Por que a sociedade civil impediu o golpe de Bolsonaro?, por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Os governos podem errar, mas a sociedade civil e o Estado são suficientemente fortes para garantir a democracia.

Por que a sociedade civil impediu o golpe de Bolsonaro?

por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Bolsonaro tentou dar um golpe várias vezes durante seu governo. Agora está sendo julgado pelo TSE e provavelmente se tornará inelegível nos próximos oito anos. O que é muito justo, mas pouco. É preciso haver também um julgamento criminal.

Foi a sociedade civil brasileira com ajuda dos grandes países que impediu o golpe. Nas minhas aulas eu costumo ensinar que há duas formas de sociedade voltada para a política: a nação e a sociedade civil.
As mesma pessoas e organizações participam das duas formas de sociedade, mas enquanto a nação está voltada para a autonomia nacional e o desenvolvimento econômico, a sociedade civil está voltada para a justiça social e a democracia.

No Brasil nós temos uma nação fraca e uma sociedade civil forte. A nação é fraca porque, não obstante os esforços realizados por Lula no seu primeiro governo e a agora, o Brasil continua subordinado aos grandes países que não têm interesse na nossa industrialização.

A força da sociedade civil ficou demonstrada no governo Bolsonaro. Só em 1985, com a aprovação do sufrágio universal, os brasileiros conquistaram a democracia, mas essa conquista foi definitiva.
É claro que os setores autoritários senão fascistas ganharam poder desde as manifestações de 2013. Foi quando a classe média, espremida entre os pobres, que o governo do PT procurava privilegiar e os muito ricos que não conseguia controlar, inclinou-se para direita.

Apesar disso, a maioria dos brasileiros, em todas as classes, inclusive a classe alta superior, preferem a democracia à ditadura. Têm boas razões para isso. Os governos podem errar, mas a sociedade civil e o Estado são suficientemente fortes para garantir a democracia.

Luiz Carlos Bresser-Pereira é economista, cientista político, cientista social, administrador de empresas e advogado. É professor da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, desde 1959, e edita a Revista de Economia Política desde 1981

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Redação

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