Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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Sol e Chuva, casamento da raposa

Resgate de Luciano Hortencio
 
Ilustração: Santiago Régis.

O CASAMENTO DA RAPOSA

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Recontando Contos Populares

A comadre raposa cansada de viver sozinha assuntou de casar e não foi coisa de muito tempo. Logo toda a bicharada da região já sabia que a comadre raposa tinha trato de casamento com o compadre lobo. Vejam só, dois inimigos – diziam os mais fofoqueiros – o casamento não vai aturar muito tempo!

Os bichos, de todos os tipos, começaram, então, a levar presentes à comadre raposa, com a devida licença da onça.

Mas não é que vendo todo esse agrado à comadre, a onça que devia umas obrigações à raposa, sempre prestativa, a fazer o que ela mandava, imaginou em lhe dar um presente. Mas tinha de ser muito melhor que os dos outros: dar-lhe-ia um dia de sol ou de chuva, ao gosto da comadre.

Resolveu, então, perguntar a raposa o que ela queria. E vai daí que mandou chamá-la:

— Diga-me cá, comadre raposa, o que quer você que eu lhe dê no dia de seu casamento… Como você sabe, sou a rainha de toda essa bicharada e tenho governo sobre todas as coisas. Sou capaz de fazer parar o Sol e de fazer chover, quando quiser. Você quer um dia de sol ou um dia de chuva?

E a raposa toda derretida lhe diz cerimoniosa:

— É bem verdade, majestade, bem verdade. Quem pode, pode mesmo.

— Então imagine o que quer. Mas tome inteligência, se houver sol no dia do casamento, a festa será muito concorrida e alegre. Mas se chover… não será tão animada; é como dizem por aí – casamento em dia de chuva traz felicidade…

A comadre raposa, velhaca como ela só, rainha da astúcia, fechou a cara muito séria, a modo de quem está resolvendo algo muito importante, e assim ficou um pedaço.

A onça não querendo saber de mais histórias, soltou um berro:

— Não ata nem desata?

A raposa tremeu de medo e respondeu matreira:

— É que eu estou pensando que a comadre sendo nossa rainha e muito hábil no que faz, pode muito bem me dar um dia de sol ou de chuva, mas não tem poder… para dar as duas coisas ao mesmo tempo.

Pensava a comadre ter pegado a onça numa encruzilhada, mas ela, toda vaidosa, respondeu com ar de pouco causo:

— Tola, como ousa duvidar da rainha da bicharada? Pensei que a comadre fosse mais sagaz. Farei o que deseja. Na hora de seu casamento haverá sol e chuva ao mesmo tempo, para o espanto de todo mundo.

“Danou-se”, pensou a raposa.

E no dia do casamento a comadre onça cumpriu a promessa. Palavra de rainha não volta atrás.

Pois é, daí por diante, toda a vez que uma raposa se casa, é sol e chuva. E toda a gente já sabe do acontecido.

 É o casamento da raposa. 

http://www.recantodasletras.com.br/contos/749804

 

Luciano Hortencio

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39 Comentários

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    1. Amiga Regina Brasil!

      Felicíssimo porque gostaste! É a delícia de poder sentir as coisas mais simples!

      Abraço e beijo do luciano

       

       

       

       

        1. Esopo e suas fábulas

          A preocupação com a ciência, moral, histórica e filosófica começa a fluir no mundo grego em pequenos textos em prosa, criados pelos chamados Sete sábios da Grécia ( ales de mileto, Bias de Priene, Perlando de Corinto, Sólão de Atenas …) e através das Fábulas de Esopo, até chegarmos a Heródoto (sec. V a. C) , que escreveu o primeiro livro em prosa do mundo antigo.

          Esopo teria sido o grande criador de fábulas ou apólogos, pequenas histórias em que deuses, homens, animais, vegetais e objetos em geral conversam e discutem principalmente sobre problemas de moral prática.

          Muito se discute sobre a existência ou não de Esopo, contudo. 

          Na Grécia, os primeiros exemplos de fábula datam do sec. VIII a.C. Isso mostra que Esopo não foi o inventor do gênero, mas sim o mais conhecido fabulista da Antiguidade.

