A oposição e o fracassado enterro do Brasil

Após perder a eleição, o PSDB passou a apostar na perigosa estratégia do quanto pior melhor. Tentou empossar o candidato derrotado e não conseguiu. Tentou impedir a diplomação e posse de Dilma Rousseff e fracassou. Aplicou o golpe do Impedimento por ato praticado no mandato anterior e o mesmo desmoronou juridicamente nas mãos de um presidente da Câmara que corre o risco de sair do parlamento para uma prisão federal. Embarcou no golpe da carta do vice-bibelô e a estatura moral de Michel Temer o reduziu à condição de miniatura decorativa. A última “bala de prata” da oposição está em andamento no TST, mas nada indica que a diplomação e posse de Dilma Rousseff e do vice lhe será concedida pelo TSE.

O ódio se espalha do PSDB para os jornais e destes para o MPF e para o Judiciário, que tenta cassar o ex-presidente Lula. A reação dos petistas já começa a se esboçar e situações de confronto e violência já começaram a ocorrer. Dilma Rousseff cometeu o erro de nomear um Ministro da Fazenda neoliberal e ele estropiou a economia brasileira com lucro para os amigos dele que o premiaram no exterior. O curso dos acontecimentos é incerto, pois a economia patina em razão dos erros de Joaquim Levy e da crise chinesa.

No centro da disputa entre PSDB e PT está justamente o regime de exploração deste recurso. Em troca de favores financeiro/eleitorais, a oposição prometeu entregar o pré-sal aos norte-americanos permitindo-lhes explorar rapidamente as províncias petrolíferas que já foram descobertas. O governo petista insiste em explorar lenta e racionalmente os recursos petrolíferos levando em conta as necessidades da nação.

Analistas de direita e de esquerda estão a prever uma guerra civil. Movimentos separatistas renascem em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. A ilusão da fragmentação territorial parece ser estimulada por grupos internacionais interessados em saquear o petróleo no nosso litoral. O Brasil já é tratado como se fosse um cadáver.  Esta situação fez-me lembrar uma crônica de Lima Barreto.

“Conto-lhes. O enterro era feito em coche puxado por muares. Vinha das bandas do Engenho Novo, e tudo corria bem. O carro mortuário ia na frente, ao trote igual das bestas. Acompanhavam-no seis ou oito caleças, ou meias caleças, com os amigos do defunto. Na altura da estação de Todos os Santos, o cortejo deixa a rua Arquias Cordeiro e toma perpendicularmente, à direita, a de José Bonifácio. Coche e caleças põem-se logo a jogar como navios em alto-mar tempestuoso. Tudo dança dentro deles. O cocheiro do carro fúnebre mal se equilibra na boléia alta. Oscila da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, que nem um mastro de galera debaixo de tempestade braba. Subitamente, antes de chegar aos “Dois Irmãos”, o coche cai num caldeirão, pende violentamente para um lado; o cocheiro é cuspido ao solo, as correias que prendem o caixão ao carro, partem-se, escorregando a jeito e vindo espatifar-se de encontro às pedras; e – oh! terrível surpresa! do interior do esquife, surge de pé – lépido, vivo, vivinho, o defunto que ia sendo levado ao cemitério a enterrar. Quando ele atinou e coordenou os fatos não pôde conter a sua indignação e soltou uma maldição: ‘Desgraçada municipalidade de minha terra que deixas este calçamento em tão mal estado! Eu que ia afinal descansar, devido ao teu relaxamento volto ao mundo, para ouvir as queixas da minha mulher por causa da carestia da vida, de que não tenho culpa alguma; e sofrer as impertinências do meu chefe Selrão, por causa das suas hemorróidas, pelas quais não me cabe responsabilidade qualquer! Ah! Prefeitura de uma figa, se tivesses uma só cabeça havias de ver as forças das minhas munhecas! Eu te esganava, maldita, que me trazes de novo à vida!” (Os enterros de Inhaúma, Lima Barreto)     http://www.faculdadesjt.com.br/tecnico/gestao/arquivosportal/Cr%C3%B4nicas.pdf

Aqueles que contam com o enterro do Brasil terão uma enorme surpresa. O cadáver ainda pode estar vivo e pode acabar se levantando justamente à medida que o carro fúnebre tenta vencer a tempestade oscilando da direita para esquerda e da esquerda para a direita. O respeito à legitimidade eleitoral é a única coisa que impedirá o cadáver de se levantar e começar a praguejar contra os coveiros da nação. Os tucanos e os defensores da independência de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul querem repartir o que não lhes pertence (o petróleo e o país). Acreditam que estão em condição de agüentar as forças das munhecas da nação. Quando o carnaval fúnebre permanente inventado pela oposição, pela imprensa e pelo judiciário chegar aos quartéis, o cadáver cairá do coche e se mostrará vivo e profundamente irritado. 

Fábio de Oliveira Ribeiro

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