Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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Delações da JBS deixam nu o jornalismo da Globo, por Wilson Ferreira

por Wilson Ferreira

Ao vivo repórteres e apresentadores nervosos, consternados, engolindo seco em uma profusão exponencial de gafes e atos falhos poucas vezes vista. Os jornalistas da Globo parece que foram pegos de surpresa: depois de diariamente martelar a narrativa da governabilidade e do “ruim com ele, pior sem ele”, de repente (como se fosse virada alguma chavinha seletora) o discurso mudou radicalmente. Tudo após a explosão nuclear das delações premiadas dos donos da JBS (terceiro maior anunciante da Globo) reveladas em suposto “furo” do jornal “O Globo”. E ainda com direito a cobertura com imagens estilo “black bloc” mostrando rolos de fumaça subindo diante do Palácio do Planalto em noite de protestos. Por que a surpresa consternada dos jornalistas globais, tidos como os mais bem informados e conhecedores dos bastidores do País,  como diz marketing da emissora? Mais do que provocar um terremoto político, as delações da JBS deixaram nu o jornalismo global: revelou profissionais alheios à realidade e que apenas repetem discursos ao sabor da mudança dos interesses corporativos da Globo. Mas isso traz um custo psíquico aos incautos jornalistas da emissora.

Certa vez a fonoaudióloga Glorinha Beuttenmüller, responsável pelo padrão discursivo de repórteres e âncoras do telejornalismo da Globo, disse de forma dura: 

“O apresentador não pode representar as palavras. Tem de ser parcial e exprimir as ideias da empresa em que trabalha. (…) a essência [da palavra] empregada vem da casa. Por exemplo, a palavra cadeira é dita da mesma forma por todo mundo, mas se ela é confortável ou desconfortável, é a empresa que vai dizer. Em qualquer emissora, os apresentadores são escravos, têm que parecer imparciais e, ao mesmo tempo, ser parciais, de acordo com a vontade da empresa” – clique aqui.

Uma dramática demonstração que comprova a descrição dessa especialista “insider” foi dada ontem, e continua no dia de hoje, com as “denúncias-bomba” que explodiram nas telas da emissora dando conta das gravações que os donos do frigorífico JBS entregaram à Polícia Federal mostrando como o desinterino Michel Temer deu aval à compra do silêncio de Eduardo Cunha e como o senador Aécio Neves pediu propina de R$ 2 milhões.

Apresentadores e repórteres gaguejando, engolindo seco, trocando nomes, fazendo trocadilhos involuntários. Gafes e mais gafes em profusão. 

Em ato falho William Bonner chamando o desinterino de “ex-presidente” (hoje a apresentadora Maria Beltrão do Estúdio i da GloboNews cometeu o mesmo lapso) ; a apresentadora Renata Vasconcelos antecipando suas falas atropelando Bonner;  a apresentadora da GloboNews, Cecília Flesch, perdendo a dicção, se enrolando em nomes e esquecendo, por exemplo, o nome do bairro em BH onde a irmã do Aécio foi presa.

Eliane Catanhêde (aquela da foto que viralizou na qual se mostra relaxada e rindo ao lado de Temer) tentando manter a postura fleumática enquanto as mãos mexiam nervosas; gaguejando, o comentarista Valdo Cruz, também GloboNews, tentava manter a narrativa lamentando a crise num momento “positivo” para a economia; a repórter Andréia Sadi, visivelmente nervosa e estressada ao vivo diante do Palácio do Planalto, atropelando as palavras e dizendo, de passagem, que já estava indo embora… 

 

Foi “furo” do jornal O Globo?

O fato é que a cúpula da emissora já sabia dessas delações da JBS há uma semana. E os jornalistas da emissora parece que foram os últimos a saber, enquanto, até o último instante, mantinham a narrativa da continuidade de Michel Temer em nome da governabilidade, a necessidade das reformas e da recuperação da economia. 

Ao vivo, todos pegos de surpresa com a obrigação de repentinamente terem de mudar o discurso martelado diariamente desde o impeachment da presidenta Dilma. 

Se na hora do almoço o “imortal” da Academia de Letras, Merval Pereira, defendia nas telas a manutenção do presidente desinterino no julgamento da chapa Dilma/Temer no TSE, mudou abruptamente o discurso à noite com o rosto tão perplexo quanto no dia em que soube da vitória apertada de Dilma nas eleições de 2014.

O suposto “furo” na coluna de Lauro Jardim no jornal O Globo nada mais foi do que o sinal verde da cúpula das Organizações Globo.

