Jornais criminalizam Lula por uso “indevido” de seu nome em acordos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Depois de apontar que o pecuarista investigado na Lava Jato, José Carlos Bumlai, utilizou-se do nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para “obter benefícios” em negócios fechados no esquema de corrupção, e a Justiça Federal reconhecer que a apropriação do nome de Lula foi usada “indevidamente”, investigações dão conta que o executivo Marcelo Odebrecht também usou a tática do peso da influência para fechar negócios no exterior. Mais uma vez sem comprovação de que Lula consentiu com as negociações ou teria conhecimento do uso de seu nome, jornais publicam envolvimento do ex-presidente nos acordos.
 
Em uma troca de e-mails entre o executivo da empreiteira Odebrecht, preso no dia 19 de junho do último ano, em fase da Operação Lava Jato, e outros empresários do grupo (Carlos Brenner, Roberto Prisco Ramos, Márcio Faria e Rogério Araújo) e o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, sobre um acordo da Braskem no Peru, Marcelo tenta usar a influência do ex-presidente para fechar o negócio.
 
No dia 25 de janeiro de 2008, Brenner diz para Roberto Ramos que viu “no jornal que o Lula estará em Lima (Peru)” no dia 5 de março, em reunião de acordos bilaterais entre os dois países e sugere: “já pensou se conseguirmos incluir na agenda a assinatura do MoU [acordo para a instalação de polo petroquímico no país]?”. Ramos encaminha a Rogério Araújo mensagem, dizendo que “o ideal” seria Cerveró “assinar o protocolo durante a visita de Lula”. O email é encaminhado ao ex-diretor da Petrobras, que assinou o acordo da Braskem durante a visita do ex-presidente ao país.
 
Outros dois casos são também citados pelo jornal O Estado de S. Paulo: durante uma visita do ex-presidente à Argentina e à Bolívia, quando também foram negociadas tentativas de acordos com esses países. 
 
Apesar de o executivo da Odebrecht ser um dos investigados da Operação Lava Jato e estar preso pelo esquema de corrupção envolvendo a Petrobras, a relação o ex-presidente Lula não foi comprovada. Em resposta, a empreiteira ressaltou que são “condizentes” as relações institucionais com presidentes “em benefício de interesses nacionais”. De acordo com a Odebrecht, a prática é “comum nos EUA e França, onde chefes de Estado promovem suas empresas na busca por uma maior participação no comércio global e “lamenta” que os “fatos absolutamente normais” sejam veiculados como se fossem crimes.
 
Lula já afirmou que “presidentes e ex-presidentes do mundo inteiro defendem as empresas de seus países no exterior”.
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  1. O fato, incontestável, que

    O fato, incontestável, que qualquer um está vendo, é que a Lava Jato tem demonstrado ser uma operação chefiada por um juiz parcial, tendencioso, envolvido com a mídia golpista e com qualquer juiz, de qualquer instância, que seja anti-petista. A maior prova disso é o que vimos assistindo contra Vaccari, sem nome, dito Tesoureiro do PT, ou os abusos contra a imagem de José Dirceu (ex-ministro de Lula), ou sobre Delcídio que, comparativamente a Eduardo Cunha, já tem seu destino traçado. Nem precisamos falar das vezes em que tucanos foram citados pelos bandidos delatores – Aloysio Nunes; Sérgio Guerra; Aécio Neves, este duas vezes, pelo menos – sem que a imprensa requente as notícias como faz contra os petistas que tem o nome de Lula pregado aos seus.

    Quero dizer que há, si, uma ânsia, incontida, em se chegar a Lula, por parte de todos da oposição, incluindo parte da sociedade que votou no bebum do Leblon, aquele que, às quedas, dá gorjeta ao garçom, ou que simplesmente rejeita o uso do bafômetro quando se encontrava dirigindo e cheio de álcool nos córneos.

    Ninguém pode duvidar de que se realmente alguma denúncia contra Lula fosse suficiente para decretação da prisão dele, isso já teria sido feito de há muito. Moro e sua tropa, incluindo a imprensa golpista e os opositores ao governo, sentem-se frustrado, passam dias e dias confabulando, tentanto chegar a Lula, pois querem vê-lo na prisão. Queriam que tal acontecesse em 2015. Não foi possível, mas quem sabe neste 2016 não apareça um bandido delator mais audacioso em saber mentir?

