
CD traz músicas inéditas de Riachão, Edil Pacheco e Guiga de Ogum
por Augusto Diniz
Um registro em CD do grupo Bambas de Sampa traz músicas inéditas de Guiga de Ogum, Edil Pacheco e Riachão. O trabalho é uma homenagem aos três grandes sambistas baianos.
O idealizador do projeto independente é o músico Paulinho Timor, nascido em São Paulo, mas desde cedo um frequentador das rodas da Bahia onde nasceu o samba e produziu grandes sambistas.
O CD intitulado “Bambas de Sampa – Todo mundo tem que falar” tem 10 faixas, e abre com três músicas de Guiga de Ogum, depois duas de Edil Pacheco (uma delas em parceria com PCP) e, por fim, três de Riachão.
Duas composições de Paulinho entremeiam o trabalho: uma, na verdade, é uma vinheta, como o próprio autor define, de saudação a Bahia, e outra, antecipando às músicas de Riachão, faz uma homenagem a esse grande expoente do samba baiano. Os três sambistas participam do CD cantando em suas composições.
O registro fonográfico remete ao samba de roda, com ressalto à batucada, que é uma característica do gênero na Bahia. “Gosto da batida”, destaca Paulinho, que também é um percussionista de mão cheia. “Mas o que difere mesmo o samba baiano é o instrumento de corda, mais ponteado”, esclarece.
Os três sambistas já têm músicas gravadas por outros intérpretes e álbuns solos lançados, com exceção de Guiga de Ogum, 75 anos – inclusive Paulinho Timor está produzindo o primeiro disco desse cantor e compositor pouco conhecido, mas com uma obra rica. “Ele já tinha sido gravado no passado por Leny Andrade, Jorginho do Império, entre outros, mas agora a gente quer apresentar um trabalho próprio dele”, diz. O registro deve contar com um conjunto diversificado de composições de Guiga, de valsas e boleros a sambas de breque e afro.
O produtor explica que Edil Pacheco, 72 anos, é muito gravado na Bahia, e Riachão, com 96 anos, o grande mestre – a propósito, o título do CD é o nome de uma faixa de uma música de Riachão registrada no trabalho.
“Fui na casa de Riachão em Salvador, depois de sair perguntando onde era o endereço. Em 2013 fizemos o primeiro show com ele”, conta. Já Guiga e Edil Pacheco, Paulinho ganhou intimidade nas rodas de samba na capital baiana.
“Cheguei a marcar três vezes com Guiga em Salvador, mas ele só foi no último encontro. Tinha total desconfiança em 40 anos de música e falsas promessas”, relata. No fim, tornaram-se amigos. Paulinho hoje fica na casa de Guiga quando vai a Salvador e, como dito, está produzindo seu primeiro álbum solo. “É um baluarte”, resume.
Desses encontros surgiu a ideia do disco com os três baianos. O trabalho chegou a ser pré-lançado no dia nacional do samba (2 de dezembro) no Pelourinho, em Salvador, ano passado. Agora, deve ser lançado oficialmente em São Paulo em breve.
“A Bahia aflora a musicalidade. Nos anos de 1970 e 1980 os sambas da Bahia eram muito gravados, mas depois foram perdendo espaço para o axé e os blocos afros”, explica. “Mas tem muita gente boa lá ainda para ser ouvida”.
O CD tem capa e encarte caprichado e a produção foi bem cuidada por Paulinho Timor. O grupo Bambas de Sampa, além de Paulinho Timor, conta com André Piruka, Miró Parma, Marcelo Homero, Cacá Sorriso, Koka Pereira, Cadu Ribeiro (todos percussão), Gregory Andreas (cavaco), Renato Enoki, Caê Rolfsen (ambos violão), as cantoras Paula Sanches, Flora Poppovic e Mariana Furquim, e o cantor Fabricio Alves. O disco ainda teve participação dos instrumentistas de sopro Roberles Lopes, Jaziel Gomes, Allan Abbadia e Jorge Ceruto.
Mais informações do CD “Bambas de Sampa – Todo mundo tem que falar” na página do Facebook do produtor Paulinho Timor aqui.

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