Atualmente, os golpes de estado são mais sofisticados, por José Luiz Quadros

Enviado por Mogisenio

Gostaria de aproveitar para reproduzir aqui o texto do grande constitucionalista mineiro Dr. José Luiz Quadros. Trata-se de uma importante e preocupante análise do atual momento, digamos,  político, econômico e social por que passa o Brasil inserido num contexto mundial.

Do Blog de José Luiz Quadros

Sobre o golpe de estado em curso no Brasil e a entrega de nossas riquezas. A história se repetirá?
 
por José Luiz Quadros de Magalhães

Para o poder econômico, e outros poderes que o sustentam, o importante não é viver em uma democracia, mas fazer com que as pessoas inocentemente acreditem viver em uma. O mesmo vale para o Estado constitucional. O que vemos acontecer de forma grave e agressiva é um teatro, no qual a forma oculta o conteúdo. Julgamentos, processos, becas, carros de polícia e ternos e gravatas, parlamentares, jornais, televisão… são um aparato tragicômico para justificar o desrespeito à vontade popular e o desmonte de um projeto de transformação social.

Parece que não há mais espaço para os “golpes de Estado” como na década de 1960 e 1970. Tanques de guerra nas ruas, prisões sem mandado judicial, torturas escancaradas, parecem não agradar a maioria da opinião pública do mundo. Os golpes hoje são mais sofisticados. Lembremos que a ditadura empresarial/militar a partir de 1964 preocupou-se com uma representação teatral da ditadura com a existência de dois partidos políticos, assim como fizeram, inclusive, uma Constituição (autoritária e ilegítima) para reforçar o teatro da “democracia” e “Estado de direito”.

Aquele teatro mal feito foi aperfeiçoado. A mídia foi tomada e perdeu qualquer pudor quanto a manipulação, distorção e encobrimento de fatos. Existe mais tecnologia para encantar as pessoas e o teatro do absurdo é permanente.

O golpe em curso no Brasil conta com juízes que agem contra a Constituição, extrapolando sua função constitucional, investigando, punindo, agindo como polícia política; promotores e delegados vinculados a partidos políticos (como no Paraná e São Paulo) que agem ao estilo dos piores regimes totalitários; e uma mídia que não informa mas faz campanha aberta contra pessoas, partidos, ideias e instituições.

Este aparato foi cuidadosamente criado para manter privilégios e para servir interesses econômicos poderosos. A questão não é corrupção. Claro que não. A guerra é global e muito pesada. A questão passa pela entrega de nossas riquezas. A questão é abaixar mais uma vez a nossa cabeça diante do império do norte. A questão é manter a colonialidade presente em nosso ser, nossa subordinação ao Europeu e aos EUA. Toda vez que o Brasil levantou sua cabeça e exerceu sua soberania, o Império nos colocou para baixo, destruiu nossas lideranças, e continuou saqueando nossas riquezas. A história se repete com incrível semelhança: Getúlio Vargas, João Goulart, Lula.

O mais incrível é a capacidade de levar as pessoas e as Forças Armadas, acreditarem que a parceria com os Estados Unidos, que entregar o nosso Petróleo, nosso minério, nossas montanhas, nossa riqueza, pode ser algo a favor do Brasil. Como que entregar o pré-sal e destruir uma grande empresa nacional pode ser algo a favor do Brasil? Estamos vivendo, além de um golpe, uma invasão do país. O projeto é destruir toda possibilidade de soberania. As pessoas e instituições encarregadas de proteção da soberania precisam atuar.

Como entender o processo em curso?
Algumas dicas:
 
1)     Os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) viveram uma época de grande crescimento econômico enquanto Europa e EUA entraram em grave crise.
 
2)     Os BRICS criaram instituições internacionais que permitiriam (e podem permitir) que estes países, pudessem trilhar um caminho de soberania econômica independente das potencias que mandam no mundo há 500 anos, desde o início da invasão da América pelos europeus.
3)     Na América Latina foram eleitos governos, nos últimos quinze anos, que recuperaram a soberania sobre as riquezas nacionais, melhoraram a vida das pessoas, permitiram o acesso do povo a informação, educação e saúde. Os dados são da ONU e qualquer pessoa pode acessar no link do PNUDH. São fatos, e não discursos.
 
4)     Foram criadas instituições importantes sem a presença dos EUA ou Europa que permitiriam (permitirão) o desenvolvimento e fortalecimento da América Latina e Caribe, como a CELAC e UNASUL.
 
