Esforço por crédito pode aumentar risco de bancos públicos, diz Moody’s

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Aumento de concessões pode ampliar risco de qualidade dos ativos

Jornal GGN – Os esforços do governo brasileiro para ampliar a concessão de crédito por meio dos bancos públicos podem elevar o risco de qualidade de ativos dessas instituições e, em consequência, o risco para os credores, segundo declarações da agência de classificação de risco Moody’s.

Ao fim de janeiro, o governo brasileiro anunciou várias medidas voltadas para o aumento da oferta de crédito ao consumidor e às empresas por meio da concessão de R$ 83 bilhões (US$ 20,32 bilhões) via bancos públicos. Tais programas incluem a oferta de crédito a taxas abaixo da média de mercado para setores específicos da economia e também o refinanciamento de operações de crédito existentes, que passariam a ter prazos mais longos.

O governo pretende que Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) apliquem tais recursos para originar novos empréstimos.

Em um novo relatório, a Moody’s afirmou que devido à profunda recessão econômica do Brasil e aos elevados níveis de alavancagem dos tomadores de crédito, será provavelmente difícil para os bancos aumentar significativamente o volume de crédito no atual ambiente.

“Tomadores de crédito no Brasil já estão enfrentando limitações por conta da profunda recessão econômica do país, desemprego crescente, elevação dos custos de captação e inflação alta”, afirma Alexandre Albuquerque, em nota. “Incentivar os bancos a ampliar os empréstimos de forma mais agressiva pode provocar uma alta no risco dos ativos quando as condições de crédito estão em deterioração”.

Segundo a agência, o programa anunciado pelo governo para os bancos públicos depende de incentivos tanto para os bancos quanto para os tomadores para motivar o crescimento do crédito mas, se a falta de confiança dos tomadores de crédito prevalecer, os bancos públicos terão de encontrar uma forma alternativa para utilizar o seu excesso de liquidez – provavelmente, investindo em títulos do governo ou compromissos de recompra com o Banco Central ou com outras instituições financeiras.

Na última semana de dezembro de 2015, o governo brasileiro repassou R$ 72,4 bilhões (US$ 18,54 bilhões) aos três maiores bancos públicos e também ao FGTS. No entanto, a agência de rating afirmou que se não ocorrer um aumento significativo na tomada de créditos, esses recursos irão se juntar as já elevadas posições de liquidez desses bancos.

“Mesmo que expansão das carteiras de crédito dos bancos públicos não se materialize, a Moody’s espera que os índices de inadimplência cresçam em 2016 em consequência das pressões macroeconômicas. Além disso, a capacidade dos bancos de conceder novos empréstimos é limitada por seus modestos colchões de capital”, diz a agência.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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