Mais do que supostamente dar um “furo” e brincar de jornalismo investigativo, mais do que noticiar uma grave crise política, a Globo desvelou-se a si mesma: o seu jornalismo ficou nu como demonstrou a impagável propagação exponencial de olhos perplexos, gafes, atos falhos e palavras atropeladas no transcorrer dos telejornais.

 

Instantânea mudança de narrativa

Tudo pareceu como se alguma chavinha seletora fosse virada e, automaticamente, a narrativa fosse mudada de um segundo para outro: da necessidade imperiosa de manter Temer para o País sair da crise (o tom era “ruim com ele, pior sem ele”), de repente tudo mudou para a urgente necessidade de renúncia, impeachment ou mesmo cassação pelo TSE. Governabilidade e economia agora que se danem!

Mas isso tem um custo psíquico para os pobres jornalistas globais: stress, nervosismo e consternação.

E mais! A Globo chegou a ensaiar momentos black bloc mostrando grupos protestando diante do Palácio do Planalto na noite de ontem, com sugestivos enquadramentos de câmera: o Palácio ao fundo com rolos de fumaça preta começando a subir – uma sugestiva exortação para protestos. Globo começa a conclamar o povo para as ruas? Globo virou black bloc mais uma vez? 

Assim como quando se posicionou diante da surpreendente vitória de Donald Trump nos EUA? – clique aqui.

Os donos da JBS revelaram mais do que os podres do desinterino Temer, Aécio Neves e próceres da República.

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Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

27 Comentários

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  1. Perfeito  !!! Cristiana Lobo

    Perfeito  !!! Cristiana Lobo chegou a desabafar FRUSTRADA confessando que trabalhara o dia todo com a tese de renuncia e depois, ao fim do dia, aquilo, Temer FICA !!! ..oras  ..maguÔÔÔ

    Em que pesa os personagens afetados  ..o AÇOUGUEIRO, o aético Aécio e Temeroso  ..aquilo foi TEATRO ..a senha pro desembarque dum ônibus pra se embacar noutro cuja rota ainda é o GOLPE  ..tendo como destino o projeto de companheiros do JUDICIÀRIO, Militares e liberais libertinos afinados com interesses Anglo Americanos.

    todos alijando o BRASIL de seu projeto de NAÇÃO  ..já que hoje não somos mais Brics

  2. Excelente artigo, ontem à

    Excelente artigo, ontem à noite Globo News ficou mais de quinze minutos mostranco o confronto no Rio de Janeiro, como se fosse uma guerra, agora ela vai usar a população para o confronto, talvez produzindo alguma morte, ou talvez, acidentados.Hipócritas !

     

  3. A Globo é que manda

    Bobagem, a Globo é que, literalmente, manda prender e manda soltar. Não consigo separar as imagens dos outrora poderosos Fernando Collor, José Dirceu e Andreia Neves como vítimas do mesmo erro. Acharam, no seu apogeu, que controlavam a Globo ou a tinham como parceira. Na hora certa, de acordo com a direção dos ventos ou o tilintar nas caixas registradoras, a Globo mostrou quem é que manda. Fica de graça o conselho para o próximo ungido: esqueça a ideia de governar com a Globo. Seja de novo o Lula, se deixarem, o Dória, o Alkimin, a Marina, o Bolsonaro. A primeira e urgentíssima prioridade será destruir a Globo, antes que ela te destrua. Como era sábio o Brizola!

  4. Nassif
    Bom dia 
    Qual o motivo

    Nassif

    Bom dia 

    Qual o motivo da mudança de Narrativa?

    Porque o ora positivo governo Temer foi facilmente descartado pela cúpula da globo?

    Creio que a resposta é simples, $$$$$$$ !!!!

    O segredo é entender porque o pacto entre globo e Temer foi rompido!

    Queda nos Juros ???

    JBS, é a maior receita da emissora atualmente. Os Batistas começaram a redirecionar ativos no mundo inteiro e os Marinhos viram que sua mina de ouro ia secar, se já não secou!

    O não RENUNCIAREI é um recado claríssimo da ótima briga que presenciaremos entre as mafias publica e privadas que dominam o Brasil desde a implantação da republica!