5)     A perspectiva de crescimento do BRICS apresentava-se muito maior e com perspectivas de crescimento muito superiores ao crescimento da Europa e EUA.
 
6)     Foi construído o Porto de Muriel em Cuba para facilitar o comércio internacional.
 
7)     Centenas de Campi Universitários foram criados no Brasil e Venezuela. A Unesco declarou o fim do analfabetismo na Venezuela e no Brasil 60 milhões de pessoas mudaram de vida para melhor.
 
8)     A China constrói o Canal da Nicarágua para não depender mais dos EUA e do seu canal do Panamá.
 
9)     Os governos de esquerda na América Latina se expandem e apresentam crescimento econômico importante como acontece com a Bolívia.
 
10) Um novo constitucionalismo plurinacional, plural, diverso e radicalmente democrático surge e cresce no Equador e Bolívia.
 
11)  A esquerda cresce na Europa com o insucesso das políticas neoliberais, o desemprego e desespero crescente.
 
12) A presença brasileira e chinesa na África cresce e temos vários contratos com Sudão, Líbia (o país que tinha o melhor IDH da África antes das invasão e destruição por parte da OTAN).
 
Estes são só alguns fatos. PERGUNTA: SINCERAMENTE, SEM QUALQUER MANIQUEÍSMO, MAS PERCEBENDO UM MUNDO DE CONCORRÊNCIA DE INTERESSES DENTRO DO SISTEMA CAPITALISTA, VOCÊS ACHAM QUE EUROPA E EUA ACEITARIAM PERDER A HEGEMONIA GLOBAL CALADOS?
 
Resta saber de que lado os golpistas no Brasil estão, e claramente não é do Brasil e do povo.
 
Qual a resposta dos EUA e EUROPA.
 
1)     Redução do preço do Barril do Petróleo a níveis muito baixos, o que inviabiliza ou ao menos dificulta países como Venezuela, Equador, Rússia, Brasil e o nosso pré-sal.
 
2)     Guerra econômica e desestabilização política no Brasil, Argentina, Venezuela, Rússia entre outros.
 
3)     Controle da grande mídia antinacional e guerra ideológica diária em todos os espaços. Reparem que nem em transmissões de futebol a ideologia e a crítica aos governos populares são poupadas.
 
4)     Invasão da Líbia e Síria. Invasão da Ucrânia. Desfazimento dos contratos da Líbia com o Brasil e China, primeiro ato do novo governo da Líbia apoiado pelos EUA, Inglaterra, França e Espanha.
 
5)     Ideologização e instrumentalização de parte do Judiciário, Ministério Público, Polícia Federal, com ações seletivas.
 
6)     Encobrimento ideológico de ações políticas de desestabilização por meio de um falso discurso neutro da luta contra a corrupção.

Em meio a tudo isto, um grupo de pessoas, perdidas em meio à guerra ideológica são levadas a ir às ruas contra o Brasil, e os nossos interesses, empurrados pela desinformação generalizada, a confusão e o ódio de classe incentivado permanentemente. Triste, perigoso e interessante é a contaminação das Polícias, que vindo do povo se volta contra este e contra o país. Interessante como que brasileiros, que se dizem patriotas, pedem a intervenção militar contra o Brasil.

As Forças Armadas têm a função constitucional de preservar a soberania. Jamais poderia intervir para destruir a soberania como querem alguns poucos desinformados. Estamos sob ataque estrangeiro: a guerra é ideológica e econômica, e o grande inimigo é a desinformação. A solução é mais democracia, participação, informação e mobilização, urgente.

*José Luiz Quadros de Magalhães é professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

 

Redação

17 Comentários

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  1. antológico, a ser repetido e

    antológico, a ser repetido e repetido e vrializado…

    o mais amplo e perfeito artigo sobre a nossa situação atual…

    abrangente  e pegano na veia  -os interesses internacionais….

     

  2. Há um ano alertei o PT, Dilma

    Há um ano alertei o PT, Dilma Rousseff e Lula sobre a natureza teatral e judicial do golpe:

    https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/jean-claude-carrierre-e-o-impeachement-midiatico-de-dilma-rousseff

     

    O Impeachement em curso é sinistramente teatral. Nossa presidenta está sendo impedida de governar mediante uma campanha suja público/privada que a mantém na defensiva. Dilma é acusada por causa da corrupção de outras pessoas, é culpada pela falta de água em São Paulo e é, sem dúvida alguma, responsável por ter ganhado uma eleição que deveria ter perdido. A vontade do povo, manifestada nas urnas, tem pouco ou nenhum valor para aqueles que removem os obstáculos constitucionais para poder ferir mortalmente a própria CF/88.

