceral) contra o MelianteOperárioNordestino dificilmente a fará mudar de opinião. Por mais que tente decifrar esse fenômeno existencial dela, não consigo atinar o que poderia ter feito o cara contra ela ou alguém que ela venere. Deve ter sido de uma gravidade que nem o EspíritoSanto absolveria. Porque é bronca demais para uma só pessoa. Vamos aguardar seu voto, que, segundo o pessoal do JardimBotânico, já está definido, desde que prenderam NoveDedos.

    Quanto a isso de passarem a perna em RosinhaMinhaCanoa novidade alguma há na notícia. Ela foi enganada antes, durante e depois. E mesmo que o voto haja sido sincero, assusta a ingenuidade de um juiz de uma AltaCorte. Reviu agora, despertando a ira dos bambambans das AgulhasNegras. Mas carregará em sua biografia essa mancha, como a marca de Caim…

  3. Será que o Deltan Dallagbosta mede a si mesmo com a mesma régua que mede a Rosa Weber?

    De acordo com o referido Procurador:

    “Sou favorável a remeter minuta ao PGR pedindo que ele fale com Rosa Weber, até para evitar tumulto social na quinta, a fim de que ela suspenda a investigação de SP. O problema é que ela pode decidir suspender ambas, ainda que isso seja improvável pelo preço que pagaria perante a opinião pública”. – Deltan Dallagnol

    Será que o Deltan Dallagnol só toma qualquer decisão após certificar-se do preço que pagaria perante a opinião pública?

    Se o povo falar, falar, nem ligue, nem ligue e deixe o povo falar, tá Dallagbosta. Faça o que tem de ser feito independentemente do preço que você pagará perante a opinião pública. Ou você condenaria Jesus Cristo à morte e à crucifixão apenas para ficar bem com a opinião pública(da)?

    “O foda é subir o caso”. – Procurador Jatoeiro

    Isso é linguagem de uma alta autoridade da República, que ganha acima do teto constitucional?

    O que diria o Ex-Assessor da Excelsiora Rosa Weber?

    “Humm. Até onde tenho presente, ela é pessoa séria. Não tem tb a tendência de entrar em bola dividida. Mas claro, tudo é possível”- – $érgio Moro

    Nem o Moro bota fé na Rosa Weber.

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