Lula foi contra novas eleições quando FHC amargava crise econômica

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Jornal GGN – Em janeiro de 1999, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) enfrentava os ataques da oposição em função da crise econômica que assolava o País à época, Lula, então presidente de honra do PT, contrariou o próprio partido e pregou respeito ao resultado das urnas.

“Lula voltou a sugerir a realização de um grande debate nacional com o objetivo de discutir soluções para a crise. Mas disse que a oposição só aceita conversar com FHC se o governo admitir que pode mudar o rumo de sua política econômica”, publicou a Folha de S. Paulo.

Segundo o jornal, o PT, na figura de Tarso Genro, cobrava a renúncia de FHC e a convocação de novas eleições como saída para a crise. Lula disse ao jornal que era contrário à medida, pois FHC tinha “20 e poucos dias de mandato” e não era correto achar que toda vez que um governante começa com o pé esquerdo ou tem graves dificuldades de gestão, a solução é a troca imediata. “Se eu achar que, porque as coisas vão ruins, o presidente tem de renunciar, daqui a pouco vai ter gente defendendo a renúncia dos governadores do PT”, comentou.

Também atravessando crise econômica – e política – após a reeleição, a presidente Dilma tem sido alvo de ataques do PSDB de Aécio Neves, que tem ajudado a convocar protestos anti-PT, como o do próximo domingo (16), para pedir a renúncia da petista e a realização de um novo pleito. A iniciativa do grupo de Aécio não é unanimidade dentro do PSDB. A ala que apoia a candidatura de Geraldo Alckmin, por exemplo, prefere aguardar que a tempestade passe naturalmente e pavimentar uma candidatura pela via democrática até 2018.

O GGN reproduz a matéria sobre a postura de Lula em 1999 na íntegra, abaixo. 

Antecipação de eleição não resolve, diz Lula

Da Folha

O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou de “prematura” e “precipitada” a proposta do ex-prefeito de Porto Alegre Tarso Genro (PT) de convocar novas eleições presidenciais em outubro. Genro defendeu também a renúncia do presidente Fernando Henrique Cardoso.

“Eu não acho que o problema do Brasil será resolvido com a antecipação do processo eleitoral. O problema poderia ter sido resolvido em 4 de outubro. Não foi. A população fez uma opção, certa ou errada, foi uma opção da maioria do povo”, declarou Lula.

“Fernando Henrique tem 20 e poucos dias de mandato. Ele tem tudo para fazer, mas até agora não fez nada. Se eu achar que, porque as coisas estão ruins, o presidente tem de renunciar, daqui a pouco vai ter gente defendendo a renúncia dos governadores do PT. Aí, vai virar moda no Brasil”, arrematou.

Embora tenha criticado muito a postura de FHC diante da crise, o petista afirmou que agora o papel do PT é mobilizar a sociedade para tentar mudar a política econômica do governo.

Lula voltou a sugerir a realização de um grande debate nacional com o objetivo de discutir soluções para a crise. Mas disse que a oposição só aceita conversar com FHC se o governo admitir que pode mudar o rumo de sua política econômica.

O petista anunciou que o PT vai promover, independentemente do governo, reuniões entre líderes da oposição, empresários e sindicalistas. Ele próprio vai, nos próximos dias, agendar encontros com o empresariado.

“Não acredito nessa história de pacto nacional. Para conversar com a oposição, o presidente precisa abrir mão de algumas de suas certezas. Pacto em torno do que o governo defende não é pacto.”

Lula defendeu, indiretamente, a saída do ministro da Fazenda, Pedro Malan. “Eu não escolhi o Malan, não posso tirá-lo. Mas até em jogo de futebol quando o jogador vai mal, o técnico faz a substituição”, disse.

“Não é possível que FHC não perceba que economistas de outros matizes discordam da equipe econômica. Aliás, o próprio José Serra (ministro da Saúde) não concorda com grande parte dessa política. Será que essa equipe econômica está tão certa? Ou será que o governo deixou se envenenar pelo beijo do FMI (Fundo Monetário Internacional) e não consegue escapar de suas orientações?”

Para Lula, em pouco tempo, caso seja mantido o ritmo de saída de dólares do país, o Brasil vai estar em situação de “moratória técnica”. Ele acha que uma inflação de 4% ao ano não faria tão mal ao país. “A gente não deve ficar assustado se o Brasil tiver uma inflação de 4% ao ano. Não é burrice ter 4% de inflação com o PIB crescendo 3%. É burrice ter inflação zero com o PIB decrescendo.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

29 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    1. Tem comparação sim.


