Com uma leitura hiper-realista e sarcástica sobre o período obscurantista que dominou o país durante seis longos anos, iniciado no governo Temer e aprofundado na era Bolsonaro, o filme Brazyl – Uma Ópera Tragicrônica, do diretor José Walter Lima, estreia nos cinemas em 14 de novembro. Nesta terça-feira, 29 de outubro, o programa “TVGGN 20h” recebe o diretor, dramaturgo e cineasta para uma entrevista com o jornalista Luis Nassif [confira o link abaixo].
Em contraponto à mesmice do cinema globalizado, o longa-metragem apoiado pelo Jornal GGN ressurge com um olhar político, poético e filosófico com uma crítica ferrenha ao fascismo, que revela a verdade histórica em defesa de uma cultura desmantelada nos últimos anos propondo uma reflexão sobre o atual cenário político nacional, conformado com o caos herdado dos últimos anos.
A elite subserviente e a mídia contrária aos interesses do povo
Em Brazyl – Uma Ópera Tragicrônica, José Walter Lima convida o espectador a refletir sobre os objetivos de uma elite subserviente e de uma mídia contrária aos interesses da população brasileira.
Nem os desmandos do Banco Central escapam à lente crítica do cineasta, que expõe como o poder do capital prevalece em detrimento do povo em meio ao luxo desmedido de uma sociedade em declínio, na qual o Estado negligencia sua responsabilidade com os desvalidos.
“O impacto do filme é profundo. Ninguém sairá ileso dessa experiência cinematográfica, que age como um tapa na cara — ou, se preferir, um soco no estômago — dos setores retrógrados da sociedade brasileira, ressurgidos dos porões da ditadura militar imposta ao país por 21 anos após o golpe de 1964, que interrompeu os avanços sociais promovidos pelo governo de João Goulart”.
O elenco do “filme-manifesto” conta com Clara Paixão, Clovys Torres, Lucas Valadares, Rosana Judkowitch, Vanessa Carvalho e Wagner Vaz. Trata-se de “uma jogralesca política sobre os causadores da nossa miséria; um impactante tapa na cara da República dos Canalhas, com fragmentos nucleares sobre o império da corrupção e da bala perdida. Um discurso delirante sobre o Brasil contemporâneo“.
Repleta de referências à história moderna e contemporânea, a obra permite uma leitura fragmentada da antropofagia de Oswald de Andrade, com um texto que expressa um discurso apaixonado sobre uma nação espoliada pela classe dominante e pelo capital internacional, além de oferecer uma resposta contra o imperialismo hegemônico: “Só através de uma nova consciência sairemos do caos promovido pelos crimes do capital”.
O desmonte no audiovisual
À luz do desmonte sofrido pelo setor audiovisual nos últimos anos, o filme destaca como, entre 2019 e 2022, mais de 330 mil trabalhadores da indústria audiovisual enfrentaram a paralisação das principais instituições do setor, como a Agência Nacional de Cinema (Ancine).
A suspensão dos investimentos do Fundo Setorial do Audiovisual e a ameaça de extinguir a Condecine colocaram em risco uma indústria que movimentava bilhões na economia e representava 0,5% do PIB, segundo dados da Ancine.
“É preciso reconhecer que o desmonte da Cultura não começou na era Bolsonaro, mas já nos anos Temer, que preparou o fim do Ministério da Cultura. Bolsonaro, então, consolidou esse descalabro, num período em que a cultura foi entregue a pessoas que a desprezam“.
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