  2. Juiz receber prêmio das

    Juiz receber prêmio das Organizações Globo pode. Juiz escrever prefácio de livro pode. Promotor se promover a custa de uma operação polícial parcial e política pode.

    Para o inferno com esses hipócritas.

  3. Essas investigações são

    Essas investigações são ridículas. Já vi tanta gente usar o nome de autoridades sem o conhecimento do nomeado, vira e mexe tem juiz, desembargador dizendo que seu nome foi usado sem seu conhecimento, parece, se não me falha a memória, que até o ex ministro do STF, Áires Brito, teve problema com parente, até agora não vi ninguem abrir uma caçada sem tréguas contra ele.

  4. Defesa dos interesses externos

    O que se espera de um “bão” presidente é que esse defenda os interesses das corporações internacionais e não das empresa nacionais. Por que termos uma Petrobras se a Chevron pode fazer o serviço de graça? Por que empresas nacionais? Os carteis internacionais cumprem o papel, não corrompem, são absolutamente honestos, Ex: Alstom, Siemens, etc.

    1. Ou a Raytheon e o escândalo esquecido SIVAM

      Escândalos não investigados do governo FHC (I): O Caso Sivam

       

       

       

      3   A+ 

       

      O Projeto Sivam – Sistema de Vigilância da Amazônia foi concluído pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República em agosto de 1993. Segundo o governo, o sistema se destinaria a preservação do meio ambiente na Amazônia, ao combate ao narcotráfico, à melhoria das condições de segurança da navegação aérea e fluvial, fiscalização das reservas indígenas, guarda das fronteiras e apoio a outras atividades governamentais. 

      Porém, ao dar início à consecução do projeto, o Governo não abriu concorrência pública alegando sigilo dos dados relativos à aquisição de tecnologia e equipamentos de comunicação. Contraditoriamente, o Governo enviou um dossiê sobre o Sivam para 16 embaixadas em Brasília. Depois da dispensa da concorrência pública, para um contrato no valor de US$ 1,4 bilhão de dólares o Governo escolheu o consórcio liderado pela Raytheon Company, uma empresa americana. A negociação para formação desse consórcio e para que ele fosse o escolhido, teve a interferência direta de Bill Clinton, Presidente dos EUA, e de Ronald Brow, Secretário de Comércio daquele país. Este senhor esteve no Brasil um mês antes do anúncio do resultado da “concorrência”. Brow tratou do assunto com autoridades brasileiras. 

      Em seguida o grupo Esca-Engenharia de Sistemas de Controle e Automação S/A, de São Paulo, se associou à Raytheon. No mesmo período o Senado Federal foi acionado, e, numa sessão extraordinária conturbada, na qual o regimento interno foi violado, aprovou-se em regime de urgência um projeto autorizando o Governo Federal a contrair um empréstimo no valor de US$ 1,4 bilhão, destinado à implantação do Sivam. O relator do projeto foi o senador Gilberto Miranda, PFL/AM, um cidadão denunciado por suposta participação em diversos escândalos de corrupção. Ele foi denunciado na CPI que investigou a corrupção no Governo Collor, como membro do “esquema PC”, no escândalo dos precatórios e no envolvimento num esquema de corrupção da Prefeitura de São Paulo.

      Em fevereiro de 1995, o deputado Arlindo Chinaglia, PT/SP, encaminhou requerimento à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, convocando para depor: ex-ministros, ministros e dirigentes das empresas envolvidas na disputa pelo projeto Sivam, além de jornalistas que denunciaram a tentativa de suborno oferecido por lobistas franceses para participação no projeto.

      Em abril de 1995 a empresa Esca foi acusada de fraudar a quitação de guias do INSS pelo Ministério da Previdência e Assistência Social. Fiscais do INSS apreenderam nas dependências da empresa, guias de recolhimento de contribuições falsas relativas a 13 meses. 

      A Esca participou de uma concorrência pública da Embratel – Empresa Brasileira de Telecomunicações usando certidão falsa de quitação com a Previdência. Esse mesmo documento foi utilizado pela empresa para assinar contratos com o ministério da Aeronáutica. Comprovou-se também que a Esca usou uma falsa Certidão Negativa de Débito junto ao INSS. 

      Mesmo sabendo das denúncias de falcatruas da empresa o Governo manteve pagamentos à Esca. Em maio de 1995, Fernando Henrique telefonou para Bill Clinton e oficializou a assinatura do contrato do projeto Sivam com a Raytheon.