    O golpe de 1964 foi abrupto e violento. A violência que se pratica agora é difusa, sorrateira, escondida, disfarçada, controlada nas ilhas de edição dos telejornais por profissionais astutos que usam seu poder de construir realidades como se a normalidade, a legalidade e a soberania popular fossem uma ficção. Mas sem a colaboração das autoridades (MPF e ministros do STF) os articuladores do Impeachement midiático de Dilma Rousseff nada poderiam fazer.

    A parceria público/privada que rasga diariamente a CF/88 para representar uma pantomima da política é um inimigo pior do que os militares. Estes, pelo menos, saíram às ruas com seus tanques de guerra e metralhadoras mortais e puderam ser imediatamente identificados como inimigos do povo brasileiro. Os novos inimigos da soberania popular, que empossaram a Presidenta no cargo para impedi-la de exercer seu poder, não podem ser vistos. Eles não querem ser vistos, por isto se escondem quando se mostram no filme que vai substituindo a realidade.  

    Os militares controlaram as ruas para poder rasgar a CF/1946. Nas ruas eles tiveram que ser combatidos, inclusive com o uso da força. Os novos golpistas controlam totalmente a imprensa e usam o MPF e o STF para preservar a CF/88 sem que a mesma tenha validade e eficácia. Você foi empossada para não governar – dizem eles à Dilma Rousseff (que parece ter entendido a mensagem, tanto que nomeou ministros para garantir a volta do neoliberalismo e impedir a reforma agrária).

    Para destruir o miraculoso poder que os neo-golpistas exercem, não adianta ocupar as ruas. Estratégias políticas e militares tradicionais são incapazes de neutralizar armas de destruição cênicas e fílmicas. Por isto, para derrotar os inimigos da soberania popular e da CF/88 os petistas terão que estudar mais Jean-Claude Carrièrre e menos Marx, Lênin, Mao Zedong e Che Guevara.

    Tudo aquilo que puder ser encenado para permitir a regulação da mídia deverá ser transformado em realidade. Caso contrário o país ficará mais 4 anos paralisado em razão do reality show que vem sendo apresentado e reciclado desde o Mensalão. E agora com vocês, cenas do próximo capítulo do Petrolão. 

  3. É isso aí.

    Eu sou não entendo como se dá a ligação PSDB – EUA, que faz essa ligação, quem do EUA esta

    inserido dentro desse partido político, como isso se dá. A mesma coisa com a Rede Globo de televisão,

    que contatos são esses, as pessoas, com  os EUA, para realizarem essas operações aqui no Brasil.

    Como funciona todo o esquema, os bastidores, essa é a minha curiosidade.

    1. Leia e Entenda!!!

      Faz assim, procura um livro de um sociologo  uruguaio, formado em Israel e Doutorado na Inglaterra e Pós Doutorado nos EUA chamado: 1964, A CONQUISTA DO ESTADO. Ação Política, Poder e Golpe de Estado.

      Procure perceber no livro o relato das principais técnicas de engenharia social, depois procure perceber as formas das ações, as fontes de financiamentos e os objetivos.

      Depois, procure procure uma aula de atualidades do Brasil e geopolitica mundial.

      Por fim, compare com os fatos aos quais viemos nos últimos tempos no Brasil.

       

       

    2. Caro Jair, posso te dar uma

      Caro Jair, posso te dar uma sugestão. Assista o filme/documentário “O dia que durou 21 anos”, de Camilo Galli…é fácil de encontrar na rede. Conta um monte de coisas sobre o golpe de 64 e mostra, de modo absolutamente didático, como os americanos escolheram, inclusive, quem seria o presidente depois do golpe. Evidentemente, depois de um tempo, o filme descamba para uma palhaçada tipo…”nós não queríamos que chegasse a tanto”, mas é interessante porque mostra muita coisa que as pessoas costumam chamar de “teoria da conspiração”.

