Desmatamento ilegal na Amazônia atinge mais de 90%

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Mais de 90% do desmatamento registrado na Amazônia foi ilegal. Dados revelam o avanço descontrolado da destruição.

Queimadas na Amazônia – Foto: Arquivo/ José Cruz – Agência Brasil

Mais de 90% do desmatamento registrado na Amazônia foi ilegal. Juntamente com o Cerrado, outro importante bioma brasileiro, os crimes de desmatamento foram quase 70% de todas as queimadas entre agosto de 2022 e julho de 2023, segundo levantamento do Instituto Centro de Vida (ICV).

Os dados apontam que, de 1,1 milhão de hectares desmatados no período, 69% não possuíam autorização dos órgãos ambientais, revelando o avanço descontrolado da destruição.

Os dados, baseados no monitoramento do PRODES (Inpe) e no Cadastro Ambiental Rural (CAR), indicam que o problema está concentrado, sobretudo, em áreas privadas e terras sem destinação definida. No Cerrado, o percentual de desmatamento ilegal atingiu 75%, reforçando a necessidade de ações urgentes para conter a degradação dos biomas.

Na Amazônia, a situação é ainda mais grave: mais de 90% da área desmatada no período foi de forma irregular, evidenciando a fragilidade da fiscalização e o avanço das atividades ilegais.

Segundo o relatório da entidade, outro ponto preocupante do estudo é a lista dos 10 municípios que mais registraram desmatamento ilegal no Brasil – todos estão localizados na Amazônia Legal. Essas regiões, que deveriam ser estratégicas para a conservação ambiental, se tornaram focos da devastação, impulsionada principalmente pelo avanço do agronegócio e da grilagem de terras.

Reações do governo

Diante desse cenário, o governo federal tem buscado medidas para reverter a escalada do desmatamento, sobretudo em um momento em que o Brasil tenta recuperar sua imagem ambiental no cenário internacional.

Em gestos de medidas para endurecer o combate à destruição das florestas, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima afirma ter reforçado operações de fiscalização e embargado áreas desmatadas ilegalmente.

Apesar de negativos, os dados revelam uma melhora em comparação ao governo de Jair Bolsonaro. A taxa de desmatamento na Amazônia foi 30% menor do que o período anterior, de 2021 a 2022.

Acabar com a lógica de que o desmatamento ilegal compensa

Segundo o coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, Vinícius Silgueiro, não bastam ações de fiscalização e responsabilização. “São necessários esforços e mecanismos que inviabilizem economicamente as áreas desmatadas ilegalmente, para acabar com a lógica que aparentemente vigora, de que o desmatamento ilegal compensa.”

Para outro especialista do ICV, Marcondes Coelho, que coordena o programa de Transparência e Justiça Climática da entidade, os crimes ambientais têm relação direta com a transparência e a falta dela impulso as práticas.

“O desmatamento ilegal prospera na falta de transparência. Sem a garantia de acesso a todas as autorizações de desmate, a sociedade reduz sua capacidade de fiscalizar e cobrar medidas eficazes contra o desmatamento ilegal. Isso abre brechas para irregularidades e enfraquece a fiscalização ambiental”, afirmou.

Leia a íntegra do relatório do Instituto Centro de Vida (ICV) aqui.

Saiba mais:

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador