CD de Renato Milagres supera desafio imposto pelo parentesco, por Augusto Diniz

Renato Milagres

CD de Renato Milagres supera desafio imposto pelo parentesco

por Augusto Diniz

Renato Milagres levou mais de 10 anos para lançar seu primeiro CD solo. Nesse tempo encarou muita roda de samba e fez algumas participações em discos. Era visível a preocupação em realizar um trabalho com primazia.

Mas havia outro motivo além de se lançar bem no mercado fonográfico – já que isso todos os artistas devem ter em sua primeira experiência em CD. É que seu tio é hoje o maior sambista do País: Zeca Pagodinho. E era inevitável a comparação.

Pois o cantor Renato Milagres, filho de Meco e tão envolvido no samba como seu irmão Zeca, pode respirar aliviado. O álbum “Ofício sambista” (gravadora Mins Música), disponível nas plataformas digitais e em formato físico, é um trabalho cuidadoso e tem ótima qualidade musical. E Renato Milagres vai bem como intérprete.

O disco reúne sambas contemporâneos e partido alto de compositores badalados do gênero, como Toninho Geraes, Arlindo Cruz e Serginho Meriti. Mas o melhor do álbum está nas interpretações de Renato Milagres de músicas das atuais revelações do samba no Rio, como João Martins, Fred Camacho, Leandro Fregonesi e Juninho Thybau (outro sobrinho de Zeca Pagodinho e filho do compositor Beto Gago).

O trabalho de Renato Milagres tem arranjos bem acabados e grupo de músicos de acompanhamento extenso em todas as faixas, incluindo cordas, percussão, sopros e coral, o que dá muita propriedade ao disco.   

O álbum tem 12 músicas e há regravações, mas pouco conhecidas do público em geral. “Ofício sambista” tem no repertório “Alma boêmia” (Toninho Geraes, Paulinho Resende), “Cuca quente” (Serginho Meriti, Claudemir, Ricardo Morais), “O valor do dinheiro” (Claudemir, Diney, Leandro Fab), “Amor calmo” (João Martins), “Ernesto Galhardo” (Arlindo Cruz, Hélio de la Peña, Mu Chebabi), “Lendas da mata” (João Martins, Raul di Caprio), “Pra dor me esquecer” (João Martins, Fred Camacho), “Ofício sambista” (Claudemir, André Renato), “Quando a dor já é demais” (João Martins, Leandro Fregonesi), “Se eu encontrar com ela” (Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz), “Tudo entre nós” (Juninho Thybau, Renato Milagres, Raul di Caprio) e “Nega Lili” (Serginho Meriti, Rodrigo Leite).

É provável que Renato Milagres tenha no segundo disco outro desafio depois de superar o primeiro da carreira: fazer um CD ainda melhor.

O disco “Ofício sambista” é de 2016 e pode ser ouvido aqui

Redação

6 Comentários

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  1. (Deve ser samba muito bom pra

    (Deve ser samba muito bom pra quem entende mas eu nao sei o suficiente e nao me identifico com letras romanceando favela e pobreza!)

  2. Tem uma geração nova no samba

    Tem uma geração nova no samba muito interessante    sendo revelada, principalmente nas boas rodas de samba.
    O problema é que essa geração quando o assunto é produção e gravação de disco, pouco acrescenta ao que já foi feito.
    A partir da década de 90, o grande produtor e arranjador Rildo, criou um modelo de produção,arranjo que deu identidade a uma sonoridade que  persiste até hoje.

    O que se percebe nas produções , são fórmulas repetidas desse formato. Muda o compositor, muda o interprete maso que se ouve é mais do mesmo.
    Pra quem é fã do gênero basta comparar  produção mais contemporâneas com aquilo que foi produzido na década de 70 até  meados da década de 80. A diversidade nos arranjos, timbres, produções  muito mais “in Natura”.

    Cito  algumas dentre  várias obras primas da época:
    – O disco do Cartola de 76. Em uma das faixas, um arranjo  combinava um solo inusitado de  Fagote com os contratempos do violão 7 cordas do Dino. Isso sem descaracterizar em nada a autenticidade do samba.

    O  Disco Axé de Candeia,78, foi outra obra prima a se destacar.

    O primeiro disco do Fundo de Quintal(80), também marcou pela criatividade e novas propostas de sonoridade.

    1. Esse eh o comentario tecnico

      Esse eh o comentario tecnico que eu queria ter escrito e nao conheco o assunto o suficiente, parabens!

      Vamos comparar com o que eu conheco.  Ouca a excepcional guitarra dessa musica:

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=-Cl1f_6FYQo%5D

      (Eh curtinha e vale a pena)

      Surpreso que eh de 2011 e ninguem ouviu falar desse disco?  Eu nao estou.

      Porque nao toca no radio?  Com uma guitarra dessas de  backup, o que David Lee Roth faz como cantor eh dizer que ja nao tem toque nenhum para musica.  As letras sao muito mal escritas.  Em todas as musicas desse disco a mesma coisa se repete:  o vocal vai aceitavelmente, ai chega o estribilho e a musica fica inouvivel.  A maneira como David entra em no estribilho com “welcome to Chinatown” esta errada em ritmo, notas, e tom!  A proxima sentenca eh pior ainda.  Eh incrivel alguem deixar passar um erro desses…  e la esta o mesmo erro em todas as musicas do disco.  Quando a melhor coisa que se pode dizer de uma musica de Van Halen eh que o “my town” repetido 3 vezes eh o unico ponto vocal de interesse, a vaca ja foi pro brejo!

      Quanto ao sambista, ele ate tem letras bem escritas e pensadas e a voz muito boa -e nem isso eu tava esperando considerando que ele eh familia de Pagodinho.  Mas…  mas ele ta indo pro mesmo caminho.

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