      1. o momento mais interssanrte

        o momento mais interssanrte do filme o dia que duroui 21 anos  é a hora em que lincoln

        gordon, embaixador norte-americnao no brasil  pede que os eua mandem

        uma frota naval para ajudar no golpe…

        o estado americano retruca ´mas não é para ser secreto?

        – não, diz gordon,  é para ser abertto mesmo….

        parece um pouco semelhanrte ao atual momento, quando a globo e seu conluio agem abertamente,

        nem disfarçam mais….

    3. claro que pode haver nomes,

      claro que pode haver nomes, mas a questão  me parece que são os

      interesses de mercado defendidos lá e aqui….

      a globo parece financiada pelo pentágonko ou coisa parecida,

      mas é principalmente essa questao de mercado,

      interesses dessas 140 maiores empresas que colonizam o mundo….

      ou como diria aquele estúpído assessor do clinton – 

      é o capitalismo!!!

  4. Quanta bobagem.

    Uma questão policial, roubos e furtos, virou questão política.

     

    Mais teorias da conspiração para encobrir a sujeira.

     

    O resto é mimimi.

     

    1. campeões do mimimi

      a direita é especialista no mimimi, mas, como tartufo, aponta-o nos outros.

      a direita brasileira é burra e safada: burra, porque não consegue raciocinar (basta ouvir seus ‘luminares’ nas redes sociais), e safada, porque, diferentemente da direita nos países centrais, é entreguista.

  5. Toc toc….

    Tem alguém aí?

    Eu também não entendo … como voce não entende.

    Como milhares de pessoas vão para as ruas protestar e apoia um desmonte do Brasil.

    Eu também não entendo como a Globo ainda não foi cassada.

    Também não entendo como juiz descumpre a lei.

    Ainda não entendo por que o STF não pede para sair.

    Nem por que o MPF joga contra interesses nacionais.

    Até a Receita Federal deixou os monstrinhos aparecer – isso eu não entendo.

    A Receita não seria a maior interessada em fazer que os sonegadores pagassem suas dívidas com a União?

    Não entendo isso tudo.

    Também não entendo como um triplex de 215m² pode ser de Alto Luxo.

    Nem  por que um barquinho é chamado de iate.

    Pare o mundo brasileiro que eu quero descer.

    Agora como PSDB e a Rede Globo fazem isso …

    Ah! Isso eu entendo.

  6. Mais teoria conspiratória

    Como eu já coloquei aqui em um post anterior, construir teorias conspiratórias é bem simples. Mas é também um sintoma de depressão e desalento. Como ensinam os psicólogos, o trauma paralisa o tempo e faz você viver no passado, e a cabeça de boa parte dos articulistas e comentaristas aqui do GGN ainda está nos tempos pré-globalização da guerra fria. Tudo então, desde a baixa dos preços do petróleo à Lava Jato, faz parte de um plano global para derrubar os países emergentes e manter a supremacia das grande potências. Ok, se isso lhes serve de consolo, acreditem nisso…

    No mundo atual, globalizado e pós queda do muro de Berlim, não existe mais nada disso. Ficou no passado a divisão do mundo entre impérios ou blocos ideológicos mutuamente hostis, tornando essencial o domínio sobre regiões, portos e canais estratégicos a fim de garantir o acesso às matérias-primas fundamentais. O petróleo está no mercado, acessível a todos a preços de mercado. Mas o grande trauma – a derrota nos anos 60 – paralisou o tempo e faz vocês viverem no passado. Incapazes de enxergar que o mundo mudou, suas análises continuam encaixando (a marretadas!) todos os fatos observados dentro dos esquematismos ideológicos daqueles tempos, obrigando a História a repetir-se tal como um filme que é repassado vezes sem conta.

  7. Penso que eles vinham

    Penso que eles vinham tentando, desde o mensalão, desacreditar o governo, sem sucesso. Era para termos sucumbido em 2006, não deu…em 2008, mas Lula conseguiu contornar, através do estímulo ao mercado interno, etc. Há um ano, o pais estava economicamente fragilizado por conta do petróleo, recessão internacional (China). Associado à Lavajato, eles “pegaram na veia”.

    Penso que não havia muito o que fazer, que não fosse o caminho da força, o que não seria uma solução viável. O tempo foi importante para esgotar as denúncias e ao mesmo tempo surgirem denùncias sobre PSDBistas e desmoralizar o adversário. Felizmente, houve tecido para isto, mas desde sempre a idéia era derrubar mesmo. 

