Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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“Se tomar posse não governa”: mídia transforma eleição do Senado em “Terceiro Turno”, por Wilson Ferreira

“Exército psíquico de Reserva” – manter mobilizada e em constante ebulição a lama psíquica do Brasil Profundo

“Se tomar posse não governa”: mídia transforma eleição do Senado em “Terceiro Turno”

por Wilson Roberto Vieira Ferreira

“Se tomar posse, não vai governar”, dizia o udenista Carlos Lacerda contra Getúlio Vargas. Hoje usa-se o eufemismo do “terceiro turno”. Ansiosa, a grande mídia nem esperou pelos primeiros 100 dias: depois dos chiliques contra as evidências de política desenvolvimentista no Mercosul, transformou a eleição à presidência do Senado num “terceiro turno polarizado”. A reeleição de Rodrigo Pacheco era dada como certa. De repente, o quadro mudou: a mídia passou a inventar que a disputa se tornou “acirrada” e que adversário Rogério Marinho (PL-RN) já contava com “traições” e de que teria virado o placar. A profecia autorrealizável (que contou com o tradicional lobby da Globo com estúdio dentro do Congresso) não deu certo. Mas o jornalismo corporativo está cevando seus ativos: o bunker bolsonarista do Senado, a ambígua figura de Arthur Lira e o “Exército Psíquico de Reserva” dos bolsomínios – agora espicaçados com a mitomania do senador Marcos “Swat” do Val denunciando plano de grampear o ministro Alexandre de Moraes.

Carlos Lacerda, inimigo visceral de Getúlio Vargas, dizia: “Não pode ser candidato. Se for, não pode ser eleito. Se eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar”.

O raivoso político antigetulista da UDN lançou ali, na década de 1950, basicamente o roteiro de uma guerra híbrida para desestabilizar um governo – também, pudera, suas ligações com a CIA certamente lhe forneceram o know how para suas estratégias radicais junto à opinião pública como parlamentar da UDN. Chegou até a pedir intervenção militar dos EUA no Brasil em entrevista ao “Los Angeles Time” – clique aqui

Este Cinegnose vem insistindo que duas estratégias estão sendo colocadas em movimento nesse momento: a primeira, inspirada no roteiro udenista de Lacerda – se Lula ganhou a eleição e se tomou posse, não vai governar; e a segunda, cevar os ativos políticos, principalmente aquilo que este humilde blogueiro chama de “Exército psíquico de Reserva” – manter mobilizada e em constante ebulição a lama psíquica do Brasil Profundo que teve sua grande apoteose o parque temático do golpe que foi a depredação dos prédios dos três poderes da República.

O primeiro movimento já ficou bem claro desde os ataques e incêndios de Brasília em dezembro, no dia da diplomação de Lula; passando pela chantagem econômica e financeira da grande mídia contra o Governo de Transição (e um breve intervalo no dia da posse por ter oferecido à mídia o simbolismo woke na icônica subida da rampa do Palácio do Planalto); e finalmente a invasão de Brasília em 08/01 e a narrativa do jornalismo corporativo de que houve “tentativa de golpe de Estado”.

Mais claro ainda ao observar que a mídia hegemônica nem conseguiu aguardar os famosos 100 dias, a espécie de tradicional handcap que a mídia dá a um novo governo recém-empossado – basta ver os primeiros chiliques na viagem de Lula à Argentina e Uruguai e participação na Celac – clique aqui.

E o segundo movimento que culmina com a suposta denúncia do senador Marcos “Swat” do Val (aquele que anda com um boton da “Swat” na lapela do terno), supostamente evidenciando a participação de Bolsonaro numa “tentativa de golpe de Estado”, mas deixando no ar um ardil que assanha as hostes bolsomínias: sua suposta relação “profissional” com o Ministro do STF Alexandre de Moraes, desde os tempos em que era Secretário de Segurança de São Paulo – o que facilitaria a colocação de um grampo para incriminar o ministro.

Terceiro Turno

Na década de 1950 Lacerda ameaçava Getúlio de “não vai governar”. Hoje chamaríamos isso de “terceiro turno”, do qual foi vítima Dilma Rousseff após o candidato derrotado Aécio Neves ter sido derrotado, criando uma aliança no Congresso para induzir a crise política e econômica que a derrubaram.

A cada discurso de Lula, “colonistas” do chamado jornalismo profissional de qualidade o criticam de “palanqueiro”, por declarações “irresponsáveis” que fazem a Bolsa cair e o dólar disparar. Porém, a grande mídia ainda não esqueceu da derrota eleitoral e continua no palanque. Para ela, o ano de 2022 ainda não acabou.

Isso ficou escancarado na cobertura da disputa da presidência da Câmara e do Senado. Na Câmara dos Deputados já eram favas contadas, e a cobertura pouco se preocupou – principalmente, porque Arthur Lira (ex -?- fiel apoiador de Bolsonaro é escorregadio e potencial ativo para futuras crises políticas).

Continue lendo no Cinegnose.

Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

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