          A fábula é um gênero popular; já que retrata ideias morais do homem comum, sua linguagem é coloquial. Não se tem em Esopo a preocupação, como em Homero, ( poeta da corte) de criar um texto altamente burilado e a mesmo artificial – o que é próprio da epopeia.

          Esopo dirige-se ao povo, com linguagem bastante simples, com um vocabulário, bem à moda dos primeiros textos em prosa, bastante repetitivo. A concisão de suas fábulas por vezes até dificulta a tradução É a essência do fato que lhe interessa.

           

          FÁBULA 124

          Zeus, Prometeu, Atena e Momo

           

          Tendo Zeus feito um touro; Prometeu, um homem; e Atena, uma casa, tomaram Momo como juiz. Como este invejasse os trabalhos, começou dizendo que Zeus havia errado não pondo os olhos do touro sobre os chifres, para que visse onde atacava; Prometeu, por não ter colocado o coração dos homens do lado de fora, para que os maus não passassem desapercebidos e cada um deixasse claro o que tinha em seu espírito e, em terceiro lugar, disse que Atena devia ter feito a casa com rodas, a fim de que, se um malvado viesse a ser seu vizinho, facilmente ela pudesse mudar de lugar.

          Zeus, indignado por sua inveja, expulsou-o do Olimpo.

           

          NOTAS:

           1. MOMO:, filho do Sono e da Noite, era temido por deuses e homens por sua zombaria e seu sarcasmo. Mantinha sempre no rosto um sorriso e a todos dirigia ditos ferinos. Segundo à lenda, teria sido expulso do Olimpo pelos deuses, passando desde então a viver entre os homens.

          ZEUS, PROMETEU e ATENA: popularmente conhecidos por todos 

           

          Esopo , Fábulas Completas, Neide Smolka, Moderna (p. 74)

           

           

          ATENA

           

           

           

           

           

           

          PROMETEU

           

           

           

           

           

          ZEUS 

           

          1. A fábula do beija- flor

            Era uma vez um Beija-Flor que fugia de um incêndio juntamente com todos os animais da floresta. Só que o Beija-Flor fazia uma coisa diferente: apanhava gotas de água de um lago e atirava-as para o fogo. A águia, intrigada, perguntou:

            – “Ô bichinho, achas que vais apagar o incêndio sozinho com estas gotas?” – “Sozinho, sei que não vou”, respondeu o Beija-Flor, “mas estou a fazer a minha parte”.

            Envergonhada, a águia chamou os outros pássaros e, juntos, todos entraram na luta contra o incêndio.Vendo isto, os elefantes venceram seu medo e, enchendo suas trombas com água, também corriam para ajudar. Os macacos pegaram cascas de nozes para carregar água. No fim, todos os animais, cada um de seu jeito, acharam maneiras de colaborar na luta.Pouco a pouco, o fogo começou a se debilitar quando, de repente, o Ser Celestial da Floresta, admirando a bravura destes bichinhos e comovido, enviou uma chuva que apagou de vez o incêndio e refrescou todos os animais, já tão cansados – mas felizes…[video:https://www.youtube.com/watch?v=TkBvXZ4ZWLc%5D

          2. Luciano, quisera eu ser um passarinho pra voar de fio em fio,

            de árvore em árvore e ir parar láaaaaaaaaaaaaaaaaaa longe.

            Deve ser uma delícia ir beijando as flores, como vi ainda agora um lindinho aqui na frente de casa.

            Beijos de passarinho pra você.

          3. Lembrei que a primeira vez que tive em minha mão um livrinho de

            fábulas foi em 1966, quando fui passar férias de fim de ano, e conheci BH.

            Devorei todas, creio que eram as de La Fontaine; algumas já conhecia da escola, lidas em livros de lições etc. ou no Tesouro da Juventude.

            Mas curioso foi que nessas férias fazia bastante sucesso um LP do Roberto Carlos e foi, recordei hoje, nessas férias que dei meu primeiro beijo na boca: no cinema, de tarde. O beijador era um roqueiro- mais ou menos roqueiro- tocava numa banda cover dos Beatles e quetais- chamava-se Rogério “o Roy”. Escreveu no meu caderninho de recordação- havia isso na antiguidade das mocinhas- o famoso pensamento do Pequeno Príncipe- em francês- Uau !