      Em novembro de 1995, a imprensa publicou o conteúdo de uma gravação telefônica em que o Embaixador Júlio César Gomes dos Santos, assessor da Presidência da República, conversava com o Comandante Assumpção, dono da empresa Líder Táxi Aéreo e representante da Raytheon. Nessa conversa ficou evidenciada a existência de tráfico de influência e um grande esquema de propinas utilizado para favorecer a escolha da empresa Raytheon. Ao invés de recuar e apurar as denúncias, o Governo preferiu articular no Congresso Nacional a obstrução de um pedido de CPI apresentado pelos partidos de oposição para investigar o caso Sivam. Vale lembrar que o Comandante Assumpção foi um colaborador da campanha eleitoral de Fernando Henrique, colocando jatinhos à disposição do comitê eleitoral para viagens pelo País.

      Em janeiro de 1996, o senador Antônio Carlos Magalhães agiu nos bastidores do Congresso Nacional e conseguiu impedir que o brigadeiro Ivan Frota, da Aeronáutica, fosse depor na Comissão do Senado que investigava o caso Sivam. No mesmo dia a Sociedade Brasileira (SBPC) para o Progresso da Ciência (SBPC) enviou à Comissão do Senado um estudo demonstrando que cientistas brasileiros poderiam montar um projeto equivalente ao do Sivam, com um orçamento de apenas 65,09% do montante previsto pelas empresas escolhidas pelo Governo. Em maio de 1996, desconsiderando as denúncias de superfaturamento e tráfico de influência, o Senado aprovou o andamento do projeto Sivam. A revista Istoé nº 1368 revelou haver um contrato assinado entre a Esca, a Raytheon e a Líder Táxi Aéreo, feito antes mesmo de o governo anunciar a vencedora da “concorrência”. Neste caso o Governo Fernando Henrique agiu deliberadamente em favor das empresas escolhidas sem licitação pública.

      A revista Época publicou matéria informando que a CIA e a NSA, agência de segurança dos EUA, grampearam as comunicações do Palácio do Planalto, além do grupo francês Thompson, no Rio de Janeiro e em Paris, durante a disputa pela compra do conjunto de radares do Sivam. O Diretor da CIA, em depoimento no Congresso dos EUA, disse textualmente: “Fornecemos informação econômica útil ao governo dos EUA. Mostramos tentativas de empresas estrangeiras de impedirem uma competição de alto nível.” 

      Outro diretor da CIA, James Woolsev, em depoimento no Senado americano, em 1994, disse: “Informamos à Casa Branca sobre tentativas de suborno no caso Sivan. Já beneficiamos várias empresas dos EUA em bilhões de dólares. Muitas nem sabem que tiveram nossa assistência.” 

      O fato é que este escândalo foi impedido de ser investigado na época pelo Congresso Nacional. O requerimento para a instalação de uma CPI é datado de 1995. Seis anos se passaram até que, em agosto de 2001, a CPI foi instalada, mas funcionou precariamente. As reuniões foram esvaziadas, muitas delas convocadas não atingiram sequer o quórum para abertura dos trabalhos. Deputados governistas diziam que a CPI não fazia mais sentido porque mais de 90% do projeto Sivam já havia sido executado. O principal acusado de suspeita de tráfico de influência, o embaixador Júlio César Gomes dos Santos, na época chefe do Cerimonial do Palácio do Planalto, foi nomeado representante do Brasil no Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) desde 1997, ganhando um salário de R$ 15 mil. 

      Sem a aprovação pela CPI da quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico do embaixador Júlio César a CPI foram encerrados os trabalhos com a alegação de insuficiência de provas materiais de corrupção no caso Sivam.

       

  5. EXTRA,EXTRA,EXTRA!!!!!
    JORNAL

    EXTRA,EXTRA,EXTRA!!!!!

    JORNAL  DE SP(?)RECEBE DINHEIRO DE GOVERNO “SUPOSTAMENTE CORRUPTO”

    PLANILHAS DE ANUNCIANTES DO JORNAL REVELA Q ELE FAZ NEGÓCIOS COM “SUSPEITOS”

    (PIMENTA NOS OLHOS DOS OUTROS É REFRESCO,NÉ!!JORNALECO!!!)