    Como diria Frank Underwood (House of Cards): “vire a mesa” 

    Abração

    1. Pacto rompido?

      Mário,

      não me parece correta a visão de que havia um pacto Globo-Temer, que teria sido rompido. O Temer era transitório, todos sabiam disso. Acho que até mesmo ele. Este momento que vivemos, que parece uma ruptura e vem sendo tratado com aparente surpresa pela RGT, já estava no roteiro. Não se deixe enganar, meu caro!!!

      O que vem agora pela frente? Rodrigo Maia? Ahhhh… mas que belo “presidente” provisório(!!), que chamará uma eleição indireta para eleger quem? Quem?? Uma nova liderança com espírito democrata e republicano? Ou alguém que continue a rezar a missa dos Marinho, Frias e quadrilha ltda?? Faça sua aposta…

  5. Vendo a GN mais pela primeira vez desde o golpe…
    Notei sim muita hesitação, arrefecida ontem, o dia seguinte.
    Merval era o mais perdido, deslocado, como sempre, a trilhar o que os outros trolhavam com uma linguagem mais rocambolesca, que ele acha literária, porque jornalística nunca foi.
    Cantanhede, de fato, deslocada, ainda se refazendo do golpe do fotógrafo do Estadão.
    A melhor, com postura e conteúdo, foi a apresentadora de São Paulo, que começou na EBC, foi pra Band e angora segue desvalorizada no meio racista da Globo. E também a comentarista paulista de nome estranho, defendendo a linha editorial de falar do momento favorável de 59 mil empregos oh, mas com boa desenvoltura.
    Cristiana Lobo era a síntese, perplexa,estatelada, mas bem tecnicamente.
    Os outros, arroubos, arroubos, arroubos.
    A culpa, da cúpula: a imprensa foi a última a saber. Tinha gente ali vendo o Lauro Jardim ou ouvido falar dele pela primeira vez.
    Ótima análise.

    1. “A culpa, da cúpula: a

      “A culpa, da cúpula: a imprensa foi a última a saber”:

      Essa queda de Temer NAO veio do Brasil e os “jornalistas” nao sabiam que “alguem” ia virar contra eles.  Impossivel que ambos pf e procuradoria de uma hora pra outra estejam tao profissionais assim que ja conseguem PROVAS!  Simplesmente impossivel:  depois do amadorismo dos ultimos 3 anos de LavaBunda, isso?  Assim, sem mais nem menos?

      Nao da pra acreditar.

      (E isso responde o comentarista imediatamente abaixo tambem.)

       

       

       

      PS:  mas quem, oh, quem seria esse “alguem mesmo?  Eh nisso que da botar fe na extrema direita mundial.  Os escorpioes ferroam ate a si mesmos!

  6. Momento ‘positivo’ para a economia é uma ova

    “O Brasil já voltou a crescer, mas estamos ainda vivendo os efeitos da recessão. O DESEMPREGO está ELEVADÍSSIMO, DEVE CRESCER AINDA UM POUCO, pois tem reação um pouco mais lenta a retomada, mas começa a cair no segundo semestre”, declarou o ministro Meirelles, ontem, à imprensa”. – Meirelles

    Que momento ‘positivo’ é esse com desemprego elevadíssimo e, pior, crescente?

     

    1. Dois Rapazes discutem

      Um deles diz ao outro:

      – Teu pai estuprou uma mulher

      O outro retruca:

      – O teu também estuprou.

      A Globo tá com a bunda de fora mas serve de consolo ao Comentarista Delfino o fato da Telesur também está supostamente com a bunda de fora.

  7. Tá difícil navegar nesta página

    O ‘Ver Todos”, que ficava no final da lista de notícias ‘Últimas desta Editoria” desapareceu.

    Eu consigo ver todas as notícias através de engenho de busca. Pesquiso ggn + ver todos.

    1. Ver todos

      Prezado Rui Ribeiro!

       Nós desativamos, ontem, de forma provisória o “Ver Todos”, por conta da demanda do servidor e pela grande quantidade de acessos. Assim que normalizar iremos reativá-lo. Pedimos desculpas pelo transtorno, ficamos a inteira disposição! Atenciosamente,Fabiana Ribeiro

      1. Ver todos

        Prezado Senhor Rui Ribeiro!

         

        Informamos que a opção Ver todos já se encontra reativada.

         

        Atenciosamente,

         

        Fabiana Ribeiro

  8. Temer, o (Fri)Boi de Piranha da corrupção

    Miriam Leitão escreve “O Fim do Governo Temer” e Mauro Jardim diz: ‘Acabou’. Eles atiraram o Mi$hel Temer no rio da corrupção infestado de piranhas a fim de atravessar intacto o rebanho da corrupção: Mirelles, Jucá, Moreira Franco, etc.