            Música tema:

             

            [video:https://www.youtube.com/watch?v=Mw_0E6u-qx0%5D

  1. Sol e chuva, casamento da raposa

    Que coisa boa, Luciano Hortencio… Que coisa boa. 😉

    Eu já visitei a lápide de Wilhelm Grymm em –  Kirchhoff (Alter St. Matthäus, Berlim) . 

    Para quem não sabe, são também  os criadores de ” A Bela adormecida”, “Chapeuzinho vermelho”, Branca-de-Neve”, “Rapunzel”, “João e Maria”, “O pequeno polegar”, que certamente povoaram a infância de quase todos nós. 

    Um abraço e… minha gratidão, por me fazer voltar a um tempo tão gostoso!

  2. no vivo do inviável no crisol do incrível

    o mestre que me ensinou já não dá ensinamento de miramundo na miragem do segundo

    circuladô de fulô ao deus ao demodará que deus te guie porque eu não posso guiá eviva quem já me deu circuladô de fulô e ainda quem falta me dá soando como um shamisen e feito apenas com um arame tenso um cabo e uma lata velha num fim de festafeira no pino do sol a pino mas para outros não existia aquela música não podia porque não podia popular se não afina não tintina não tarantina e no entanto puxada na tripa da miséria na tripa tensa da mais megera miséria física e doendo como um prego na palma da mão um ferrugem prego cego na palma espalma da mão coração exposto como um nervo tenso retenso um renegro prego cego durando na palma polpa da mão ao sol enquanto vendem por magros cruzeiros aquelas cuias onde a boa forma é magreza fina da matéria mofina forma de fome o barro malcozido no choco do desgosto até que os outros vomitem os seus pratos plásticos de bordados rebordos estilo império para a megera miséria pois isto é popular para os patronos do povo mas o povo cria mas o povo engenha mas o povo cavila o povo é o inventalínguas na malícia da maestria no matreiro da maravilha no visgo do improviso tenteando a travessia azeitava o eixo do sol pois não tinha serventia metáfora pira ou quase o povo é o melhor artífice no seu martelo galopado no crivo do impossível no vivo do inviável no crisol do incrível do seu galope martelado e azeite e eixo do sol mas aquele fio aquele fio aquele gumefio azucrinado dentedoente como um fio demente plangendo seu viúvo desacorde num ruivo brasa de uivo esfaima circulado de fulo circulado de fulôôô porque eu não posso guiá veja este livro material de consumo este aodeus aedomodarálivro que eu arrumo e desarrumo que eu uno e desuno vagagem  de vagamundo na virada do mundo que deus que demo te guie então porque eu não posso não ouso não pouso não troço não toco não troco senão nos meus miúdos nos meus réis nos meus anéis nos meus dez nos meus menos nos meus nadas nas minhas penas nas antenas nas galenas nessas ninhas mais pequenas chamadas de ninharias com veremos verbenas acúcares açucenas ou circunstâncias somenas tudo isso eu sei não conta tudo isso desaponta não sei mas ouça como canta louve como conta prove como dança e não peça que eu te guie não peça despeça que eu te guie desguie que eu te peça promessa que eu te fie me deixe me esqueça me largue me desarmargue que no fim eu acerto que no fim eu reverto que no fim eu conserto e para o fim me reservo e se verá que estou certo e se verá que tem jeito e se verá que está feito que pelo torto fiz direito que quem faz cento se não guio não lamento pois o mestre que me ensinou já não dá ensinamento de miramundo na miragem do segundo que pelo avesso fui destro sendo avesso pelo sestro não guio porque não guio porque não posso guiá e não me peça memente mas more no meu momento desmande meu mandamento e não fie desafie e não confie desfie que pelo sim pelo não para mim prefiro o não no senão do sim ponha o não no im de mim ponha o não o não será tua demão

    Ilustração de SALVADOR DALI | Texto de HAROLDO DE CAMPOS
     

  3. “Isto mesmo é que sapo quer”

    “Eu estou triste como sapo na lagoa…” Não, a cantiga é outra, com toada rida: “Eu estou triste, como o sapo na água suja…” E, no entanto, assim como não se lembrava do lugar das trepadeiras, não está pensando no sapo. No sapo e no cágado da estória do sapo e do cágado, que se esconderam, juntos, dentro da viola do urubu, para poderem ir à festa no céu.