    PRONTO!!DEU AQUI!!AGORA DÁ MP ENCIMA DOS “BANDIDOS”!!!!

  6. Indevido é o uso que o Moro e a imprensa fazem disso

    Quando vejo François Hollande indo para os quatro cantos do planeta vender as empresas francesas, parece surreal o que a Lava Jato vem fazendo em torno desse tema. Criminalizando empresas e pessoas por levarem empresas brasileiras ao exterior ou fecharem contratos para as mesmas. Onde esta escrito, no codigo penal, de que é proibido? Eh corrupção mesmo ou apenas um jeito que o Moro e a imprensa acharam de acossar o ex-presidente Lula?

    1. bem lembrado Luisa

      E voce sabe o que aconteceu com os 2 porta helicopteros que seriam vendidos à Russia ( já pagos pela mesma) e não o foram após a questão da Ucrania?. Coisa de Milhões de euros.

      Foram vendidos ao Egito, que como sabemos é um exemplo de democracia…

      E a direita francesa, que é mais intelegente que a nossa, não mugiu. Nem a imprensa francesa…

      Elas sabe que negocios são negócios.

  7. defender o país e suas

    defender o país e suas empresas nestes tempos bbicudos parece que virou crime….

    quem a lesa, é exaltado….

    quem sonega cria patos…

  8. Se fosse possível, o Lula

    Se fosse possível, o Lula seria incriminado pela imprensa engajada-partidarizada  pelo ar que respira, a comida que ingere e no limite, até pelos pensamentos. Para ele a condescendência será sempre zero. 

    Uma mesquinha persequição que certamente não passa desapercebida até mesmos pelos seus adversários honestos e de bo vontade.

     

     

  9. Só posso achá-los medíocres…

    Culpam o Lula de ter prestígio…

    NASCEU POBRE, TEM QUE MORRER POBRE….

    Pior, é que ele estava vendendo produtos e serviços brasileiros ao exterior…

    Se não me falha a memória, até a GLOBO se aproveitou de uma destas e foi junto em uma viagem à china para vender mais novelas!

    Imagina se tívessemos acesso a todos os e-mails destes empresários?

    ELes se organizam DO JEITO QUE QUISEREM e o objetivo deles é BEM DIFERENTE DO GOVERNANTE!

    Eles vão para FAZER DINHEIRO! Não é amizade –  vão buscar DINHEIRO!

    E o Lula só fez a parte dele com presidente!

    Era uma COMITIVA, COM VÁRIOS EMPRESÁRIOS, AVIÕES ERAM FRETADOS – IGUAIS AS TANTAS QUE VEM AO BRASIL  ACOMPANHANDO OS PRESIDENTES DE OUTROS PAÍSES!

    É duro!

    Está explicado a TAMANHA IGNORÂNCIA dos coxinhas…

    1. Exatamente

      Exatamente, e os donos da midia golpista e oposicionista sabem muito bem disso.

      Só os midiotas é que não percebem a manipulação. O problema é que eles são em grande número…

  10. Vamos aguardar

    O Lula deverá processar o José Carlos Bumlai, o Marcelinho ODB e outros pelo uso indevido de seu nome. Ganha indenização fácil, já que dispõe das provas nesse matirial que já está a disposição da justiça.

    É quase uma obrigação moral para para com os brasileiros, Lula buscar uma reparação na justiça pelos danos que esses senhores causaram a sua imagem pelo uso indevido de seu nome, de sua imagem e de sua influência como presidente da nação.

    Então, aguardemos. Sentados, óbvio. 

    1. Equívoco

      Meu caro, se indenização cabe, é contra a mídia que manipula, distorce, insinua e levanta falsas suspeitas de tráfico de influência através de factoides baseados em fatos ou supostos fatos que não representam nada de ilegal ou imoral, muito pelo contrário,  é algo que os presidentes praticam no mundo inteiro nas viagens em comitiva de empresários, ou seja, a promoção de empresas nacionais.

  11. Luís Inácio Lula da Silva

    para essa nossa torta e torpe elite (da qual a Folha é entusiasta porta-voz) é como uma espinha de peixe atravessada na gargante, nunca vão aceitar o fato de Lula ter feito em 8 anos (passando o bastão depois pra Dilma) o que todos eles e seus filhos e netos nunca fizeram e nem têm vontade de fazer: dar um rumo pra humanizar a Terra de Vera Cruz, a colônia-província chamada Brasil.

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