    Com relação à Globo, penso que a motivação é business-dívidas-corrupção FIFA apurada nos EUA. Mas, no geralzão mesmo, acho que o que há é tentativa de manter o status quo, por parte de pessoas, empresas e mídia. O judiciário teve a fama dos 15 minutos, e quem não gosta? Mas há uma orquestração central sim, disto não tenho dúvidas. De quem? Gente do dinheiro, empresários, agronegócio, PMDB, não sei.

    O PT foi odiado desde o início de 2003 ou antes. Lula e Dilma governaram para todos, mesmo porque não havia outra forma de manter o governo. A oposição aturou o governo petista porque havia uma euforia de bem estar e eles mesmos estavam mantendo lucros, estavam bem. Quando apertou, todo o ódio retido veio à superfície. E tudo envolto em precoceito – o PT nunca se misturou mesmo, há que se reconhecer. Foi uma força motriz, mas teve as penalizações.

    Agora, como sair deste imbrólio? 

  8. Golpes são tramados em Wall Street pelos “1%”.

    Realmente golpes hoje são diferentes, mas não são países que dão golpes em outros. Quem dá golpes não é os EUA é a classe dominante, os 1%, os muito ricos, os capitalistas. E essa é um classe internacionalizada. Dão golpes inclusive nos EUA: a eleição de Bush foi um golpe claro; depois  a ‘esperança’ Obama se revelou uma grande frustração para os pobres e trabalhadores dos EUA. Golpes acontecem dentro da ‘normalidade democrática’, seja juridicamente, seja eleitoralmente. A maioria democraticamente vota em um programa de governo e leva um golpe: depois de eleito(a) o candidato(a), faz quase tudo que a classe dominate quer e tudo que puder contra os trabalhadores – só para lembrar um caso, o que aconteceu com a Grécia de Tsipras foi um ‘golpe eleitoral’ com direito até a plebiscito…..

    Pode acontecer com a indicação direta do mercado de um presidente: ou as pessoas se esqueceram do golpe do ‘governo tecnocrático’ na Itália imposto pela UE (leia-se o tal mercado financeiro)? Mas esse é um caso extremo: o verdadeiro golpista fica a mostra e em geral isso não acontece nos golpes atuais.

    Golpes hoje não são planejados na CIA, mas em Wall Street. São planejados e executados com variedades de táticas  e de forma silenciosa, já que o tal mercado foi erguido a uma condição quase divina – todo poderoso e insondável. E não precisam de armas, só de divulgação massiva de ideologias pró-mercado e anti-trabalho para minar progressivamente qualquer resitencia – inclusive de pessoas que continuam acreditando que são ‘de esquerda’ embora defendam que ‘não há alternativa’ aos insodáveis mistérios de sua divindade, ‘o mercado’. Golpes hoje se viabilizam com a colaboração de pessoas no interior das ‘instituições democráticas’, algumas vezes por uma módica contribuição ‘do mercado’, outras vezes sendo elas mesmas representantes ‘do mercado’.

    Só uma coisa parece não mudar: uma  vez dado um golpe, se seguem golpes dentro do golpe.

  9. Militares e revoluções coloridas

    Esse é o posicionamento do Comando Militar Russo acerca das revoluções coloridas:

    Há quem diga que os militares não se devem envolver nos processos políticos, outros dizem o contrário. Vamos encomendar um estudo sobre o fenômeno das revoluções coloridas, para conhecer o papel dos militares na prevenção daquelas ações – Shoigu disse aos participantes do Fórum ARMY-2015, na 6a-feira (19/6/2015). Não temos o direito de permitir que se repitam os colapsos de 1991 e 1993 – disse ele. – Como fazer isso é outra história, mas é claro que temos de lidar com a situação. Temos de compreender como impedir que aquilo se repita, e saber como ensinar a geração mais jovem, para que saiba apoiar o desenvolvimento pacífico e gradual de nosso país.  fonte: http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2015/06/ucrania-relatorio-de-situacao-de.html A concatenação de atos de figurantes internos (proxys ou quinta-colunas) para provocar desordem e fragmentação da unidade política, com a finalidade óbvia de obter acesso às riquezas nacionais (como demonstra claramente o projeto de Serra) é ato de guerra. Basta consultar a doutrina militar norte-americana para confirmar a natureza desses atos: guerra por outros meios, mas, ainda assim, guerra. Os militares têm uma função constitucional que é invocada pelo autor do postado.    

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