      Devemos comparar para mostrar o tanto de diferença. Um é água, o outro é esgoto. Não gosto dessa história de comparar água com vinho.

    1. Pensei o mesmo
      Unica coisa que lhe perdoa eh que ele nao eh o Lula!
      Qua! Qua! Qua!
      Como malandro eh malandro!
      Ao Lula a historia e o povo vai contar, boca a boca, passando de maos as maos e este lugar soh os “Grandes Homem” dos homens e da humanidade guarda. Pode ser aqui no Brasil ou em qualquer parte do mundo. Um cidadao do mundo.
      Dia 14 ele estarah na rua tambem fazendo seu papel nesta grande tribo.

  1. Bela e oportuna

    Bela e oportuna escavada!

    Além da querstão mais premente da política da inviolabilidade do mandato em regime presidencialista, uma discussão que tem de ser feita em sociedade é sobre essa preferência entre inflação e crescimento. Os economistas ortodoxos têm efetivamente essa preferência pela inflação tendendo a zero, mesmo com o custo social que lhe está associado em países como o Brasil. Mas nunca perguntam aos demais cidadãos o que esses acham. Até porque, como notou outro dia o presidente do IBRE, não são eles que ficam desmepregados ou sem assistência médica. 

  2. É ótimo relembrar essa

    É ótimo relembrar essa declaração de Lula. Isso mostra a grandeza dele como líder, goste-se dele ou não. E posso falar com conhecimento de causa. Como cidadão brasileiro, atento ao que faziam os eleitos pela população, ràpidamente tive certeza do estelionato eleitoral cometido por FHC e pelos que o apoiavam. Mais: eu defendia o afastamento de FHC desde 1997, com motivos sólidos para isso, pois, como reportado e documentado, houve compra de votos no Congresso Nacional, para aprovação da emenda que permitiu FH se candidatar à reeleição. Os que hoje pedem o impedimento da presidente Dilma deveriam saber disso; se sabem, são golpistas desonestos. Pois bem: Lula teve a grandeza de não colocar lenha na fogueira; afinal FHC tinha sido reeleito pelo voto popular. Estelionato eleitoral cometeram FHC, Geraldo Ackmin e Dilma. Mas esse estelionato não pode embasar um pedido de impedimento do mandato do eleito. Mas a comprovada compra de votos para a emenda da reeleição é  motivo mais do que suficiente para se pedir a renúncia ou o impedimento de um presidente que se valeu de tal esquema criminoso, para se recanditar e continuar na presidência da república.

    E há pessoas pretensamente bem informadas que afirmam que todos os políticos e homens públicos são iguais. 

  3. Torneiro Mecânico x Doutor

    O Torneiro Mecânico, quando precisou se posicionar em crises politicas, foi (como sempre) muito mais sensato, muito mais ético, muito mais equilibrado que o Doutor. O Doutor sabe disso, sabe exatamente das suas limitações como elaborador de politicas públicas adequadas e erros históricos na condução do pais, dai seu ódio, sua enorme inveja ao Torneiro. 

    1. Lula é um trouxa.Quando tinha

      Lula é um trouxa.Quando tinha 90% de aprovação poderia ter mudado o país de verdade e liquidado o pig e os golpistas mas preferiu a politica paz e amor.Republicanismo de araque.Enquanto ele apreveita sua rica aposentadoria os trabalharadores se f…por conta da covardia e traição do pt

      1. Não fale besteiras, por

        Não fale besteiras, por melhor que o Lula estivesse, ele nunca poderia fazer nada sozinho, para mudar as coisas o governo depende de um Congresso geralmente hostil.

  4. Até onde eu sei, o PT não

    Até onde eu sei, o PT não pregou o “Fora FHC” em 1999. O que aconteceu foram correntes minoritárias do PT (que não tinham o respaldo da direção do partido) pedindo isso. Peço ao GGN que confira a informação e, se for o caso, faça a correção.

  5. O Doutor é aquele que já

    O Doutor é aquele que já pediu para esquecerem o que escreveu. Daqui pra frente é possível que peça para esquecerem o que ele fala e mais pra frente o que ele pensa. Ou seja, que esqueçam dele. Da minha parte já estou cumprindo.

