Arapuca para Moraes: Senador detalha o que deveria extrair de grampo sugerido em reunião com Bolsonaro

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Plano envolvia veículo próximo ao STF para capturar eventual áudio de Alexandre de Moraes

O senador Marcos do Val detalhou à imprensa, no final da manhã desta quinta (2), o pedido que recebeu em reunião com Jair Bolsonaro e Daniel Silveira, para grampear ilegalmente o ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes.

Segundo o senador do Podemos, Silveira e Bolsonaro esperavam que Moraes dissesse em alguma conversa, que seria captada por escutas clandestinas, que ele extrapolou os limites da Constituição em algum procedimento sob sua batuta.

O plano era usar o grampo em Moraes para fazer escândalo midiático e gerar uma crise institucional, viabilizando a prisão do ministro. Em seguida, Bolsonaro juntaria apoio para evitar a posse de Lula, alegando que Moraes interviu na eleição de 2022 em favor do petista.

A revista Veja revelou mais cedo mensagens de WhatsApp em que Silveira pressiona o senador Marcos do Val para ser o agente que grampearia a conversa com Moraes.

“Eles colocariam um equipamento de gravação em mim. Teria um veículo já próximo ao STF captando o áudio. E eu, nessa reunião com o ministro Alexandre, eu conduzindo [a conversa] para ele falar que, em algum dos processos dele, ele ultrapassou a linha da Constituição”, detalhou do Val.

O senador diz que negou prontamente o pedido, mas depois afirmou que pensaria e voltaria a dar uma resposta a Silveira e Bolsonaro. Ele negou ter conhecimento de envolvimento do GSI no plano.

“Eu disse de pronto que não iria fazer isso. Isso é ilegal. Para fazer gravação tem que ter autorização do juiz. Eu não vou me envolver em algo que possa ser na linha da não legalidade.”

Do Val também afirmou que entrou escondido no Palácio do Alvorada para a reunião, e que chegou a pensar que o encontro seria sobre o acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército, em Brasília.

Mais revelações

“Achei que seria relacionada ao acampamento, porque já tínhamos informações de que teriam células lá se articulando para fazer qualquer ataque”, revelou.

O senador, que na noite de teça (1º) gravou um vídeo dizendo que Bolsonaro “me coagiu para dar um golpe de Estado junto com ele”, menos de 24 horas depois, mudou a narrativa para tentar isentar Bolsonaro de responsabilidade pelo plano.

“Saiu na imprensa que ele me coagiu. Isso não confere. (…) Ele não impediu o Daniel. Mas estava claro que o Daniel estava desesperado.”

Do Val também fez insinuações sobre a possibilidade de o ministro Alexandre de Moraes ter prevaricado ao tomar conhecimento do plano de golpe reportado a ele pelo próprio senador.

“Reportei para ele [Moraes]. O ministro ficou surpreso. Ele é muito introspectivo, não é de falar. Ele olhou para cima e balançou a cabeça, tipo ‘não acredito que era para esse motivo’.”

Questionado se acha normal um presidente da República ainda em exercício ouvir um plano de golpe da boca de um deputado aliado e não fazer nada, Do Val saiu pela tangente. “Isso cabe a ele [Bolsonaro] e não a mim. Eu fiz o meu papel de não prevaricar. Eu fui e comuniquei ao ministro.”

“Eu não sei se ele [Moraes] inseriu essa informação dentro do processo dele. Isso a gente não pergunta. O que eu fiz, para não prevaricar, foi reportar a ele que estava com processo do Daniel.”

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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. Não confio em Marcos do Val. Se for só a palavra do Marcos do Val contra as palavras de Daniel da Silveira e Bolsonaro, não vai dar em nada. Aliás, o placar será 2×1 pela negativa. Vamos esperar os desdobramentos, no entanto o ministro Alexandre de Moraes deve ficar atento: o golpe pode ser agora. Se o “Xandão” extrapolar ao aplicar a lei , pode ser declarado parcial e todo o trabalho se perde.

  2. Infelizmente, por estar com um câncer em estado terminal, não estarei vivo para ver o resultado dessa molequeira que este senhor que se diz senador está fazendo com este País; se ele diz que o ex-presidente que também é um moleque deveria denunciar o Silveira e não denunciou, que ele como senador denunciasse o Silveira e o ex-presidente, o motoqueiro. Um bando de moleques, moleques é o que voces são.
    Nojo de vocês!!!

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