    Não passarão! Fora Temer e toda sua camarilha!

  9. “O fato é que a cúpula da

    “O fato é que a cúpula da emissora já sabia dessas delações da JBS há uma semana. E os jornalistas da emissora parece que foram os últimos a saber, enquanto, até o último instante, mantinham a narrativa da continuidade de Michel Temer em nome da governabilidade, a necessidade das reformas e da recuperação da economia. “

    Como afirmei em comentário em outro post, a globo soube antes de dar publicidade ao fato.

    Será que não avisou os delatados para que destruíssem provas?

    Não acredito que não tenha avisado.

  10. Bem, não posso comentar nada

    Bem, não posso comentar nada porque já faz bastante tempo que não assisto nenhum meio de divulgação da rede globo…..

  11. Estado de exceção

    Muita gente fala que nós agora estamos em um estado de exceção mas na verdade já estamos vivendo isso há décadas. Quando o jovem negro pobre da favela tem seus direitos desrespeitados por juízes nós nos calamos, nós temos culpa do que está acontecendo. Os agentes de direitos humanos tentam ajudar e também são massacrados pela população que viu pela imprensa que eles só servem pra defender bandidos.

    Juízes baixando portaria de toque de recolher e a mídia aplaudindo dizendo que é necessário mas sonegando a informação que desrespeita o direito de ir e vir que fere a constituição.

    O judiciário acostumou-se a desrespeitar a constituição, o direito das pessoas e o jovem preto e pobre da favela foi seu laboratório.

    Quando voltarmos a ter democracia no Brasil mesmo que ainda seja uma democracia de isopor temos todos que ficar atentos com os abusos do judiciário.

  12. Não sabemos os motivos reais

    Não sabemos os motivos reais de tudo isso, mas acho que a Globo costuma pegar as ondas e depois desembaracar do navio a pique. Nornal. Deve estar com problemas de apoiar um presidente tão impopular e sabia que uma hora teria de abandoná-lo, decidiu fazer agora. Mas o interessante que mesmo que ela resolva fomentar as manifestações de rua, vai ter dificuldades. Os coxinhas não vão sair de novo, ainda preferem Temer, a corrupção é mera desculpa. E os petistas estão sem vontade de participar de uma nova “Diretas Já” junto com a Globo. Querem mais é ganhar 2018 pra dar uma forcinha para a sua previsível derrocada. E o povo do “andar de baixo”, que é a maioria, é um enigma, não participa disso mas é quem vai decidir. Minha opinião (ou esperança) é que esteja vendo tudo e processando, ao seu modo. Entrou no engodo que tirando a Dilma tudo ia melhorar, mas tá batendo uma saudade danada do Lula!

  13. “Esmola grande o cego

    “Esmola grande o cego desconfia”. 

    Há que se ter ideia, concreta, do porquê dessa mudança. Algo mais existe, e é claro, para quem conhece o jogo sujo, e até macabro que costuma fazer essa empresa, sobre seus jornalista, e sobre a população.

    Podemos achar, por exemplo, que se Fachin, ministro da mais alta corte do país, estava diante de uma delação pela qual o MT era um citado como um presidente sem moral, as empresas de comunicação teriam, forçosamente, que mudar o esquema, sob pena até mesmo de virem a ser julgadas pelos próprio STF. E mais: a repercussão pelos jornais estrangeiros quanto à parcialidade da nossa imprensa, já tão desgastada, seria mais um motivo para essa mudança.

    Agora, daí a virem tantos jornalistas e críticos dizerem que “isso mostra que a nossa justiça não é parcial”, pelo amor de Deus”!

    Ontem, pela primeira vez, vi a repórter do JN nacional, após apresentar as desculpas esfarrapadas do advogado de Aécio, citar a série de fatos em andamento na justiça contra o senador ora afastado, contribuindo para desmanchar os argumentos do advogado e do cliente. Mas, e qual foi a razão para nunca terem antes tocado nesse asunto? Todos nós tamos careca de saber que Aécio de envolvimento em malandragens desde sempre. Estar sempre na boa, fingindo-se de probo, é por ele estar sempre de abraços e beijos com Moro e Gilmar, e jamais ter imaginado que um dia sairia da sua zona de conforto, se se achava blindado até a alma.

