Dia da Lembrança do Holocausto no Senado é marcado por críticas a Monark e Kim Kataguiri

Representante da Unesco recordou que o influencer não só defendeu a criação de um partido nazista como também justificou a ideia de ser antijudeu

Cerimônia no Senado em homenagem ao Dia da Lembrança do Holocausto (foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado)

Através de uma sessão solene virtual, o Senado realizou nesta quinta-feira (10/2) uma homenagem ao Dia da Lembrança do Holocausto (Yom HaShoá), ocasião na qual se recordam as vítimas do genocídio cometido pelos nazistas contra os judeus, durante a Segunda Guerra Mundial.

Embora a data seja comemorada oficialmente no dia 27 abril – ao menos este ano, correspondendo ao dia estipulado no calendário hebraico – se escolheu este dia para a homenagem no Senado, por ser mais próximo ao aniversário de 77 anos do dia 27 de janeiro de 1945, quando as tropas soviéticas libertaram os presos do campo de concentração de extermínio de Auschwitz, no sul da Polônia.

A cerimônia aconteceu três dias depois do episódio do Flow Podcast em que o agora ex-apresentador Monark (psesudônimo de Bruno Aiub) defendeu a criação de um partido nazista no Brasil, e foi defendido pelo deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), que, por sua vez, disse ser contrário à criminalização do nazismo na Alemanha. O caso, evidentemente, foi um dos mais comentados durante o evento.

O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, afirmou que as opiniões de Monark e de Kataguiri o levam a não ter certeza se a sociedade entende o perigo da conexão entre ideias e ações que culminaram no Holocausto.

“O exemplo que tivemos esta semana no Flow Podcast pode parecer bobagem, mas atesta que a mensagem não foi bastante assimilada pelas pessoas e pela sociedade. Nossa guerra é levantar nossa voz contra a legitimação desse tipo de ideia”, comentou o diplomata, que é filho de sobreviventes do Holocausto.

Por sua parte, a representante da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), Marlova Jovchelovitch Noleto, enfatizou que os absurdos daquela edição do Flow Podcast incluem “não apenas a ideia de um partido nazista mas também a possibilidade de se ser antijudeu. De que maneira esses influenciadores (Monark e Kataguiri) se sentem à vontade e com liberdade para propor isso? Como é possível ser antijudeu? Como é possível ser antinegro, anti-índio, anti seja lá o que for, se nós temos como premissa da vida em sociedade o exercício da humanidade e do respeito aos direitos humanos?”.

Segundo a Agência Brasil, em texto da jornalista Karine Melo, a intervenção mais destacada entre os senadores foi a de Leila Barros (Cidadania-DF), que enfatizou a participação de um parlamentar da República, o deputado federal Kim Kataguiri, no famigerado episódio.

“Eu fui uma das que utilizaram as redes sociais para repudiar e recriminar as declarações de um youtuber que defendeu a existência de um partido nazista no Brasil e de um deputado federal que sugeriu a não criminalização de grupos que comungam dessa ideologia”, recordou a senadora.

As declarações levaram a Procuradoria Geral da República a abrir uma investigação contra o youtuber Bruno Aiub (Monark) e o deputado federal Kim Kataguiri por possível crime de apologia ao nazismo. No caso do parlamentar, também haverá uma análise do seu caso por parte do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Redação

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