Aécio Münchhausen Neves

Na condição de pré-candidato a presidência, Aécio Neves disse publicamente que o Salário Mínimo está muito alto e prejudica o lucro das empresas brasileiras. Armínio Fraga, o Ministro da Economia em potencial do pré-candidato tucano, reafirmou a necessidade de reduzir o salário mínimo.  Sou um defensor da política adotada por Luis Inácio da Silva e Dilma Rousseff de recuperação do Salário Mínimo. A confirmação de Aécio Neves como candidato a presidente do PSDB não me causou surpresa, indignação e temor, mas apenas um sorriso.

 

Cresci durante a Ditadura, época em que, quando indagadas sobre a distribuição de renda, as autoridades sempre repetiam o bordão “o bolo precisa crescer para ser dividido”. Historicamente a Ditadura proporcionou intensa concentração de renda, queda dos níveis do Salário Mínimo e redução da participação dos salários no PIB. Naquele período a divisão de renda não ocorreu nem mesmo quando as taxas de crescimento foram altas. Quando a economia fracassou, o governo passou a maquiar os índices inflacionários que eram empregados para reajustar salários provocando um prejuízo terrível para os trabalhadores.

 

Os dados estatísticos revelam que a esmagadora maioria dos brasileiros segue ganhando de 1 a 2 salários mínimos http://veja.abril.com.br/complementos-materias/renda-censo/renda.swf e http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2012/12/19/ibge-72-dos-brasileiros-ganhavam-ate-2-salarios-minimos-em-2010.htm . Esta maioria, capaz de por si só decidir uma eleição presidencial, será inevitavelmente prejudicada caso Aécio Neves seja eleito.

 

A Ditadura Militar não distribuiu renda. Mas enquanto a economia cresceu, o regime foi apoiado ou tolerado pela maioria da população brasileira porque havia a esperança de que a distribuição de renda ocorreria. Esperança esta que era inspirada constantemente pelo discurso oficial de que “o bolo precisa crescer para ser dividido”. Os militares somente passaram a ser combatidos intensamente pelos trabalhadores no momento em que o fracasso da economia se somou à manipulação dos índices de correção salarial.  

 

Aécio Neves quer o voto da maioria da população (que ganha de 1 a 2 salários mínimos) com uma plataforma impopular: redução do salário mínimo. A arrogância imperial do candidato do PSDB o impede de dar à maioria da população qualquer coisa. Com ele nem mesmo esperança os trabalhadores brasileiros podem ou devem ter. É isto que condenará o tucano ao fracasso, a menos que, como o Barão Münchhausen, Aécio Neves seja capaz de se salvar do afogamento no pântano erguendo-se pelos próprios cabelos.

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

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