     

  14. Barbas de molho, pois há gatos nessa tuba

    Prezados,

    Ontem escrevi um artigo intitulado “O alto comando e o controle da narrativa pelo Midipoliciário” . Nele chamo a atenção para a abrupta mudança do enfoque e do discurso da Globo e a decisão de implodir Michel Temer e sua camarilha, levando de roldão próceres do tucanato, como Aécio Cunha. A Globo não dá ponto sem nó. Ela quer manter não só ocontrole da narrativa como as rédeas da trama golpista; associada ao MP, à PF e ao Judiciário, ela e outros veículos satélites formam o que denominei Midipoliciário. O problema dos “jornalistas” globais é que ele passaram não apenas a seguir as ordens patronais e a linha editorial imposta, mas a acreditar nela. As gafes e curtos-circuitos decorrem disso. Já os colonistas, que se achavam mais realistas que o rei, estão com dificuldades em readequar o discurso, com súbita ordem para mudança de enfoque, dada pelos patrões.

    Hoje fiz um apanhado de algumas análises e a síntese que faço é de que a Globo quer sair por cima, mantendo o controle da narrativa e do jogo golpista. Segue abiaxo a síntese que fiz.

    _______________________________________________________________________

    Há muitos gatos nessa tuba

     

                Leio hoje, no blog Tijolaço, texto publicado pelo jornalista Mário Marona em página que ele mantém no Facebook. Embora Marona seja jornalista experiente, percebe-se no texto uma euforia e empolgação sobre a atuação da PF e do MPF, que não encontram respaldo na realidade, sobretudo no âmbito da Fraude a Jato. Os que pudemos ler a série histórica de reportagens feitas por Marcelo Auler, desmascarando e desnudando as ilegalidades criminosas cometidas por delegados da SR/DPF-PR, as quais tiveram a anuência de procuradores do MPF que integram a força-tarefa da Fraude a Jato e do juiz Sérgio Moro, temos motivos de sobra para ficar desconfiados. Essa jogada vira-casacas da Globo (implodindo Michel Temer e camarilha, Aécio e outros próceres do tucanato) e dos satélites que a acompanham no PIG/PPV bem como  a cooptação da presidente do STF, Cármen Lúcia, a quem a Globo e o PIG/PPV em geral têm oferecido palco, microfones, holofotes, bajulação, rapapés e salamaleques, faz acender várias luzes de alerta. A meu ver há muitos gatos nessa tuba. O golpe dentro do golpe está sendo urdido pelo Midipoliciário, como mostrei em artigo que escrevi ontem. Leiam o texto de Mário Marona.

    O que diferencia a delação da JBS de tudo o que aconteceu até hoje na Lava a Jato é o fato de que, pela primeira vez, ostensivamente, o país toma conhecimento de que a Polícia Federal pode agir como polícia de verdade – investigando sigilosamente, seguindo suspeitos, filmando crimes em flagrante.

    Finalmente, vê-se uma PF buscando provas contra os suspeitos, em vez de refestelar-se preguiçosamente diante de delatores que acusariam a mãe para escapar da prisão em que são mantidos como reféns até que resolvam abrir o bico, pouco importando se estarão mentindo ou não.

    Finalmente, o Ministério Público acusa sem precisar apoiar-se apenas em delações desesperadas, carentes de qualquer comprovação ou verossimilhança, além de documentos rasurados e sem assinatura, e-mails que nunca foram enviados ou projeções toscas de powerpoint.

    Embora seja necessário provar, acima de qualquer dúvida razoável, que os acusados pela JBS cometeram os crimes de que são, ainda, apenas suspeitos, esta nova delação desmoraliza as acusações de ocasião da Odebrecht e da OAS. É possível que alguns dos acusados por essas duas empreiteiras sejam culpados, mas é inegável que, até agora, quase nada foi provado contra a maioria deles.

    A nova delação rouba o protagonismo midiático e histriônico de Sérgio Moro, que, diante de uma inédita ação efetiva da polícia e do ministério público, fica identificado apenas pelo que ele mostrou ser até hoje: o juiz obcecado por um único réu. A delação da JBS retira de Moro o direito de usar para todos os investigados que não se chamem Lula o bordão “não vem ao caso”.

    Vem ao caso, sim, e vem muito ao caso quando a polícia investiga e se esforça para reunir provas que amparem as acusações: subornos filmados, cédulas marcadas, chipes em malas e mochilas, agentes seguindo suspeitos. Tudo isto para apurar crimes que foram cometidos há menos de dois meses, quando a Lava a Jato fixava-se numa única direção e a pilantragem ainda corria solta longe dos olhos daquela região agrícola do Sul do país.