    A festa foi boa, mas, os dois não tendo tido tempo de entrar na viola, para o regresso, sobraram no céu e foram descobertos. E então São Pedro comunicou-lhes: “Vou varrer vocês dois lá para baixo.” Jogou primeiro o cágado. E o concho cágado, descendo sem pára-quedas e vendo que ia bater mesmo em cima de uma pedra, se guardou em si e gritou: “Arreda laje, que eu te parto!” Mas a pedra, que era posta e própria, não se arredou, e o cá gado espatifou-se em muitos pedaços. Remendaram-no, com esmero, e daí é que ele hoje tem a carapaça toda soldada de placas. Mas, nessa folga, o sapo estava se rindo. E, quando São Pedro perguntou por que, respondeu: “Estou rindo, porque se o meu compadre cascudo soubesse voar, como eu sei, não estava passando por tanto aperto. . .” E então, mais zangado, São Pedro pensou um pouco, e disse: — “E assim? Pois nós vamos juntos lá embaixo, que eu quero pinchar você, ou na água ou no fogo!” E aí o sapo choramingou: “Na água não, Patrão, que eu me esqueci de aprender a nadar. . .” — “Pois então é para a água mesmo que você vai!.. .” — Mas, quando o sapo caiu no poço, esticou para os lados as quatro mãozinhas, deu uma cambalhota, foi ver se o poço tinha fundo, mandou muitas bolhas cá para cima, e, quando teve tempo, veio subindo de-fasto, se desvirou e apareceu, piscando olho, para gritar: “Isto mesmo é que sapo quer!…”

    [video:https://youtu.be/UFhBRT67P8g width:600]

    — Olha para mim, Francolim: “joá com flor formosa não garante terra boa!”… Arrancha aqui, perto das minhas vistas

    Sagarana , Guimarães Rosa

          1. Mandou bem Hitchcok Alencarino

            Neste clipe superastes o Mestre do Suspense e machucastes os corações melados – na SSMB tem muitos – marretando uma cançoneta bacana.

            Por favor, faça mais clipes assim, capturando, também, o solão inclemente causticando essa gente bronzeada, ou melhor; tostada, aí da sua redondeza.

            Se encontrares a Iracema praticando topless, tá de boa – é bão tamen – filma ela, uai!

            Sem falso moralismo e sem tarja preta.

            Por favor…

    1. Decime qué se siente

       

      Karsten Moran |   in “Rain Room” no Museum of Modern Art | The New York Times

      “A chuva em Belém tem esse estranho poder de tornar os amores mais intensos e mais duradouros.”

       

      Belém por Ney Marcondes

      “Belém é capaz de seduzir deuses nestes dias de chuva. Você acorda e vê pela janela aquelas gotas de vida banhando a cidade.”

      Citações do Professor Cavalcante no seu blog “Diário de um educador”

      https://professorcavalcante.wordpress.com/2010/12/14/sabado-deus-descansou-deus-repousou-em-belem-do-para/

  4. Taí, esse ditado eu nao conhecia

    Conhecia sol com chuva casamento de viúva, e chuva com sol casamento de espanhol, mas sol com chuva casamento de raposa é novidade para mim. E a história é ótima.

  5. valentão

                        um mineiro zoando um cearense

                        ele pensa que é o cara mais fodão

                        um cearense zoando um mineiro

                        sem medir nada, sem competição

                        a ssmb pensa que é briga de faca

                        o comandante não é de nada não

                      

                       Um demente, que já tá identificado,

                       visitou posts antigos do hortencio

                       e a bizarria atribuiu, insanamente,

                       avaliação negativa a vários deles

                       A PERGUNTA QUE NÃO CALA:

                       porque o LNO permite isso?

                       Meu recado ao doente mental:

                       divirta-se atribuindo conceito

                       negativo aos meus comentários,

                       porque eu não tô nem aí e

                       nem me bate a passarinha,

                       diante da explícita síndrome

                       de corno manso enfurecido

                       que ainda vai matar esta

                       vilania, que não sabe

                        disfarçar o estilo de rabiscar

                        as próprias idéias desconexas

                        e sujas de titica de urubu.

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