Precisamos falar sobre o jornalismo que só julga puta, preto e petista, diz Xico Sá

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – “Como pode, por exemplo, o golpe [do impeachment] seguir com esse silêncio todo? O golpe parlamentar sem um editorial contra essa safadeza, sem um jornal digno contra essa escrotidão toda. (…) O Brasil vive o maior golpe de Estado silencioso de todos os tempos…”

Essa é a avaliação do cronista Xico Sá, em artigo publicado nesta sexta (15) no El País.

Em “Precisamos falar sobre o golpe”, Xico Sá também denuncia a preferência da mídia em “julgar puta, preto e petista”, deixando de lado outras pautas e escândalos de corrupção que têm outros partidos políticos envolvidos.

A imparcialidade da imprensa já consolidade perante a opinião pública tem esvaziado os protestos contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, avaliou. Para ele, só os movimentos sociais compostos por “brasileiros reais”, como o povo sem terra, têm ocupado as ruas para contrariar os interesses dos grupos dominantes.

Por Xico Sá

Precisamos falar sobre o golpe

No El País

Precisamos falar sobre o jornalismo brasileiro que só julga puta, preto e petista, quase sempre atendendo um juiz moral de primeira instância. O resto é só tornozeleira eletrônica ou, se for tucano, inimputável, jamais cadeia. Resta uma pergunta sobre a ideia de justiça: todos iguais perante a lei, não sei?

Rapaz, que prendam os petistas, mas por que só os petistas? Por que o juiz Sérgio Moro, o mesmo do escândalo do Banestado, rombo maior que o Petrolão, nunca prendeu um tucano, ave tão envolvida quanto? O Banestado talvez seja o maior roubo de todos os tempos no Brasil, mas quem diz que isso interessa à imprensa brasileira!

Chega de pergunta. Para. Parei. Moro deve ter suas razões nesse caso, que se explique.

Precisamos falar sobre o jornalismo brasileiro que só julga puta, preto e petista Não sou puta, quem dera…

Não sou porra nenhuma, mas já votei com muito gosto em Lula, o maior presidente da República do Brasil de todos os tempos, o cara que botou o Nordeste na bonita roda da ciranda do avanço, só Luiz Inácio fez a grandeza, repito, que fodido (sic), com todo respeito.

Só há uma ideia de justiça: a que vale para todos. Se não for assim, não há justiça, a humanidade toda sabe disso. Não adianta a TV foder só e sempre um lado, minha mãezinha tá de olho e sabe das coisas da vida, caro Vonnegut. Não adianta.

Deixa quieto, fica a provocação de fato, meu meu amado Kurt? Sofreria deveras se me interessasse, por exemplo, sobre como o jornalismo brasileiro cobre a realidade. Deixa o sorvete da vida popular sem cobertura. Não cobre.

Sim, andei lendo o “número zero”, livro de Umberto Eco, que porrada no jornalismo mentiroso, mas deixa quieto. Prefiro falar sobre outro tipo de ficção. O amor de fato, por exemplo, se vinga, moçada.

Golpe do golpe

Assim como no amor e na vida, o Brasil que se vê na tevê e nos jornais, ave, é um país que escolheu a fantasia do golpe político. Que triste. Óbvio que a esquerda brasileira, de tão desunida, nossa!, acaba referendando, a maior sacanagem de direita, com ajuda midiática golpista, de todos os tempos.

Deixa quieto um caralho. Epa! Sem palavrão, seu cronista. Cadê o lirismo de Paulo Mendes Campos, cadê?

Yes, sempre careço da ajuda do velho Kurt Vonnegut. Ele que me deixa instigado. Também me segura. Já iria mandar a direita pra puta q o…

Como pode, por exemplo, o golpe seguir com esse silêncio todo? O golpe parlamentar sem um editorial contra essa safadeza, sem um jornal digno contra essa escrotidão toda.

O Brasil vive o maior golpe de Estado silencioso de todos os tempos…

O que mais intriga é que o golpe, com ajuda midiática, não tenha mais ninguém nas ruas contra essa barbárie.

Perdão. Tem sim. Os brasileiros de verdade, os sem-teto e os sem terra, num país que não conseguiu fazer reformar agrária desde 1500, estão na peleja. Estou com eles, sempre.

Xico Sá, escritor e jornalista, é autor de “Big Jato” (editora Companhia das Letras), e comentarista do “Redação Sportv”.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. A batalha será árdua pela retomada do caminho civilizatório.

    A sociedade está anestesiada pela mídia e pelos boatos de redes sociais. O discurso cínico da direita está vencendo o debate contra a civilização em todo o mundo. Há pessoas fazendo campanha na internet para jogar “Pokemon Go” em Auschwitz. E, no Brasil, onde a barbárie imperou sempre, tal conjuntura é “sopa no mel” para a elite bárbara deste país.

