Ruralistas gaúchos prejudicados pelas enchentes querem plantar soja na Amazônia

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Devastados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, ruralistas gaúchos querem terras da Amazônia para plantar soja

Cultivo de soja, na Amazônia, é predatório e destrói floresta. Foto: Divulgação

Com suas terras devastadas pela catástrofe climática que provocaram as enchentes no Rio Grande do Sul entre abril e maio deste ano, ruralistas gaúchos adotaram outra estratégia: usar terras da Amazônia para plantar soja.

É o que denunciou reportagem de Rafael Martins, no jornal Sumaúma, nesta semana. Grandes produtores rurais de Altamira, no Pará, em plena Amazônia, receberam ruralistas gaúchos para explorarem as terras locais e plantarem soja.

A região já está comprometida por outro desastre climático: o mês de novembro foi um dos mais secos da história da região. Mas o desastre ambiental é favorável à plantação. E a preocupação econômica local não estava direcionada a isso, e sim a receber os gaúchos para explorar ao menos 40 mil hectares de terras.

A quantidade de terras amazônicas são o correspondente a mais de um terço de Belém, a capital do Pará.

Assim descreveu o repórter sobre o processo das áreas de proteção ambiental transformadas em propriedades rurais:

“Vem o fogo, que destrói as árvores tombadas e tudo o que estiver no caminho para preparar o terreno para a formação de pasto para bois e vacas. Colocam-se alguns animais para pastar, declara-se a ‘propriedade’ da área e se espera que algum programa de regularização fundiária do governo abençoe a grilagem (o roubo) da terra pública. Com a documentação em ordem, está pavimentado o caminho para a chegada de plantios como o da soja.”

Segundo a reportagem, ao sindicato de ruralistas, os gaúchos apresentaram os planos para a região, entre elas o uso de uma estrutura já feita em Vitória do Xingu, que tem capacidade para armazenar 26,4 mil toneladas de soja. Os donos das terras, em sigilo, arrendariam as propriedades aos gaúchos.

Em entrevista recente à emissora do SBT em Altamira, um ruralista da região, Marco Aurélio Sarturi, explicou o projeto: “você deve ter acompanhado o que aconteceu no Rio Grande do Sul”, iniciou. “O produtor está buscando migrar para regiões mais propícias como aqui, que consegue produzir duas culturas anuais sem risco de seca”, continuou.

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