A busca da nova utopia na politica

Por Marcello M. E. Santo

 

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A minha utopia é outra

Esses dias de turbulência política, com o esforço estrondoso da grande mídia para fritar ministros e o recente lançamento do livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr com as falcatruas da época da privatização (ou privataria como preferem alguns) causaram um serie de reflexões interna sobre a política e os acontecimentos mundiais. Apesar de acreditar que estamos evoluindo, a passos de tartaruga, mas se analisarmos que a 100/150 anos atrás, práticas como escravidão e não direito de voto para mulheres, eram coisas normais e aceitáveis, assim como tendências como o fascismo e o nazismo tiveram espaço para ganhar tais proporções, podemos concluir que há uma certa evolução, é tudo uma questão de tempo histórico.

Eu, como um Brasileiro a esquerda no espectro político, senti certo sentimento de justiça com a publicação de fortes evidencias mostrando o que muitos já sabiam, que o jogo la do outro lado gira em outros patamares, o que era de se esperar da força política que mantêm uma forte aliança com o mercado financeiro. Lulistas roxo como meu pai, oriundos da geração da ditadura, urram de satisfação, muito mais que meu sentimento de justiça.

Mas infelizmente tais práticas imperam na política, para quem quer estar no poder, e a regra vale para ambos os lados, a diferença é que agora a elite detem os fins e os trabalhadores os meios, um tem os recursos o outro intermedeia. O que difere é que a direita é incompetente ou negligente na área social, até por seu conservadorismo, e não valoriza as potencialidades de nosso país, por seu complexo de colonizada. A esquerda atual (ou PT) no governo adotou uma série de políticas sociais que deram resultados e bem ou mal procurar usar as potencialidades do Brasil tendo um Estado mais pró ativo e condutor de políticas estratégicas. Mas não rompeu com o modus operandi, os mesmo atores imperam, o Status Quo está intocado,  só precisa conversar com mais pessoas para conseguir o que quer.

 E eu, nos altos dos meus 27 anos de idade, me pergunto, o que realmente queremos? O que a próxima geração que vai “assumir” o poder quer para si mesmo? Quando vejo a empolgação do meu pai e da geração atual ou anterior, herdeiros da ditadura, as vezes acho que chegaram em suas utopias, ou talvez seja a felicidade de estar no poder depois de tantos anos. E se perguntam, porque a juventude não se interessa tanto por política… A resposta é essa mesmo, essa “utopia” não é nossa (tomo liberdade de falar por essa geração, ou parte dela que pensa como eu). Votei na Dilma, pelos mesmos motivos que descrevi acima, no entanto eu ainda estou no aguardo de alguém (ou algo) que eu queira defender mesmo, e eu, até como herança do meu pai, sempre gostei de política e me interessei pelo assunto, algo incomum para essa geração. Chego a defender o governo em conversas com amigos, na internet, nos meus tempos de universidade, mas nunca me mobilizei a ponto de ir em reuniões, debates, realmente me engajar. Pretendo, mas continuo no aguardo de alguém (ou algo) que represente um rompimento com esse jogo que se materializa em financiamentos de campanha, caixa 2, empresas corruptoras, mercado financeiro. E para isso não precisa ser radical, ou ter pinta de revolucionário, mas alguém que rompa com essa falsa dualidade e apele para a razão e com um forte lado humanista. Estamos vivendo uma grande fase non sense onde discursos absurdos e totalmente fora da realidade são proliferados com assustadora naturalidade, a desfaçatez do mercado financeiro com essa crise foge da realidade, e muito. Coisas que aparecem na grande mídia não têm impacto pois todo mundo sabe que é assim mesmo, a política funciona dessa forma. A mídia se engana achando que o discurso (ou anti-discurso) dela atinge o povo que é totalmente despolitizado, mas sabe que todos atuam da mesma forma, uns mais outros menos. A briga fica pra quem é politizado ou se acha politizado, os petistas e os anti-petista (porque alguém que seja PSDBista, depois de dois ou três argumentos, eu to pra conhecer ainda), e a pequena parte da população que realmente tem clareza como funciona e tem uma abordagem mais pragmática.

No entanto, a minha geração, não importa em qual dessas classificações estejam, ainda não achou a sua utopia. Teremos tempos turbulentos pela frente, de grande incerteza, mas ao mesmo tempo extremamente excitantes, de grande transformação. Aquele que conseguir emergir acima da atual dualidade conseguirá ganhar muitas mentes e corações.

Luis Nassif

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