    Que a nova prática encerre e era das acusações verbais cuja comprovação é impossível por falta de investigação e evidências materiais objetivas.

    Basta de powerpoint. Basta de documento sem assinatura.Basta de emails secretos nunca enviados. Basta de vazamentos planejados apenas para alimentar obsessões do judiciário e da imprensa.

    A imprensa sentiu o golpe, tanto quanto alguns dos acusados. Não passa de metáfora de uma corporação de editorialistas, colunistas e comentaristas de uma opinião só, mas pode-se dizer, em tom de brincadeira, que, diante de uma simples investigação de verdade, os mervais começam a abandonar o navio.

     

                Leiamos agora a sábia e prudente análise que o mestre Mauro Santayanna publicou ontem em seu blog.

    Aqueles que estão soltando foguetes que nos desculpem, mas não nos colocamos entre os que comemoram, efusivamente, as últimas notícias.

    Moralmente e por uma questão de princípios, em defesa da democracia, quem está contra os casuísmos e arbitrariedades jurídico-investigativas da Operação Lava Jato no caso de Lula, tem que se manter contra eles também quando atingem o campo adversário.

    Até mesmo porque partem, e fazem parte da estratégia, de quem tem apenas um interesse: o seu próprio lado.

    Não vemos como solução para o país um impeachment de Temer, a ser conduzido pela figura nefasta da Janaína Paschoal, que já defende essa hipótese para aparecer nos jornais, nem a convocação de eleições indiretas para a Presidência da República para as quais a mídia já especula, significativamente, citando o nome de Sérgio Moro, se “magistrado poderá ser candidato”.

    Isso, em um processo a ser conduzido por um congresso majoritariamente golpista, em grande parte também investigado por uma operação cuja autoridade máxima é o próprio “chefe” da República de Curitiba.

    A idéia de uma nova campanha pelas Diretas Já é correta, do ponto de vista da lógica democrática.

    Mas se formos objetivos e pragmáticos, considerando a atual situação política, retira tempo precioso da oposição, que poderia ser utilizado, caso as eleições se fizessem normalmente em 2018, para que Lula se recuperasse e refizesse – aproveitando a crescente impopularidade do governo Temer e denunciando e esclarecendo as mentiras de que tem sido alvo – sua relação com a opinião pública e seu caminho para a Presidência da República.

    Uma eleição agora, mesmo que direta, pode jogar o poder no colo de Jair Bolsonaro, apoiado pela sensação de caos institucional, pela condição de não estar sendo processado pela Lava Jato, e, caso chegue ao segundo turno, como as pesquisas indicam, por uma aliança que abrangeria da extrema-direita a setores mais oportunistas do próprio PMDB e do PSDB, passando pelo “centro” fisiológico dos partidos nanicos conservadores, unida pelo objetivo comum de evitar, a qualquer custo, que o PT e sua “jararaca” voltem à Presidência da República.

    Finalmente, a leitura mais correta é de que os principais alvos das mais recentes manobras da “justiça” não sejam nem Temer nem Aécio, por mais implacáveis que sejam, contra ele, os juízes e procuradores.

    As acusações contra os dois foram forjadas – já que se tratam claramente de arapucas propositadamente montadas – como forma de abrir caminho, definitivamente, para a condenação de Lula.

    A percepção da população de que a Justiça e o Ministério Público estavam sendo totalmente seletivos e parciais no trato dos gregos com relação aos troianos vinha crescendo a olhos vistos nas últimas semanas, e aumentava, na mesma proporção, a popularidade e as intenções de voto do ex-presidente da República, especialmente depois de seu depoimento em Curitiba e da absurda proibição de funcionamento do seu instituto.

    Com as acusações contra Temer e Aécio, o anti-petismo entrega duas torres para capturar e eliminar o Rei que odeia e persegue, sem êxito, há tanto tempo.

    A partir de agora, ninguém pode mais dizer que a Operação Lava Jato só atinge o PT, enquanto afaga seus adversários.

    E Lula poderá então, ser condenado “exemplarmente” por Moro, aproveitando-se o caos político que tomará conta do país nas próximas semanas, sendo definitivamente impedido de voltar por via eleitoral ao Palácio do Planalto, tanto agora, em eventuais “Diretas Já”, como em 2018.

     

                O trecho a seguir, do colunista de direita Reinaldo Azevedo, foi publicado na madrugada deste dia 19 de maio de 2017.