  6. Uma correção: Lula não

    Uma correção: Lula não contrariou o PT. A posição de Lula foi também a posição da maioria do PT votada no encontro de 1999. Além de Lula também Zé Dirceu e Genoino se empenharam para que não fosse aprovado o “Fora FHC”.

    Há uma matéria também na FSP sobre esse debate no PT em 1999. Não consegui o link, mas Eduardo Guimarães já havia tratado desse tema o ano passado. Ver o link:

    http://www.blogdacidadania.com.br/2014/11/e-mentira-que-o-pt-na-oposicao-pregava-o-fora-fhc/

  7. lulices

    Bom!

    Já seria um indicativo de que Lula – sob pena de ser acusado de incoerência – não defenderia o impeachment da presidenta.

    Dilma pode ficar mais tranquila: Lula é um adversário leal…

  8. O republicano

    Enquanto  Lula escolhia o PGR pela lista feita por eles mesmo, o FHC plantou  um engavetador Geral (PGR) e um Gilmar Dantas no STF. Assim, jamais teve um probleminha qualquer. Espertinho ele, não?. Além de um genro na Petrobrás (ou min. de Minas e Energia ?) e a filha como secretaria geral da Presidência.

  9.  
    Realmente, há uma

     

    Realmente, há uma monumental diferença entre o cidadão Luis Inácio Lula da Silva, filho de retirantes nordestinos, e o filho de general, gente fina,  oriundo da nata das classes dominantes do país FHC. Como crianças, a ambos não faltou saúde. Quiçá, as diferenças fossem apenas superficiais, digamos assim, de mérito familiar :  na educação familiar, na  alimentação, no vestuário, e posteriormente, nos estudos. Mas, até ai, esse era o jogo. Que carecia ser mudado….mas…

    Tirante estas bobagens. No mais, ambos tiveram as chances e oportunidades democráticas, digo, parelhas, que o país oferecia a todos os seus filhos (isso é que diz a planilha).  Depois, ambos, encontraram os caminhos em conformidade com seus méritos. Enquando a um deles, coube desfrutar da dureza de uma vida farta, ao outro, coube o destino de fartar de um a tudo.

    Mas ai, a “meritocracia familiar” que os referenciavam se  já oceânicas, evoluíram. Se tornaram cósmicas. Um, chegou a ser um festejado intelectual de esquerda. Antes de herdar um mandato de senador.  

    O outro, diploma-se  torneiro mecânico. E no voto, se torna presidente do Sindicato dos Metalúrgicos. Todos sabem o restante da história. Enquanto Lula se torna viciado em eleição, o FHC desenvolve expertise em trapaças e nhenhenhens fajutos. O que ninguém consegue entender , é como um sujeito envernizado desde os cueiros  para assumir a direção da casa-grande, e transformá-la em algo habitável e num espaço civilizado, fracassa completamente.  

    Enquanto o cabra que tinha tudo pra não prestar, inverte a equação. Torna-se presidente do Brasil mais querido, e referência e orgulho para seu povo. O mesmo povo que morria de vergonha de ter como conterrâneo um intelectual de merda. Ou seja, foi  tudo que restou do invejoso traste FHC.

    Orlando

     

  10. José Dirceu também foi contra o Fora FHC

    Na qualidade de pesquisador do PT (sou cientista político) eu assisiti uma reunião das correntes majoriatárias do PT durante o congresso do partido realizado em Belo Horizonte, em 1999, e testemunhei o veto de José Dirceu a inclusão do Fora FHC, endossado pelas correntes mais à esquerda do PT. Naquela reunião, Dirceu ameaçou renunciar à presidência do partido caso a proposta fosse aceita pelas correntes majoritárias e fosse incorporada às resoluções daquele congresso.

  11. A iniciativa de Aecio não é

    A iniciativa de Aecio não é unanimidade dentro do PSDB, mas também ninguém diz claramente nada contra. Fica assim: se servir prá tumultuar o andamento do país, tá bom. 

  12. O p s d b não engole um Brasil promissor.

    Esse partidinho de araque, que tem Alkimim em SP e Richa no PR fazendo as cagadas administrativas nos respectivos estados não engole o PROGRESSO alcançado pelo Brasil através de uma partido que teve seus representantes eleitos à Presidência legitimamente e por tudo tentam enfraquecer o andamento do Governo Brasileiro, criando desestabilidade política e econômica com suas ações vis.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador