
Um esquema de vazamento de dados pessoais do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi um dos motivos que levaram à decisão de suspender a rede social X no Brasil, revela reportagem do Portal UOL, publicada neste sábado (14).
De acordo com relatório, o esquema foi desvendado a partir de uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre uma tentativa de suborno e ameaça de morte contra a delegada federal Denisse Ribeiro.
A partir disso, a PF decidiu instaurar inquérito para investigar o “Projeto Exposed“, para apurar a fundo o esquema que contou com o acesso irregular em massa de dados pessoais para intimidar agentes federais que trabalham em investigações conduzidas por Moraes.
As investigações dão conta que exposição dos agentes envolveu desde ameaças veladas na porta de casa, coação virtual, até o vazamento de fotos, incluindo de crianças.
Entenda o esquema
Em 2015, Ribeiro comandou a Operação Acrônimo. No ano seguinte, em meio a um desdobramento da força-tarefa, a PF suspeitou de fraudes em campanhas eleitorais e cumpriu busca e apreensão na construtora JHSF. Na ocasião, os agentes encontraram documentos que indicavam o pagamento de R$4 milhões para um escritório de advocacia ligado ao ministro Moraes, entre 2010 e 2014.
Este caso foi arquivado, mas a investigação sobre as ameaças a Moraes e a delegados identificou que um dos sócios da construtora teve seus dados devassados ao menos duas vezes em 2024, pouco antes de e-mails anônimos citando a Operação Acrônimo serem enviados para Ribeiro.
A mensagens encaminhadas à delegada foram assinados por um remetente que se identificou como “Tacitus”, que usou um endereço de e-mail da plataforma Proton Mail, um serviço de e-mails criptografados sediado na Suíça para garantir o sigilo das mensagens de ponta a ponta.
Em um desses e-mails, Tacitus citou inclusive uma campanha do blogueiro bolsonarista e foragido Allan dos Santos, que anunciava o pagamento de US$5 milhões para quem obtivesse provas de envolvimento do ministro Moraes na Operação Acrônimo.
Já em outra mensagem o remente adicionou um gráfico com fotos. Com isso, os investigadores chegaram a conclusão que os dados foram possivelmente acessados pelo sistema do Ministério da Justiça, o Infoseg, uma rede nacional de informações de órgãos de Segurança Pública, Justiça e de Fiscalização do país, no qual apenas agentes públicos da área têm acesso.
Uma auditoria foi realizada no Infoseg e o Ministério informou que tem colaborado, desde o início, com a investigação da PF e que o acesso por profissionais de segurança pública habilitados a entrar na ferramenta é autorizado pelas instituições às quais estão vinculados. “Diante disso, como não há indícios de uso indevido do sistema pelas equipes do Sinesp Infoseg, não cabe investigação interna. A competência da apuração, portanto, é da Polícia Federal.”
Ainda, de acordo com os autos, não há nenhum registro de que o remetente desses e-mails tenha sido identificado.
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Infelizmente, eu entendo, que está cada vez mais difícil impedir a sequência de ataques bem sucedidos, contra alguns sistemas alvos na proteção de dados. Parece que aumenta o leque de invasores preparados e capacitados para cumprirem bem as suas missões, que certamente são contratadas em caráter sigiloso.
O núcleo central, o código fonte, o segredo da combinação e a grande jogada que conduz ao cheque mate, para mim, chama-se: ser humano.
Sem ele, nada feito. Com ele, todo o possível se realiza.
Estão cercando o Moraes por todos os lados. Se ele é odiado e temido nesse nível, alguma coisa muito certa ele deve estar fazendo contra interesses altamente poderosos. O que chama a atenção é a absoluta falta de segurança no acesso de dados públicos e o perigo que isso representa para os usuários e o próprio estado.