    É claro que o presidente Michel Temer está sendo vítima de uma conspiração meticulosa e muito bem-sucedida. Todos sabem que os irmãos Joesley e Wesley Batista eram íntimos e grandes beneficiários do regime petista. Aliás, dava-se de barato: querem pegar o PT? Então peguem a JBS. A coisa ganhou até tradução popular. Que jornalista não foi indagado no táxi sobre uma suposta fazenda de Lulinha, em sociedade com a JBS? Que se saiba, tudo conversa mole. Nunca houve.

    Mas a dupla caiu na rede da Lava Jato. Os irmãos foram assediados pela força-tarefa. Sabe-se lá com quantas ameaças. Como não devem ter memória muito limpa do que fizeram nos verões passados, resolveram “colaborar”. Mas não com uma delação premiada no molde Marcelo Odebrecht. Não!

    Empregou-se a tática aplicada no caso Sérgio Machado, aquele que se dispôs a gravar peixões da República. Com a mesma generosidade. Em troca, os filhos de Machado nem processados foram. O criminoso pegou dois anos e três meses de cadeia em sua mansão, em Fortaleza.

    Aos irmãos Batista se ofereceu ainda mais: “Entreguem o presidente da República, apelando a uma conversa induzida, gravada de forma clandestina. Façam o mesmo com o principal líder da oposição, e vocês nem precisarão ficar no Brasil, sentindo o odor dessa pobrada, que vai pagar o pato. Nós os condenaremos a morar em apartamento de bilionário em Nova York. Impunidade nunca mais!”

     

                Abaixo um trecho do que escreveu Eliane Cantanhêde (também conhecida como Eliane Tucanhêde, dada sua ligação umbilical com o PSDB; o marido dela integra as hostes do partido).

    “Quem teve informações sobre o material informa que os tentáculos do grupo JBS não ficam a dever nada aos da Odebrecht, mas com uma diferença: o dono e os executivos da empreiteira decidiram fazer delação premiada depois de presos, já com capacidade limitado de produzir novas provas tão contundentes. Já os irmãos Batista estão há meses gravando seus interlocutores e pautando os monitoramentos da Polícia Federal”, diz Eliane.

    “O resultado é considerado devastador e arrasta para o fundo do poço não apenas o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves, pelas gravações liberadas à noite nesta quinta-feira, mas o próprio mundo político. Esta sexta-feira será mais um novo dia para nunca ser esquecido na história brasileira”

     

                A seguir, trechos da crônica de Nathali Macedo, publicada ontem, 18 de maio de 2017, no DCM.

    Pedro Bial – o ex-apresentador de reality show e escritor de crônicas mela-cueca – entrevistou a Presidenta do STF em um talk show global que tenta ser elegante mas só consegue ser cafona, como quase todo talk show global.

    Não consigo, quero dizer, observar sem estranhamento esse movimento de midiatização do judiciário. Desde Joaquim Barbosa, tenho essa impressão, juízes e Ministros pop eclodem a todo o momento, e Carmen Lúcia parece estar entrando no jogo.

    Chega com uma postura gente-como-a-gente, a mulher sertaneja que revoltava-se contra a ditadura – diz ela, ao contar suas agruras com o regime quando ainda era estudante de direito.

    Será que esquece que o Supremo Tribunal Federal, órgão ao qual serve, apoiou o Golpe Militar e protagonizou o Golpe de 2016? Parafraseando: a memória seletiva é uma arma quente.

    Além de transmitir a imagem de jurista pop gente boa que faz a platéia rir e se emocionar, arrematando com uma frase de efeito chique de Cecília Meirelles, Carmem Lúcia fala em Revolução.

    Estamos, disse ela, vivendo um momento revolucionário.

    Tenho razões para duvidar. Nunca estivemos tão longe do controle. Talvez nunca tenhamos tido uma política tão feita para os políticos e tão pouco para o povo.  Mas Carmen Lúcia faz questão de manter, diante dos holofotes, a postura otimista de um Brasil que não foge à luta.

    Junto com a Globo, faz questão de maquiar o caos. Omite que pedira, outrora, que Dilma Rousseff explicasse o óbvio (Por que chamar o golpe de golpe? Porque é um golpe, Ministra).

    Coloca-se – ou é colocada? – como a nova heroína que o Brasil precisa, não por acaso convenientemente aos interesses da Globo e da Família Marinho, a quem conviria Carmem Lúcia na linha sucessória da presidência.

