De como o pulapulante Ricardinho Salles se tornou aspone do antipresidente, por Sebastião Nunes

Filhote da elite paulistana, Ricardinho nasceu numa família de advogados e, como é natural, formou-se em direito, bom filho da mãe. E do pai.

De como o pulapulante Ricardinho Salles se tornou aspone do antipresidente

por Sebastião Nunes

– Merda, perdi! – exclamou Ricardinho, em outubro de 2006, quando soube que tivera menos de 10 mil votos para deputado federal pelo PFL. – Vou mudar de partido.

            Enquanto isso, o desconhecido cavaleiro Messias mamava todo mês, sem catar uma pulga, alguns milhares de reais como deputado federal pelo Rio de Janeiro.

            Foi quando Ricardinho entrou para o DEM, não sem antes fundar, com quatro amigos direitistas, o MEB (Movimento Endireita Brasil). Endireita, naturalmente, no sentido de virar à direita, politicamente, e também, de “consertar” o país, ou seja, entortar o que já era torto. Mas é desse modo que a extrema direita pensa que pensa.

            – Caralho, perdi! – vociferou Ricardinho, em outubro de 2010, quando verificou que alcançara menos votos que o necessário como candidato a deputado estadual pelo DEM. – Vou mudar de partido.

            Enquanto isso, no Rio-das-Milícias, o cavaleiro Messias continuava mamando, sem mover uma palha, seus proventos de deputado.

Como não tinha lhufas para fazer, Ricardinho aproveitou os ganchos da família para
se alardear como representante de uma nova direita, contra o aborto, as drogas e a favor da pena de morte.

            – Puta que pariu! – explodiu Ricardinho, em outubro de 2018, quando constatou que seus votos não lhe garantiam uma cadeira de deputado federal.

            Enquanto isso, e apenas exibindo ignorância, estupidez, arrogância e desprezo pela ética, o cavaleiro Messias se elegia antipresidente, como seria previsível num país gigantesco e caótico, sem visão do passado ou do futuro e, acima de tudo, ignorante.

 

DE DEGRAU EM DEGRAU

            Filhote da elite paulistana, Ricardinho nasceu numa família de advogados e, como é natural, formou-se em direito, bom filho da mãe. E do pai.

            – Andas fazendo o quê, meu filho? – perguntou-lhe o então governador Geraldo Chuchu numa festa do PSDB na qual Ricardinho penetrara representando o MEB.

            – Defendendo a direita, defendendo a ditadura, defendendo o agronegócio – respondeu o desenvolto ex-quase deputado.

            – Já que só tá fazendo merda, que tal se tornar meu secretário particular?

            Chuchu devia estar chumbado àquela altura, mas, no dia seguinte, não teve como voltar atrás e manteve o convite.

            Foi assim que Ricardinho passou a gerenciar a agenda do governador Chuchu, que tinha milhares de festas a comparecer, centenas de formaturas a paraninfar, além de coisas menores a
administrar, como farta distribuição de cargos a correligionários.

            O PSDB paulistano chiou.

            “Não é possível!”, gritavam os ratos-que-chiam, um partido “histórico” como o PSDB não pode abrigar um defensor do regime militar, um inimigo do estado, um cara que se autodefine como “o único direitista assumido do Brasil”.  

Não adiantou. Em 2016, Chuchu nomeou Ricardinho secretário do meio ambiente, algo
como meter uma cobra cascavel-de-sete-ventas debaixo do travesseiro da população paulistana e dos ambientalistas idem.

Em 9 de dezembro de 2018, a cascavel mudou de ninho, tornando-se ministro do meio
ambiente no antigoverno do antipresidente Messias. Sinal de que a destruição do país estava a ponto de começar.

Absolutamente ignorante sobre temas ambientais, Ricardinho, porta-voz do agronegócio, está disposto a fazer o que prometeu antes e depois da posse, de modo a liquidar a floresta amazônica e, com isso, acelerar ao máximo as mudanças climáticas.

Se com isso a Terra se foder, o problema não é dele.

 

UM PAÍS DE MERDA

            De modo que não resta a menor dúvida, somos um país de merda: a terra prometida dos agrotóxicos; o paraíso terreal das vacas; o olimpo dos devastadores de florestas; o céu dos plantadores de soja; o inferno dos negros e o purgatório dos brancos pobres.

Sebastiao Nunes

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