O peru, o galo, a raposa, a gripe suína e uma ameaça ainda mais insidiosa!, por Gustavo Gollo

Contam-nos que o galo e o peru, pressentindo a aproximação da raposa, subiram em uma árvore onde se puseram a salvo. A raposa, no entanto, obstinada e faminta, tratou de testar a dupla. Após alguns saltos, rosnados e ataques da raposa, o galo, bem lá no alto, decidiu fechar os olhos e dormir, percebendo que aquela patacoada viria durar por quanto durasse sua atenção. O peru, em contrapartida, não tirava os olhos da raposa!, à beira do pânico, mesmo nas alturas, fugia de cada ataque da fera ladina, pulando de um galho para outro a fim de se manter o mais distante possível dos dentes aterrorizantes, enquanto a raposa se comprazia:

— Esse galo não vai ter jeito, mas o peru já está no papo!

E tratou de executar as mais exuberantes proezas, saltando e rosnando desbragadamente e de maneira insana, em meio a caretas ferozes que faziam a ave apavorada pular de galho em galho empurrado pelo terror.

Meia hora depois, quando o galo abriu os olhos, a raposa já se havia ido; do peru restavam somente penas espalhadas pelo chão ao redor da árvore. Pensou o galo:

— Estúpida criatura, tanta trela deu ao bicho, que acabou no seu papo.

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Dias depois, quando a raposa voltou ao terreiro, todas as galinhas estavam instruídas sobre o que fazer se atacadas pela raposa: repousar em um galho alto e esperar que ela se fosse.

Impotente ante tal defesa, a raposa tratou de maquinar nova tática; percorrendo todas as moitas ao redor do terreiro anunciava com voz gutural e sons fantasmagóricos a chegada de uma gripe que em breve viria ceifar todas as vidas ao redor. O galo, a princípio, riu-se da ameaça absurda, mas acabou por se preocupar com a coisa quando os contínuos alardes acabaram por deixar as galinhas à beira do pânico.

Dia após dia, disfarçada, a raposa alardeava a chegada da gripe, tirando o sossego de todo o terreiro, e quando um pintinho faleceu a bordo de um avião distante, ninguém teve nenhum receio de diagnosticar: morreu de gripe! Era a gota que faltava. Impulsionadas pelo pânico, as galinhas tiraram seus pintinhos das escolas e se dispersaram com eles pelos arredores proporcionando às raposas os mais lautos banquetes dos quais se lembram.

Com a chegada da gripe suína, e da enorme mortandade entre galinhas e pintos, chegaram também os doutores raposos e prescreveram remédios caros, importados, mas de efeito duvidoso, que deveriam ser comprados com a única verba existente: a planejada para o fortalecimento da cerca do galinheiro.

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Decorrido certo tempo as gordas raposas anunciaram suas candidaturas aos mais importantes cargos dos arredores e sabem que serão eleitas pelos remanescentes da gripe suína, pois foram elas as heroínas, as salvadoras que, desde o início, anunciaram o flagelo que estava por vir!

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A letalidade da gripe suína é equivalente à de qualquer outra gripe, ou seja, a gripe suína não passa de mais uma gripe. Acordemos para a insanidade que consiste na suspensão de aulas e outros transtornos por causa de uma gripe!

Note ainda que, no momento, o usual descaso com a saúde da população, ainda que agravado pelo deslocamento de recursos para o tratamento de gripe (atentem, repito, GRIPE!) parece estar justificado pelo alarme causado pela gripe!

ACORDEMOS!

(Se ainda tiver alguma dúvida sobre isso, pense no contrassenso que seria, um ano atrás, dedicar tamanho esforço que deveria estar concentrado em doenças mais graves ao combate da gripe.)

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O texto acima, exceto breves correções, foi escrito anos atrás, durante a epidemia de gripe suína, a H1N1, cuja letalidade alardeavam, na época, ser altíssima, fazendo com que a população acreditasse tratar-se de uma doença perigosíssima, quando se tratava de uma mera gripe – doença que, até então, era vista com descaso e indiferença por todos.

Sabe-se hoje que a tal epidemia foi uma farsa, que a gripe suína continua entre nós, disfarçada agora de H1N1, e que sua letalidade é igual à de qualquer outra gripe, doença que sempre levou pessoas já previamente bastante debilitadas.
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Surge, agora, o coronavírus, ameaça similar àquela, mas com uma diferença significativa: tenderá a se espalhar muito rapidamente, contagiando simultaneamente uma enorme quantidade de pessoas, o que causará o abarrotamento de hospitais e a impossibilidade de tratamento médico de um amplo contingente de doentes, aumentando, em consequência, de modo significativo, todos os transtornos causados pela doença, incluindo nisso as mortes.

Em vista de tais fatalidades, tem-se proposto, em quase todo o mundo, como aqui, a interrupção de inúmeras atividades – Suécia e Holanda são duas honrosas exceções, países onde não serão interrompidas as atividades normais; torço para que persistam nesse caminho, de modo que oferecerão, em futuro breve, boa amostra para a comparação e decisão de estratégias futuras para toda a humanidade.

(A estratégia imobilista será infinitamente mais penosa nos países pobres, onde a população padecerá na penúria, e onde a maioria dos serviços executados não pode ser efetuada na própria residência, ao contrário do que farão os ricos).

Creio que a população brasileira vem sendo enganada e manipulada, tendo sido ocultado de nós o plano de nos manter confinados por aproximadamente 1 ano e meio, para, posteriormente, nunca mais retornar à normalidade, e nos resignar a uma vida que hoje consideramos insuportável, acovardados, amedrontados com o mundo e com as pavorosas gripe que o assolam (as gripes comuns).

Noto claramente que, nesse momento, muitos brasileiros, especialmente entre os que considero mais simpáticos, tendo sido manipulados – todos somos, o tempo todo –, sentem-se agora comprometidos com a defesa de um estado de coisas que considero absurdo.

O plano a que estamos nos alinhados me parece desagradabilíssimo e malévolo. Penso não haver motivos para perda tão extraordinária. Tornar-nos-emos uma multidão de hipocondríacos covardes, aterrorizados até com gripes. Recuso-me a endossar postura tão reles. Há que se ter um mínimo de coragem para enfrentar a vida.

Pressinto com intensidade, ainda, uma vileza adicional sem precedentes, uma malevolência que ainda não sou capaz de definir, mas que logo se revelará. Não me agrada minimamente me alinhar com forças tão tenebrosas, manterei distância delas e me rebelarei em nome da liberdade e de tudo o que é humano.

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