Sugestões de leitura: nove pesos-pesados para quem tem fôlego

Por Waldy Kopezky
 
Seguem minhas nove sugestões para livros (com resenhas)
 
Históricos:
 
1. “Enterrem meu coração na curva do rio”, de Dee Brown – É a descrição feita por um índio norte-americano do processo de “conquista” (leia-se extermínio) e “supressão” (leia-se erradicação) dos povos indígenas feita pelos Estados Unidos. Processo de uma brutalidade e velocidade absurda, pois durou pouco menos de 40 anos (entre 1855 e 1890) e reduziu neste curtíssimo espaço de tempo uma população indígena de 25 milhões para os meros dois milhões da virada do século XX. Pior: sob o pretexto de ocupar território e eliminar a “fronteira oeste”, os EUA implementaram políticas de Estado que extinguiram tribos inteiras, suas línguas e a cultura das pradarias”.  Lembrem-se que sioux, cheyennes, apaches, pawnees e etc. eram monoteístas (criam num Grande Espírito que, em todo ser, derramava manitu – ou vida) e eram, em sua grande maioria, monógamos – ou seja: mesmo que bem diferentes da cultura branca/européia/cristã, ainda assim eram mais “compatíveis” do que muitos povos asiáticos (chineses, mongóis e indianos) assimilados por belgas, franceses e britânicos. A única diferença – como aponta o livro – é que os estadunidenses foram muito mais bárbaros e brutais nesse processo.
 
2. “Declínio e Queda do Império Romano”, de Edward Gibbon – Se você acha que sabe muito sobre Roma e suas “transfomações ocorridas em mais de mil anos de história, leia esta obra. É um exercício de humildade, pois nos mostra o quão pouco sabemos sobre a civilização que foi um dos alicerces da nossa sociedade moderna (estado, leis e pensamento), da nossa atual fé monoteísta (islamo-judaico-cristã) e mesmo da nossa própria noção de  humanidade e cidadania. Vale a pena.
 
3. “Alexandre e César”, de Plutarco – e “As vidas dos Doze Césares”, de Suetônio – Se o livro acima (pela grossura) parecer um desafio “impossível”, ao menos leia estas duas obras menores – mas que mantém a densidade de conhecimento (e a capacidade de surpreender o leitor) da obra de Gibbon.

 
Ficcionais:
 
4. “Volta a Matusalém”, de Bernard Shaw – Uma peça (como poucas já concebidas) que trata do homem e da sua relação com a Divindade na busca eterna da imortalidade, desde Adão no Paraíso até o ano 31.000 D.C.
 
5. “Ficções” e “O Aleph”, de Jorge Luís Borges – Essenciais, essas duas obras mostram o quanto o escritor argentino está (em minha opinião) à frente de qualquer outro escritor mundial em riqueza, abrangência, diversidade, e imaginação em contos e crônicas. Ideal para leitores-relâmpago (eventuais); destaco os contos “A Casa de Asterion”, “Três Versões de Judas” (a conclusão desse conto é monstruosa!), “A Escrita do Deus” e “O Homem no Umbral”.
 
Religiosos:
 
6. “O Testamento de São João”, de J.J. Benítez – Não se engane: o autor espanhol que assina o livro declara ainda em seu prefácio que não o redigiu, apenas assinou sua publicação. Este seria mais um daqueles textos bíblicos apócrifos (proscritos pela Igreja) e pouco conhecidos dos fiéis. Mas bem surpreendente.
 
7. “O Livro de Urantia”, autor desconhecido – Minha sugestão pessoal para quem se vê como um “buscador da verdade”. Me abriu os olhos, embora desde já advirta que não é uma leitura fácil (tampouco adequada) para férias. São 2.100 páginas de texto vasto e complexo (com fonte/tipo minúsculo em papel-bíblia) sobre Deus, o universo, as origens e razões da Criação e do homem. É impresso por uma organização chamada “Fundação Urantia” que custodia a obra e não divulga sua autoria (mas ela fica óbvia durante a leitura – para mais informações, digite no Google “A História dos Documentos de Urântia”).
 
8. O Corão (Al Quran) – O quão próxima está a fé islãmica da fé cristã, você só sabe lendo a obra de Muhammad ibn Abdullah al-Qasim ibn Mutlib ibn Hashem (Maomé, pros íntimos). Pra se ter uma idéia dessa proximidade, duas coisas: a obra foi ditada ao Profeta pelos anjos Gabriel e Rafael (Djibril e Rafail, em árabe) e as duas palavras que mais se lêem no texto são “judeus” e “cristãos”. 
 
Filosóficos:
 
9. “Os Analectos”, de Kung Futzu (Confúcio) – Acha que acabou? Então “guenta” essa obra que tem uma introdução preparatória (para o razoável entendimento da sua tradução eseus conceitos milenares) de nada menos do que 65 PÁGINAS! Isso antes da íntegra da obra em si! Aí, então, venham me falar de “entender” a China! Qué isso…
 
Ufa, cabou! Descansem, se puderem. Abs.
Redação

6 Comentários

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  1. Dos indicados lí apenas um.

    E recomendo aqueles que desejam saber sobre si mesmo, sobre a história da terra e do universo.

    O livro de Urântia é leitura fundamental.

  2.  
    Li há vários anos “O

     

    Li há vários anos “O Declínio e Queda do Imperio Romano”, estou com a leitura parada de “Os 12 Césares” de Suetônio, aliás achava que não existia uma edição brasileira, depois de 10 anos desde que soube desta obra a encontrei sem querer num sebo na Av Brig. Luis Antônio, uma edição dos anos 60.

     

    Eu recomendo “Criação” de Gore Vidal (que morreu há pouco tempo), no Séc. V a.C. viveram homens de influenciaram o pensamento universal como Buda, Sócrates, Confúcio, Demócrito e outros. O autor imagina que se um homem que vivesse até a idade de setenta anos e estivesse nos lugasres certos e nas épocas certas daquele século conheceria tais pessoas. O personagem é Ciro Espítama, neto do profeta Zoroastro que apos a morte deste é enviado com sua mãe a corte do Grande Rei do Império Pérsia, ele é educado com os príncepes e se torna um alto funcionário do Estado, é enviado ao extremo oriente (Índia e China) para abrir rotas comerciais. Ciro termina seus dias como embaixador persa em Atenas que é quando ele narra sua história ao seu jovem sobrinho Demócrito.

  3.    Recomendo um passeio suave

       Recomendo um passeio suave pela nossa história: os livros 1808, 1822 e 1889 de Laurentino Gomes. Leitura fácil e sem tecnicismos (indicado para não-historiadores) é uma maravilha em detalhes do cotidiano da época da formação de nosso país.

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