Festival em Porto Alegre denuncia desmonte da cultura e artes

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Do Festival Salve Salve

O Festival Salve Salve realiza uma ocupação simbólica do Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues para homenagear a TVE, a FM Cultura e as Fundações Estaduais com entrada franca e diversas atividades. O evento coloca em cena mais de 80 artistas e intelectuais de diferentes gêneros, estilos, gerações e trajetórias profissionais da cultura do Rio Grande do Sul para dar voz ao Manifesto Salve Salve [leia abaixo] contra o silenciamento dos artistas, o desmonte da cultura, das ciências, do meio ambiente, da informação, da educação e das artes.

Reunidos por iniciativa e por vontade própria, de forma independente e apartidária em defesa da comunicação pública, da livre manifestação artística, da economia da cultura e da autonomia das emissoras e das fundações, artistas-cidadãos ressaltam o papel essencial destas instituições. Todos clamam pelo diálogo e pela participação da sociedade civil nas decisões relacionadas ao patrimônio material e imaterial do povo gaúcho, que vão desde a ausência de dados relacionados ao PIB do RS até os riscos ao meio ambiente e o descaso com os acervos históricos da TVE e da FM Cultura.

Para dar voz à diversidade, 9 espetáculos coletivos rebatizam os palcos do CMC com nomes de programas tradicionais das emissoras públicas: Tarde Popular BrasileiraClássicos FM CulturaCantos do Sul da TerraContemporâneaEstação CulturaSessão JazzRadar e Conversa de Botequim, em atividades contínuas das 18:00 às 22:00 num mutirão artístico pela cultura gaúcha. Haverá atividade especial com show e bate-papo com estudantes secundaristas e universitários às 16:00 no Palco Pandorga. (Clique para os cartazes)

Canção, música instrumental, música erudita, música contemporânea, música popular brasileira, poesia, música regional gaúcha e brasileira estarão presentes em formações diversas, reunindo velhos conhecidos do público em arranjos exclusivos, parcerias inéditas e canções compostas para a ocasião. O Festival Salve Salve congrega a excelência da produção musical gaúcha numa de suas causas mais nobres.

SERVIÇO:

Festival Salve Salve
Data: 25/06
Horário: a partir das 18h
Local: Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues. Endereço: Erico Verissimo, 307. Porto Alegre/RS. Fone (51) 3289-8050
Ingressos: Entrada Franca
Informações: [email protected]
Dúvidas: 
(53) 99994 6072
Evento: #FestivalSalveSalve

 

MANIFESTO PELA TVE, FM CULTURA E FUNDAÇÕES ESTADUAIS

Nós, músicos, poetas, atrizes, bailarinos, escritoras, intelectuais e artistas gaúchos, realizamos neste dia 25/06/2018, às 18 horas, um ato de ocupação simbólica do Centro Municipal de Cultura de Porto Alegre para expressar nosso descontentamento com desestruturação da comunicação pública do Estado do Rio Grande do Sul. O encerramento do CNPJ da Fundação Cultural Piratini representa a descontinuidade da outorga das emissoras e o fim de seu caráter público. Nosso movimento é apartidário, independente e autônomo, feito pelos próprios artistas em um grande coro expressando-se em uníssono.

No âmbito da liberdade de expressão artística, o fechamento da TVE e da FM Cultura representa o mais cruel silenciamento de nossa voz e de nossa produção intelectual. É a ampliação do abismo já existente entre os criadores gaúchos e a população do estado, que tem o direito de se ver e de se reconhecer na comunicação pública sem o intermédio de patrocinadores ou de agentes mercadológicos.

A TVE é a única emissora pública em canal aberto, e a FM Cultura é a única emissora FM que veiculam nossa arte sem restrição de credo, estilo musical, pressão mercadológica ou ideologia. A nossa identidade, assim como a criatividade gaúcha, seja urbana ou seja rural, não devem ser limitadas ao enquadramento e formatação de emissoras com fins lucrativos, cuja grade de programação e de distribuição de horários é ditada pelas matrizes do centro do país.

Em todos esses anos, desde a redemocratização, nunca tivemos o risco tão iminente de ter nossa voz silenciada de forma tão brutal. A identidade e a criatividade de nossos artistas, de variadas tendências estéticas, não pode ser simplesmente  segregada da vida das pessoas que vivem no Rio Grande do Sul.

A extinção das emissoras públicas também afeta diretamente a economia da cultura local. Essa mesma que faz o Rio Grande do Sul grandioso e digno. Afeta a artesania de novas possibilidades de vida e de trabalho e sobretudo nega a vocação da Fundação Cultural Piratini como cabeça de uma grande rede estadual de emissoras públicas, universitárias, educativas e comunitárias que possibilitem não somente a expressão da população gaúcha por si mesma, com seus diferentes sotaques e modos de vida, mas também inviabiliza a única via de escoamento de nossa produção cultural. Isto é feito na mais absoluta contramão da tendência mundial de produzir riquezas a partir do capital sustentável proveniente de uma economia da cultura saudável e de uma indústria criativa vibrante.

Agradecemos a todas as pessoas que apoiam nossa causa democrática e cidadã e declaramos que NÃO ACEITAMOS A EXTINÇÃO DA TVE, DA FM CULTURA, DA FUNDAÇÃO CULTURAL PIRATINI E DAS DEMAIS FUNDAÇÕES ESTADUAIS. Não há o que justifique esta violência contra o povo gaúcho, contra sua história e sua própria identidade. Afirmamos nosso direito constitucional à comunicação pública e reafirmamos nosso papel cidadão!

VIVA A TVE E VIVA A FM CULTURA!

VIVA A FUNDAÇÃO CULTURAL PIRATINI!

VIVAM AS FUNDAÇÕES ESTADUAIS!

VIVA O ESTADO E O POVO DO RIO GRANDE DO SUL!

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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