  2. Realmente! Este tipo de

    Realmente! Este tipo de jornalismo ataca o efeito, mas não o problema que causou este efeito. Está sempre culpando o povo por suas maze-las, dizendo: Trabalhem seus condenados. Mas do que adianta tanto trabalho, para pouco ou nenhum retorno. Quanto mais trabalha, mais aumentam os impostos e menores são os investimentos. Quanto mais o povo está submerso na miséria e no trabalho pelo dinheiro, menos o povo está na abastança e no trabalho pela comunidade. É isso que desejam, que o povo de tanto trabalhar e ocupado com a falta de dinheiro… Deixe a qualidade de vida e seus direitos de lado, e quando assim não o fazem são taxados de vagabundos pelo seu presidente. É isso que está ocorrendo, os vagabundos mais espertos estão chicoteando os não-vagabundos mais ignorantes.

  3. excelente, é o cara…

    mostra que quando os jornais não têm contrato com os leitores, as informações desaparecem ou silenciam os jornalistas

    e as informações, não só desaparecem, confirmam também que assim acontece para esconderem fatos que eles mesmos criaram, o golpe

    o que nos resta fazer, é mandar pra puta que o pariu todo jornalista que depois do golpe confirmado sair com essa de que o jornalismo, ou a liberdade de imprensa, com informações precisas e isentas, é a base de uma sociedade democrática

  4. Parabéns ao Xico

    Precisamos de maos Jornalistas corajosos e com “J” e não “j” para explicar ao povo o que acontece hoje.

    Um bando de políticos e uma rede de TV (pra simplificar) decidem reirar o PT do poder. Cada um com seus motivos.

    É fácil imaginar quais seriam os motivos de cada um.

    Os políticos teriam alguns: tomar o poder já que não conseguem pela eleição e “estancar a sangria” da Lava Jato, ou seja, parar de investigar os políticos que, tudo indica, são bandidos, pois honestos não iriam querer “estancar a sangria” das investigações.

    A Globo nunca aceitou a esquerda no poder, o receio de surgir controle na mídia, democratização da mídia , queda de gastos federais na Globo etc.

    E agora temos um sujeito que, diz uma já antiga revista Veja, precisa ser investigado por desvios no Porto de Santos, na presidência. É nele que temos de acreditar que ele acredita que Dilma teria cometido crime de responsabilidade?

  5. LULA

    ¨Não sou porra nenhuma, mas já votei com muito gosto em Lula, o maior presidente da República do Brasil de todos os tempos, o cara que botou o Nordeste na bonita roda da ciranda do avanço, só Luiz Inácio fez a grandeza, repito, que fodido (sic), com todo respeito.¨

    A esquerda precisa sentar-se, discutir ,expor suas divergências, chegar a um consenso e se unir pelo País. Lula, Ciro, Genro e todos os demais progressistas. O Brasil inteiro agradece. É a hora, e é para ontem!

  6. Jornalismo Ditatorial

    Parabéns, É um jornalismo ditatorial que destrói a comunicação do país. Eles só querem defender os interesses de uma minoria e esquecem da sociedade. Vergonhoso, onde esses destruidores se formaram? São brasileiros? Deveriam ser todos presos e mandados para Guantánamo. Nós brasileiros precisamos vencer esse golpe.

  7. Será que ele consegue passar

    Será que ele consegue passar essa mensagem lá na redação sportv???

    Porque o alcance do El País é bem limitado, né mesmo? Ainda por cima se a gente quiser reverter o golpe aqui dentro, e não lá no raio que o parta…

    O texto é certinho, o cara é legal, mas o efeito do texto será NULO!

    1. crônica de xico sá!

      Bom dia! tem três coisa que o Xico Sá não é: preto, intelectual e jornalista! ele não sabe que que para formar opinião tem que ter embasamento intelectual e fundamentos. Não pode haver passionalismo! Reclamar da ausência de tucanos no petrolão é total falta de informação para se ter um espaço na mídia. Não há tucanos porque não havia tucanos na direção da Petrobras e nem nas condução dos seus negócios! Já na eletrobrás havia pmdbistas…foram atingidos. Então este discurso de contra Moro é de quem está defendendo o seu grupinho e não o País! Fica a sensação de um espaço desperdiçado, porque o texto é fraco e desncontrado, além de xulo porque tem muito palavrão. Na escrita o palavão é vulgar! O palavrão para ser bem aceito ele tem uma impostação sonora e na hora certa e bem colocado! Muito feio! O Xico é um pseudo-intelectual! E engraçado, ele reclama que a imprensa está sendo imparcial, quer dizer: ele defende o passionalismo. Mas quando a mídia resolve ser o quarto poder, que é de fato, aí esses pesudo intelectuais ptistas reclamam que a mídia está manipulando o poder! Traduzindo: além de tudo o crônista é divertido mas incoerente!

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