Considerada por críticos e pelo próprio público como uma das maiores intérpretes da música brasileira, a mineira Clara Nunes foi uma das responsáveis por popularizar a cultura afro-brasileira no país, com seus sambas de reverência à ancestralidade e à resistência negra.
Eleita pela revista Rolling Stone como a nona maior voz brasileira, a cantora era pesquisadora da música popular e quebrou tabus da indústria fonográfica ao se tornar a primeira mulher do país a vender mais de 100 mil cópias de um disco.
Entre boleros e sambas, suas músicas foram influenciadas por artistas como Carmem Costa, Ângela Maria e, principalmente, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira, segundo a própria cantora. Confira uma de suas interpretações, ao lado de Paulinho da Viola, em 1976:
Trajetória
Clara Nunes é o nome artístico de Clara Francisca Gonçalves Pinheiro. A artista nasceu em Paraopeba, no interior de Minas Gerais, em 12 de agosto de 1942. Sua infância foi marcada pela perda dos pais e ela foi criada por seus irmãos.
Criança, a partir das aulas de catecismo na matriz da Cruzada Eucarística, ela cantava ladainhas em latim no coro da igreja. Em 1952, ainda menina, venceu seu primeiro concurso de canto interpretando a canção de Perla, “Recuerdos de Ypacaraí“.
Já em 1957, ela passou a morar na capital Belo Horizonte, onde trabalhava em uma fábrica de tecidos durante o dia e a noite estudava o curso de formação de professoras. Aos finais de semana, participava dos ensaios do coral da igreja.
Clara Nunes acabou se afastando do catolicismo e começou a frequentar centros espíritas. Nessa época, conheceu o violonista Jadir Ambrósio que a levou para vários programas de rádio, como “Degraus da Fama“.
Já no início dos anos 60, ela conheceu também Aurino Araújo, com quem namorou durante 10 anos. Ele a apresentou para muitos artistas e por influência do produtor musical Cid Carvalho, a artista adotou o nome artístico de Clara Nunes. No mesmo ano, ela venceu a etapa mineira do concurso “A Voz de Ouro ABC” e na final nacional obteve o terceiro lugar.
A partir daí, começou a cantar na Rádio Inconfidência de Belo Horizonte e durante três anos seguidos foi considerada a melhor cantora de Minas Gerais. Ela também passou a se apresentar em clubes na capital mineira e chegou a trabalhar com o então baixista Milton Nascimento.
Clara Nunes fez sua primeira apresentação na televisão, no programa de Hebe Camargo. Em 1963, ganhou um programa exclusivo na TV Itacolomi, chamado “Clara Nunes Apresenta“, que foi exibido por um ano e meio.
Viveu em Belo Horizonte até 1965, quando se mudou para o Rio de Janeiro e passou a apresentar-se em vários programas de televisão e em escolas de samba.
Ainda em 1965, ela passou num teste como cantora na gravadora Odeon e registrou pela primeira vez a sua voz em um LP. O disco foi lançado pela Rádio Inconfidência. No ano seguinte, foi contratada pela mesma gravadora, a primeira e a única em toda a sua vida.
Em 1968, gravou “Você Passa e Eu Acho Graça“, seu segundo disco na carreira e o primeiro onde cantaria sambas. A faixa-título (de Ataulfo Alves e Carlos Imperial) foi seu primeiro grande sucesso. A partir daí lançou inúmeras obras, viajou o Brasil e visitou outros países do mundo.
Em 1983, Clara Nunes submeteu-se a uma cirurgia de varizes, teve reação alérgica a um componente da anestesia e sofreu uma parada cardíaca. A cantora permaneceu durante 28 dias internada na UTI da Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. Na madrugada de 2 de abril de 1983, perto de completar 41 anos, foi declarada morta em razão de choque anafilático. O seu corpo foi velado por mais de 50 mil pessoas na quadra da escola de samba Portela.
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Com informações do Gemini IA.
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