    Depois de apoiar o golpe e contribuir com o caos, ela pede, elegante e esperançosamente, a pacificação de um país dominado por ratos. Pede, sem palavras, que confiemos nela e no STF – e o brasileiro médio, por burrice ou desespero, é mesmo capaz de confiar.

    Carmen chega a dizer na entrevista em questão que “os homens mentem para as mulheres e elas aceitam porque gostam de homens” e que “em geral, mulheres quando se juntam, falam de homens.”

                Fazendo um apanhado dessas análises e dos fatos graves ocorridos nos últimos dias percebemos que o golpe de Estado continua em andamento, capitaneado localmente pelo oligopólio midiático , o PIG/PPG – com a Globo à frente, pela cúpula do Poder Judiciário, pelo Ministério Público Federal (através da PGR e dos procuradores que atuam na Fraude a Jato) e pela Polícia Federal, sobretudo pelos envolvidos na força-tarefa da Fraude a Jato ou operações dela derivadas. À associação das instituições da burocracia estatal com o PIG denominei Midipoliciário.

                Michel Temer e a camarilha que o acompanha – reunindo os mais corruptos e fisiológicos que a política brasileira e suas oligarquias conseguiram produzir – foram instrumento para desmontar o Estado Social construído a duras penas após 2003 e no lugar dele implantar o ultra-neoliberalismo oligárquico, plutocrata, escravocrata, cleptocrata, privatista e entreguista. Mas tão imundos e vulgares se mostraram esses operadores que o Midipoliciário resolveu defenestrá-los do governo, reservando para alguém dos seus quadros a tarefa de implementar o desmonte do Estado social e implantar o ultra-neoliberalismo primitivo e selvagem. As reuniões de Cármen Lúcia com lideranças empresariais e das Forças Armadas, além da participação dela em entrevistas e programas de televisão, não deixam dúvidas de que a trama golpista pretende colocar a presidente do STF para tocar o desmonte do Brasil e a degola dos direitos trabalhistas e previdenciários, além de outras reformas neoliberais privatizantes e entreguistas.

                O plano do Midipoliciário pode ser abortado se a Esquerda Democrática convocar e colocar milhões nas ruas e denunciar essa manobra do golpe 2.0. Neste caso Rodrigo Maia e Eunício de Oliveira, presidentes da câmara e do Senado, que fazem parte da mesma camarilha de Michel Temer, serão os sucessores de Michel Temer, após renúncia, afastamento ou deposição. A crise moral, política e econômica tende não apenas a continuar, mas a se agravar.

                Portanto a única forma de pacificar o País e restabelecer a normalidade política e institucional é a convocação imediata de eleições gerais e diretas. Foi isso o que fizeram as cerca de 50 mil pessoas que ontem à noite saíram em passeata pelas ruas do centro do Rio de Janeiro. Noutras capitais e grandes cidades também houve manifestações pela derrubada do governo golpista e convocação de eleições gerais e diretas.

    João de Paiva Andrade

    Rio de Janeiro, 19 de maio de 2017

     

  15. O que “chocou” mesmo a

    O que “chocou” mesmo a tchurma foi a frase “Não renunciarei”. IH! Ferrou! Isso não fora combinado com os russos …

    Como no script constava gastarem horas sobre quem emplacaria(m) como sucessor ficaram mais perdidos que desempregado no fim do mês. 

    A Leilane (belos olhos azuis) desejando ao Camaroti (o que tem dificuldades de terminar a frase) procurar fazer um lanchinho antes da próxima edição. A Lopreti destrambelhou a falar deixando os colegas sem assunto. E o Merval … bem, o Merval não sabia o que falar porque não deu tempo de pegar o novo script …

     

  16. Os titeres do patrão

    De toda a pantomima das marionetes da Globo, fica minha sempre a minha incompreensão quando vejo o Merval Pereira. Que ele seja jornalista no grupo Globo, entende-se os motivos. Mas como pode a Academia Brasileira de Letras ter admitido um sujeito tão mediocre como esse…. Estarão competindo com o Supremo Tribunal Federal para ver quem consegue avacalhar mais com a instituição…

  17. A globo é o golpe

    Vai usando e descartando segundo os seus interesses da hora.

    A rede esgoto ou o Brasil !!!

    Antigo isso, não? Mas sempre atual.

    Desde quando ainda não era a time-life tupiniquim.

    Ps: Hoje é sexta, dia de Lula e Dilma, o prato, a carniça, para o sábado e o domingo.

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