Aquiles Rique Reis
Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.
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Bia Góes e Ricardo Valverde: um trabalho sublime, por Aquiles Rique Reis

Como quem ora à vida, Bia Góes canta "Guerreiro Coração", a letra que revela o que é preciso saber sobre dores e delícias do mundo.

Bia Góes e Ricardo Valverde: um trabalho sublime

por Aquiles Rique Reis

Depois de comentar o álbum de um duo de violino (Ana de Oliveira) e viola de doze cordas (Sérgio Raz), convido-os a saber de outro duo, o de voz (Bia Góes) e vibrafone (Ricardo Valverde), que lança CD independente para celebrar 15 anos de parceria.

            A tampa abre com “Guerreiro Coração” (Gonzaguinha), em que graças ao arranjo de Jotinha Moraes e à bela intro, destaca-se um quarteto de cordas: Eder Esli Grangeiro, violino; Tiago Vieira Rocha, viola; Adriana Holtz, violoncelo e Thais Morais, violino. E ouve-se o som angélico do vibrafone de Ricardo Valverde. Como quem ora à vida, Bia Góes canta a letra que revela o que é preciso saber sobre dores e delícias do mundo.

            “Doce de Coco” (Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Carvalho) traz apenas a voz de Bia, o vibrafone e o arranjo de Ricardo. A janela do sentimento se abre para o vibrafone – eita som lindo! Bia canta suave e sua voz se mistura ao toque das baquetas: ambas, delicadas e belas.

            “Meu Primeiro Amor” (Cascatinha e Inhana), novamente com arranjo de Jotinha, tem de volta o quarteto de cordas. Com os violinos em pizzicato, a canção inesquecível traz à memória momentos de saudade. Bia e Ricardo se esmeram em seus ofícios – tudo é música, tudo é paixão. O final é primoroso.

            “Tristeza e Solidão”*, um dos mais belos afro-sambas de Baden e Vinícius, em novo arranjo de Ricardo, se ouve pela voz e pelo vibrafone – dupla em pleno delírio musical. Arritmo, o vibrafone soa como gotas de cristal, vagando entre nuvens e embalando a voz límpida da Bia. Mais celestial, impossível.

            “Kalu” (Humberto Teixeira) cresce com voz, vibrafone e o contrabaixo acústico de Marcos Paiva. A intro do vibrafone é o sinal verde para que Bia inicie o mais doce recado que Teixeira poderia imaginar para o seu clássico. O baixo participa com discrição infinda. Levado arritmo, o arranjo é de RV.

            Para o arranjo de “Vela no Breu” (Sérgio Natureza), RV ajuntou seu vibrafone à voz de Bia e ao violão de sete cordas do Swami Jr., este em participação especial, posto que é o diretor musical do álbum. A voz brota à capella. O vibrafone se achega a ela para, de mãos dadas, se atirarem numa levada arisca. O sete vem com tudo, trazendo ritmo à leveza.

            “Inquietação” (Ary Barroso) tem arranjo de Swami Júnior, em nova participação especial, tocando violão de seis cordas e ajuntando-se a vibrafone, baixo acústico e à voz. O clássico brilha pelas mãos dos instrumentos e da voz de Bia. Inapelável, uma modulação chama nossa atenção para que o final logo virá… e vem.

            “Onde Deus Possa Me Ouvir”**, bela canção de Vander Lee, tem violão de seis cordas e arranjo de Swami Júnior. Bia Góes e Ricardo Valverde mergulham íntegros nos versos e na melodia que fecharão a tampa de um CD hierático. Meu Deus!

Aquiles Rique Reis

“Nossos protetores nunca desistem de nós.” 

(frase da doutrina espírita)

*“Tristeza e Solidão”: https://youtu.be/HLRmODynB_8?si=j0gjfQPTBrtSIHGw

**“Onde Deus Possa Me Ouvir”: https://youtu.be/JteK26vUU_Y?si=MLYxDPvc58Yjc1JW

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