A morte de Delfim Netto – 2, por Luís Nassif

Entregou grandes extensões de terras no centro-oeste a grandes empresários, como a Liquigás, a Volkswagen e Silvio Santos.

Salu Parente – Câmara dos Deputados

Vamos a mais lembranças do período do Delfim Netto.

Lá por volta de 1982 houve uma das reuniões periódicas do FMI. Na abertura, o empresário Mário Garnero tinha por hábito oferecer um almoço, em Nova York, ao qual compareciam banqueiros de todos os países junto com autoridades brasileiras.

Na época, eu era pauteiro e chefe de reportagem do Jornal da Tarde. Recebi uma visita do assessor de Garnero, Mauro, que me perguntou se queria alguma coisa de lá. Em geral, os jornalistas pediam convite para viagem. Fiz-lhe um pedido que ele achou curioso: fazer um teste com os banqueiros, sobre quem seria o melhor negociador da dívida externa brasileira.

Deu Fernão Bracher, diretor da área externa do Banco Central.

A pesquisa custou uma enorme inimizade de Delfim com Mário Garnero.

Enquanto czar, conseguiu apoios graças a um esquema gigantesco de distribuição de favores. Entregou grandes extensões de terras no centro-oeste a grandes empresários, como a Liquigás, a Volkswagen e Silvio Santos. Victor Civita foi presenteado com incentivos fiscais para montar a rede Quatro Rodas de Hotel.

Seu grande projeto de país era convencer bancos e grandes grupos industriais a se fundirem, como no Japão.

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2 Comentários

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  1. Tentando pegar no tranco. O empresariado brasileiro, especialmente o com poder de fogo, via de regra, sempre foi rentista. Só no bilhete premiado. Apostar que vá empreender de fato, de algum modo, ou é inocência ou forçação de barra; pra se pega no tranco. Que nunca pega.
    Os problemas fundiários brasileiros vêm desde o século XVI, com sesmarias de três léguas que facilmente viravam trezentas, como a de Bernardo Vieira Ravasco.

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